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2.2 Estrutura

2.2.5 Tipos de estrutura

Na medida em que as produções sobre estrutura evoluíram e a abordagem de que não havia uma melhor maneira de se estruturar uma organização se disseminou, a complexidade não só das próprias estruturas, como também os estudos sobre o tema foi expandida. As diferentes formas e configurações estudadas ao longo dos anos serviram como estímulo à criação de modelos e nomenclaturas diversas, contribuindo para o desenvolvimento do campo teórico em questão.

Donaldson (1999) ao citar Burnes e Stalker apresenta duas classificações abrangentes sobre estrutura. As organizações podem ser mecanicistas, onde os papéis são bem definidos em uma hierarquia formalizada e rígida e a organização age de forma planejada e sistemática. Seu arranjo difere das organizações orgânicas, caracterizadas por hierarquias mais descentralizadas, nas quaisos papéis se tornam mais abstratos e a autoridade é mais distribuída.

Wagner III (1999), Zanelli, Borges-Andrade e Bastos (2004) afirmam que a diversidade de modelos estruturais pode ser agrupada sob um sistema classificatório de três categorias: as estruturas pré-burocráticas, burocráticas e pós-burocráticas.

Na categoria pré-burocrática estão inseridas as estruturas simples, geralmente em estágios iniciais de desenvolvimento e expansão. Negócios ou empreendimentos, cujo número de empregados é reduzido e a estrutura não possui vários níveis hierárquicos, são os exemplos mais comuns. O grau de complexidade é reduzido e os indivíduos são concentrados em poucos departamentos, reportando-se diretamente ao responsável ou dono da organização. As relações internas e o fluxo de informações são caracterizados pela informalidade e o grau de centralização é alto. A simplicidade da estrutura se adequa a ambientes de baixa competitividade e complexidade, mas, uma vez que organizações como estas evoluem, suas estruturas se tornam inadequadas para novos problemas e ambientes mais complexos, tornando-senecessário um processo de reestruturação. Os autores afirmam que grande parte dessas organizações é de natureza familiar ou dependente de um empreendedor responsável pela criação da mesma.

Uma estrutura que reúne padronização, formalização e especialização horizontal e vertical é definida por Wagner III (1999) como uma burocracia. Baseada no modelo burocrático de Max Weber, uma estrutura burocrática consiste no estabelecimento de regras e padrões formalizados e documentados com o objetivo de se controlar tanto o comportamento dos funcionários quanto o seu desempenho. O poder é concentrado nas

mãos de cargos especificamente planejados, nos quais apenas determinados indivíduos possuem posição e direitos de emissão de ordens ou de decisão estratégica. Ainda que existam variações de estruturas burocráticas, sua base se concentra na padronização como principal mecanismo de coordenação.

As obras e contribuições de autores clássicos como Taylor e Fayol, ambos influenciados pelas teorias de Weber, serviram como os principais propulsores para a disseminação de hierarquias burocráticas como a melhor forma de se organizar no século XX. Segundo Zanelli, Borges-Andrade e Bastos (2004, pg. 101):

A burocracia é um tipo de organização que se apoia na formalização do comportamento para alcançar a coordenação. A burocracia tornou-se um arranjo tão dominante que, muitas vezes, é tomado como sinônimo de organização.

Segundo esses autores, estruturas dessa categoria são geralmente representadas por organogramas piramidais, através dos quais se evidenciam rigidez; autoridade bem definida através de uma hierarquia formal; normas e regulamentos utilizados como forma de controle comportamental; departamentalização; e especialização vertical e horizontal acentuada.

Figura 3: Organograma de uma empresa burocrática Fonte: Zanelli, Borges-Andrade e Bastos (2004).

Dentre os diversos formatos existentes na categoria de estruturas burocráticas, três são considerados mais comuns.

A burocracia funcional define organizações em que a estrutura é dividida em função das atividades desempenhadas. Os funcionários são agrupados em departamentos e unidades que concentram a execução de funções similares ou complementares, aproximando os indivíduos responsáveis por lidar com tarefas e problemas semelhantes no intuito de provê-los com um suporte maior. Para Wagner III

(1999, pg. 321), “uma estrutura funcional pode coordenar com eficácia o trabalho de uma organização se a empresa limitar-se a um tipo de produto, produzi-lo em uma única localização geográfica e suas vendas se destinarem a um só tipo geral de consumidor”.

A burocracia divisional é um arranjo utilizado por organizações cujos produtos ou mercados atendidos servem como critério para a criação de divisões em sua estrutura. Essas divisões são efetuadas com o objetivo de melhor adequar cada linha de produção às características específicas do mercado em que atuam. Considerada como um estágio posterior à burocracia funcional, esse tipo de estrutura concede maior autonomia a cada divisão, porém, em casos específicos, cada divisão pode tornar-se especializada aponto de se distanciar da visão global da organização. Wagner III (1999) afirma que suas principais características são a padronização, formalização e especialização. Em relação à estrutura funcional, esse tipo de configuração apresenta um grau mais elevado de descentralização, sendo os níveis inferiores mais autônomos e participantes na tomada de decisões. A adoção de estruturas divisionais possibilita maior flexibilidade do que estruturas funcionais, uma vez que cada divisão possui autonomia para tomar decisões e efetuarem modificações internas sem que as outras sejam afetadas.

Figura 4: A estrutura funcional Fonte: Wagner III (1999).

Zanelli, Borges-Andrade e Bastos (2004) afirmam que a estrutura matricial pode ser considerada como integrada ou simultânea, segundo Wagner III (1999). Seu arranjo combina as características positivas das departamentalizações funcionais e divisionais, estabelecendo um vínculo duradouro dos funcionários com seus

departamentos funcionais, ao mesmo tempo em que é possível a atuação episódica em projetos e grupos divisionais específicos. Tradicional em empresas como hospitais e agências publicitárias, esse arranjo tem como principal objetivo se desvencilhar de estruturas burocráticas e sua rigidez característica.

Através da descentralização, a estrutura matricial confere aos indivíduos mais responsabilidades e autonomia, subordinando-os auma cadeia de comando teoricamente mais flexível. A adoção desse tipo de estrutura é adequada aorganizações cujo fluxo de trabalho não se concentra em apenas um produto ou processo, mas é constituído por projetos múltiplos que exigem maior dinamismo por parte da organização. Ainda que sua capacidade de lidar com mudanças a diferencie de outras configurações, a estrutura matricial apresenta custo elevado em função de sua coordenação complexa. Wagner III (1999) afirma que, uma vez que o mecanismo básico de coordenação utilizado é o ajuste mútuo a organização ganha em flexibilidade, mas perde ao desperdiçar tempo e recursos em processos duplicados e às vezes contraditórios.

As organizações pós-burocráticas surgiram no final da década de 1970, marcada por uma onda de críticas às estruturas burocráticas, e até então sua incapacidade de lidar com o período de crises no capitalismo. Após serem questionadas quando ainda eram dominantes no mercado e na literatura, alternativas estruturais para arranjos burocráticos foram valorizadas cada vez mais. A solução para as disfunções apresentadas por essas estruturas estaria na busca por inovações organizacionais através da reengenharia de processos; por sua vez baseadas em conceitos e modelos que estimulassem a criatividade e participação dos indivíduos.

As características das estruturas pós-burocráticas se concentram em horizontalização da hierarquia; acréscimo do grau de complexidade das tarefas; aumento das responsabilidades e da autonomia dos funcionários através do

empowerment; e a valorização do conhecimento como diferencial competitivo. Seus

formatos são diversos, descritos por inúmeros autores em nomenclaturas como organizações em rede; de aprendizado; virtuais; híbridas, etc.