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Tivemos a colaboração dos alunos Wagner e Lori da Unicamp e de cada professor que trazia a sua turma de

Usando os resultados das pesquisas

21 Tivemos a colaboração dos alunos Wagner e Lori da Unicamp e de cada professor que trazia a sua turma de

Durante esses seminários, na sala de Multimeios, com a colaboração de dois alunos da Unicamp, os alunos: Bruno Rached, Caroline, Flávia e Thamyris apresentaram o trabalho por eles realizado; utilizando os recursos disponíveis: retroprojetor e filmadora. O aluno Gleicon, que participou de algumas das oficinas no LEIA/Unicamp, filmou os apresentadores e participantes, revezando- se com o Anderson, outro aluno, responsável também pela confecção do story board. Como poderá ser visto na fita, no princípio, todos pareciam muito inibidos e temerosos, mas aos poucos, foram se descontraindo e manifestando suas opiniões. A experiência para eles foi tão inovadora, que muitos queriam assistir novamente a mesma exposição, com outros alunos. Participei desses seminários com as turmas 7ªB e 7ªD, considerei esse momento, uma aula de Reflexão, Vida e Cidadania, que nem sempre acontece no ambiente escolar, e que permitiu aos alunos pensarem na Escola que sonham e nas Regras que necessitam para um ambiente melhor, assim como na importância de se organizarem (Professora Lucila, relatório/Fapesp, 2003).

A frase da professora “considerei esse momento, uma aula de Reflexão, Vida e Cidadania, que nem sempre acontece no ambiente escolar” expressa muito bem o valor dessas atividades para a comunidade escolar e mostra-nos que o resultado dessa pesquisa foi um provocador de novas idéias e ações, que envolveram os demais alunos e professores da escola, num profícuo exercício de cidadania.

Esse tema era de interesse22 da grande maioria dos alunos da escola, o que tornou o trabalho desse grupo extremamente produtivo:

[...] num grande movimento de recuperação do ambiente escolar no que diz respeito as relações interpessoais e conservação do espaço físico. Também instigando nos outros a vontade de aprender e de interferir no meio em que vivem.

Preparei algumas turmas das oitavas séries para esses seminários, [...], quando tive a oportunidade de observar como o tema lhes tocava e o desejo de todos em transformar o ambiente escolar e os bairros onde vivem com urgência (professora Miriam, relatório/Fapesp, 2003).

O texto da professora Miriam relata a grande repercussão dessas atividades na escola com reflexões sobre um assunto, que dizia respeito a todos. Na frase dessa professora: “instigando nos outros a vontade de aprender e de interferir no meio em que vivem”, temos evidências de que o aprendizado por meio de pesquisa sobre assuntos que interessem aos alunos, pode provocar a vontade de aprender e de interferir em questões do

22 Uma parcela grande dos alunos desta escola vive em bairros muito violentos da cidade de Campinas e a

escola apesar de ter muitos problemas, muitos deles afirmava, que a escola era o lugar que se sentiam mais seguros. Vi duas vezes, num mesmo ano, duas alunas pesquisadoras, chorarem copiosamente a morte de amigos seus, moradores do mesmo bairro. São alunos que conhecem de perto os efeitos da violência.

cotidiano com alcance imprevisível. Neste caso, transformou completamente a rotina da escola.

A aluna Flávia (2003) faz um balanço geral dos seminários, dos quais foi uma das apresentadoras:

Os próprios alunos que foram entrevistados fizeram parte de seminários para discussão sobre suas respostas. Nesses seminários pudemos ampliar nossas reflexões com a participação desses alunos, que estudam no período da tarde. Foi muito interessante, porque nos colocavam tantas perguntas, as quais não tínhamos idéia de como responder. Saíamos dessas reuniões muito confusas e tentávamos pensar sobre as coisas novas colocadas.

Chegamos a algumas propostas de soluções em conjunto – o grêmio estudantil. (aluna Flávia, novembro de 2003)

As discussões dos resultados das pesquisas com os próprios alunos que haviam respondido os questionários, enriqueceram as apresentações, porque as reflexões suscitadas nesse encontro originaram outras formas de olhar para o assunto. Chegaram a algumas propostas de solução em conjunto, como a formação do grêmio estudantil.

Ousamos afirmar que esses seminários se constituíram em momentos de extrema riqueza para o processo de formação dos alunos, pois exercitaram a responsabilidade, o compromisso com o próprio aprendizado e o meio onde estavam inseridos, demonstrando autonomia. Autonomia no sentido de que agiram a partir do próprio referencial de idéias e valores.

O grupo de alunas pesquisadoras do tema “Transporte Coletivo” apresentou os resultados de suas pesquisas para algumas turmas do ensino fundamental, onde ressaltavam que o objetivo delas era a conscientização da população para a utilização dos transportes coletivos. Para isso: “foi feito uma apresentação onde os alunos puderam expor suas opiniões e nos ajudaram a finalizar” (Adriana e Daniely, 2003).

Nessas apresentações as estudiosas do tema em questão, discutiram os modelos elaborados, chamando a atenção para a maneira como os alunos utilizavam esse meio de transporte, propiciando reflexões acerca de como a população o utiliza, com atenção especial para as atitudes de respeito para com as pessoas idosas e mulheres grávidas. Por exemplo:

[...] passageiros sentados deveriam ceder seus lugares para mulheres grávidas e pessoas mais velhas e ainda, segurar o material escolar de quem está em pé; os alunos pagarem suas passagens com passe escolar, porque evitaria assalto e teria um custo menor em 60% (ibidem).

Durante as discussões, com os alunos da própria sala, houve posição de consenso no que se refere à melhoria da qualidade dos veículos utilizados nos transportes urbanos da cidade de Campinas, a maior freqüência com que passam nos pontos e que apesar de muitos problemas, o transporte coletivo vem melhorando nos últimos anos.

Nas atividades deste grupo, também, são evidenciadas ações de responsabilidade em relação ao próprio aprendizado e de intervenção em relação à utilização do transporte coletivo pelos estudantes desta escola.

Os estudantes do tema “Água” não conseguiram23 se articular para apresentar suas pesquisas para os demais alunos da escola, pois sempre acontecia algum imprevisto. Entretanto, uma aluna as apresentou, no III Seminário do Projeto “Ciência na Escola”, no final de 2003.

Ao analisarem os dados coletados junto à população discente, observaram que existia insatisfação geral com o forte gosto de ferro da água, nos bebedouros da escola. Para tentar solucionar o problema, esse grupo redigiu um documento e o entregou à direção da escola pedindo providências:

Nós somos alunos da sétima série C desta escola, fazemos parte do Projeto Ciência na Escola e estamos estudando o tema “Água”.

Escolhemos esse tema por ser um assunto preocupante para a população. Construímos um projeto de pesquisa, no qual pesquisamos as condições da água no planeta, em Campinas e nesta escola.

O objetivo desta pesquisa é conscientizar a população escolar da importância da água em nossa vida. Para a realização desta pesquisa, elaboramos questionários com vinte e quatro questões semi-abertas, em seguida distribuímos para serem respondidos nas quintas, sextas e sétimas séries no ano de 2002.

23 O trabalho nesse grupo foi bem complicado. Tiveram bastante dificuldade na articulação, as coisas aconteciam muito desencontradas. Na elaboração do questionário para a coleta de dados, colocaram 24 perguntas. Tentei convencê-los, que era impraticável e que as perguntas não eram adequadas, mas não adiantou. Deixei para ver o que ia acontecer. Para tabular foi uma confusão, não davam conta. Só aí entenderam como deveriam ser as perguntas. Das perguntas do questionário aplicado, apenas três fizeram parte da análise. Escreveram muitos textos, tabularam os dados, mas no final de 2002, perderam tudo. No início de 2003, tabularam tudo novamente, com a ajuda da aluna Melissa da Unicamp, conseguiram concluir suas pesquisas. Alguns alunos desse grupo eram muito tímidos, outros ainda, com muita dificuldade para interpretar e redigir textos.

Tabulamos as respostas e transformamos em gráficos, que foram analisados. Uma pergunta se referia a qualidade da água consumida nos bebedouros desta escola. A maioria dos alunos respondeu que a água das torneiras desta escola tem um gosto muito forte de ferrugem, mas que isso pode ser melhorada.

Com a ajuda de professores experientes nesse assunto, pudemos explicar melhor esse problema. A água consumida nesta escola é de boa qualidade, porem o sabor ruim de ferro é por cauda da tubulação muito antiga do bairro Guanabara onde está situada a escola.

Nós gostaríamos de saber se existe alguma coisa que a direção desta escola possa fazer para melhorar a qualidade da água consumida na escola Aníbal de Freitas. Os resultados da pesquisa estão sendo colocados em um artigo, que será publicado em um livro junto com as pesquisas dos outros grupos.

Agradecemos a sua atenção.

(Rita, Tales, Renam, Rafaela, Danilo, Stefany e Fábio, 17/06/2003).

Nesse texto entregue à direção da escola podemos observar a propriedade e clareza com que explicitam o processo da pesquisa e o objetivo desejado. A direção tomou providências, trocando todos os filtros dos bebedouros e limpando as caixas d’água, mas a tubulação antiga do bairro Guanabara carece de ações junto à prefeitura da cidade, o que, ainda, não aconteceu.

Esse grupo construiu uma estação de tratamento de água24, no laboratório de Biologia da escola, onde aprendeu sobre essa construção e relembrou25 cada etapa do tratamento da água. A aluna Rafaela nos explica: “Uma estação de tratamento de água ETA é basicamente um conjunto de tanques e filtros, onde a água passa em seqüência pelos processos de desinfecção, floculação e cloração” (Rafaela, 2002).

Essa estação que contempla as etapas do tratamento está disponível para todos os alunos e professores da unidade escolar.

Esta pesquisa os colocou em estreito contato com a situação da água consumida na escola, a condição de distribuição no bairro e a ação de intervenção por providências pela direção, em relação à qualidade da água consumida na escola.

As alunas do grupo “Violência na cidade de Campinas” apresentaram o resultado de suas pesquisas para algumas turmas do ensino fundamental, discutiram seus dados,