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A importância de se conhecer o volume populacional de uma unidade geográfica, já foi considerada no Capítulo I, através da citação de Jardim (1992, p. 39), para quem esta “é uma informação básica tanto para o planejamento público como para projetos de empresas privadas que envolvem o potencial de demanda por produtos, mão-de-obra, serviços, etc”. Isto é importante tanto na esfera estadual quanto na municipal, independentemente dos seus tamanhos demográficos.

Os pequenos municípios apresentam características populacionais diferenciadas daquelas apresentadas pela totalidade do estado do Rio Grande do Sul. Enquanto no estado a população total continua crescendo, embora em volumes diferentes, em muitos deles observa- se um decréscimo significativo, chegando, em alguns casos, a revelar um crescimento negativo.

A Tabela 40 mostra a evolução da população total, o crescimento relativo e também a taxa geométrica de crescimento médio anual entre 1980 e 2000. Os valores registrados na tabela mostram diferentes contrastes entre os volumes totais para dois momentos, relativos ao estado e aos pequenos municípios, com mudanças de comportamento. O conjunto oferece oportunidade de reflexões envolvendo totais absolutos, crescimento relativo e taxa geométrica de crescimento da população, para o período de 1980 a 2000.

Tabela 40 – Crescimento da população total, crescimento relativo e taxas geométricas médias anuais para o estado e pequenos municípios, entre 1980 e 2000.

População Total Municípios e UF 1980 2000 20078 Cresc. relativo 1980-2000 (%) Tx. geom. cresc. médio anual Braga 5.785 4.198 3.826 -27,43 - 1,61 Cambará Sul 6.779 6.840 6.859 0,89 0,04 Campinas do Sul 8.681 8.258 5.588 -4,87 - 0,24 Chiapetta 4.412 4.481 4.078 1,56 0,07 Formigueiro 7.875 7.598 7.116 -3,51 -0,17 Herval 7.281 8.487 6.873 16,56 0,77 Humaitá 9.948 5.228 4.926 -40,17 -3,16 Lavras do Sul 9.225 8.109 8.115 -12,10 - 0,64 M. Moro 3.341 2.474 2.284 -25,95 - 1,49 Miraguaí 7.685 5.034 4.869 -34,50 - 2,09 Nova Araçá 2.259 3.236 3.775 43,25 1,81 Paraí 4.529 6.020 6.577 32,92 1,43 Roca Sales 6.820 9.284 9.922 36,13 1,55

Santana da Boa Vista 8.916 8.628 8.599 -3,23 -0,16

Selbach 4.472 4.861 4.773 8,70 0,42

Total 98.008 92.726 88.277 -5,39 -0,27

RS 7.773.837 10.179.801 10.582.840 31,0 1,35

Fonte: Censos demográficos, IBGE, 1980 e 2000 e Contagem da população, 2007. Org.: Autora

Com relação aos totais, neste intervalo de tempo, o estado teve um aumento de 2.405.964 pessoas, e os pequenos municípios estudados uma redução de 5.282. Avaliando-se em detalhe, percebe-se que este referencial de aumento ou de diminuição permite agrupar os municípios. Neste sentido, têm-se aqueles que aumentaram seus totais e aqueles que os diminuíram. Assim, em sete deles (46,6%), observou-se crescimento, e para os restantes, redução absoluta. É claro que os dados nos mostram variações, uma vez que existem crescimentos significativos – o caso de Roca Sales –, e outros pouco significantes – o caso de Cambará do Sul. O decréscimo revela a mesma oscilação, como se pode verificar nos casos dos municípios de Formigueiro e Santana da Boa Vista. Para o conjunto constata-se uma diversidade de comportamentos, evidenciando que mudanças quantitativas, de maneira diferenciada, ocorreram ao longo do tempo. Os dados absolutos de 2007 que constam na tabela foram baseados na contagem da população. Através deles pode-se perceber que a maioria dos municípios continuou declinando sua população, a exemplo do que ocorreu no período 1980-2000. Entre 2000 e 2007, enquanto a população do estado cresceu em 403.039 pessoas (3,96%), a população dos pequenos municípios apresentou decréscimo de 4.449 (4,8%).

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Com o objetivo de mostrar que a maioria dos pequenos municípios estudados continua a perder população, foi acrescentada na Tabela 40 uma coluna com os totais da população em 2007, conforme a contagem populacional divulgada pelo IBGE.

Os valores relativos registrados na mesma tabela tornam comparáveis as mudanças observadas nos valores absolutos. Assim é que dentre os oito municípios que apresentaram redução (1980-2000), as diferenciações variaram desde o limite mínimo de -3,2 até o máximo de -40,2%. Estas diferenciações também foram verificadas naqueles que apresentaram aumento da população. Neles as variações oscilaram de 0,9 a 43,2%.

A terceira variável, representada pela taxa geométrica de crescimento médio anual, exibiu outra modalidade de contraste. Neste caso, enquanto para o estado ocorreu um crescimento de 1,35%, nos pequenos municípios ela foi negativa, de 0,27, bastante diferenciada entre as unidades. No conjunto, temos desde aqueles que registraram taxas negativas, em número de nove, até os que apresentaram taxas positivas, seis, sendo que três deles com valores superiores ao do estado. A Figura 16 mostra a espacialização dos pequenos municípios, segundo a taxa geométrica de crescimento, entre 1980 e 2000.

A comparação das taxas respectivas para os municípios e para as cidades principais de cada mesorregião evidencia diferentes contrastes. Primeiro, no fato de que os municípios de Santa Maria, Passo Fundo e Caxias do Sul mostram valores superiores ao do estado, sendo que o último apresenta diferenciação significativa, o que se reflete no fato de os três pequenos municípios pertencentes a mesorregião registrarem valores positivos, igualmente superiores ao do estado. Isto se justifica pelo dinamismo econômico da região de Caxias do Sul que acaba envolvendo as localidades próximas, contribuindo assim para o seu crescimento demográfico. Esta influência chega a se estender a municípios localizados em outra mesorregião, como é o caso de Roca Sales. Esta relação também foi percebida por Menegatti (2005), ao realizar um estudo sobre uma pequena cidade do estado de São Paulo. Porém em seu estudo ela constatou a perda de população em face do distanciamento do município em relação a centros econômicos de expressão.

Diante deste cenário, a perda de população pode ser lida apenas como um fato demográfico, ou também social. No primeiro caso ela corresponde às variações absolutas dos valores medidos ou registrados. No segundo, tem-se um “olhar” sócio-econômico sobre os mesmos valores. Na realidade, quaisquer variáveis demográficas devem ser consideradas não apenas pelas variações das quantidades de pessoas, mas também pelos referenciais sócio- econômicos.

Este quadro mostra a significância do estudo dos pequenos municípios quando se deseja implementar processos de desenvolvimento nos mesmos. Estes processos terão que ser diferenciados.