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CAPÍTULO III – O ESTUDO

3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

3.5. Trabalho colaborativo

O trabalho colaborativo, segundo os inquiridos, era operacionalizado no Agrupamento Vertical de Escolas através de reuniões semanais para os professores dos 2º e 3º ciclos e reuniões diárias de trabalho de grupo, por ano, no 1º ciclo promovidas pelas respectivas coordenadoras de ano:

“Essa colaboração acontece nas reuniões diárias de trabalho de grupo. No

nosso agrupamento, temos um modelador e as coordenadoras de ano normalmente lançam esse material. [Existe, então, algum trabalho sistemático organizado, no sentido de promover a partilha de materiais e metodologias de ensino?] Sim, existe completamente.” (E4);

“Reuniões semanais e sempre que necessário. É sempre útil o trabalho em

equipa.” (E1 e E2);

“É neste espaço (escola) que nós fazemos esse tipo de colaboração. Na

partilha de experiências inovadoras, não consideramos que estejamos a inventar nada. Nós trabalhamos apenas o dia-a-dia de acordo com a nossa experiência pedagógica. Nada de invenções e pensamos até que não se deve esperar isso de nós. O que achamos que se deve esperar é que criemos as condições necessárias para os alunos obterem melhores resultados. É isso o que temos feito, o trabalho de parceria tem sido desenvolvido de uma forma, penso eu, cada vez melhor.” (E6).

Essas reuniões tinham, então, como alinhamento a partilha de experiências inovadoras, trabalhar o dia-a-dia da escola, tentar criar as condições necessárias para os alunos obterem os melhores resultados e a permuta de materiais e metodologias de

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ensino. Por outro lado, segundo os inquiridos havia um desenvolvimento de trabalho de parceria crescente e de modo muito activo.

Este trabalho colaborativo existia de modo sistemático e organizado, nas reuniões semanais dos professores dos 2º e 3º ciclos e, também, em encontros informais ou nos intervalos das aulas. Tal colaboração estava consignada no Projecto de Escola - Plano de Acção de Matemática, onde só participavam professores desta disciplina o que, como referem, tornava o trabalho mais fácil:

“Essa colaboração existe e, semanalmente, partilhamos experiências vividas

no dia-a-dia de trabalho com os alunos.” (E9);

“No que diz respeito à colaboração, existe essencialmente nestas reuniões de

trabalho conjunto e, depois, como fazíamos antes, também na sala de professores, quando nos encontramos ou ainda nos intervalos das aulas. Mas, agora, isso acontece de uma forma mais activa.” (E5);

“O nosso departamento é de Matemática e Ciências Experimentais. Nas

nossas reuniões estamos todos juntos, enquanto que nas do PAM, por só participarem os de matemática, torna-se fácil o trabalho.” (E8).

Como dificuldades na implementação de uma boa cultura colaborativa, apontaram o facto de os professores terem de trabalhar muito para além das horas escolares, graças à dedicação, qualificação e ajuda entre si, mas denunciaram sinais de desmotivação, também revelados por outros docentes. Acresce que o número de elementos que compunha o grupo também influenciava o resultado do trabalho. Outra dificuldade apontada, prende-se com a falta de espaços físicos que tem implicações negativas nos horários de trabalho dos professores, se quiserem reunir em grupo para além dos 90 minutos semanais determinados pelo órgão de gestão. Dos argumentos mencionados pelos inquiridos destacam-se:

“Há muitas dificuldades. As pessoas têm de trabalhar muito para além das

horas escolares, mas, na minha opinião, temos aqui um grupo de docentes altamente dedicado e qualificado, que ajuda a superá-las.” (E9);

“Os constrangimentos, às vezes, dependem das pessoas. Há alturas em que,

existindo uma maior sobrecarga de actividade, isso leva-as a adoptar uma metodologia mais individualista, porque não há tempo para partilhar experiências.” (E9);

“Se calhar, às vezes também poderá haver um bocadinho de falta de

motivação, mas eu não noto isso a nível dos professores deste agrupamento.”

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“Não, aqui o grupo de professores é pequeno, trabalhamos todos bem e

estamos sempre disponíveis para nos ajudarmos uns aos outros.” (E9);

“Se houve melhoria ao nível da escola e do insucesso do ensino da

matemática, a verdade é que existem ainda algumas dificuldades em torno dos espaços físicos. Refiro, entretanto, que na nossa escola existe uma autonomização - um trabalho desenvolvido ao nível dos órgãos de gestão, de optimização dos espaços que possuímos -, mas insuficientes para as suas necessidades e isso mexe com os horários.” (E6);

“É a falta de mais espaços físicos para nos encontrarmos a trabalhar em

conjunto, para além dos 90 minutos fixados.” (E6);

“Existem as reuniões de ano e muitas outras reuniões informais, porque nós

só temos a obrigatoriedade de reunir uma vez por mês e não dava para fazer um trabalho conjunto com novas estratégias.” (E11);

“Papéis não faltam, de avaliação, registos disto e daquilo. O que falta é o

resto: tempo para aquilo que devia haver – para preparar as aulas e fazer material didáctico, de preferência em conjunto.” (E11);

“Sobretudo a nível de organização de tempo e cada vez mais com a

agravante, hoje em dia, de não nos conseguirmos reunir depois das actividades lectivas por causa das de índole extra-curriculares. Chegámos ao cúmulo de não termos um único dia em que pudéssemos reunir mesmo depois das 18 horas! “ (E11).

A partilha num espírito de abertura e de colaboração foi um aspecto enaltecido, de forma positiva, bem como a aprendizagem contínua que era possibilitada pela troca de experiências e de acções que cada um desenvolvia:

“É melhor trabalhar em grupo do que isoladamente. Muitas cabeças pensam

mais e melhor que uma só. Há muito mais abertura e colaboração entre professores.” (E5);

“Quanto à partilha, ela também é interessante e proveitosa, na medida em

que, individualmente não conseguimos fazer o trabalho requerido.” (E3);

“Talvez a troca de experiências seja o factor mais enriquecedor, em que cada

um de nós avança as suas ideias e, desse modo, poder-se-á não apenas rentabilizar melhor o trabalho como constituir, simultaneamente, uma mais- valia para os alunos.” (E3);

“Acho que os professores aprendem muito uns com os outros, trocando

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“Reconheço bastante, porque acho que, havendo esta troca de acções de

trabalho que cada um desenvolve, estamos a fazer uma constante aprendizagem.” (E9);

“Quero dizer que a Matemática exige uma criteriosa exploração dos materiais,

em sintonia, nomeadamente, com as novas tecnologias. É uma área que requer, de facto, uma preparação de materiais, até mesmo em conjunto.”

(E3).

Como condições positivas que fomentam o trabalho colaborativo num Agrupamento Vertical destacaram, essencialmente, o tempo semanal de 90 minutos impostos pelo órgão de gestão, no que diz respeito aos 2º e 3º ciclos. Os Presidentes dos Conselhos Executivo e Pedagógico reconhecia valor e potencialidades ao trabalho em parceria, nomeadamente, porque permitia a criação de instrumentos de avaliação mais justos e eficazes, de matriz única por ano: “Há trabalhos de parceria e os testes já são feitos com

uma matriz única para o mesmo ano, o que acho bastante bom, porque torna muito mais equitativo o trabalho. Os alunos serão menos injustiçados, penso eu.” (E1 e E2).