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3 METODOLOGIA

3.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.3.4 Trabalhos de campo

O trabalho de campo tem o intuito de aproximar e possibilitar um contato direto do pesquisador com sua(s) área(s) de estudo, permitindo extrair conhecimentos que não seriam possíveis se a pesquisa ficasse restrita ao trabalho de gabinete.

No que concerne à pesquisa de campo, procedeu-se a observação das áreas de estudo; a identificação de impactos ambientais reais e potenciais, por meio da utilização de uma Lista de Verificação (Checklist) elaborada, exclusivamente para o uso inicial no campo, a partir daquilo que foi previsto nos EIAs; registro fotográfico para a demonstração das condições locais e entrevistas com os técnicos da Secretaria de Recursos Hídricos do Estado de Pernambuco, que forneceram informações das etapas de construção e operação da barragem de Serro Azul e da fase de construção da barragem de Igarapeba.

Inicialmente, para o reconhecimento das áreas, além dos caminhamentos realizados e registros fotográficos, foram obtidas imagens aéreas por meio de drone, registradas a partir da câmera de 20mp embarcada em um drone, modelo Phantom 4 PRO, que sobrevoou as áreas das barragens estudadas, registrando imagens a uma altura aproximada de 100 metros. As imagens panorâmicas são de grande importância para o registro da paisagem, uma vez que podem captar alterações que o olho humano não consegue enxergar a nível do solo. O voo do drone aconteceu no mês de dezembro/2017, marcando o início do verão, possibilitando a obtenção do quadro inicial das áreas da pesquisa, e foi realizado de forma manual, por meio da operação do equipamento usando o seu controle em solo, e controlando a câmera para posicioná-la em ângulos que permitissem captar os elementos físicos que precisariam ser evidenciados para o monitoramento dos impactos ambientais geomorfológicos.

Como uma das possibilidades na obtenção dessas imagens, destaca-se a elaboração de ortomosaicos georreferenciados. Segundo Longley et al. (2013, p. 242), “[...] ortoimagens são imagens corrigidas em função das variações do terreno utilizando um DEM, como se cada ponto estivesse sendo visto de cima, verticalmente”. A sua popularização se deveu, segundo os autores, ao custo de criação relativamente baixo (se comparado aos mapas topográficos) e à facilidade de interpretação como mapas base. Também se destacam como fontes de dados precisos para vetorização manual.

Dessa forma, compreende-se que uma grande vantagem das fotos obtidas é possibilitar compor um planejamento mais preciso da área objeto da pesquisa. Obviamente que cuidados com a paralaxe, por exemplo, são necessários para uma maior precisão da captura das feições relativas ao relevo. Logo, a ortorretificação altera o aspecto cônico do clique fotográfico e a consequente representação cartográfica ortogonal.

Os trabalhos de campo consistiram na realização de seis incursões (agosto de 2017, dezembro/2017, abril/2018, agosto/2018, abril/2019 e outubro de 2019), tendo sido realizados caminhamentos para a verificação dos aspectos geomorfológicos e outros associados ao tema central do trabalho, registros fotográficos, coletas de amostras de solo, verificação e identificação in loco de processos erosivos acelerados, tendo sido utilizadas a trena a laser, trena analógica e GPS para fins de medição das dimensões, essenciais para o planejamento e a execução do monitoramento de voçorocas, uso de equipamentos e validação de dados cartográficos.

Por meio de caminhamentos nas atividades de campo, observou-se a ocorrência de acentuados processos de ravinamento e voçorocamento na margem direita do reservatório da barragem de Serro Azul. Logo, procedeu-se a escolha de duas voçorocas com o objetivo de

verificar a evolução do quadro de erosão, por meio do estaqueamento e a realização do monitoramento das mesmas, segundo a metodologia de Cunha e Guerra (2007), com o uso da “Ficha de Campo – Cadastro de Voçorocas em Solos Residuais e Sedimentos Colúvio- Aluviais”, do Departamento de Ciências Geográficas da UFPE. Apesar da existência da previsão da implantação de um “Programa de Controle dos Processos Erosivos” no EIA, não foi identificada, durante o período da realização dos trabalhos de campo, qualquer indicação da implementação do referido programa. Sendo assim, a pesquisa buscou técnicas voltadas para avaliações qualitativas e/ou semiquantitativas (fotografias em diferentes datas; informações e depoimentos obtidos junto à população, funcionários da barragem e técnicos da Secretaria Estadual de Recursos Hídricos - SERH, imagens de satélite; e fotos obtidas por drone) e quantitativas (interpretação de fotos de drone e estaqueamento para fins de monitoramento de voçorocas), conforme detalhado por Azevedo e Rubio (2018).

Os trabalhos de campo também tiveram o objetivo de esclarecer e/ou dirimir dúvidas no tocante aos mapeamentos preexistentes e às imagens de satélite das áreas.

As atividades de campo permitiram a elaboração de um diagnóstico a respeito dos parâmetros geomorfológicos nas áreas de estudo, correlacionando aos fatores de interferência, naturais e antrópicos. Posteriormente, objetivando conhecer os processos envolvidos, procedeu- se a uma caracterização mecânica dos materiais superficiais das vertentes, por meio de ensaios de campo e de laboratório. Considerando a ênfase dada ao estudo dos processos erosivos nas áreas de estudo, Guerra et al. (2010, p. 211) afirmam que:

Apesar das dificuldades e restrições, as pesquisas em geomorfologia experimental relacionadas aos processos erosivos, de campo e laboratório, aumentaram substancialmente e vêm contribuir para um entendimento mais coerente e real dos mecanismos dos processos e sua influência na evolução das vertentes e das paisagens tropicais.

Dessa forma, o que demonstra a importância dos levantamentos de campo, com o uso de instrumentos, bem como da análise laboratorial dos materiais coletados, permitindo um melhor embasamento para a análise dos processos erosivos, bem como no monitoramento da evolução das morfologias e dos processos geomorfológicos.