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Trajetória histórica e política, caracterização e as bases legais do ENEM

Ao retomar a trajetória do Enem no contexto das políticas nacionais e internacionais emergem inúmeras questões dentre as quais se colocam: O Enem é um modelo transplantado? Qual sua origem? Estas questões remetem à indagação se o Enem é uma inovação.

Esta divulgação sem fazer menção alguma a sua existência em outros países, sem situá-lo no contexto internacional das reformas educacionais e avaliação educacional, pode dar a entender que sua proposta é inovadora, assim como os teóricos que lhes dão sustentação são somente os nossos, os teóricos nacionais. Considere-se que examinando os materiais de divulgação do Enem não se constata nenhuma menção a modelos, autores e/ou linhas teóricas, nem mesmo quando se trata dos conceitos e concepções mais utilizados, quais sejam os de competências e habilidades.

AFONSO (1999, p.101), ao referir-se à reforma educacional ocorrida na Inglaterra (1988) e já na vigência do terceiro mandato de M,Thacher, destaca duas medidas que mereceria uma referência particular:” a adoção de um currículo nacional, que não existia antes, para todos os alunos em idade de freqüentar a escolaridade obrigatória dos 5 aos 16 anos, e a implementação de um novo sistema de exames nacionais...”. Na caracterização desse sistema acrescenta, que houve uma centralização; que o currículo nacional passa a integrar três disciplinas

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nucleares obrigatórias (inglês, matemática e ciências), e que os exames oficiais irão realizar-se aos sete, onze, quatorze e dezesseis anos e que deverá levar em consideração critérios de avaliação fixados centralmente, embora se espere a participação dos professores ao nível das escolas. Até este momento, a descrição é bastante assemelhada ao nosso SAEB, desde que se retire os Testes Nacionais para os alunos de sete anos.

Prossegue AFONSO, citando CARMENA et al. (1991 p.346), que

além destes exames todos os alunos terão que se submeter no termo da escolaridade obrigatória (cerca de dezesseis anos), a um único tipo de prova que dará acesso ao Certificado Geral de Educação Secundária – GCSE, a realizar-se por um júri exterior à escola e que permitirá a continuação dos estudos. Tanto os programas do exame como os procedimentos de avaliação e certificação deverão atender a critérios nacionais.

Ora, neste caso, tem-se o modelo que originou o Enem, que abraçou a avaliação criterial, baseando-se nas três funções essenciais atribuídas ao sistema inglês, a saber: “criar um diploma de fim de curso, fornecer aos empregadores um instrumento para tomar decisões e apoiar os processos de admissão às Instituições de Educação Pós-secundária e abranger o maior número possível de estudantes” (cf. NOAH E ECKSTEIN, 1992, p.14, citado por AFONSO,1999). Com relação ao Enem, estas funções aparecem como finalidades, acrescentando-se o referenciar a auto-avaliação e apoiar os processos de seleção ao Ensino Superior.

Esta estratégia acaba passando a falsa idéia de que esta política foi aqui gestada, produzida. A proposta do Enem foi elaborada no interior do Inep a partir da contribuição de seus técnicos e especialistas, e foi dada a conhecer no ano de 1998, ano da sua primeira edição.

Neste mesmo ano, foram realizados Seminários conjuntos entre as Universidades e SEEDs com o intuito de divulgá-lo e conseguir a adesão das Instituições de Ensino Superior e dos Sistemas Estaduais com suas respectivas escolas de ensino médio.

Nos Seminários e Encontros realizados principalmente no momento da implantação da política, técnicos do Inep/MEC, responsáveis pela proposta do Enem faziam sua defesa incondicional sem fazer menção alguma. O anúncio, a possibilidade de articulação, desta feita, institucionalizada com a participação do

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Ensino Médio através de equipes da SEED com a Universidade, fazia parte da estratégia no Paraná.

Desta forma foram discutidas as questões de entendimento, de operacionalização, mas sem entrar nas questões de ordem política que levariam ao questionamento da linha e da concepção de avaliação que subjaz a este Exame, ou mesmo da sua história. Nenhuma menção foi feita ao fato desta política ser mundial e os modelos que estavam sendo seguidos.

Além de situar o Enem no contexto das políticas nacionais e internacionais, é relevante caracterizá-lo para que se possa estabelecer uma análise comparativa com as demais políticas de avaliação.

Caracterizar-se-á o exame, a partir dos seguintes tópicos: finalidades – objetivos; objeto; periodicidade; forma de adesão; modelo – matriz; instrumentos: prova e questionário sócio-econômico; resultados; documentos e taxas.

O Enem foi implantado pelo Inep ,em 1998: “com o objetivo fundamental de avaliar o desempenho do aluno ao término da escolaridade básica, para aferir o desenvolvimento de competências fundamentais ao exercício pleno da cidadania” (DOCUMENTO BÁSICO, 2000); vincula-se à nova LDB, aos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e às demais avaliações educacionais implantadas pelo governo federal. Diferentemente, dos outros sistemas de avaliação propostas pelo Ministério da Educação, centra-se “na avaliação de desempenho por competências e vincula-se a um conceito mais abrangente e estrutural de inteligência humana.” (DOCUMENTO BÁSICO, 2000).

O Enem caminha para a sua 7.ª edição, e tem como objeto o desempenho do aluno egresso do ensino médio e sua auto-avaliação.

Quanto à forma de adesão o Enem é uma exame voluntário para os alunos egressos do exame médio ou concluintes. É anual e realiza-se no mês de agosto para possibilitar seu uso nos processos seletivos para o ano seguinte.

O desempenho do aluno será verificado, conforme o que estabelece a Matriz de Competências, que se refere “às possibilidades totais da cognição humana na fase de desenvolvimento próprio aos participantes do Enem – jovens e adultos”. (DOCUMENTO BÁSICO, 2000). Os resultados são individuais e poderão ser utilizados por instituições de ensino superior ou pós-médio em seus processos seletivos, desde que com ciência e autorização dos participantes mediante seu número de inscrição.

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Para tanto, foi construída uma matriz de competências e habilidade fundamentadas nos conteúdos do ensino fundamental e médio da Educação Básica. Tem como referência a LDB no que tange às finalidades da Educação Básica, Ensino Médio e Base Nacional Comum dos Currículos, os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN’s, a Reforma do Ensino Médio e as Matrizes Curriculares de Referência para o SAEB. Leva em consideração que: “A Educação Básica deve objetivar o desenvolvimento de competências com as quais os alunos possam assimilar informações e utilizá-las em contextos adequados, interpretando códigos e linguagens e servindo-se de conhecimentos adquiridos para a tomada de decisões autônomas e socialmente relevantes.” (DOCUMENTO BÁSICO,2000)

O modelo da matriz (DOCUMENTO BÁSICO,2000) entende competências como modalidades estruturais da inteligência, ações e operações no estabelecimento de relações com o objeto de conhecimento e, habilidades, como o “saber-fazer”. Partindo de competências cognitivas globais foram definidas habilidades correspondentes. Esta matriz fornece indicações do que será avaliado e serve de orientação para a elaboração de questões que envolvem as diferentes áreas do conhecimento.

O Enem apresenta como instrumento uma prova com questões dissertativas e objetivas baseadas em competências e habilidades relacionadas à base nacional comum , portanto, abrange várias áreas de conhecimento organizadas conforme as atividades pedagógicas da escolaridade básica no Brasil.

A prova é composta de duas partes: a objetiva, com 63 questões e a redação, valendo 100 pontos cada uma delas. A parte objetiva da prova é caracterizada por 7 (sete) competências e 21 (vinte e uma) habilidades. Assim, a cada três questões é verificada uma habilidade, correspondendo a 21 questões. Apresenta cada uma das questões, sendo 21 no total, medidas três vezes cada uma delas, ou seja, três questões para cada habilidade.

A qualificação atingida será classificada nas seguintes faixas de desempenho: insuficiente a regular (notas entre 0 a 40); regular a bom (notas entre 41 a 70); bom a excelente (71 a 100).

O Enem busca a verificação do conhecimento construído pelo aluno, a demonstração de sua autonomia de julgamento e de ação, atitudes, valores e procedimentos, diante de situações-problema nele presentes.

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No que se refere às taxas, a inscrição para o ano de 2004 foi fixada em R$35,00 para os alunos da rede privada. Ao custo de R$5,00 por aluno, as instituições privadas poderão receber relatórios dos resultados dos seus alunos.

Primeiramente, os alunos da escola pública estavam sujeitos à taxa de inscrição, podendo haver isenção parcial aos carentes. Neste momento, a totalidade dos alunos da escola pública estão isentos desta taxa.

A Política Pública do Enem encontra-se presente na Legislação Federal e possui, para efeito de sustentar sua operacionalização, legislação específica.

Com relação ao Enem os dispositivos legais contidos na LDB n° 9394/96 estão presentes nos artigos 9.º e 44.º :

Art. 9.º dispõe que é incumbência da União assegurar processo Nacional de Avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino.

Art. 44.° no seu inciso II reza que, a admissão ao ensino superior passa a ser através de processo seletivo na perspectiva de classificação, alerta ainda as Instituições de Ensino Superior credenciadas como Universidade que ao deliberarem sobre critérios e normas de seleção e admissão de estudantes levarão em conta os efeitos desses critérios sobre a orientação do ensino médio, articulando-se aos órgãos normativos do sistema de ensino.

Logo após a LDB, acrescenta-se a Lei 9.448 de 14 de Março de 1997 (art. 1° e incisos IV e V), que findou por provocar a sua instituição, enquanto atribuindo ao Inep a função de “definir e propor parâmetros, critérios e mecanismos para a realização de exames de acesso ao ensino superior”, dentre outras.

Com efeito, o Enem foi instituído pelo Inep em processo de cumprimento dessa função, simultaneamente com outras a ela articuladas por lei, tais como: “desenvolver e implementar, na área educacional, sistemas de informação e documentação que abranjam, estatísticas, avaliações educacionais, práticas pedagógicas e de gestão das políticas educacionais”, e “subsidiar a formulação de políticas na área de educação, mediante a elaboração de diagnósticos e recomendações decorrentes da avaliação da educação básica superior” .

Constata-se a presença desta política, também na Lei do Plano Nacional de Educação - PNE, sob n.º 10.172 de 09 de Janeiro de 2001, no item 3, referente ao

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ensino médio, abrangendo três tópicos a saber: Diagnóstico, Diretrizes, Objetivos e Metas.

No diagnóstico, verifica-se que houve o aumento de matrícula no ensino médio e a diminuição de matrícula na rede privada o que atesta o caráter cada vez mais público deste nível de ensino ( PNE, 2001, p.76).

Nas diretrizes, item 3.2. o estabelecimento de um sistema de avaliação, à semelhança do que ocorre com o ensino fundamental é essencial para o acompanhamento dos resultados do ensino médio e correção dos seus equívocos.

O sistema de avaliação da educação básica-SAEB, o Enem, operados pelo MEC, os sistemas de avaliação já existentes em algumas unidades da federação que, certamente, serão criados em outras e os sistemas estatísticos já disponíveis, constituem importantes mecanismos para promover a eficiência e a igualdade do ensino médio, oferecido em todas as regiões do país (PNE, p.79).

No item 3.3 que trata de objetivos e metas destaca-se o de n.º 3 que tem o seguinte teor: melhorar o aproveitamento dos alunos do ensino médio, de forma a atingir níveis satisfatórios de desempenho definidos e avaliados pelo sistema nacional de avaliação da educação básica (SAEB), pelo exame nacional do ensino médio (Enem) e pelos sistemas de avaliação que venham a ser implantados nos estados (PNE, p.81).

A presença do Enem de forma explícita como diretriz e objetivo no Plano Nacional de Educação-PNE, demonstra o grau de articulação que as políticas nacionais, de um modo geral, alcançaram reproduzindo-se com relação às políticas nacionais de avaliação. Ao mesmo tempo em que comparam o Enem ao SAEB e os reconhecem como mecanismos para promover a eficiência e igualdade do ensino médio em todas as regiões do país, não mencionam a sua primeira finalidade, ou seja, a de democratizar o acesso ao ensino superior.

É importante ressaltar o reconhecimento e o incentivo aos sistemas de avaliação estaduais, lado a lado com os sistemas nacionais, iniciando com o ensino fundamental e a ser estabelecido para o ensino médio.

O acompanhamento dos resultados do ensino médio e correção dos seus equívocos é dado como essencial. No ensino superior, registra-se que uma das metas relacionadas ao acesso ao ensino superior, a de n.º 15, está voltada mais à compensação de deficiências, cotas, do que propriamente à avaliação de desempenho (PNE, p.98).

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Criar políticas que facilitem às minorias, vítimas de discriminação, o acesso a educação superior através da compensação de deficiências de sua formação escolar anterior, permitindo-lhes, desta forma, competir em igualdade de condições nos processos de seleção e admissão a esse nível de ensino.

A Portaria Ministerial n.º 438, de 28 de Maio de 1998 instituiu o Exame Nacional do Ensino Médio - Enem, com as alterações introduzidas pela Portaria Ministerial n.º 318, de 22 de Fevereiro de 2001.

Por sua vez, esta política vem se utilizando de legislação específica, servindo- se basicamente de Portarias anuais, cujo assunto é a sistemática e demais disposições para a realização do Exame Nacional do Ensino Médio-Enem. As Portarias que introduzem as alterações tratam da mudança das datas da inscrição. Acompanha algumas Portarias do Inep o anexo I com a Matriz de Competências e Habilidades do Enem, e a Relação dos Estados e Municípios e das localidades do Distrito Federal onde será realizado o Enem.

A estratégia política em termos de marketing para consolidar o Enem é feita, em termos de número de instituições de ensino superior que aderiram formalmente a esta política, capitaneados pelas grandes universidades e pelo número cada vez maior de inscritos para prestar o exame (vide quadro 2 e 3 no apêndice). Para o Enem são utilizadas as mesmas estratégias do Provão, enquanto ranqueamento e premiação para os primeiros lugares, na forma de bolsas de estudo .

No ano de 2003, sua 6.ª edição, o então Ministro da Educação, Paulo Renato de Souza, veio a público dizendo que já havia uma massa de dados para ser utilizada na avaliação do(s) sistema(s), da(s) escola(s). O fato gerou uma preocupação, pois a utilização dos dados vai se ampliando e não se pode prever as repercussões dos novos usos. A propósito, o Enem está oferecendo seus dados para o mercado de trabalho, via empresas.

Retomando as idéias de GARCIA (1999, p. 238-240), já apresentadas neste estudo, destacam-se os seguintes pontos:

Com relação a estratégia de marketing passar a idéia de que os problemas estão sendo resolvidos pelo governo federal. No que se refere ao Ensino Médio, isto não é verdadeiro, pois são as Unidades da Federação que investem maiores recursos, já que a União possui poucas escolas técnicas- federais. Entrar apenas com a avaliação externa, através do Enem, e estabelecer os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio - PCN's, é

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pouco para assegurar a qualidade desta etapa. E se for considerado ainda a pouca efetividade social do Enem no processo seletivo do Ensino Superior, ainda assim, seriam significativos os ganhos para a imagem do governo federal. Estes ganhos se apoiam em um conjunto articulado de políticas para todos os níveis e diferentes etapas da Educação Básica, tendo como finalidades a qualidade do ensino e a democratização do acesso ao ensino superior.

• O governo do Presidente FHC, neste segundo ponto, utilizava-se do

marketing no campo do emocional e do imaginário. Criava, para tanto,

estratégias de consultas a especialistas, seja individualmente ou por meio de comissões, encontros, seminários com representações de todos os Estados e de níveis de ensino, inclusive de Associações como Conselho de Secretários Estaduais de Educação – CONSED e União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação - UNDIME, ou ainda pela estratégia da audiência pública. Ocorre, no entanto, que a matriz das políticas, neste caso, a do Enem, já estava, praticamente, pronta e isto tudo é realizado, apenas para efeito de estabelecer uma sintonia fina, ou seja, para a sua legitimação. Na realidade são feitas pequenas mudanças que acabam justificando tais eventos. Este foi o procedimento observado nas etapas iniciais para a política do Enem: a aproximação com os Estados, com as Instituições de Ensino Superior, com as Associações e com os movimentos organizados, para, só então, introduzir a etapa de consolidação através da mídia e do sistema escolar.

Quanto ao terceiro ponto, o marketing educacional seguiria as regras tradicionais da área política, onde a repetição é importante, ressaltando o que é “bom” e quem é “ruim”, aparecendo expressa a dicotomia na divulgação das políticas educacionais. No caso do Enem ele seria o bom, e para responder estas indagações realizam-se um exercício para verificar o que, provavelmente, deveria acontecer com as pessoas expostas a este tipo de propaganda/marketing. Personificando a questão para o tema de interesse - o Ensino Médio da Rede Pública e o Processo Seletivo das Federais e Estaduais, estes seriam os “vilões”. E o Enem estaria na figura do “mocinho”. Nesse exercício de simular a desqualificação do ensino médio da escola pública, seriam exploradas as dificuldades para cumprir um programa

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sobrecarregado de conteúdos; um calendário que via de regra não tem sido cumprido, ora pelas greves, ora pela falta de professores em sala de aula; a não freqüência dos alunos e a metodologia centrada na memória, sem sintonia com questões da realidade. Por outro lado, tem-se o processo seletivo da Universidade Pública, no caso do Paraná, que vinha valorizando mais a memória do que o raciocínio. via de regra: não parte de situações problemas retiradas do cotidiano, nem tampouco adotam os princípios de contextualização e interdisciplinaridade, assim como não exploram com mais intensidade questões relativas ao Ensino Fundamental e, além disso, exigem questões acima do principal nível avaliado, o Ensino Médio. Embora as Universidades possam ser, também, responsabilizadas pela alta seletividade, elas têm autonomia e em seu nome e da qualidade de ensino para poucos, mantém esse processo elitista que beneficia a rede particular e, em especial, as instituições de grande porte. O Enem, na ótica do poder central, MEC/ Inep é “bom” porque: avalia o processo e não o produto e, portanto, poderá beneficiar os alunos da escola pública, que mesmo, em condições precárias, valorizam o processo de aprender com o apoio do livro didático e não de apostilas. Na visão do Inep/MEC vale a pena fazer o Enem, pois este exame dá referência para auto-avaliação orientando os alunos, que nesta fase ficam sujeitos à dúvidas e à insegurança, revelando seus pontos fortes e fracos. Ainda sob ponto de vista do Inep/MEC, o Enem subsidia o processo seletivo do Ensino Pós-Médio e do Ensino Superior devido as suas condições de avaliação de desempenho de forma mais ampla, contemplando processos cognitivos mais complexos. Deste modo, o aluno poderá conseguir uma vaga no Ensino Superior e ou nos Cursos de Pós-Médio das Escolas Técnicas Públicas (Federais e Estaduais). No entender do Inep/MEC, esta política é positiva porque o resultado do Enem pode ser utilizado para subsidiar as agências empregadoras, que entendem o valor de uma boa formação geral legitimada pelo MEC, a qual está sintonizada com as exigências do mercado. Segundo o Inep/MEC tal é o alcance do Enem que irá influenciar na melhoria do Ensino Médio, pois nas suas questões de prova, indica e exige uma nova proposta metodológica e de avaliação, em conjunto com os PCN’s e as DCNEM serão fatores decisivos para reformular o Ensino Médio, de modo a constituir um outro, um novo Ensino Médio.

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A afirmação desta política, é assunto da mídia e constata-se que as notícias relativas ao Enem são sazonais, havendo em um primeiro momento a propaganda governamental, coincidindo com a divulgação dos resultados do ano anterior. O segundo momento com maior intensidade, às vésperas da inscrição. Um terceiro momento, no período em que se realiza o Exame com dados sobre o número de inscritos, índice de presença e faltas, e o nível das provas objetiva e de redação, inclusive com os temas. Finalmente, o quarto momento quando são enviados os resultados para os alunos, com a divulgação dos resultados da prova de redação, através do Boletim Individual de Resultados. Neste momento são também enviados o Boletim de Resultados para as Escolas e ou Secretarias de Educação. Vide quadro 4 no apêndice que traz a relação de Notícias - Enem, Provão, ProUni

Exemplo do segundo momento é o que foi noticiado na Gazeta do Povo, no dia 3/8/2001, que anuncia mais de 1,6 milhão de inscritos (1687.949), no seu Exame de 2001 a realizar-se no dia 26/08, com crescimento de 317% em relação ao exame anterior. No Paraná, o crescimento foi de 142%. O maior crescimento foi