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Transcrição da entrevista semiestruturada à acompanhante de estágio

No documento Energia sénior : um projeto de animação (páginas 137-142)

E – Estagiária

A- Acompanhante de estágio

E – Dr.ª Sónia durante o período que esteve a coordenar o Serviço de Apoio Domiciliário como avalia a minha postura e atitude na instituição?

A- Hum, Sofia como sabe, eu comecei a coordenar este serviço com a saída da coordenadora

para licença de maternidade um pouco antecipada atendendo a todas as questões de saúde de que ela sofreu e aquilo que eu posso avaliar não tendo tido a proximidade que gostaria mas julgo que tive a devida, é que teve uma postura que revelou estar integrada, revelou conhecer as atividades que desenvolvia, porquê? Porque as planeava, porque as planeava de acordo com os objetivos, com aquilo que entendia ser uma mais-valia para o público-alvo, neste caso, os seniores, e portanto achei que teve sempre uma postura de colaboração mesmo quando eu lhe fazia sugestões, participativa, empenhada. Quanto às atitudes, as atitudes são coisas difíceis de medir, não é, portanto o que eu posso avaliar é a postura, a atitude posso dizer que manifestou sempre uma postura de interesse, não é, e como eu lhe disse é muito importante acharmos que não fazemos tudo bem e estarmos abertos às sugestões que as pessoas fazem, portanto, neste caso, eu como sou a coordenadora, e portanto avalio de uma forma positiva, sim.

E- E que apreciação, mesmo, chegando a meio do projeto, qual é a apreciação que faz do projeto desenvolvido?

A – O que eu lhe posso dizer e gostaria de puder dizer-lhe de que a minha apreciação tivesse

uma componente mais participativa da minha parte. Como sabe estou nesta coordenação com uma pequena percentagem, que afinal é mais, do que aquela que eu previa, mas tenho que tratar de outras questões, não é, que envolvem a equipa e para que tudo seja, todos os serviços prestados continuem a ser prestados com rigor, e com qualidade e portanto a apreciação que eu posso fazer é sempre uma apreciação de longe, porque eu não participei em nenhuma das atividades. O que é que eu vi? Eu vi todas as atividades, portanto, vi o elencar de atividades a desenvolver, que pareceram-me atividades pertinentes e que sob o ponto de vista do envolvimento até dos seniores, seriam, estavam bem projetadas e depois tive um ou outro

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feedback dos utentes com quem eu fui falando. E portanto o feedback que me foi dado pelas pessoas que participam nas atividades e que são o público-alvo foi muito positivo. As pessoas querem acima de tudo desenvolver atividades extra casa, não é, querem fazer parte do lugar onde cresceram, aprender, partilhar momentos, e portanto, sempre que isso possa, e que o tempo não permita, e que seja num espaço fechado também é bom, mas até o que mais, o que eu mais valorizo, é o facto de levar estas pessoas à rua, ao seu espaço, ao seu lugar, à sua envolvência, ao meio onde cresceram, e que parecem que estão nesse meio, mas dentro de casa, não é, mas ao mesmo tempo estão muito longe e julgo que em termos de identidade da própria pessoa com o contexto onde vive isto foi importante. E assim em termos gerais é a apreciação que eu faço. Por outro lado, para além dos relatórios que eu lhe pedia por atividade, embora alguns fossem mais profundos que outros, conseguia perceber, até que ponto a atividade tinha sido desenvolvida ou que o poderia ter falhado, o que podia ser diferente e também porque comparava muito com a visão que as colaboradoras tinham. Porque, não porque lhes perguntava, perguntava-lhes às vezes, mas também com os relatórios que elas me deixam escritos. Portanto eu tenho aqui duas perspetivas e, portanto, também faço uma apreciação positiva do projeto. É evidente que depois ele tende a melhorar, porque vamos conhecendo melhor as pessoas e vamos tendo ideias e projetando atividades que estão mais de acordo com aquilo que faz essas pessoas felizes e com aquilo que elas são capazes de fazer e que gostam e que lhes dá prazer. E portanto passar momentos fora de casa em convívio, eu acho que é fundamental.

E – E, então, considera que este projeto foi pertinente e que contribuiu para a qualidade de vida.

A - Eu não lhe posso responder diretamente se contribuiu ou não porque isso teria que falar com

as pessoas, isto contribuiu, mesmo questionando-as a elas não podemos avaliar isto. O que eu acho é que foi, é que houve aqui momentos em que as pessoas se sentiram claramente felizes, vê-se pelas fotografias, pelos relatos que fazem, e portanto se a felicidade é sinónimo de qualidade de vida, sim. Se contribuiu de uma maneira, ou seja, vão sentir a falta, sim provavelmente irão, embora estas atividades terão continuidade, num outro sentido. Agora tudo aquilo que sirva e tudo aquilo que proporcione momentos de bem-estar às pessoas julgo que contribui para que naquele momento a qualidade de vida daquela pessoa seja melhorada. Se é

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melhorada no seu todo, não lhe posso dizer, não lhe posso responder a isso, porque não tenho dados. Acima de tudo, não tenho dados. É possível, mas não tenho dados, sim.

E – Na sua opinião deveriam existir mais projetos deste âmbito?

A – Bom julgo que com a sua questão quererá dizer mais projetos deste âmbito num serviço

desta natureza. Bom, como sabe nós desenvolvemos atividades neste âmbito, não, até há parcerias com outras instituições, como Tibães, portanto, até com a casa do professor, e promovem-se, portanto, este tipo de parcerias para que se possa responder a necessidades que as pessoas tenham, de socialização, de aprender e de não estarem fechadas em casa, porque a velhice não tem que ser uma antecâmara da morte, só, não é, não tem que ser isso, e portanto eu acho que estes projetos devem ser projetos com atividades lúdicas, mas que não sejam atividades que não sejam planeadas, porque às vezes achamos que tudo é bom e basta sair de casa, às vezes não é assim, tem que ser tudo devidamente planeado, devidamente trabalhado, para que a implementação de um projeto possa ser rigorosa e para que possa responder aos objetivos que traçamos inicialmente, não é. Pronto, e também para que possa reformulado há medida que se ache que não está a correr da melhor forma ou que pode ser melhorado, pronto. Apesar de estar a correr bem as coisas pode ser melhoradas e portanto acho que estes, todas as atividades, que visem não só a satisfação de necessidades básicas ao nível da higiene, da alimentação, porque a vida é um composto de várias coisas, não é, e o ser e nós somos seres sociais e eu acho que este convívio e esta partilha e o experimentar o espaço, a questão da cidadania aqui é muito importante, não é, e a cidadania é exercemos os nossos direitos e os nossos deveres, não é. Mas estar num espaço que é a cidade de Braga, pessoas que não saem há anos de casa, que saem agora, não é, que passeiam, que voltam a identificar o espaço e que voltam a sentir a cidade, e lugares como seus, não é, eu acho que é muitíssimo importante, porque nós somos, a nossa vida é feita de várias esferas, e quando confinamos um sénior só há sua existência, às vezes não é possível ser de outra maneira, não é, mas só há sua existência num determinado espaço físico dentro de casa, e etc, porque achamos que só precisamos de satisfazer aquelas necessidades de alimentação, e etc, não é possível. Mesmo aqueles que não podem sair de casa, às vezes a companhia, o ler o jornal, ou acompanhar ou fazer outras atividades que sejam compatíveis com o estado da pessoa eu acho que são importantes. Porque

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as pessoas são mais do que E- as simples questões básicas A - um corpo não é? Exatamente isso.

E – Que sugestões faria para um novo projeto a realizar neste tipo de serviço, já que isto é uma mais valia para este serviço?

A – Olhe eu acho que acima de tudo se devem ouvir as pessoas, perceber aquilo que essas

pessoas gostariam de fazer como atividade para além do estar em casa. Como atividade para além do receber os cuidados de higiene, portanto, ou a entrega das refeições. Portanto, perceber o que é que, como é que é a vivência dessas pessoas, não é, e que momentos é que lhe podem proporcionar qualidade de vida, também, não é. O sair de casa para quê, como, onde, portanto, deixar também a pessoa intervir neste processo. Não infantilizar as pessoas com atividades que não são próprias para seniores, porque os seniores não são crianças, e portanto, às vezes sair de casa, pensar que se vai fazer uma coisa muito interessante, e depois sentirmo-nos infantilizados, acho que não deve acontecer, e portanto, devem ser, devemos ter em conta que para chegar às pessoas, temos que as ouvir, é muito interessante, escutar, uma escuta ativa, não é só, nós acharmos, escutar é diferente de ouvir, não é nós acharmos que sabemos o que é bom para aquela pessoa, sem sequer a questionar. Decidir a vida do outro, não pode ser, temos que as escutar, temos que estar com elas, temos que perceber o seu quotidiano, e temos que depois conseguir articular as várias vontades numa atividade que possa servir para todos. Porque nem toda a gente vê a atividade da mesma forma, não sente as mesmas coisas, é como quando vemos um filme, as emoções que temos são todas diferentes. Mas nunca esquecer a pessoa e nunca achar que podemos decidir por ela. Porque isso não podemos fazer. Pronto.

E - Então avalia o projeto de uma forma…

A - De uma forma positiva e que trouxe, e que valorizou as atividades já desenvolvidas, não é,

são atividades, que eram já desenvolvidas por alguns elementos da equipa, mas a preparação, o facto de estas atividades poderem ser desenvolvidas por uma pessoa que tem uma preparação, como é o seu caso, não é Sofia, vem ajudar, não é, porque introduz elementos novos nas atividades, e isso a inovação e a criatividade devem ser uma constante e nós sozinhos não conseguimos ser muito inovadores. A inovação sai da discussão, sai do confronto, não é, sai do ouvirmos outras ideias, de progredirmos, progredirmos no nosso pensamento, não é. E isso não

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é a idade que nos vai obstar a isso, não é pelo facto da Sofia, ser mais nova que algumas das colaboradoras, que pode só, e porque teve uma preparação académica superior, pode só ensinar, não, vai dar as suas sugestões, que serão muito bem vindas, mas também vai aprender e portanto é nesta troca de posturas diferentes que eu acho que se encontram modelos capazes de responder às necessidades.

E - Obrigada Dr.ª Sónia

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Anexo X – Trabalhos finais das atividades desenvolvidas ao longo do projeto

No documento Energia sénior : um projeto de animação (páginas 137-142)