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Uma análise SWOT à licenciatura em Ciências da Educação

Nuno Fraga

3. Uma análise SWOT à licenciatura em Ciências da Educação

Atendendo às transformações de que foi alvo o curso de Ciências da Educação na UMa, procedemos a uma análise sistemática ao curso, por via da ferramenta de gestão estratégica – SWOT -, refletindo sobre os principais pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças, a saber:

3.1. Pontes Fortes

3.1.1. Um desenho curricular com identidade própria. A atual estrutura curri- cular enfatiza a importância do olhar sociológico sobre a comunidade colocando num primeiro plano de ação o empoderamento dos alunos para a intervenção comunitária, numa abordagem qualitativa que concilia o olhar psicológico e socio- lógico do educador/formador. O enfoque atribuído à área científica de Educação, num olhar tão holístico quanto sistémico pelo universo epistemológico das Ciên- cias da Educação, coloca o desenho curricular do curso centrado na educação e formação do aluno para a sua ação no campo educativo e escolar, desde a com- preensão teórica dos seus contextos de atuação às possibilidades de interven- ção que advêm de unidades como educação pela arte (literatura, música, artes cénicas, artes plásticas), gestão de projetos, intervenção comunitária, educação ambiental, inclusão e reinserção social, entre outras.

3.1.2. Intervenção comunitária. A possibilidade de no último ano do curso os alunos usufruírem de uma componente de estágio integrado na unidade curricu- lar de Intervenção Comunitária permite-lhes consolidarem e colocarem em prática os conhecimentos adquiridos e desenvolverem competências e capacidades no âmbito da planificação e desenvolvimento de atividades de animação sociocultu- ral, educacional e formativa.

3.1.3. Alto nível de exigência. Para além dos conhecimentos que uma formação inicial pressupõe, exige-se aos alunos que os integrem e os apliquem em situações novas e não familiares, noutros contextos mais alargados e multidisciplinares, sa- bendo lidar com questões complexas que a escola e a sociedade contemporâneas lhes colocam. Sem descurar as competências de natureza cognitiva, esta licen- ciatura procura igualmente trazer à discussão reflexões sobre as implicações e responsabilidades éticas e sociais do posicionamento de cada um como futuro formador e técnico superior de educação.

3.1.4. Adequação de metodologias de ensino e avaliação. A incidência em si- multâneo no desenvolvimento intelectual, psicossocial e ético dos alunos reflete- -se não só nas metodologias de ensino-aprendizagem como na sua avaliação. Ao nível do ensino-aprendizagem, a descentração do professor para o aluno redunda num trabalho que torna o aluno o verdadeiro protagonista da sua aprendizagem.

3.1.5. Obtenção do Certificado de Competências Pedagógicas (CCP) de forma- dor, obtido através do Instituto de Emprego e Formação Profissional aquando da conclusão da licenciatura, em conformidade com o disposto na Portaria n.º 214/2011, de 30 de maio.

3.2. Ponto Fraco

3.2.1. O elevado número de licenciados na área que contrasta com a necessi- dade de sensibilizar o mercado de emprego com o potencial destes profissionais de educação e formação nos diversos serviços educativos da Região, por exemplo.

3.3. Oportunidades

3.3.1. Cultura de avaliação. Existe no DCE uma cultura de avaliação pelo facto de alguns dos seus docentes terem experiência de avaliação internacional de cursos desta natureza, nomeadamente na República da Lituânia e na República da Irlanda.

3.3.2. Existência de um Centro de Investigação em Educação. O facto de existir um Centro de Investigação reconhecido pela FCT (CIE-UMa) constitui uma oportu- nidade única para articular os cursos de graduação e de pós-graduação (mestra- dos e doutoramentos) e correspondentes investigações com as linhas de pesquisa em desenvolvimento. Este trabalho permite aos alunos da licenciatura usufruírem de trabalhos científicos tão recentes quanto específicos da sua realidade local, o que lhes possibilita conhecerem o contexto que os rodeia e as realidades de mui- tas das instituições e seus problemas, nos quais podem futuramente intervir.

3.3.3. Crescente rede de parcerias. A abertura da universidade ao seu contexto local tem permitido também à licenciatura em Ciências da Educação o estabeleci- mento de compromissos, em forma de convenções de estágios curriculares, com diversas instituições locais, fomentando desta forma uma articulação necessária com núcleos de intervenção onde os alunos podem complementar e aperfeiçoar as suas competências curriculares e socioprofissionais em contextos reais de trabalho. 3.3.4. A articulação entre os três ciclos de estudos. Existe uma lógica na sequên- cia dos estudos superiores em educação na Madeira, não defraudando as legítimas aspirações de quem termina um grau e pretende prosseguir academicamente.

3.3.5. Dimensão e localização. O facto de a Universidade da Madeira ser de reduzida dimensão proporciona maiores oportunidades de interação entre pro- fessores e alunos, criando-se um bom ambiente académico, sem massificações no relacionamento. Por outro lado, a UMa goza de boas condições físicas de trabalho, boas estruturas de acolhimento, serviços eficazes e uma residência universitária, disponível para acolher, em situações económicas vantajosas, os seus alunos.

3.3.6. O Processo de Autonomia e Flexibilidade Curricular que poderá chamar às escolas e às suas equipas educativas/pedagógicas multidisciplinares outros profissionais de educação que não se cinjam à área da docência.

3.3.7. A realização de Estágios Profissionais promovidos pelo Instituto de Em- prego da Madeira, IP-RAM após a conclusão da licenciatura e que são um garante fidedigno de aquisição de experiência profissional em contexto laboral.

3.3.8. Descongelamento progressivo dos procedimentos concursais para in- gresso em funções públicas.

3.3.9. O Quadro de Apoios Comunitários para o período 2014-2020 que ape- lam ao caráter empreendedor do licenciado em Ciências da Educação.

3.3.10. A internacionalização da educação / criação de um espaço europeu da educação.

4. Ameaça

4.1. Desemprego. A taxa de desemprego acentuada e/ou o fraco ou ainda débil investimento privado no empoderamento das instituições com profissionais mul- tidisciplinares apresenta-se como um constrangimento ao qual deverá ser dada particular atenção.