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MAPA 3.2 – Mapa da Violência Contra a Pessoa Idosa na Cidade de Aracaju/SE

3.1 Uma experiência única?: relatos de um caso de violência

Foram várias as minhas idas ao Centro de Atendimento a Grupos Vulneráveis (CAGV) no intuito de levantar dados e informações acerca dos múltiplos aspectos que estão vinculados à dinâmica da violência contra os idosos em Aracaju e que me fizessem refletir sobre o tema em questão. Pude evidenciar várias situações em que idosos, testemunhas, denunciantes, supostos agressores, etc., entravam e saiam das salas de atendimento e depoimentos, dando as suas versões particulares em relação aos fatos ocorridos. Dentre estes casos, um me despertou especial atenção. Tratava-se de um caso de violência como tantos outros no cotidiano daquela instituição, mas, o contato proximal que mantive com a idosa, a quem atribuíam o fato de ter sido vítima de violência familiar, mostrou-me a dificuldade de se enveredar por um tema de pesquisa tão complexo e tão difícil de entender, pois, os argumentos que envolviam o enredo daquele caso me deixaram várias marcas e inquietações.

Recordo-me que fiquei bastante envolvido com uma das muitas denúncias que, durante os meus dias de pesquisa de campo no CAGV, pude presenciar.

Ao analisar os Boletins de Ocorrências na cozinha1 do Centro, observei que se aproximara da porta uma senhora aparentando ter idade bem avançada, acompanhada por uma outra senhora mais jovem. Esta última havia me perguntado se a idosa poderia sentar-se em uma das cadeiras da cozinha, pois, lá fora chovia bastante naquele dia e ela estava sentindo muito frio. Sinalizei positivamente a fim de que elas pudessem ficar à vontade e sentarem-se. Fiquei bastante eufórico com a possibilidade de iniciar uma conversação com aquelas pessoas e, então, estabelecer os primeiros contatos de fala, ouvindo o que elas teriam para me dizer, suas queixas, medos, ansiedades, histórias e experiências de vida e de violência, mesmo sendo aquela conversa algo informal, pois, naquele momento, eu ainda não estava realizando os registros de áudio das falas, por estar em um período de estudos iniciais dos casos. Então, fiz questão de me apresentar. Falei o meu nome, mas, não revelei, naquele momento, a minha intenção inicial ali, naquela instituição, com receio de que pudesse haver alguma forma de “estranhamento” por parte do objeto de pesquisa em relação ao interesse por de traz das perguntas que, possivelmente, eu estaria fazendo.

Aos poucos, fomos iniciando nossa comunicação e fui ganhando a confiança das duas senhoras. A mais jovem dentre elas me dissera que estava ali por outra razão2, e que não estava acompanhando, não conhecia nem possuía nenhum tipo de vínculo com a outra senhora mais idosa, que aparentava ter entre 80 e 85 anos de idade. Sendo assim, comecei a puxar conversa com a senhora de mais idade, buscando saber os motivos que lhe trouxeram àquele lugar. A princípio, ela apresentou bastante dificuldade para falar. Sua voz quase não saia e percebia-se, nitidamente que, além de estar bastante trêmula – não sei realmente se por conta do frio que a levara à cozinha ou por conta da situação que a trouxera ao CAGV – e realizar sucessivos movimentos de passar as mãos sob suas pernas, indo para frente e para trás, aquela idosa, a todo o momento, olhava insistentemente para o lado de fora da cozinha.

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A cozinha do CAGV se transformou em uma espécie de laboratório de pesquisas para mim, pois, era lá que, costumeiramente, eu analisava cada registro de denúncia, devido à falta de um local mais adequado para fazê-lo, tendo em vista que não existiam salas disponíveis para esta tarefa. Apesar do grande fluxo de pessoas, seja dos funcionários do Centro, ou mesmo, dos diversos públicos que nele, cotidianamente eram atendidos – o que, às vezes, tirava-me a atenção para a análise documental dos casos, transformando a tarefa em um desafio ainda maior – a cozinha me proporcionou uma visão privilegiada da dinâmica dos casos, por ser próxima à sala onde os idosos, vítimas de violência, bem como denunciantes, testemunhas e supostos agressores, eram interrogados.

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Até então, tal comportamento não me dizia muita coisa, era-me apenas estranho e curioso. Foi só com um pouco mais de tempo e insistência que ela pode me dizer o seu nome: Maria3.

Apresentando um pouco de dificuldade para se expressar, Dona Maria me dissera que tinha 82 anos e que não era brasileira, mas que veio para o Brasil ainda muito jovem, que por aqui se casou, formou família e que teve apenas dois filhos, Manoel e Joaquim4, vindo a morar atualmente com um de seus filhos – Manoel – e ainda com uma nora e duas netas.

Perguntei como sua nora e netas a tratavam, se ela gostava de viver ao lado delas, se se sentia bem. Por alguns instantes, pude perceber que o semblante de preocupação que tomara conta de sua face, desde o primeiro momento em que a vi, abandonara-lhe, ao menos temporariamente. Ela então, ao seu modo, afirmara que era muito bem tratada por sua nora e netas e que as queria muito bem. Contudo, foi somente quando perguntei sobre o motivo que a havia trazido até ali e o que lhe havia acontecido, que seus movimentos anteriores, com braços e pernas, com olhares desconfiados para a porta, tremores pelo corpo e a voz quase calada de tão baixa, voltaram à cena. Foi então que Dona Maria perguntou àquela senhora que a acompanhara até a cozinha: “– O Manoel tá ai? [olhando para fora da cozinha e falando como se estivesse sussurrando]. “– Ele já saiu?”. Foi somente a partir deste momento que descobri – com a ajuda da outra senhora – o que estava acontecendo. Seu filho, Manoel, estava sendo denunciado, por outras pessoas (vizinhos), de estar maltratando a sua mãe, a Dona Maria. “– O Manoel já saiu?”, continuou a perguntar copiosamente a idosa. Visto que ele não havia terminado ainda o seu depoimento na sala do cartório, Dona Maria, ainda visivelmente preocupada e nervosa, falou um pouco mais sobre a relação com o seu filho: “Ele (Manoel) é muito nervoso! Fala pra eu calar a boca e ficar quietinha, senão...”, voltando, logo em seguida, a olhar para fora da cozinha e perguntar baixinho: “– Ele tá ai?”.

Confesso que, em um primeiro momento, deixei-me envolver por sua fala e por sua história de vida pessoal. Àquela altura, muitas coisas me passaram em mente. O pesquisador que, inicialmente, levara-me a me aproximar do “objeto de pesquisa”, a perguntar, indagar, a querer saber mais, investigar sobre aquela realidade, aprofundando-me e me apropriando, cada vez mais, de elementos que me levassem a desenvolver idéias e lógicas racionais próprias sobre o tema da violência contra os idosos, abandonara-me por um instante. Naquele

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Optei por substituir o nome original da idosa em questão, a fim de que se mantenha o sigilo das fontes, a preservação das vítimas e o respeito ao anonimato na pesquisa.

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Os nomes dos filhos da idosa também foram substituídos, seguindo os mesmos critérios adotados para a preservação das fontes.

momento, via-me em conflito com a chamada “neutralidade sociológica”, pois, era inevitável e inegável não pensar em tantos outros idosos conhecidos, a quem nutro bastante estima, respeito e admiração, deparando-me com aquela imagem, com a fala de uma senhora frágil, de 82 anos de idade e, supostamente, vítima de algum tipo de violência praticada por um familiar, “um filho”. Foi difícil restabelecer em mim a vontade e a idéia de que eu não deveria “deixar-me levar” por turbilhões de emoções, emitindo alguma espécie de juízo de valor em relação aos fatos que ouvira e presenciara naquele momento. Eu deveria me recordar de que, naquele instante, eu apenas possuía uma das versões do fato, apenas a história de uma das partes.

Dona Maria também me falara de seu outro filho, Joaquim, que “era muito bonzinho”, mas que, há muito tempo não o via, pois, ele residiria na cidade de Brasília e não a visitava. Ai também me pus a imaginar, como um filho que possui uma mãe de 82 anos de idade, vivendo em outra cidade e região do país, não tinha contato e não procurava saber sobre ela. A esta altura, uma série de suposições sobre Joaquim se formavam a este respeito: será que ele estaria vivo? Será que estaria em condições físicas ou financeiras de rever sua mãe ou entrar em contato com ela? Seria ele tão “bonzinho” quanto Dona Maria dizia? Joaquim, seu outro filho, existiria realmente?

Pouco tempo depois, Manoel saia da sala de depoimentos. Um homem branco, alto, aparentando ter aproximadamente 50 anos de idade. Procurava por sua mãe, Dona Maria. Aproximara-se de sua genitora e dissera: “– Vamos embora, mamãe”. Não pude perceber mais nada em Dona Maria, naquele momento. Fitava apenas Manoel, sua aparência, seu jeito de falar, o jeito de se dirigir e conduzir a mãe. Não tive coragem para chamá-lo para uma conversa, pois, imaginei que não poderia, que não conseguiria, naquele momento, com o leque de informações que havia assimilado em tão pouco tempo, ter serenidade o suficiente para lhe perguntar sobre a acusação que lhe fora atribuída de maus-tratos a sua mãe, sem enviesar a minha fala, sem transformar a minha pergunta em acusação. Dona Maria levantou- se, ajudada pelo filho. Não disse mais uma palavra. Os dois saíram da cozinha, juntamente com a senhora que a trouxera para dentro, na ocasião, fugindo do frio e da chuva. Sem que percebessem, os acompanhei com o olhar pelos corredores do Centro, buscando encontrar apenas algum gesto, uma palavra, um olhar sequer, que me dissesse algo, que me desse a dimensão mais próxima de uma verdade que eu buscava obter, agora, não apenas por uma questão de pesquisa, mas também, por um interesse e curiosidade pessoais. Durante o restante

do dia fiquei pensando sobre aquele caso, imaginando não apenas o que teria acontecido com aquela família anteriormente, mas, principalmente, o que iria acontecer dali por diante.

Casos como estes que acabo de relatar são mais comuns do que imaginamos no cotidiano de uma delegacia especializada. O CAGV, como um órgão especial que recebe, apura denúncias e executa diligências e prisões nestes casos, registra anualmente números de violência contra idosos de todo o estado de Sergipe – principalmente da capital, Aracaju –, e que impressionam por seu volume. Durante este período de mais de dois meses de pesquisas de campo e visitas para a coleta de dados, bem como no conhecimento do dia-a-dia da instituição no atendimento a estes casos, observei que muitos deles mereceriam a nossa atenção, mas, seria inviável relatar a todos nesta dissertação, tendo em vista os objetivos da mesma, em analisar a influência que a imagem dos velhos, das representações sociais constituídas em torno da velhice e dos que envelhecem nas sociedades modernas, possui para a ocorrência de casos de violência praticada contra pessoas idosas em Aracaju.

3.1.1 O QUE A DENÚNCIA PRODUZ? ENCAMINHAMENTOS E PROVIDÊNCIAS

Esta inquietação em responder à dúvida colocada por mim, anteriormente, sobre “o

que iria acontecer dali por diante”, em relação aos resultados práticos alcançados a partir do

registro das denúncias feitas pelas vítimas, creio eu, também deva ser uma das principais preocupações de outros pesquisadores, profissionais e gestores públicos que atuam à frente das políticas públicas e instituições de defesa dos direitos da pessoa idosa, junto à sociedade. Particularmente, creio que esta discussão também possa interessar às próprias vítimas, denunciantes e testemunhas dessa violência.

Tal inquietação levou-me a buscar reconstituir alguns dos passos e procedimentos realizados a partir do ato de denunciar, até a resolução dos casos de violência cometida contra idosos, o que considero ser outra questão importante para se abordar neste estudo, mesmo sem aprofundar algumas minúcias em relação a procedimentos extremamente técnicos, do habitus jurídico-policial. Para isso, foi necessário contar com o auxílio de alguns profissionais que trabalham no CAGV e que atuam diretamente na ouvida, apuração e resolução dos casos que envolvem a denúncia de violência contra os idosos, realizando, subsequentemente, alguns encaminhamentos e tomando as devidas providências em cada caso.

Assim, o processo se inicia com o “ato de denunciar”. Ao ser formalizada uma denúncia de prática de violência contra a pessoa idosa na instituição (CAGV), os profissionais (Agentes de Polícia Civil), que atuam no atendimento aos casos, mantêm um contato inicial com as vítimas e, logo em seguida, realizam o registro da ocorrência, ouvindo vítimas e/ou testemunhas. Esta formalização da denúncia, por parte da vítima/denunciante, é chamada de Registro Policial de Ocorrência (RPO) e traz os primeiros relatos e impressões5 das vítimas ou demais denunciantes, em relação ao caso e aos motivos que os levaram à instituição, sendo coletados ainda os dados sobre as vítimas, relacionando possíveis testemunhas e indicando as informações sobre os suposto autores da violência. Após a confecção do RPO, este documento segue para a análise da maior autoridade policial da unidade, os Delegados. Estes profissionais vão analisar os autos do registro da ocorrência e validar o documento, “tipificando-o”, ou seja, atribuindo-lhe a espécie de crime que foi cometido.

Após este primeiro momento de formalização da violência e de sua subsequente tipificação, normalmente é marcada uma audiência de mediação de conflitos entre as vítimas e os supostos autores da violência, buscando solucionar os impasses gerados pelo problema. Esta audiência é realizada na sede do CAGV, mas se, e somente se for um crime "de menor potencial ofensivo", ou seja, crimes cuja pena máxima não exceda o limite de dois anos de reclusão, a exemplo do que os policiais definem como sendo vias de fato, perturbação à

tranquilidade, injúria, calúnia, difamação, ameaça. Caso haja a mediação e o autor da

violência comprometa-se a não mais realizá-la, bem como a vítima aceite os termos que ficaram estabelecidos na mediação, as partes (vítimas e autores) assinam um documento denominado “termo de ajuste de conduta”, onde ambos se responsabilizam em cumpri-lo e contribuir para que o fato não venha mais a ocorrer.

Em se tratando de casos que envolvam crimes mais graves, ou então, que não haja intenção por parte da vítima em "conciliar", é realizado um inquérito policial, onde, ao término de sua conclusão, o mesmo será remetido ao Poder Judiciário. Entretanto, existem

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É de se considerar que, em meio às impressões e visões de mundo a que estão inseridos vítimas, testemunhas e supostos agressores, acerca dos relatos que são registrados nos documentos oficiais, sobre os fatos que o geraram, a interferência, subjetividade e os valores (sociais, culturais, religiosos, familiares, etc.) próprios dos profissionais responsáveis pelos registros, também podem estar presentes, em maior ou menor grau, neste processo, misturando-se ao ambiente de violência vivenciado e narrado pelos personagens de cada ocorrência registrada. Mesmo diante da necessidade de ser imparcial e de manter certa “neutralidade” em sua intervenção, as informações estão sempre passíveis de sofrerem a influência dos valores pessoais de cada profissional, seja em relação às vitimas, denunciantes ou aos agressores, tomando como referência a percepção e a imagem social que se constituiu, ao longo de sua vida, em torno de temas como violência, velhice, idoso, família, respeito, vítima e agressor.

crimes que necessitam de uma "investigação" mais profunda, para apuração da autoria e comprovação da materialidade do delito, comprovando se houve de fato a violência denunciada e se o autor denunciado realmente é o responsável. Em casos desta natureza, se houver a necessidade de prender o autor do delito faz-se o pedido de representação preventiva junto à 11ª Vara Criminal6. Caso o pedido seja deferido, o "autor denunciado" ficará preso preventiva e provisoriamente, sendo o prazo da prisão estabelecido pelo juiz que expediu o auto de prisão.

Nos casos mais graves e urgentes, em que se evidencia a necessidade de retirar o idoso do convívio com o agressor, quando ambos residem na mesma casa, costuma-se encaminhar a vítima para um abrigo institucional. Nesta situação, o CAGV fica responsável pelo encaminhamento do idoso para uma instituição de longa permanência. Em alguns casos, o CAGV faz a notificação ao Ministério Público, ao Conselho do Idoso ou a outros órgãos públicos (IML, Defensoria Pública, etc.) a fim de fazê-los tomar conhecimento da situação do idoso. Contudo, a instituição que deve ser noticiada, em todas as situações, é o Poder Judiciário.

É importante mencionar que, uma vez instaurado o inquérito policial, não há que se

falar em arquivamento do caso. Entretanto, se houver denúncia anônima ou se esta for

recebida de algum órgão externo ao CAGV, far-se-á uma investigação através de um grupo de profissionais da polícia civil, o qual é denominado de “equipe de investigação social”. Caso a denúncia não seja comprovada, ou seja, considerada improcedente, o inquérito poderá ser arquivado. Chamou-me a atenção a fala de uma das profissionais que trabalha no CAGV, em relação a ter conhecimento ou não do resultado dos casos, a que fim levava cada um, desde o seu início no CAGV, sendo sua resposta bastante reveladora: “Uma vez o IP [Inquérito

Policial] encaminhado ao fórum [Poder Judiciário], não temos mais notícias dele”.

De fato, se dentro do próprio CAGV há uma dificuldade muito grande de se ter profissionais que atuem diretamente com os dados e informações sobre os casos de violência, não se constitui em espanto algum a notícia de que as informações sobre os casos que têm origem na instituição não retornam mais para a mesma, perdendo-se entre tantos outros casos

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Instância do Poder Judiciário estadual responsável por processar e julgar as ações penais que apuram os crimes praticados contra crianças, adolescentes, idosos e da chamada “violência doméstica” (contra a mulher), conforme definição encontrada na Lei Complementar nº 145/07, aprovada pela Assembléia Legislativa do Estado de Sergipe. Disponível em: <http://www.al.se.gov.br/Detalhe_Lei_comp.asp?Numerolei=152>. Acesso em: 12 jul. 2009.

que são encaminhados ao Poder Judiciário, sem nenhum ter nenhum tipo de retorno à instituição policial. Com isso, não há como colocarmos, neste estudo, dados atualizados, ou mesmo minimamente referenciais, que pudessem estar indicando “o que a denúncia produz”, em termos de sua resolutibilidade, da solução prática dos casos, da efetividade da justiça em relação a cada um deles, do cumprimento do que preceituam as leis, o Estatuto do Idoso, etc. Os resultados de cada caso só poderiam ser observados em relação àqueles que se iniciavam e se resolviam dentro do próprio CAGV, sendo que, uma vez resolvido em outras instâncias, a instituição, muito raramente, passa a ter algum tipo de informação sobre o seu resultado.

A afirmação daquela profissional de segurança pública também nos revela que existe

uma distância considerável entre a denúncia e o resultado de sua responsabilização, o que

pode ser fruto, dentre outros fatores, da fragilidade dos instrumentos de coleta inicial de informações e no acompanhamento sistemático dos casos, pois, evidencia-se que não há um

funcionamento das instituições em rede – contrariamente ao discurso oficial dos governos na

ênfase à intersetorialidade e parcerias estabelecidas entre as instituições – por parte dos órgãos públicos responsáveis por receber, investigar, responsabilizar, julgar e executar as penas, ficando as fontes de informação desarticuladas umas das outras, refletindo-se, assim, a própria desarticulação de parte significativa das políticas públicas voltadas para o envelhecimento humano e, consequentemente, para a pessoa idosa. O enfrentamento da violência praticada contra o idoso, dessa forma, ainda não se constitui em uma prioridade para as políticas

3.2 SOBRE O CAGV: UM BREVE RESGATE HISTÓRICO DE SUA FILOSOFIA DE