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3. PRÁTICA LETIVA

3.2. Gestão do Processo Pedagógico: metodologias e estratégias do processo de E-A

3.2.3. Unidade Didática – O elo entre a teoria e a prática

O planeamento anual foi concebido em grande parte à volta da AD, mas também outros fatores já referidos anteriormente tais como o calendário escolar, os objetivos e as estratégias adotadas pelo GEF do estabelecimento de ensino, as motivações e características dos alunos, o número de aulas previstas, entre outros influenciaram este mesmo planeamento. Todavia, esta ferramenta de planificação (planeamento anual) é muitas vezes elaborada de forma geral e necessita de maior rigor.

Precisamos ser mais específicos e funcionais na conceção do nosso planeamento, daí surgirem outros documentos orientadores a um nível intermédio tais como as UD’s. Este utensílio procura então organizar um processo através da projeção de determinados objetivos que se pretendem atingir num período, fase ou conjunto de aulas.

Dito isto podemos então definir uma UD como um instrumento que procura organizar as aulas com determinados objetivos, através de uma sequência lógica e progressiva com o propósito principal de promover a aprendizagem (Jacinto et al., 2001). Este instrumento deve ter em conta não só a evolução ou desenvolvimento de uma matéria como também a personalidade dos próprios alunos (Gomes, 2004). As UD’s geralmente são desenvolvidas segundo um tema e devem incluir

todos os domínios de aprendizagem das várias áreas curriculares, para que o professor organize o processo de ensino-aprendizagem dos alunos, numa duração de tempo variável e que inclui todos os elementos do currículo em questão (Carmona, 2012).

A UD aparece como um instrumento orientador para o professor de EF, num processo complexo como é o de ensino aprendizagem, que é passível de alterações e adaptações no decorrer do ano letivo ou aulas. Por isso, não nos podemos esquecer que uma UD não deve ter uma fórmula estandardizada. Esta organização depende muito do professor em questão, do contexto em que está inserido e dos objetivos que são pretendidos (Andrade, 2013).

Este instrumento, como já foi referido, será então o elo entre a teoria e a prática porque, sejamos realistas, este instrumento só é visível no conjunto de atividades ou aulas que são lecionadas, aulas estas onde pretendemos potenciar ao máximo os nossos alunos. Sendo assim cabe- nos a nós, professores, definir objetivos reais e mensuráveis muito fruto das etapas já realizadas (Avaliação inicial/diagnóstica) e do decorrer da prática letiva. Tudo o que for definido terá de ser adequado ao contexto no qual estamos inseridos, pois só assim alcançaremos resultados visíveis, e quando falamos em visível falamos em aprendizagem (Carmona, 2012).

Embora o cerne principal da nossa ação docente seja a aprendizagem dos nossos alunos também somos humanos e erramos! Erramos na avaliação inicial, erramos na formulação de tarefas e só no fim (sendo que por vezes não acontece) percebemos que os resultados esperados não são os desejados. Dito isto, é necessário que o professor reformule e ajuste o percurso talhado para o aluno, utilizando um ciclo de diagnóstico-prescrição-controlo que lhe permitirá gradualmente sistematizar os objetivos a alcançar.

No âmbito do estágio desenvolvemos três UD’s, pois consideramos o seu aspeto prático e coerente tendo em conta os três diferentes períodos. Nestas três UD’s estavam inseridas as diferentes matérias abordadas ao longo dos períodos tendo sempre em conta os objetivos gerais, específicos e comuns. Dentro de cada matéria eram especificados os diferentes objetivos e estratégias tendo em vista os diferentes conteúdos a serem abordados, mas sem nunca deixar de ter em atenção os aspetos comuns entre as diversas matérias de ensino que foram depois visíveis na lecionação.

Posto isto, podemos então verificar a estrutura utilizada na conceção das nossas UD’s (ver anexo G) salientando os seguintes capítulos:

 Enquadramento – neste ponto realizámos o enquadramento espacial, temporal e recursos humanos de cada UD, assim como quais as matérias a abordar e quais os objetivos de carater transversal dessas matérias;

 Definição de objetivos gerais da UD – neste capítulo definimos quais os objetivos, de uma forma mais geral, que pretendíamos que os alunos desenvolvessem;

 Definição de objetivos específicos por matéria – definimos aqui os objetivos de cada matéria a abordar, associados a conhecimentos e competências que os alunos deviam adquirir. De salientar que esta alínea e a anterior foram o cerne de toda a nossa UD, tendo em conta a nossa intervenção (diagnostico-prescrição-controlo);

 Estratégias de ensino gerais, por matéria e alunos dispensados – aqui delineámos as estratégias a serem implementadas junto dos alunos de forma a atingir os objetivos propostos;

 Avaliação das matérias – estabelecemos de que forma deveríamos realizar a avaliação dos alunos;

 Cronograma de estruturação dos conteúdos da UD – realizámos todo o resumo do planeamento e respetiva justificação;

 Exercícios sugeridos – elaborámos um pequeno banco de exercícios que surtiram efeitos positivos nos alunos de acordo com os objetivos pretendidos;

 Balanço da UD – referimos a importância da UD na nossa aprendizagem através de uma reflexão da nossa prestação assim como dos objetivos e estratégias utilizadas para o alcance dos mesmos tentando assim refletir na conceção da próxima UD.

Se na construção deste instrumento quisermos conferir intencionalidade (que deve estar sempre presente) o professor deve saber seguir o caminho mais apropriado estabelecendo uma metodologia que, por vezes, precisa ser um meio-termo (tanto global como analítico) para alcançar as transformações pretendidas. Fruto da experiência ao longo da prática letiva percebemos nitidamente que os objetivos pretendidos nem sempre eram alcançados e é da responsabilidade do professor realizar uma avaliação/balanço sobre o processo estabelecido. É necessário rever e refletir aula após aula sobre as potencialidades e dificuldades deste mesmo processo, conseguindo através de uma intervenção pró-ativa (se necessário) reformular a sua prática pedagógica.