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1 Capítulo: Introdução 1.1 Introdução

2.4 As Redes Sociais

2.5.1 Vídeo: breve contextualização histórica

Tal como todos os campos abordados até agora, também a evolução do Vídeo está intimamente ligada à evolução social e é influenciada por esta. “We sometimes talk of technologies

creating new societies (…) but in fact the relationship is quite reverse.”63 (Armes, 1988, p. 13). Essa relação é bastante visível na segunda metade do séc. XIX que, através do seu contexto social e político, fomenta o nascimento da fotografia e do filme. “This was a period of huge social

transformation (…) an era of expansion in all form of communication (…).”64 (Armes, 1988, p. 13). Para entender se esta relação de influência permanece até hoje, é necessário, primeiro, entender como ela se tem desenrolado desde a criação do Vídeo.

Na verdade, a vontade de recriar e partilhar o mundo visível sempre existiu no ser humano.

“(…) western efforts were directed at the reproduction of the visible. These efforts, occurring some 400 years before the invention of photography (…).”65 (Armes, 1988, p. 15). “O homem é o único animal que se interessa por imagens enquanto tais.” (Agamben, 1998, p. 1). As primeiras tentativas deram-se com a pintura, a xilogravura e, claro, com a impressão, mas é a fotografia, que nasce em

62 O Vídeo é o futuro do Marketing de Conteúdo. Ou seja, se já não o é. Vários estudos mostram que mais da

metade das empresas já fazem uso do meio - um número que deverá crescer à medida que mais e mais percebem

as possibilidades. (Tradução de Autor).

63Às vezes, falamos de tecnologias a criar novas sociedades (...), mas na verdade o relacionamento é bastante

inverso. (Tradução de Autor).

64Este foi um período de grande transformação social (...) uma era de expansão em toda a forma de comunicação

(...). (Tradução de Autor).

65"(...) os esforços ocidentais foram direcionados para a reprodução do visível. Esses esforços, que ocorrem cerca

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1839 que constitui o primeiro passo para o nascimento do vídeo, ou não fosse este a junção do movimento e do som à fotografia. A junção do movimento foi conseguida através do cinematógrafo. Em 1985, pouco depois do Natal, os irmãos Lumière juntaram uma pequena audiência e exibiram a primeira curta-metragem de sempre através da sua invenção o cinematógrafo. O filme apresentava um comboio em andamento, sem som, mas o efeito era tão realista para a altura que audiência chegou a esconder-se e a gritar de medo. (Thurlow, 2008, p.7). Já o som, é uma inovação da mão de Thomas Edison com o seu fonógrafo que, apesar de ainda não ter diálogo sincronizado, já possuía som. Foi esta invenção que realmente fomentou a comercialização do cinema e por consequência promoveu a evolução do filme dando-se a primeira exibição pública paga em 1895, em Paris. O cinema nasce enquanto entretenimento (Armes, 1988).

A década de 1920 constituí um marco importante. Por um lado, o diálogo e som sincronizados, são finalmente introduzidos no cinema, por outro, duas componentes essenciais para a expansão do filme reúnem-se simultaneamente: as ferramentas técnicas para a duplicação da realidade e para o seu armazenamento, e a facilidade desse formato de armazenamento ser reproduzido em massa. No séc. XIX, contudo, o cinema ainda não era visto pelo seu potencial de storytelling, era usado como complemento para encontros sociais e mostravam principalmente cenas domésticas ou paisagens. O cinema só se torna o cinema como hoje o conhecemos durante a primeira guerra mundial. “(…) a

three-hour spectacle of epic proportions.”66 (Armes, 1988, p. 31). Esta evolução, segundo Armes (1988), deu-se graças a três fatores: a reprodução em teatros que se tornou bastante popular graças ao crescente interesse das classes trabalhadoras em atividades de lazer; a fusão do filme com a narrativa graças ao maior interesse demostrado pelos espectadores em filmes com histórias singulares; a flexibilidade do filme nitrocelulose que permitia facilmente juntar várias fitas de rodagem e assim fazer trabalhos mais longos e complexos.

Depois da primeira guerra mundial a crescente exigência no que toca ao consumo doméstico de conteúdos audiovisuais fez explodir a evolução do vídeo iniciando-se o seu percurso histórico que lentamente tem vindo a aglutinar o filme. Em 1960 surge o vídeo enquanto inovação tecnológica com a criação da câmara Portapack. Inicialmente a tecnologia do vídeo conseguia apenas gravar imagem, mas em 1971 era já permitido o rewind e relplay. (Spielmann, 2008, p.2). Graças a esta evolução começa a era do broadcasting e a invasão da rádio e da televisão que se iniciam enquanto transmissões ao vivo. A exigência pela qualidade também aumenta, dando-se as primeiras captação e transmissões em alta definição na década de 1970 que evoluiriam para fullhd na década de 1990 e para o digital

4k nos anos 2000.

Os anos 90 representaram uma nova revolução neste campo trazendo a apelidada "era digital". Apesar de as primeiras tecnologias do mundo digital serem uma realidade há largos anos, é apenas a

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partir de 1990 que estas se tornam suficientemente desenvolvidas para serem usadas pelo grande público.

“The 1990s witnessed a tecnological development of

unprecedent speed for the digital médium – the so-called ‘digital revolution’. Even though the foundations of many digital technologies had been laid up to sixty years earlier, these technologies became seemingly ubiquitous during the last decade of the twentieth century: hardware and software became more refined and affordable, and the advent of the World Wide Web in the mid- 1990s added a layer o ‘global connectivity’.”67 (Paul, 2008, p. 7). Essa revolução teve, obviamente, um impacto na produção e no consumo do vídeo que foi igualmente democratizado. "A linguagem do vídeo vem se tornando a cada dia mais acessível, sobretudo a partir do desenvolvimento de formas digitais de captura, edição e distribuição.” (Ferreira, 2015, p. 1). O vídeo digital, consequência deste contexto têm-se desenvolvido rapidamente e se alastrado em números de utilizadores, sejam estes utilizadores profissionais ou amadores. Esta adoção acontece graças às vantagens de longe superiores que o digital oferece ao vídeo. “Por outras palavras, a tecnologia digital é mais barata e mais fácil de usar do que o filme, sendo ainda muito mais rápida (Bardosh, 2007).