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Valor normal, conforme previsto no art. 5º do Decreto nº 1.602/95, corresponde ao “preço efetivamente praticado para o produto similar nas operações mercantis normais, que o destinem a consumo interno no país exportador”. Produto similar, conforme disposto no §1º, é o “produto idêntico, igual sob todos os aspectos ao produto que se está examinando, ou, na ausência de tal produto, outro

produto que, embora não exatamente igual sob todos os aspectos, apresente características muito próximas às do produto que se está considerando”.

Na definição de Guilherme Johannpeter2, o valor normal do produto, também caracterizado muitas vezes como valor justo, é o preço comparável realmente pago ou a pagar, no curso de operações comerciais normais, por produto similar destinado ao consumo no país de exportação ou de origem. Esse preço será livre de todos os impostos, descontos e reduções ligadas diretamente às vendas consideradas.

No âmbito do Decom3, o valor normal é entendido como o preço, normalmente ex fabrica (sem impostos), e à vista, pelo qual o produto exportado é vendido no mercado interno do país exportador, em volume significativo (pelo menos 5% do volume exportado para o Brasil) e em operações comerciais normais, ou seja, vendas a compradores independentes (para se evitar que empresários vinculados exerçam influência sobre o valor normal4) e nas quais seja auferido lucro. A exigência da obtenção do lucro na definição do valor normal do produto objetiva evitar que sejam utilizados como base para o valor normal preços abaixo dos custos unitários do produto similar,

2 JOHANNPETER, Guilherme. Antidumping - Prática desleal no comércio internacional, Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1996, p.106.

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MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR. Secex. Defesa Comercial. Instrumentos de investigação. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/ comext/secex/pag/dumping.html>. Acesso em: 10 jan. 2001.

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As operações entre empresários vinculados poderão ser consideradas para determinação do valor normal, desde que o preço seja compatível com aquele que seria praticado para empresários independentes.

considerados os custos de produção, os administrativos e de comercialização, que não permitam cobrir todos os custos dentro de período razoável.

Na hipótese das vendas não serem realizadas no curso de operações comerciais normais no mercado interno do país de exportação ou de origem5, ou quando, em razão das condições especiais de mercado ou do baixo volume de vendas, não for possível comparação adequada, o valor normal será determinado com base no preço fixado pelo exportador para as exportações realizadas para terceiros países, desde que esse preço seja representativo, ou no valor obtido (construído), mediante os custos de produção do país de origem acrescido de razoável montante referente aos custos administrativos e de comercialização, além da margem de lucro, conforme prevê o art. 6º do Decreto nº 1.602/95.

Os custos de produção são calculados com base nos custos fixos e variáveis, relativos aos materiais empregados e ao processo produtivo, no curso das operações comerciais normais no país de origem, acrescido de um montante mínimo para cobrir despesas de venda, administração e outras despesas gerais6. Se esta

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Não são consideradas operações comerciais normais para efeito de investigação de dumping, de acordo com os §§ 1º e 4º, art. 6º, do Decreto nº 1.602/95: vendas realizadas entre empresários associados ou que possuam qualquer espécie de acordo compensatório, a menos que os preços e custos em questão sejam comparáveis aos de operações realizadas entre partes não-associadas ou não ligadas por acordos compensatórios; vendas no mercado interno do país exportador ou as vendas a terceiro país a preços inferiores aos custos unitários do produto similar, neles computados os custos de produção, fixos e variáveis, mais os administrativos e de comercialização.

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JOHANNPETER, Guilherme. Antidumping - Prática desleal no comércio internacional, Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1996, p.107.

informação não for disponível ou for pouco confiável, ou não for possível utilizá-la, o valor normal será calculado em relação às despesas efetuadas e lucros auferidos por outros produtores ou exportadores no país de origem ou de exportação, incorridos na venda de produto similar. De acordo com o §5º, art. 6º, do Decreto nº 1.602/95, os custos deverão ser calculados com base nos registros contábeis mantidos pelo exportador ou pelo produtor objeto da investigação, desde que tais registros estejam de acordo com os princípios contábeis aceitos no país exportador e reflitam os custos relacionados com a produção e a venda do produto em causa.

Na hipótese de importações provenientes de países de economia planificada, isto é, países que ainda não adotam o sistema da livre iniciativa e não são considerados como de economia de mercado, o art. 7º do Decreto nº 1.602/95 prevê que o valor normal poderá ser determinado com base no: a) preço de venda de produto similar praticado no mercado interno de um terceiro país de economia de mercado; b) valor construído do produto similar em um terceiro país de economia de mercado; c) preço praticado por terceiro país de economia de mercado na exportação para outros países, ressalvando- se o Brasil.

Não sendo possível a utilização de nenhuma dessas hipóteses, o art. 7º do Decreto nº 1.602/95 determina que o valor normal pode ser definido com base em qualquer outro preço razoável, mesmo o preço pago ou a pagar pelo produto similar no mercado

brasileiro, devidamente ajustado, incluindo-se razoável margem de lucro, se necessário. De acordo com a constatação de Josefina Guedes e Silvia Pinheiro7, o Brasil apresenta dificuldades para a apuração do valor normal pelo método do valor construído, em virtude da ausência de recursos para o envio de equipe técnica para a apuração desse valor no país de origem ou de exportação do produto. Assim, o método mais utilizado é o do valor do preço no mercado interno e em outros mercados.