• Nenhum resultado encontrado

VANTAGENS COMPETITIVAS E COMPARATIVAS DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

3 A GESTÃO DO TURISMO NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

3.3 VANTAGENS COMPETITIVAS E COMPARATIVAS DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Os visitantes de cada destinação optam por esta quando se sentem motivados. A motivação pela escolha de uma destinação em detrimento de outra está condicionada pela imagem ou posicionamento do destino perante o público- alvo. Sendo assim, tal imagem deve transmitir os atributos do lugar e, simultaneamente, seus aspectos diferenciais. Nota-se, portanto, que a diferenciação permite segmentar o mercado e posicioná-lo no imaginário do consumidor construindo vantagens competitivas.

A posição competitiva das destinações deve basear-se em suas vantagens competitivas, naqueles ativos intangíveis. Não obstante, algumas vantagens comparativas como o patrimônio sociocultural e natural podem se converter em vantagens competitivas (OMT, 2001 p.74 apud RUIZ, s.d p.133). Desta maneira, ao analisar os recursos naturais e culturais da cidade percebe-se que estes fazem parte de sua identidade e, por isso, constroem a imagem do lugar perante o público-alvo formando, portanto, uma vantagem competitiva.

A hospitalidade, aliada ao modo de vida do carioca, compõe uma segunda vantagem competitiva, visto que os visitantes sentem-se bem vindos e funcionam como aspectos motivacionais para a vinda e retorno deles à cidade. Todavía, não é possível afirmar a posicionamento competitivo e estratégico da cidade do Rio de Janeiro porque o próprio órgão gestor da atividade não possui tais informações atualizadas, como enfatizado no plano estratégico Pós-2016 (s.d p.193).

A experiência propriamente dita também pode ser considerada uma vantagem competitiva de destinos turísticos uma vez que culmina no resultado das transformações de mercado, do crescimento tecnológico e na satisfação das

necessidades dos visitantes. No negócio do turismo são vendidos ativos intangíveis e não meramente um conjunto de serviços de transporte, hospedagem, alimentação e entretenimento (COELHO; RIBEIRO; FILHO, s.d. p.8). Ao invés disso, busca-se o conhecimento e o envolvimento com o cotidiano e a cultura local e momentos memoráveis. Neste contexto, a competitividade da cidade alcançaria maior projeção ao agregar qualidade, produtos, serviços turísticos e supraestruturais, a percepção de novas demandas e a incorporação do uso de novas tecnologias em prol de momentos agradáveis que estimulem a promoção do lugar, a vinda de novos visitantes e o retorno deles.

As vantagens comparativas na competitividade de destinos turísticos são fatores próprios da destinação que possibilitam seu nascimento e expansão (SANCHO, 1998, p.22 apud GONZÁEZ; RUIZ, 2006, p.14). No modelo proposto por Crouch (2007), por exemplo, as vantagens comparativas são compreendidas em recursos humanos, físicos e financeiros, infra e supraestruturas turísticas, recursos históricos e culturais e tamanho da economia.

A sensação de segurança que a cidade denota é um dos pontos a serem refletidos como uma vantagem comparativa, ao pensar que na estrutura sóciopolítica contemporânea é um serviço oferecido aos residentes e visitantes. Além disso, é um critério decisivo na escolha do destino turístico uma vez que experiências violentas ou indesejáveis, como catástrofes naturais são fatos que fogem da normalidade e instalam o sentimento de insegurança e vulnerabilidade. Portanto, a tríade segurança, riscos e turismo deve ser levada em consideração ao gestionar a competitividade de destinações.

Nota-se que muito é investido na promoção da atividade turística e a intervenção política em tal processo consolida-se sobre os anos de 1950 com o objetivo de expandir o turismo como um fenômeno massificado. Desta maneira, a atividade turística se desenvolve sob os moldes do desenvolvimento econômico capitalista, buscando o desenvolvimento e a lucratividade. Contudo, o crescimento e o desenvolvimento da atividade não devem estar desassociados do planejamento do setor. Este é um referencial da qualidade do turismo que por sua vez, pode ser uma fonte mantenedora da longedidade da destinação e um aspecto intrínseco aos serviços. Logo, a arrecadação de lucro deve estar aliada à qualidade.

Neste momento, entende-se como qualidade a capacidade de profissionalizar os serviços constantemente a fim de satisfazer as expectativas dos visitantes. Além

disso, “a capacidade de competir depende dos investimentos efetuados para criar um produto atrativo e seguro, melhorar sua qualidade e proporcionar um entorno que estimule a competência e a facilite” (OMT, 2013).

A competitividade das destinações que pode ser entendida como um conceito abstrato, mas que agrega aspectos específicos dos lugares compreendidos nas vantagens competitivas e comparativas está intimamente relacionada ao uso coerente dos recursos renováveis e não renováveis e, portanto, ao planejamento. A ausência de uma gestão integrada pode ser consequencia, mas também, gerar problemas administrativos e políticos e como resultado, originar planos governamentais sem perspectivas de complementação na próxima gestão, programas defasados, projetos desconexos e, assim, a pulverização das políticas públicas. Os planos de desenvolvimento do turismo funcionam como norteadores das políticas públicas ao delinear objetivos específicos e mais conexos com a realidade daquele mercado. A ausência dele, como ocorre na cidade, dificulta a integralização das ações.

O desalinhamento da política local com a política nacional é um agravante que interfere no desempenho do turismo. Na cidade do Rio de Janeiro, segundo o turismólogo Philipe Campello6, gerente de projetos da RIOTUR, tal circunstância é exemplificada pela indiferença dos gestores quanto aos índices de competitividade aferidos pela política pública nacional.

Além disso, nota-se o enfoque às estratégias adotadas para o desenvolvimento do segmento sol e praia. De fato, esta é uma consequência histórica que remonta as primeiras progagandas veiculadas pela Embratur no mercado internacional, a partir da década de 1960, ainda durante o período do Regime Militar. Incorporava em seu marketing oficial a ideia de um Brasil multirracial, “apelando para uma propaganda de exploração do erotismo e beleza, ao lado do carnaval, de um povo com diversidade cultural e acolhedor, em um cenário de beleza exótica, de exuberante natureza, acompanhada de sol e praia” (THEVENIN, 2011, p.129).

Ainda que os principais atrativos turísticos da cidade estejam relacionados ao segmento sol e praia, é necessário pensar que oferta turística a cidade dispõe para

6

Informações fornecidas à autora em entrevista realizada no dia 1 de outubro de 2013, na sede da Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro- RIOTUR.

dias nublados e chuvosos. Que políticas de incentivo têm sido adotadas para fomentar o turismo cultural da cidade e outros segmentos?

O objetivo de investir em uma nova segmentação, assim como da campanha Come to live Rio sensation, é incorporar á demanda real da cidade uma demanda em potencial. No entanto, que políticas têm sido adotadas para fidelizar aqueles que já visitaram a cidade, para que as intenções de retorno sejam de fato uma realidade?

Com a tendência do aumento do número de visitantes, sejam nacionais ou estrangeiros, é imprescindível que a cidade se estruture adequadamente a fim de atender as expectativas de seu público-alvo, principalmente aquele de origem internacional, cuja realidade socioeconômica e cultural se difere da nacional.

Repensar a atual oferta turística, as vantagens comparativas da cidade e o que poderia ser feito para otimizar a experiência turística do visitante pode ser o primeiro passo na reestruturação da oferta. Cartões com entradas integradas a museus e aos demais atrativos turísticos, passes com descontos nos transportes intermodais, cartões de fidelidade, são alguns dos exemplos de vantagens comparativas já usadas em muitas destinações. Desenvolver mapas autoguiados, explicativos e roteirizados e sugestões sobre o planejamento de visita para aqueles com períodos curtos na cidade, seria um novo uso dos recursos já existentes que ampliaria a oferta e estimularia novas atividades na cidade a fim de otimizar a experiência turística e promover a circulação do visitante pelo território.

Os cartões turísticos, se gestionados adequadamente ponderando a relação custo-benefício, são uma alternativa que viabilizam a integração da oferta ao consolidá-la em uma única tecnologia, inclui bilhetes de transporte público, estimula o segmento cultural ao incluir museus em seu portfólio, além de servir como um indicador de demanda turística gerando informações que contribuam para o monitoramento de desempenho do setor.

Para o alcance da liderança competitiva, da competitividade, as vantagens comparativas podem contribuir significativamente para o amadurecimento do destino turístico. Integralizar a oferta e pensar em recursos facilitadores que propiciam proveitos ao visitante na relação custo-benefício podem gerar o desenvolvimento turístico e determinar o êxito produtivo.