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VIAGENS AO BRASIL: UM OLHAR A PARTIR DA TRADUÇÃO CULTURAL

Nesta parte da pesquisa trago, num primeiro momento, algumas teorias sobre o conceito de Tradução Cultural, relevantes para compreender traços culturais descritos por Henry Koster no livro Travels in Brazil (1816). No decorrer da obra é possível perceber que em tempos distintos o autor busca formas de explicar a cultura específica do Nordeste brasileiro para o público europeu, seja através de notas ou no próprio corpo do texto, visto que diversos fatores como animais, plantas, costumes, roupas, comidas, hábitos e doenças, eram consideravelmente diferentes entre as duas civilizações, pois “as diferenças de religião, língua, clima e costumes proporcionavam aos viajantes um agudo senso de distância cultural” (BURKE, 2000, p. 145). Em seguida, abordarei os procedimentos de análise, entre eles, os procedimentos de tradução propostos por Vinay e Darbelnet (2004), que servirão como base para a análise dos itens culturais-específicos contidos nos capítulos V e VI que, conforme Aixelá (2013), são elementos que configuram um problema de tradução em sua transferência para um texto alvo, uma vez que esses itens, muitas vezes, são inexistentes ou se diferem no sistema de cultura do público leitor.

3.1 Tradução Cultural

Na obra A tradução cultural (2009), Peter Burke afirma que o conceito de tradução cultural vem sendo acolhido por estudiosos na área da tradutibilidade24, sendo sugerido que “o entendimento em si é uma espécie de

tradução, convertendo os conceitos e as experiências de outras pessoas em seus equivalentes no nosso próprio ‘vocabulário’” (BURKE, 2009, p. 15). Uma forma de discutir esse conceito, é o duplo processo de descontextualização e recontextualização, no qual primeiramente se procura a apropriação de algo

24 Segundo Lacorte (2014, p. 59), a tradutibilidade não é somente uma tradução entre linguagens de forma estrita, “mas, acima de tudo, um conceito revolucionário: aquele original e inovador de tradução entre ‘teoria’ e ‘prática’, filosofia e política, entendidas como ‘linguagens’, embora em um sentido mais forte e amplo” (LACORTE, Rocco. Sobre alguns aspectos da “tradutibilidade” nos Cadernos dos Cárcere de Antônio Gramsci e algumas das suas implicações. Educação e Filosofia Uberlândia, v. 28, n. 55, 2014).

estranho, para depois o domesticar. Para o receptor, esse processo é uma forma de ganho que enriquece a cultura hospedeira; por outro lado, o doador lida com uma espécie de perda que pode levar a mal-entendidos e violentar o original (BURKE, 2009).

Esse processo também está relacionado à suposição da existência de um novo conjunto de leitores que podem se beneficiar a partir de uma compreensão dessa cultura. A experiência do leitor é então a leitura de uma leitura, a interpretação de um texto que já foi produzido através de uma interpretação (POLEZZI, 1998). No caso do Travels in Brazil (1816), Koster comunica a cultura do Nordeste brasileiro para seus leitores a partir da interpretação que ele teve acerca do período que percorreu regiões nordestinas. Sendo assim, quem lê seu livro, faz uma leitura a partir da interpretação cultural feita pelo próprio autor. Há aí uma interação cultural entre indivíduos e comunidades pertencentes a diferentes culturas, pois através desse processo, trocamos memórias e confrontamos tradições diferentes da nossa vida e, portanto, imaginamos o outro com empatia por sua história (MAITLAND, 2017).

Para Maitland, no livro What is Cultural Translation? (2017), tudo o que dizemos, comunicamos. Se todo ser constrói o mundo de acordo com sua própria experiência, então, ao interagir com outras pessoas, não podemos assumir que a comunicação resultará em ver as coisas da mesma maneira. Cada indivíduo tem uma visão diferente de mundo e nós compreendemos o mundo a partir do entendimento dos outros, pois não existimos em contextos separados; as relações entre indivíduos asseguram nossa própria existência. Os leitores do Travels in Brazil (1816) de Henry Koster, por exemplo, passaram a compreender o Nordeste brasileiro a partir da visão de Koster acerca dessa região e do que foi relatado pelo autor na obra, o que acontecia constantemente nos relatos de viagem. As pessoas “viajavam” a partir do que liam nos livros dos viajantes e adotavam tais percepções como verdaderias, já que não podiam se deslocar e conhecer pessoalmente esses lugares.

Muito embora fosse comum nesses relatos a tentativa de traduzir a cultura do país visitado para o leitor alvo, Sturge, em Representing Others (2007), afirma que a tradução de cultura não é processo fácil: a tradução é um encontro de conflitos entre as culturas do mundo, de negociações ideológicas e lutas culturais; uma forma de costrução e criação intelectual. A tradução cultural

está sempre ligada ao processo tradutório dado que os tradutores operam em benefício da cultura na qual estão traduzindo e não apenas acerca do texto de origem, pois a tradução excede a linguagem, designa não só a troca de palavras, mas também de valores, teorias e artefatos de uma cultura para a outra, passando essa a se tornar base para o processo tradutório, induzindo que o intérprete, além de bilingue, seja similarmente bicultural. Essa transferência cultural tem papel essencial na tradução, visto que toda comunidade linguística “tem à sua disposição uma série de hábitos, julgamentos de valores, sistemas de classificação, entre outros, que são às vezes muito diferentes e às vezes muito parecidos” (AIXELÁ, 2013, p. 187), e, dessa forma, as culturas estabelecem uma variabilidade que deve ser levada em conta pelo tradutor; o olhar passa a ser não somente para o texto e seus aspectos linguísticos, bem como para o contexto e cultura no qual o processo está inserido. De acordo com Maitland (2017), é aqui que há a necessidade de tradutores de cultura para cultura, de bilinguistas culturais capazes de acompanhar esse processo de transferência para o universo mental de outra cultura, tendo em conta seus costumes, crenças fundamentais e convicções mais profundas.

Diante do exposto, Burke (2009) acrescenta que, para o diálogo entre Estudos da Tradução e História Cultural, é essencial a noção de tradução entre culturas e línguas, ou seja, a adaptação de ideias e textos à medida que passam de uma cultura para outra; a tradução interlinguística é uma forma de tradução cultural, isto é, “uma adaptação às necessidades, aos interesses, aos preconceitos e às maneiras de ler da cultura-alvo, ou pelo menos de alguns grupos dentro dela” (BURKE, 2009, p. 152). Cada língua possui padrões diversos e distintos, desenvolvidos para atingir a necessidade da comunicação através de fronteiras linguísticas e culturais.

Conforme Buden et al. (2009), a dimensão cultural esteve sempre inserida nos conceitos de tradução que emergiram a partir de reflexões gerais sobre linguagem ou linguística. A tradução cultural não se refere apenas à transferência interlingual de significado, mas à transformação do próprio tecido de cada cultura (MAITLAND, 2017). Sturge (2007) ainda reforça que a tradução cultural é responsável por construir seu próprio texto de origem e transfiri-lo para um idioma diferente de acordo com o tradutor tradicional, além de ser um processo totalmente ligado ao contexto envolvido. Quando há um colapso do

conceito de culturas linguísticas coerentes e separadas, significa que a fonte da oposição e a cultura ou a língua-alvo precisam ser repensadas e usadas com cautela como um rótulo de conveniência. A articulação da experiência de outras pessoas requer a importação de outras ideias, outros pontos de vista e outras visões de mundo (MAITLAND, 2017).

De acordo com Aixelá (2013, p. 188), estamos imersos em um processo de internacionalização cultural que estabelece uma série de estratégias de tradução a partir de “um claro processo de aceitabilidade de seus valores e realidade cultural específica”. Compreender esses atos de costumes como um fator heterogêneo, implica dizer que essa variedade é uma expressão de diferentes interpretações de mundo e que padrões culturais concernem ao universo em que cada indivíduo vive, com multiplicidades raciais, regionais e sociais. Segundo Maitland (2017), reiteirando essa ideia, para uma tradução ser bem-sucedida, devemos nos colocar no lugar do outro, reconhecendo a existência do estrangeiro como um pensamento, sentimento e construção de um ser. Além disso, o tradutor é norteado por princípios condizentes com uma ideologia normalmente associada a razões culturais, e pode propagar suas convicções a fim de garantir a aceitação do seu produto na língua-alvo, adaptando-o ao cenário social, cultural e temporal específico onde a tradução ocorre, uma vez que o leitor é levado a selecionar características situacionais apropriadas a uma concepção de termos baseada no ambiente que está em sua volta (BASSNETT, 2005).

Para Sturge (2007), o papel do tradutor não é apenas compreender, ele necessita saber comunicar, reformular, recodificar. O tradutor é considerado também um produtor de significados na busca por elementos que façam sentido e coesão em suas produções e serve como um vetor de conhecimento cultural para o público receptor, já que a tradução permite esse entendimento entre sociedades. Já para Maitland (2017), o tradutor é, em primeira instância, um leitor de um texto e está envolvido no complexo processo de compreender algo que, por definição, se recusa a ser entendido. Este “algo” é um texto escrito em outro idioma, momento e local, e para benefício de outro público. A tarefa do tradutor é entender esse texto e escrevê-lo em outro idioma, para outro público, em outro momento e em outro local.

Quando uma obra é transportada de um lado para outro, mudanças significativas ocorrem, uma vez que a situação, a leitura e o momento histórico são diferentes, pois é fundamental que linguagem e cultura estejam adaptadas ao cenário atual. Conforme Vinay e Darbelnet (2004), isso é usado quando uma situação na língua de partida é desconhecida na língua de chegada, sendo necessária a criação de uma nova significação para que se torne correspondente. O tradutor precisa ter em mente que ele está traduzindo um conjunto de sentidos (TRINDADE, 2003) carregado de um forte significado cultural o qual envolve, pelo menos, duas línguas e tradições culturais, ou seja, no mínimo dois conjuntos de sistemas de normas (TOURY, 2004).

A definição de Tradução Cultural que mais se adequa a esse trabalho é a proposta por Maitland (2017), pois entendemos tal processo não apenas como uma transferência interlingual de significados entre línguas distintas, mas também como um processo mais geral de comunicação entre grupos culturais diferentes e como uma forma de comunicar experiências, no qual os contextos se interligam, havendo uma troca de vivências e memórias. Esse ponto de vista é reforçado por Steiner (1980) quando afirma que toda comunicação é uma tradução com transferência de significados. Tal definição se encaixa, portanto, no que se conclui dessa pesquisa: Koster é visto como um tradutor cultural, pois comunica a cultura do Nordeste brasileiro para os ingleses através de suas impressões.

3.2 Procedimentos de análise

Com base na discussão sobre Tradução Cultural, discutirei, nessa parte do trabalho, alguns conceitos sobre terminologia e lexicologia, itens culturais- específicos, e os procedimentos de tradução propostos por Vinay e Darbelnet (2004), que serão úteis para a compreensão da análise da pesquisa que virá no capítulo seguinte.

3.2.1 Terminologia/Lexicologia

Os conceitos de terminologia e lexicologia serão abordados aqui, pois o objeto de análise dessa pesquisa são os itens culturais-específicos do livro Travels in Brazil (1816), que nada mais são que termos ou vocábulos típicos da região Nordeste, utilizados por Koster ao tratar da cultura nordestina em sua obra.

Consoante Cabré (1995), a terminologia é o conjunto de unidades de expressão e comunicação que permitem a transferência de pensamento e lida com termos especializados que envolvem pluralidade, diversidade e multifuncionalidade. São termos que têm por objetivo transmitir informações e promover a comunicação, a partir das condições sociais e políticas dos contextos onde estão inseridos, ou seja, “a terminologia se aplica à comunicação direta, à mediação comunicativa e ao planejamento lingüístico” (DIAS, 2000, p. 91).

Para Lima e Santos (2017), uma das funções da terminologia é facilitar a tradução especializada, pois a tradução não deve somente transmitir o conteúdo do texto de partida, mas proporcionar ao nativo da língua de chegada um total entendimento do texto, mesmo que os contextos envolvidos sejam de línguas e culturas diferentes.

Substancialmente, “a terminologia se aplica à comunicação direta, à mediação comunicativa e ao planejamento linguístico” (DIAS, 2000, p. 91), porém se difere da linguística em termos de teoria e prática. A linguística envolve um conjunto de palavras, com suas respectivas regras, que podem formar novas unidades a partir do contexto da comunicação; já a terminologia envolve termos e palavras específicos de um determinado campo. Para a linguística, os termos são um conjunto de signos linguísticos que formam um subconjunto dentro do componenete lexical pertencente à gramática do falante (CABRÉ, 1995); no que se refere a uma dimensão linguística, os termos compreendem um componenete lexical específico ou temático das línguas (LIMA e SANTOS, 2017). Os termos não são apenas palavras, e as palavras carregam consigo elementos culturais característicos de cada região. É o caso do Travels in Brazil (1816), onde Koster apresenta vocábulos repletos de sentidos e significados específicos da cultura dos lugares que visitou.

A terminologia faz parte da lexicologia, a lexicologia sendo responsável pelo estudo das palavras e a terminologia pelo estudo dos termos. Conforme Cabré (1995), em relação à linguagem, a lexicografia não concebe um significado se não estiver ligada à palavra, enquanto que a terminologia considera o conceito e seu núcleo de atenção. Uma palavra é descrita por um conjunto de características linguísticas sistemáticas que se refere a um elemento da realidade e podem ser descritas tanto do ponto de vista do sistema da linguagem, quanto como unidades comunicativas que identificam o falante pela forma como são usadas ao serem expressadas. Um termo é uma unidade de propriedades linguísticas similares, utilizadas em um domínio especializado.

Tais considerações são importantes para esse trabalho, visto que alguns termos e vocábulos mencionados no livro estudado farão parte da análise, que será uma comparação entre expressões e palavras contidas no livro Travels in Brazil (1816) de Henry Koster, e na tradução Viagens ao Nordeste do Brasil (1942) de Câmara Cascudo, pois são locuções que objetivam viabilizar a comunicação e possibilitam que o leitor, mesmo que esteja em um contexto diferente, possa estar a par dessa nova cultura e compreender o texto, já que as palavras carregam consigo elementos culturais das regiões as quais pertencem.

3.2.2 Itens culturais-específicos

Henry Koster, no decorrer do livro Travels in Brazil (1816), aborda diferentes itens culturais-específicos do Nordeste brasileiro em suas descrições, característicos dos costumes dos lugares pelo viajante percorridos, que se distinguem dos aspectos da cultura de origem do autor e são claramente explicados na obra através de excertos detalhados que viabilizam uma notória compreensão do leitor. São termos característicos de determinados lugares, normalmente desconhecidos por outras culturas.

Quando se trata de uma língua ou cultura distante da sua própria, os limites são numerosos e extensivos, já que cada idioma possui elementos específicos que determinam a moral, os valores e o estilo de vida. Essas diferenças sistêmicas entre linguagens e tradições textuais, podem envolver aspectos geográficos, históricos, políticos e gramaticais, ou seja, o ato tradutório requer negociação entre as línguas e compreensão do contexto histórico e

nuances da linguagem para que o sentido real do texto seja mantido. De acordo com Aixelá (2013, p. 191), um dos problemas encontrados nos estudos dos aspectos culturais da tradução é:

Como conceber uma ferramenta adequada para nossa análise e a noção de item cultural-específico (ICE) que nos permitirá definir estritamente o componente cultural como oposto aos, digamos, componentes linguísticos ou pragmáticos. A maior dificuldade com as definições se refere, claro, ao fato de que em uma língua tudo é produzido culturalmente, a começar pela língua propriamente dita.

Isso se dá porque, ainda consoante Aixelá (2013), um item cultural- específico não existe sozinho, mas a partir de resultados de conflitos advindos de qualquer referência que é representada linguisticamente em um texto fonte que, ao ser transmitido para a língua alvo, faz surgir um problema de tradução devido à inexistência desse elemento cultural ou do valor diferente que ele possui na cultura da língua de chegada, pois mesmo que objetos, hábitos e valores sejam restritos a uma comunidade, eles passam a ser compartilhados por outras culturas através do processo tradutório.

A tradução também envolve criatividade, pois o intérprete, certas vezes, se depara com alguns itens culturais-específicos que não têm tradução na língua-alvo ou que possuem um outro significado que impossibilita que sejam literalmente traduzidos, uma vez que esses elementos não são permanentes e dependem da relação dinâmica entre as culturas, considerando os contextos das línguas de partida e de chegada (AIXELÁ, 2003).

Segundo Vid (2016), ao traduzir elementos culturalmente específicos, deve-se levar em conta a ausência de equivalentes na cultura dos leitores-alvo, como também considerar os fatores em comum entre as línguas. Nomes pessoais, expressões fraseológicas, nomes de organizações, slogans, itens de comida e bebida, e outros, não devem perder seu valor informativo na tradução, mesmo que tenham conotações diferentes no texto fonte que dificilmente podem ser transferidas para o texto traduzido. Em Travels in Brazil (1816), quando se trata de nomes próprios, Koster mantém o nome em português e logo em seguida, entre vírgulas, coloca a tradução em inglês. Em caso de substantivos, as palavras culturalmente específicas, como farinha, jangada, cacimba, comboio, alpargatas, mangaba, boroaca, sertanejo, taboleiro, carrapato, arroba, entre outras, também são mantidas e explicadas entre vírgulas quando possível.

Em Viagens ao Nordeste do Brasil (1942), Cascudo normalmente omite essas explicações entre vírgulas, já que se tratam de termos familiares ao público leitor nordestino.

3.2.3 Procedimentos de tradução

Devido a diferenças estruturais, linguísticas e culturais entre as línguas, a tradução pode apresentar algumas lacunas no idioma alvo, que podem ser resolvidas a partir de elementos correspondentes. Para isso, Vinay e Darbelnet (2004) sugerem dois métodos de tradução: a literal ou direta e a tradução oblíqua para ajudar nos procedimentos tradutórios, pois certas vezes é difícil transferir elementos de um idioma para outro sem desestruturar a ordem sintática dos textos. São eles: empréstimo, calque e tradução literal, que fazem parte da categoria de tradução direta, e transposição, modulação, equivalência e adaptação, que constituem a categoria de tradução oblíqua.

A seguir, apresento uma breve definição de cada um dos procedimentos propostos por Vinay e Darbelnet (2004):

Empréstimo: o mais simples dos métodos, acontece quando uma língua se apropria de palavras de outra língua, ou seja, alguma expressão ou palavra é reproduzida do texto fonte para o texto alvo. Conforme Vinay e Darbelnet (2004), muitos desses empréstimos são usados por uma questão de estilo e transferência de mensagem para preencher lacunas metalinguísticas. Esses empréstimos podem ser puros, quando não há alteração ortográfica, por exemplo: happy hour e milk shake, e naturalizados (ou calque), quando sofreram alguma mudança na ortografia, por exemplo: abajur, do francês abat-jour e futebol, do inglês football.

Calque: ocorre quando uma língua pega expressões ou palavras emprestadas de outro idioma e traduz literalmente, como por exemplo, hot dog – cachorro-quente, ou adapta ortograficamente, introduzindo uma nova construção na linguagem, por exemplo: deletar, que vem do inglês delete.

Tradução literal: ocorre quando se traduz palavra por palavra e é comumente usada quando as línguas pertencem a mesma cultura ou família. Há aí uma transferência direta da língua de partida para a língua de chegada que,

quando traduzida de volta, a expressão continua a mesma. Por exemplo: ‘He bought a car’ – ‘Ele comprou um carro’.

Transposição: esse método consiste em substituir uma classe de palavras por outra, sem que a mensagem seja alterada, ou ocorre também quando a ordem das palavras é alterada mantendo o sentido. A frase em inglês, “He is a bad boy” é traduzida por “Ele é um garoto mau”; em inglês, o adjetivo, em uma construção não marcada, vem sempre antes do substantivo. Ao traduzir a frase “She said apologetically” por “Ela disse desculpando-se”, há aí uma mudança de advérbio para verbo.

Modulação: variação na forma da mensagem que acontece quando uma expressão traduzida não é compreendida no contexto de chegada, mesmo que esteja gramaticalmente correta. Por exemplo: “It’s very difficult” – “Não é nada fácil”.

Equivalência: ocorre quando as expressões não podem ser literalmente traduzidas porque não fazem sentido na língua de chegada; é bastante utilizada na tradução de provérbios e ditos populares. Por exemplo, o dito popular em inglês “It’s raining cats and dogs” é traduzido como “Está chovendo canivetes”.

Adaptação: é utilizada quando o contexto da língua de partida não é compreendido na língua de chegada e para isso os tradutores têm que criar