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3.3 ADC 1: VOCÁBULOS, MODALIDADE DEÔNTICA, ADJUNTOS ADNOMINAIS E

3.3.1 Vocábulos

A vantagem de trabalhar com as palavras contextualizadas decorre de que as formulações para análise textual da ADC referem-se a “um trabalho intensivo que pode ser produtivamente aplicado a recortes de material de pesquisa mais que a textos longos” (FAICLOUGH, 2003, p. 06). Pensando nisso, a categoria significado de palavra foi selecionada, tendo como foco a construção de representações de mundo dos estudantes. Esse é o sistema lexical que trabalha com a parte do sistema semiótico prévio nos textos, e, portanto, o léxico é compartilhado e desvela os mecanismos de como a sociedade que os produziu entende uma realidade. A escolha lexical das palavras bem como seus significados materializados nos textos é dependente de escolhas individuais que também são foco de disputas discursivas de poder. Essa escolha contribui de forma consciente ou não do posicionamento político-ideológico do estudante em relação ao mundo representado. As palavras que tiverem maior reincidência na recorrência nos textos dos alunos tanto na questão 26 “Se você já viu alguém sofrendo bullying, relate o ocorrido”, quanto na questão 27 “Você tem alguma sugestão para acabar com o

bullying?” foram as palavras “pessoas/pessoa” que aparecem na Tabela 2 e na Tabela 3 em

primeiro lugar de palavras 53 com e 118 respectivamente na quantidade de recorrência. As palavras se relacionam com os significados de ‘muitos para um e não de um para um’, portanto, as palavras possuem vários significados e estes são ‘lexicalizados’ também de diversas maneiras. Isso significa que, como protagonistas sociais, estamos diante de várias possibilidades de palavras para nos expressarmos e cada palavra, cada escolha pode produzir um sentido diferente e essas escolhas e/ou decisões não são especificamente individuais, mas são construções sociais que podem ser ainda confrontadas socialmente (FAIRCLOUGH, 2001). A seguir, podemos ler os extratos dos textos, nos quais está materializado o léxico “pessoas/pessoa” dos estudantes na Tabela 3 que foi criada no aplicativo Wordsmith Tools (SCOTT, 2008) através da ferramenta Concord que me possibilitou observar a palavra no texto, local ideal para fazer a observação do registro dessa palavra na linguagem. Dessa forma, os textos foram transcritos do original sem interferência minha intereferência.

Tabela 3 – Léxico: Pessoas/Pessoa recorrentes na questão 26 “Se você já viu alguém sofrendo bullying, relate o ocorrido” contextualizado.

1. “eu ja vi muitas pessoas sofrendo bullying e umas delas foi de uma pessoa que era gorda bom” 2. “um defeito pessoas ser gorda e quando os familiares dele comecaram a fazer bullying” 3. “já presenciei isso com outras pessoas, pelo fato de gozarem da cara dela por ela ser acima do

peso e entre outros... isso me deixa tão triste, que eu tento ajudar todas elas”

4. “já vi por varias características das pessoas, desde o nome, roupas, aparência tudo é motivo” 5. “ja vi pessoas rindo de outras pelas costas, por causa da aparencia, custo de vida, jeito de como

se veste, e etc. sei que muitas pessoas nao sao obrigadas a gostar de outras, mas acho que nada da o direito de zombar da pessoa. cada um e como quer”

6. “sim mais nao foi uma coisa agradável, o que vi foi eles zuando de mais com a pessoa por ela ser gorda e tls mais na brincadeira e essas pessoas pra nao chorar”

7. “bem porque quando essas pessoas que chegam na sua casa ela chorom , se cortao e ate quebrao coisas pra discontar a raiva e a tristeza que tanto esta sintindo do bullying que ela sofre todos os dias , e esa pessoa nao conseguem falar pra alguem com medo das zuaçoes virarem agreçoes “.

8. “já vi pessoas sendo chamada de gorda também, mas eu nunca interferi por medo pessoas da minha própria sala”

9. “já vi pessoas sofrer bullying por serem diferentes, por não terem aparência física igual das outras, por serem mais gordinhas ou magras demais, a realidade é que a sociedade julga muito sem olhar o próximo”

10. “as pessoas não sabem a dor dos outros .eu entendo que as vezes eles devem passar pela mesma coisa e só praticam o mesmo com as outras pessoas para se sentir melhor”

11. “os alunos que são mais inteligentes ou diferente das outras pessoas, um pouco mais magra ou mais gorda”

12. “bom já vi pessoas chamando a outra por apelidos maldosos, até batendo algumas vezes” 13. “foi horrível, porque as pessoas não tem reação se sentem fracas. eu vi uma menina sofrendo

bullying so porque ela era gorda”

14. “quase todos os tipos de apelidos que já ouvi a pessoas magras eram referidos a ele, após algumas pessoas descobrirem sobre sua casa incendiada e sua mãe assassinada, perguntavam-o se ele havia comido um pedaço do churrasco de sua mãe, diziam que ele era ´´preto´´ devido ao incendido”.

15. “é muito triste, pois onde pessoas que se acham superior as outras, e usa a violência para agredi-los”.

16. “muitas vezes já vi pessoas sofrendo bullying. pela aparência, principalmente por ser acima do peso”

17. “sim, como eu fico mal com certas brincadeiras eu observo muito as outras pessoas”.

18. “nao aguentava mais ser diferente, não aguentava mais n estar dentro do padrao que hoje as

pessoas exigem

19. “ha muitas pessoas que precisa de ajuda, a muita gente sofrendo, até pensei que a gente precisva de alguem na escola p ajudar pois não temos aonde recorrer”.

20. “já vi pessoas sendo maltratadas verbalmente devido sua cor, orientação sexual, modo de falar e de se vestir”.

21. “é frequente ver pessoas no onibus, ou até amigos sofrendo bullyng”

22. “o menino era deciente, ele usava cadeira de rodas e as pessoas cavam zombando dele por causa disso”

23. “uma vez estava no ponro de ônibus com minha amiga que é negra e alhumas pessoas passaram rindo dela”.

25. “pessoas da minha sala chamam um colega meu de gordo, na brincadeira, mas mesmo essa brincadeira querendo ou não machuca”.

26. “e esa pessoa nao conseguem falar pra alguem com medo das zuaçoes virarem agreçoes” 27. “tipo as pessoa ficam rindo de uma pessoa da escola só porque ela é especial e eu não acho

graça nisso, por que somos todos iguais”

28. “sim, uma pessoa com deficiência os meninos zombaram dele”. 29. “sim pela orientação sexual da pessoa”

30. “por a pessoa ser negra ja julga tipo a pessoa nasceu assim ela nao tem culta disso por a

pessoa mudar de sexo o que a pessoa tem a ver com a vida dela”

31. “pela pessoa ser gorda, pela aperemcia física, modo de falar, pela cor raça,”

32. “já sim. minha amiga tinha a mesma idade que eu e seu apelido era paliteiro, desde então zeram uma música referente a minha pessoa e à ela”.

33. “algumas colegas rindo e fazendo piada de uma pessoa e essa pessoa ficou muito constrangida com isso”

Fonte: da autora (2020).

Examino agora como a palavra “pessoas/pessoa” é usada nos discursos dos/as alunos/as. Para isso, utilizarei os diferentes significados convencionais que os dicionários da Língua Portuguesa, Aurélio online (2020) e o digital de Filosofia de Japiassú (2003) nos apresentam. Para a análise que se segue, utilizo as definições do dicionário Aurélio Online (DICIO, 2020, p. 1).

pessoa

Significado de Pessoa 1.Substantivo feminino

2. Ser humano; quem pertence à espécie humana; criatura. 3. [Jurídico] Indivíduo a quem se atribuem deveres e direitos.

4. [Gramática] Classe gramatical que determina quem fala, primeira pessoa; com quem se fala, segunda pessoa; e sobre o que se fala, terceira pessoa.

5. Personagem; quem se distingue; sujeito respeitável.

6. Individualidade; característica própria que distingue alguém. 7. [Religião] Catolicismo. Designação das divindades que compõem a Santíssima Trindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

8. Etimologia (origem da palavra pessoa). Do latim persona.

As observações seguintes se referem a “pessoa” como ato ou efeito de individualidade; característica própria que distingue alguém.

eu já vi muitas pessoas sofrendo bullying e umas delas foi de uma pessoa que era gorda

um defeito pessoas ser gorda e quando os familiares dele começaram a fazer bullying já presenciei pessoas maltratarem as outras, xingarem de gordo, baleia, feio, preto [...] (DA PESQUISA, 2020).

Esses extratos ilustram um dos 8 significados da palavra “pessoa”, mas não é o único, temos o exemplo número 5 o sentimento caracterizado como sujeito respeitável que compõem um dos sentidos possíveis da palavra “pessoa”.

já vi pessoas sofrer bullying por serem diferentes, por não terem aparência física igual das outras, por serem mais gordinhas ou magras demais, a realidade é que a sociedade julga muito sem olhar o próximo

sim, como eu fico mal com certas brincadeiras eu observo muito as outras pessoas. já presenciei isso com outras pessoas, pelo fato de gozarem da cara dela por ela ser acima do peso e entre outros [...] isso me deixa tão triste, que eu tento ajudar todas elas (DA PESQUISA, 2020).

As observações seguintes se referem a “pessoa” descrita no dicionário digital de Filosofia de Japiassú (2003, p. 150):

pessoa

(lat. persona: originariamente, máscara teatral, por extensão o próprio ator, e daí seu papel, as características de um indivíduo, a personalidade).

1. Na tradição *escolástica, a pessoa é uma *substância individual de natureza racional, existindo como um todo indivisível (um *indivíduo) dotado de *razão. 2.Em um sentido jurídico, originário do direito romano, cidadão, o indivíduo na medida em que possui uma existência civil e, portanto, *direitos, em contraste, p. ex., com os escravos, que não possuíam direitos.

3.Na moral kantiana, o ser humano como fim em si mesmo, como *valor absoluto, opondo-se á coisa que é apenas um meio e possui valor relativo. Daí a noção de dignidade da pessoa, derivada de sua autonomia, do fáto de que tem como lei que a determina sua própria razão.

Ver liberdade.

4.No pensamento marcado pelo cristianismo, a pessoa é o ser humano racional e livre, definido por sua dimensão de sujeito moral e espiritual, plenamente consciente do bem e do mal, livre e responsável. Retomado pelo personalismo de E. Mounier, este conceito de pessoa constitui o centro de uma nova filosofia de engajamento. A pessoa não é uma realidade definível, uma vez que não pode ser apreendida do exterior pelo olhar objetivante das ciências: "a pessoa se apreende e se conhece em seu ato, como movimento de personalização", sua experiência fundamental sendo a da comunicação.

Os extratos a seguir nos mostram como um significado pode ser revestido de ideologia e contribuir para a construção discursiva de um conceito cultural chave. Os estudantes revelam sua resistência a ideias hegemônicas como da desigualdade social quando encontramos nos textos deles a palavra “pessoa”, carregada com o sentido da moral kantiana, o ser humano como fim em si mesmo, opondo-se à coisa com a noção de dignidade, o terceiro dos quatro sentidos da palavra “pessoa” na filosofia.

por a pessoa ser negra ja julga tipo a pessoa nasceu assim ela nao tem culta disso por a pessoa mudar de sexo o que a pessoa tem a ver com a vida dela

não aguentava mais ser diferente, não aguentava mais n estar dentro do padrao que hoje as pessoas exige

tipo as pessoas ficam rindo de uma pessoa da escola só porque ela é especial e eu não acho graça nisso, por que somos todos iguais (DA PESQUISA, 2020).

Para desvelar representações excludentes de atores sociais nos extratos apresentados, Fairclough (2003) recorre aos estudos da teoria de representação dos atores sociais de Theo van Leeuwen (1997, 2008), pois considera que essa representação é ideológica e pode ser (des)construída. Nesse sentido, Van Leeuwen faz uma relação entre os atores sociais e o contexto sócio-cultural, fundamentando-se na gramática funcional de Halliday (1978, 1994) e sugere como representação de atores sociais por encobrimento, fenômeno que, para o referido autor, apaga o ator, mas a sua atividade é expressa. Nos textos dos alunos, “as pessoas” são utilizadas para excluírem os demais atores sociais do contexto escolar, quando lhe é atribuído um papel passivo, inerte, pois o sujeito que sofre o bullying é apagado. Pode-se perceber que ao usar o vocábulo “pessoa” não há identificação, nem de quem comete o bullying e nem de quem o sofre. Os alunos poderiam muito bem nomear, “professor, professora, colega, coordenador, mas isso não ocorre. Seria este ofuscamento uma tentativa de proteção dos envolvidos com o bullying escolar ou algo já impregnado na escola onde ninguém pode nomear ninguém, um certo código de ética velado.

Ao focar o corpus aqui estudado, chama-me a atenção pelo potencial efeito da ideologia na manutenção de hegemonias presentes sobre o bullying, pôde ser observado quando as análises apontaram que apesar de serem relatos do sofrimento do bullying vivido por um colega, os estudantes sugeriram preconceito na escolha da palavra ‘defeito’ e paradoxo significativo (RESENDE; RAMALHO, 2017), com as palavras ‘devem passar’ pelo mesmo sofrimento, ou seja, usar a ‘violência’ para acabar com a ‘violência’.

um defeito pessoas ser gorda e quando os familiares dele começaram a fazer bullying as pessoas não sabem a dor dos outros .eu entendo que as vezes eles devem passar pela mesma coisa e só praticam o mesmo com as outras pessoas para se sentir melhor (DA PESQUISA, 2020).

Investigar como ocorre a representação do bullying pelos alunos pode contribuir para a compreensão das práticas sociais representadas no contexto escolar. A partir das respostas da pergunta da questão 27 “Você tem alguma sugestão para acabar com o bullying?” Apresento, a seguir, a Tabela 4 com as sugestões para acabar com bullying registradas pelos estudantes com a palavra “pessoa” contextualizada em tais respostas.

Tabela 4 – Léxico: Pessoas/Pessoa recorrentes na questão 27 “Você tem alguma sugestão para acabar com o

bullying?” contextualizado.

Questão 27 “Você tem alguma sugestão para acabar com o bullying?” contextualizado 1. “tentar entender o outro, procurar sabero que o ainge, ver o que a pessoa passa e se por no

2. “procurar saber o motivo de tal ocorrido na vida da pessoa, tentar entender o por que fazem a pratica do bullying com ela, e dar o devido respeito e atenção, minha perspectiva para acabar com o bullying é o respeito e ajuda a todos”.

3. “as pessoas falam muito sobre tolerância até mesmo as que praticam o bullying, o comum seria sugerir palestras e etc”.

4. “apenas que as pessoas fale mais sobre isso para os alunos verem que não é o certo”

5. “inconformação de professores, pais e qualquer pessoa que possa interferir pois é algo que acontece em sua frente”

6. “as pessoas tem que ser mais objetiva e respeitar as opiniões contrarias as nossas..”.

7. “por que não existe uma pessoa que nunca fez isso na vida, mesmo que nos fizemos como brincadeira as vezes as brincadeiras podem machucar sem percebermos..”.

8. “palestras marcantes sobre o tema, peças de teatro sobre o tema e testemunhos publicos de

pessoas que sofreram e sofrem bullying

9. concientizar a escola e os alunos, porque isso acaba com as pessoas e suas vidas social 10. “respeitar as pessoas da forma que queremos ser respeitados”

11. “acho que as pessoas tem que se importa mesmo é com a sua vida e parar de querer ver os defeitos dos outros e julga-los”

12. “nao querer mudar a pessoa porque ele acha que deve ser da forma dele. 13. “muito dificil falar mas acabar mesmo so depende das pessoas”

14. “tambem paralizaçao de pessoas sabe relatando o bullying isso seria muito bom”

15. “conscientizando as pessoas que todos nos somos iguais não é por que alguns são negros ou tem alguma doença/deficiência que podemos descriminar alguém”

16. “as pessoas tem quer parar com o racismo, parar de ofender as pessoas, bater nas pessoas”. 17. “deveria ter uma forma de ajudar essas pessoas que sofrem”

18. “as pessoas aceitarem mais as outras”

19. “as pessoas devem aceitar mais como o próximo é”.

20. “que os alunos conversem anonimamente com uma pessoa e ajudasse”

21. “acho que algum tipo de trabalho que faça com que as pessoas prestem atenção, e realmente percebam como é estar no lugar de quem sofre”

22. “o bullying nunca sera totalmente apagado, sempre tera pessoas de pessimo carater ou que ate mesmo sofrem ou sofreram o bullying e se escondem por tras do ato.

23. “se ver uma pessoa triste converse com ela, nem que seje apenas um ''bom dia'', as vezes pequenas palavras podem mudar tudo”.

24. “as pessoas e escute oque o outro fale pq as vezes as pessoas so precisao de alguem pra te” 25. “acho que as pessoas teria que ter mais conciencia e nao pensa que e so uma brincadeirinha

para a pessoa que esta recebendo o bullyng pode ser o fim para ela as pessoas tinham que pensar antes de fazer um brincadeira e tmb serem mais concientizados sobre as consequenciais do bullyng”

26. “uma pessoa não tem em mente o mal que faz, não tem empatia, não vai adiantar de nada” 27. “para começar as pessoas tem que começar a respeita mais as outras”

28. “tem que parar de acha que a pessoa está feliz por você está rebaixando ela”

29. “pessoas sempre com a mente fechada”

30. “acho que deveria ter pessoas para ajudar a todos que sofrem bullying” 31. “assim as pessoas pensaria na pessoa que sofre”

32. “e mostra para nossos jovens que o bullying machuca e acaba com as pessoas que passam por ele”

33. “se também denuciamos as pessoas que fazem esse tipo de brincadeira isso poderia acaba com o bullying”

34. “para que fazem reuniões em grupos ou faça as pessoas conversarem por pouco tempo para que se conheçam”

35. “pessoas tem que respeitar o outro e se colocar no outro do próximo”

36. “dizer para as pessoas que praticam o bullying que essas pessoas que sofrem pode entrar em uma depressão profunda e ela pode tentar contra a própria vida”.

37. “mostrar as pessoas que nem todos somos iguais e que devemos respeitar o diferente, pois cada pessoa pode aprender como as diferenças dos outros”

38. “as pessoas deve acabar com o bullying”

39. “muitas vezes a pessoa nao consegui sentir bem e acaba prejudicando algo ruim como morte por conta de nao consegui procurar ajuda”

40. “o mundo mais feliz e bem melhor ajudaria a escola ficar com boas pessoas melhores” 41. “unica coisa que podemos fazer é incentivar as pessoas a ter respeito”

42. “aceitar as pessoas do jeito que elas são”

43. “as pessoas que sofre bullying tem que aprende a luta ai as pessoas para de pertuba” 44. “as pessoas começarem a ver uma as outras como seres humanos”

45. “as pessoas entendessem o quão mal faz ao outro, assim diminuindo” 46. “depende da pessoa, sua personalidade e empatia”

47. “as pessoas precisam entender que o respeito é totalmente necessario na vida em sociedade” 48. “poderia ser vc no lugar da pessoa sofrendo bullying”

49. “projetos escolares que auxiliem as pessoas a criar afeto e amizade umas pelas outras” 50. “palestra sobre como pessoas que sofrem bullying acabam se tornando”

51. “uma pessoa ignorante, que acha que só a visão dela está certa” 52. “é certo julgar as pessoas só não terem a mesma visão...”.

53. “as pessoas toma mas conta de sua vida e criar vergonha na cara” 54. “abrir os olhos das pessoas para as consequenciais que pode ocorrer” 55. “respeitar mais as pessoas, independente da sua cor, da sua crença, etc.” Fonte: da autora (2020).

Como mostra a tabela, todos os textos são sugestões que nos remetem aos discursos de combate ao bullying no contexto escolar. E, ao falar de discursos, entendo que este é uma forma concreta que significa compreender que há maneiras específicas de representar, de agir e de interagir e de identificarmos o mundo, as pessoas e a nós mesmos (VIEIRA; RESENDE, 2016). Ao sugerir acabar com o bullying através de itens lexicais como, por exemplo, “ignorante”, “brincadeiras” e “péssimo” que aparecem na tabela nos textos dos estudantes, estão fornecendo um acesso empírico que indica a forma que os alunos estão reagindo à situação de bullying e sobre a perspectiva de mundo deles no contexto escolar. No extrato número 51, aparece a

expressão, “uma pessoa ignorante, que acha que só a visão dela está certa”, que nos aproxima ao domínio de discurso contundente de opinião e ignorância

Ignorância (lat. ignorantia: ausência de conhecimento).

1. Em um sentido genérico, a ignorância é a atitude daquele que, não sabendo utilizar as suas capacidades racionais, engana-se quanto à qualidade de seus conhecimentos, to-mando por verdade o que não passa de uma *opinião falsa ou incerta e expondo-se à *ilusão e ao *erro (JAPIASSÚ, 2003, p. 100).

Nesse sentido que Sócrates exprime a ignorância "só sei que nada sei", ou seja, nos permite o acesso ao conhecimento quando nos reconhecemos ignorantes: o ato de não conhecer. Japiassú (2003), por sua vez, nos apresenta um conceito não filosófico e corriqueiro do uso da palavra que é o ato de se sobrepor ao outro mesmo sem ter conhecimento da verdade. No texto

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