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Vogais são sons produzidos com o ar saindo dos pulmões (fluxo de

aregressivo). Os sons vocálicos se diferenciam dos consonantais pela inexistência de

obstrução à saída de ar no trato vocal. Eles devem ser produzidos de modo que o

estreitamento gerado pelo movimento dos articuladores não produza fricção. Sua

emissão é realizada com a vibração das pregas vocais, sendo por isso considerados

sons vozeados ou sonoros. As vogaispodem ser ainda classificadas como orais e

nasais. Na produção das orais, o véu do palato fecha a passagem à cavidade nasal,

fazendo com que o ar saia somente pelo trato oral. Nas vogais nasais, o véu palatino

encontra-se abaixado, permitindo que o ar passe também pelas cavidades

ressoadoras nasais.

Para a classificação articulatória das vogais, estão envolvidos o corpo da língua

e os lábios. O corpo da língua pode movimentar-se verticalmente, levantando-se ou

abaixando-se, ou horizontalmente, avançando ou recuando. A mandíbula auxilia na

abertura do trato oral para a diferenciação entre vogais abertas e fechadas. O

parâmetro que define o movimento vertical da língua é denominado altura e o que

define o movimento horizontal (avanço/recuo) denomina-se

anterioridade/posterioridade. Há ainda a possibilidade de os lábios estarem distensos

ou arredondados.

O movimento de arredondamento dos lábios ocorre na produção de vogais

ditas arredondadas. As demais são articuladas com os lábios distensos e são

classificadas como não-arredondadas. Para que se pudesse fazer comparações entre

as vogais de diferentes línguas, foram determinados pontos ideais de articulação de

vogais, que serviriam como referência para a localização das vogais de diferentes

línguas. Esses pontos são estabelecidos a partir de limites articulatórios.

Essas vogais são chamadas de cardeais e, em princípio, não pertencem a

nenhuma língua específica.

Para o estabelecimento dos pontos de referência para vogais cardeais

primárias, são produzidas duas vogais. Conforme Cagliari (1981), a primeira (VC 1)

deve ser pronunciada com a ponta da língua para baixo e o mais elevado possível,

sem causar fricção quando a corrente de ar passar por esse estreitamento, ficando a

maior constrição nas regiões palatoalveolar e palatal. A segunda vogal (VC-5) deve

ser produzida com a língua na posição mais retraída e abaixada possível na porção

posterior do trato oral, também sem causar nenhuma fricção. A região de maior

constrição nesse caso é a faringe.

A partir da posição da primeira vogal e conservando sempre a língua na posição

mais avançada possível, marcam-se três pontos equidistantes, auditiva e

articulatoriamente, sendo que o terceiro deles determina a posição da língua mais

avançada e abaixada possível. Surgem então as vogais cardeais primárias 1,

VC-2, VC-3 e VC-4.

Com a posição da segunda vogal (VC-5), anteriormente mencionada, e

conservando-se a língua a mais recuada possível, determinam-se mais três pontos

equidistantes, auditiva e articulatoriamente, em direção do palato, novamente sem

causar fricção. Daí são estabelecidas as vogais cardeais primárias VC-5, VC-6, VC-7

e VC-8.

Os vogais cardeais secundários articulam-se com a mesma posição da língua

das vogais cardeais primários, porém com a posição dos lábios invertida. Surgem

assim as vogais VC-9, VC-10, VC-11, VC-12, VC-13, VC-14, VC-15 e VC-16. Por

exemplo: a VC-9 tem a posição da língua empregada na articulação da VC-1 (ponta

da língua para baixo e o mais elevado possível) e a posição dos lábios empregada

para a articulação de VC-8 (protrusão labial). Já a VC-16 apresenta a posição da

língua utilizada na articulação da VC-8 e a posição dos lábios empregada na

articulação de VC-1.

Até agora, observamos o comportamento fonético de sons vocálicos

produzidos com o levantamento do véu do palato, tendo, como passagem para o fluxo

de ar, somente as cavidades orais. No entanto, existem segmentos vocálicos que são

produzidos com o véu do palato abaixado, levando a corrente de ar a passar tanto

pela cavidade oral quanto pela nasal. Esse tipo de articulação traz modificações mais

acentuadas para umas vogais do que para outras. As vogais articuladas com a língua

em posição elevada, como as altas e , apresentam um pequeno abaixamento do

véu palatino. Assim, a configuração do trato oral para produção dessas vogais orais

(e ) e nasais (e ) são bastante similares.

A articulação de vogais nasais que são produzidas com a língua na posição

mais baixa necessita de um maior abaixamento do véu palatino para elas soarem

como nasais. Nesse caso, há uma diferença bastante grande entre a articulação de

uma vogal baixa oral e uma nasal. É o que ocorre com a vogal baixa central. Dessa

forma, para representar a vogal oral emprega-se o símbolo , no entanto, devido a

essa diferença articulatória (e, portanto, acústica), a representação de sua contraparte

nasal seria mais adequada através do símbolo fonético (SEARA, 2000).

As vogais que são realizadas com um gradual abaixamento da língua, como as

médias, terão, na produção de suas vogais nasais correspondentes, um abaixamento

também gradual do véu do palato. No caso do PB, existem apenas vogais nasais

médias altas, e. No francês, por exemplo, só ocorrem vogais nasais médias baixas.

9 AGRUPAMENTOS DE FONEMAS

Os encontros vocálicos são agrupamentos de fonemas vocálicos da Língua

Portuguesa e são classificados em hiato, ditongo e tritongo. Os encontros vocálicos

são agrupamentos de fonemas formados por vogais ou semivogais em uma mesma

sílaba ou sílabas diferentes. Para compreendermos melhor o que são os

encontrosvocálicos, é necessário retomar os conceitos de vogais e semivogais.

Sabemos que as vogais são fonemas naturais formados pela corrente de ar

que, vinda dos pulmões, passa livremente pela boca ou pelo nariz, fazendo vibrar as

pregas vocais. Elas são a base, o núcleo das sílabas na Língua Portuguesa. Já as

semivogais acontecem no encontro entre duas vogais em uma mesma sílaba, em que

uma é a vogal principal, com o tom mais intenso, e a outra é a semivogal, que possui

um papel secundário. Em um encontro vocálico, a letra /a/ sempre será a vogal

principal, as letras /i/ e /u/ serão sempre semivogais, e as letras /e/ e /o/ podem assumir

os papéis de vogal e/ou semivogal. Existem três tipos de encontros vocálicos.

Veja:

Hiato

O hiato consiste na sequência de duas vogais (Vogal+ Vogal) que se separam

durante a divisão silábica, ficando cada vogal em uma sílaba distinta. Em virtude do

contato de duas vogais no interior de uma palavra, é possível reconhecer o hiato como

sendo o encontro vocálico por excelência.

Observe os exemplos:

Saída: sa – í – da;

Saúde: sa – ú – de;

Oceano: o – ce – a – no;

Cooperar: co – o – pe – rar.

DITONGO

O ditongo consiste no encontro de Vogal + Semivogal, chamado de ditongo

decrescente, ou de Semivogal + Vogal, que recebe o nome de ditongo crescente. Os

ditongos também podem ser classificados em orais ou nasais. É muito importante

recordarmos que os fonemas orais são aqueles que passam e saem pela cavidade

bucal (boca), como: /a/, /b/, /t/; já os fonemas nasais são aqueles que uma parte passa

pela boca e a outra parte passa pelas narinas (nariz), como: /m/, /n/, /ã/.

Observe os exemplos:

Madeira: ma – dei – ra (ditongo decrescente oral);

Paulista: pau – lis – ta (ditongo decrescente oral);

Pátria: pá – tria (ditongo crescente oral);

Sério: sé – rio (ditongo crescente oral);

Mãe: mãe (ditongo decrescente nasal)

Oração: o – ra - ção (ditongo decrescente nasal)

Monotongação é o processo pelo qual o ditongo passa a ser produzido como

uma única vogal. Nesse caso, há um apagamento da semivogal. Frequentemente,

monotongam-se os ditongos, os dois primeiros quando diante de, como em peixe,

queijo e freira. Já o ditongo monotonga-se em qualquer ambiente.

TRITONGO

Os tritongos são uma sequência de Semivogal + Vogal + Semivogal. Assim

como os ditongos, os tritongos também podem ser classificados em orais e nasais.

Como apresentam apenas uma vogal, na divisão silábica, não se separam os fonemas

vocálicos do tritongo.

Observe os exemplos:

Paraguai: Pa – ra – guai (tritongo oral);

Enxaguei:en – xa – guei (tritongo oral);

Cheguei:che – guei (tritongo oral);

Quão: quão (tritongo nasal).

Além desse três, há dois outros encontros vocálicos importantes:

Iode

É o agrupamento de uma semivogal entre duas vogais. São aia, eia, oia, uia,

aie, eie, oie, uie, aio, eio, oio, uio, uiu, em qualquer lugar da palavra -começo, meio ou

fim. Foneticamente, ocorre duplo ditongo ou tritongo + ditongo, conforme o número de

semivogais. A Iode será representada com duplo Y: ay-ya, ey-ya, representando o “y”

um fonema apenas, e não dois como possa parecer. A palavra vaia, então, tem quatro

letras (v – a – i – a) e quatro fonemas (v – a – y – a), sendo que o “y” pertence a duas

sílabas, não havendo, no entanto, “silêncio” entre as duas no momento de pronunciar

a palavra.

Vau = O mesmo que a Iode, porém com a semivogal W.

Pi-au-í = Vau, com a representação fonética Pi-aw-wi.

Com o “w” ocorre o mesmo que ocorreu com o “y”, ou seja, representa um

fonema apenas. Ocorrem, também, na Língua Portuguesa, encontros vocálicos que

ora são pronunciados como ditongo, ora como hiato. São eles:

Sinérese = São os agrupamentos ae, ao, ea, ee, eo, ia, ie, io, oa, oe, ua,

ue, uo, uu. Ca-e-ta-no, Cae-ta-no; ge-a-da, gea-da; com-pre-en-der,

com-preen-der; Na-tá-li-a, Na-tá-lia; du-e-lo, due-lo; du-un-vi-ra-to,

duun-vi-ra-to.

Diérese = São os agrupamentos ai, au, ei, eu, iu, oi, ui. re-in-te-grar,

rein-te-grar; re-u-nir, reu-nir; di-u-tur-no, diu-tur-no.

Obs: Há palavras que, mesmo contendo esses agrupamentos não sofrem sinérese ou

diérese. Há que se ter bom senso, no momento de se separarem as sílabas. Nas

palavras rua, tia, magoa, por exemplo, é claro que só há hiato.

Encontro Consonantal: É o agrupamento de consoantes.

Há três tipos de encontros consonantais:

Encontro Consonantal Puro ou Próprio = É o agrupamento de consoantes,

lado a lado, na mesma sílaba. Ex.: Bra-sil, pla-ne-ta, a-dre-na-li-na

Encontro Consonantal Disjunto ou Impróprio = É o agrupamento de

consoantes, lado a lado, em sílabas diferentes. Ex.: ap-to, cac-to, as-pec-to

Encontro Consonantal Fonético = É a letra x com som de ks. Ex.: Maxi, nexo,

axila = maksi, nekso, aksila.

Não se esqueça de que as letras M e N pós-vocálicas não são consoantes, e,

sim, semivogais ou simples sinais de nasalização (ressoo nasal).

Dígrafo:

É o agrupamento de duas letras com apenas um fonema. Os principais dígrafos

são rr, ss, sc, sç, xc, xs, lh, nh, ch, qu, gu. Representam-se os dígrafos por letras

maiores que as demais, exatamente para estabelecer a diferença entre uma letra e

um dígrafo.

Qu e gu só serão dígrafos, quando estiverem seguidos de e ou i, sem trema.

Os dígrafos rr, ss, sc, sç, xc e xs têm suas letras

separadas silabicamente; lh, nh, ch, qu, gu, não.

Exemplo:

arroz = ar-roz – aRos;

assar = as-sar – aSar;

nascer = nas-cer – naSer;

desço = des-ço – deSo;

exceção = ex-ce-ção – eSesãw;

exsudar = ex-su-dar – eSudar;

alho = a-lho – aĹo;

banho = ba-nho – baÑo;

cacho = ca-cho – kaXo;

querida = que-ri-da – Kerida;

Dígrafo Vocálico

É o outro nome que se dá ao Ressoo Nasal, pelo fato de serem duas letras

com um fonema vocálico.

sangue = san-gue – sãGe

samba = sam-ba – sãba

Não confunda, portanto, dígrafo com encontro consonantal, que é o encontro

de consoantes, cada uma representando um fonema.

10 ESTRUTURA DAS SÍLABAS

Fonte: www.alfabetizarbrincando.com.br

Diz respeito à organização das vogais (V) e das consoantes (C) na formação

de sílabas das palavras. As línguas apresentam diferentes estruturas silábicas. No

caso do português, há sílabas que são constituídas pela estrutura Consoante-Vogal,

a sílaba CV, como as sílabas da palavra sala (sa-la, que apresenta duas sílabas CV).

Há outras estruturas silábicas possíveis na nossa língua: V (u-va), VC (es-co-la), CVC

(car-ta), CCV (pra-to), CCVC (cris-tal), CVCC (pers-pec-ti-va).

Nessas diferentes estruturas, uma sílaba terminada por vogal é chamada de

aberta, enquanto uma sílaba terminada por consoante é chamada de travada. A

presença da vogal é obrigatória nas diferentes estruturas silábicas. Já a da consoante

é opcional. Isso quer dizer que todas as estruturas silábicas têm de apresentar vogal,

de modo que há sílaba constituída somente por vogal (sílaba V), mas não por apenas

consoante.

Do ponto de vista da aprendizagem, as variadas estruturas apresentam

diferentes graus de complexidade. Estudos apontam a sílaba CV, chamada de sílaba

canônica, como sendo a mais frequente na língua portuguesa. Por esse motivo, os

alfabetizados tenderiam a aprender primeiro essa estrutura silábica. É comum,

inclusive, que o aprendiz generalize o uso de tal sílaba na escrita de outras estruturas

silábicas que não domina. Isso poderia ocorrer, por exemplo, na escrita de palavras

como pedra (peda), porta (pota) e escola (secola), em que as sílabas CCV (dra), CVC

(por) e VC (es) são grafadas, respectivamente, como sílabas CV (da, po e se).

Considerar as diferentes estruturas silábicas da língua é importante para o

professor alfabetizador, tendo em vista que os aprendizes da escrita precisam

conhecer todas elas, a fim de consolidarem seu processo de alfabetização. Um outro

ponto importante é não confundir a noção de sílaba na fala e na escrita. Se, do ponto

de vista da escrita, a palavra chave apresenta uma sílaba CCV e outra CV, do ponto

de vista da fala, apresenta duas sílabas CV, tendo em vista que é pronunciada como

“xa-vi” na maior parte do país.

Desse fato é que pode ocorrer uma interferência da fala sobre a escrita do

aprendiz, de modo que ele grafe duas sílabas CV (“xavi”) e não uma CCV e outra CV

para chave.

Seguindo esse raciocínio, a escrita da palavra xale – que tanto na fala como na

escrita apresenta a mesma estrutura silábica (duas sílabas CV) – tenderia a ser mais

fácil do que a escrita de chave. Acrescenta-se, ainda, a necessidade de reflexão sobre

a divisão silábica indicando os diferentes critérios que são aplicados na escrita e na

fala. Um caso típico é o da regra que indica que, na escrita, ao final de uma linha,

quando dividimos uma palavra, os dígrafos ‘rr’ e ‘ss’ não ficam na mesma sílaba.

Assim a palavra ‘carro’, por exemplo, seria dividida como ‘car-ro’. Essa divisão, no

entanto, não implica que, na fala, a primeira sílaba seja CVC. Aqui, como em vários

casos de convenções, tem-se um procedimento ortográfico e não fonológico.

Como sabemos, as sílabas são fonemas pronunciados por meio de uma

únicaemissãodevoz e também que a base das sílabas da língua portuguesa são as

vogais: a - e - i - o - u. Assim, todo fonema pronunciado em uma única emissão de voz

tem, pelo menos, uma vogal.

É importante ressaltarmos que, em algumas palavras, os fonemas /i/ e /u/ não

sãovogais, já que aparecem apoiados a outra (s) vogal (is), formando uma só emissão

de voz (uma sílaba). Essas vogais que apoiam as outras são chamadas de

semivogais. O que diferencia as vogais das semivogais é o fato de que as últimas não

desempenham o papel de núcleosilábico. A palavra “papai”, por exemplo, é formada

por duassílabas(dissílaba), sendo a segunda formada por uma vogal (a) e por uma

semivogal (i). A par dessas informações, podemos afirmar que, para saber o

númerodesílabas que compõem as palavras, basta identificar quantasvogais há nessa

palavra.

Vejamos os exemplos:

Pipoca – pi – po – ca (emissão de três fonemas sequenciais que estão

ligados a vogais);

Aparelho – a – pa – re – lho (emissão de quatro fonemas sequenciais

que estão ligados a vogais);

Pernambucana – per – nam – bu – ca - na (emissão de cinco fonemas

sequenciais que estão ligados a vogais.

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