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Zonas Eleitorais Exercício em 1982 e os as novas que delas se desdobraram ao longo do tempo.

Tabela 3.4 Zonas Eleitorais e seus desdobramentos ao longo do tempo na cidade de São Paulo. Desmembramentos das Zonas eleitorais

Zona Eleitoral Original Desmembramento da Zona Original Desmembramento da nova Zona

Zo

n

a

Su

l

346 Butantã 374 Rio Pequeno

328 Campo Limpo 373 Capão Redondo 20 Valo Velho

408 Jardim São Luís

351 Cidade Ademar 418 Pedreira

280 Capela do Socorro 372 Piraporinha

371 Grajaú 381 Parelheiros Zo n a N o rt

e 249 Santana 422 Lauzane Paulista

349 Jaçanã 420 Vila Sabrina

N

o

ro

est

e 327 Nossa Senhora do Ó 376 Brasilândia

325 Pirituba 389 Perús 403 Jaraguá Su d o est e 259 Saúde 413 Cursino Zo n a Lest e 350 Sapopemba 421 Teotonio Vilela

Legenda - as cores na tabela representam:

326 Ermelino Matarazzo 390 Cangaíba Desmembramento em 1993

392 Ponte Rasa Desmembramento em 2004

248 Itaquera 375 São Mateus Desmembramento em 2005

417 Parque do Carmo Desmembramento em 2007

247 São Miguel Paulista 397 Jardim Helena Desmembramento em 2010

398 Vila Jacuí

353 Guaianases 404 Cidade Tiradentes

405 Conjunto José Bonifácio

Os desdobramentos e o crescimento eleitoral das periferias modificaram

a dinâmica política da cidade. Com um maior número de votos, as periferias teriam protagonismo e, como consequência, condição de pautar as políticas públicas e os programas de governo. Mas por serem populosas e múltiplas, as periferias não formaram um bloco. Seus candidatos representam frações territoriais, correspondentes a um lugar onde têm atuação política e, quando muito, algumas adjacências, quando estas encontram correspondências em suas demandas. Há disputa pela representação dos lugares. Nas regiões centrais as demandas são mais difusas. Os candidatos acabam buscando pautas gerais, ou generalizáveis, inclusive porque dependem de votos também nas periferias. E não podem trazer a si demandas alheias, por falta de legitimidade. As periferias se fortalecem com isso. A presença do PT junto às periferias desde sua fundação, e sua estratégia de fortalecimento de lideranças

locais das periferias nas eleições à vereador, desde 1982, acabaram por surtir efeitos positivos ao partido.

Em 1988, dos 16 vereadores eleitos, quatro tinham suas bases eleitorais na Zona Leste da cidade (Adriano Diogo, Devanir Ribeiro, Valfredo Ferreira Silva e Juscelino Silva Neto), três na Região Noroeste (Tereza Lajolo, Henrique Pacheco e Maurício Faria), três na Zona Sul (João Carlos Alves, líder de votos no Campo Limpo, Arselino Tatto, líder de votos na Capela do Socorro, e Ítalo Cardoso), e um do centro expandido (Pedro Dallari). Quatro vereadores tiveram votação dispersa, um deles Suplicy, bem votado em toda a cidade e os outros candidatos à reeleição. Além dele, Juarez Soares, radialista, Tita Dias, bancária, e Irede Cardozo, jornalista. Nas eleições de 1990, se elegeram com votação local apenas Eduardo Jorge, da Zona Leste, e Irma Passoni, da Zona Sul, para a Câmara Federal, e Roberto Gouveia e Zico Prado, da Zona Leste, para a Assembleia Legislativa.

Em 1992, houve redução de quatro parlamentares na bancada petista, que passou a contar com 12 vereadores. Com votos localizados na Zona Sul foram eleitos Arselino Tatto e Ítalo Cardoso. Tatto passou de 14º petista mais votado em 1988 para 3º em 1992; Cardoso saiu da 13º posição para a 5ª, mostrando o crescimento do potencial de votos daquela região. Não se elegeram João Carlos Alves, que havia liderado a votação no Campo Limpo em 1982 e 1988; Armelindo Passoni, e dois novos candidatos bem votados na região: Carlos Giannazi e Miguel Tadeu de Carvalho. Pela Zona Leste foram eleitos: Adriano Diogo, vereador petista mais votado daquele ano e; Devanir Ribeiro, com votação expressiva em Itaquera e Sapopemba, 4º melhor votado entre os petistas. Obtiveram boa votação em Zonas Eleitorais da Zona Leste, mas não se elegeram, Valfredo Ferreira Silva, vereador desde 1982, João Antonio, irmão de Juscelino Silva Neto, Fermino Fechio Filho e Aldo Leite da Silva. Na Região Noroeste foram reeleitos Henrique Pacheco, líder de votos em Pirituba, e Tereza Lajolo. Na região Sudeste que ainda não havia tido um vereador local, foi eleito José Mentor, líder de votos na Saúde. Chico Whitaker, 2º petista mais votado naquela eleição, teve sua maior concentração de votos no centro expandido, onde também Aldaíza Sposati (Professora da PUC-SP, aparece como uma das mais votadas em Perdizes, bairro da Universidade). Dentre os cinco candidatos

melhor colocados da cidade dois eram da Zona Leste e dois da Zona Sul. Em 1994, elegeram-se, mantendo votação local em São Paulo, um Deputado Federal, Eduardo Jorge, que manteve expressiva votação na Zona Leste, e três Estaduais, Roberto Gouveia, Paulo Teixeira e José Zico Prado, todos da Zona Leste. Pela Zona Sul, teve expressiva votação para a Câmara Federal Arselino Tatto, e ficaram entre os mais votados na região Irma Passoni e Ítalo Cardoso, todos na suplência. Dentre os Deputados Estaduais, Vicente Cândido, que foi Administrador Regional do Campo Limpo, teve boa votação na Zona Sul, pontuando entre os dez mais votados em três Zonas Eleitorais (Campo Limpo, Capão Redondo e Piraporinha).

Em 1996, foram eleitos dez vereadores do PT, dois a menos do que na eleição anterior. Três deles tiveram voto localizado na Zona Sul: Arselino Tatto, o mais votado pelo partido, Ítalo Cardoso e Vicente Cândido. Com votos expressivos na Zona Leste, foram eleitos dois, Adriano Diogo e Devanir Ribeiro. Carlos Neder, do movimento sanitarista e ligado a Eduardo Jorge e Roberto Gouveia, apareceu entre os mais votados São Mateus, mas não chegou a ter a expressão eleitoral local. Na região Sudeste, José Mentor manteve sua boa

votação. Na região Noroeste, Henrique Pacheco se reelegeu, sendo líder de

votos em Pirituba. Aldaíza Sposati teve votação expressiva na região do centro expandido. José Eduardo Cardozo, que fora Secretário de Governo de Erundina, se elegeu com votação dispersa.

Entre os não eleitos com expressão eleitoral, havia três na Zona Sul: Paulo Batista dos Reis, Miguel Tadeu Carvalho e Carlos Giannazi, este líder de votos no Rio Pequeno. Na Zona Leste, foram sete candidatos entre os dez mais votados de alguma Zona Eleitoral, o que mostra a força local das lideranças. Tereza Lajolo não se reelegeu, apesar de ainda ter votos concentrados na Freguesia do Ó. Em Pinheiros, teve votação expressiva Nabil Bonduki.

Em 1998, a representação na Câmara Federal passou pela transformação que já vinha acontecendo, com o aumento de representantes de fora da cidade de São Paulo. Foram seis da cidade (Genoino, Mercadante, José Dirceu, Berzoini, Eduardo Jorge e Arlindo Chinaglia), dois do ABCD (Jair Meneguelli e Professor Luizinho) e seis de outras regiões: Telma de Souza, da baixada

santista; Antonio Palloci, de Ribeirão Preto; Angela Guadanin, de São José dos Campos; João Paulo Cunha, de Osasco; José Machado e Iara Bernardi, de Sorocaba. Na Assembleia Legislativa, os representantes da cidade também eram seis: Jilmar Tatto e Carlos Zarattini com expressão eleitoral na Zona Sul; Paulo Teixeira, Roberto Gouveia e Zico Prado com expressão eleitoral na Zona Leste e; Henrique Pacheco com votação expressiva na região Noroeste. Essa relação entre o voto disperso dos Deputados Federais em contraposição à votação localizada dos Deputados Estaduais indica a estratégia do partido.

Tabela 3.5 Base eleitoral principal dos Deputados Federais eleitos pelo PT em 1998. Deputados eleitos pelo PT para a Câmara dos Deputados em 1998 Parlamentar eleito Região da principal base eleitoral

José Genoino Capital

Aloísio Mercadante Capital

Telma de Souza Santos

Antonio Palocci Ribeirão Preto

José Dirceu Capital

Luiz Carlos da Silva (Professor Luizinho)

ABCD

Angela Guadanin São José dos Campos Ricardo Berzoini Capital

João Paulo Cunha Osasco

Eduardo Jorge Capital

Jair Meneguelli ABCD

Arlindo Chinaglia Capital

José Machado Sorocaba

Iara Bernardi Sorocaba

A presença de vereadores com base eleitoral expressiva nas periferias, em especial nas Zonas Sul e Leste, liderando a votação em suas Zonas Eleitorais, em oposição à pouca representação eleitoral do partido nas regiões centrais indicam o enraizamento periférico das lideranças locais petistas e fortalecem a ideia de um partido periférico na cidade de São Paulo. Indicam também uma clivagem espacial do voto petista desde a década de 1990, que dialoga com o perfil socioeconômico, mas que tem na presença em cada um dos lugares sua raiz, pelo trabalho das lideranças.

Essa clivagem pode ser observada nas eleições ao Executivo Municipal a partir de 1996. Na eleição de 1992, o PT, tendo Eduardo Suplicy como candidato, perdeu votos na maior parte das Zonas Eleitorais (Mapa 3.3). Contou o voto oposicionista, mas também a candidatura de Maluf, que teve muito mais apoio

do que quatro anos antes. Nas zonas eleitorais com maior apoio ao PT, Leste 2 e Sul 2, Maluf teve cerca de 10% mais votos do que Suplicy. Nos bairros que tradicionalmente apoiam os candidatos da direita, como Mooca, Vila Maria e no Centro Expandido, a diferença girou em torno de 25%. Isso reforça a tese de Limongi e Mesquita (2014) sobre a importância dos votos dos eleitores de centro na disputa eleitoral, para além da dualidade entre PT e o partido de direita.

Em 1996, o PT, com Erundina candidata, recuperou parte dos votos do partido, principalmente nas regiões mais periféricas, onde foram retomados os patamares de 30% dos votos no 1º turno (Mapa 3.4). Na disputa, ainda que Celso Pitta tenha ganho nas regiões mais periféricas, o fez com um percentual baixo.

O movimento centrífugo de votos do PT também aconteceu nas eleições para os Executivos estadual e federal. Cabe notar que nas eleições para o governo do estado o PT só conseguiu um aumento relevante na proporção média de votos em 1998, quando ultrapassou a barreira dos 12%, chegando, com a candidatura de Marta Suplicy, a pouco mais de 19%, número baixo em relação aos demais candidatos competitivos (Mapa 3.5).

Resultado melhor nas periferias também apareceu nas eleições para a Presidência da República. Após a baixa votação do PT em 1989, quando teve pouco menos de 15% dos votos em São Paulo, O PT consolidou uma média de 23% dos votos na cidade em 1994 e 1998, número semelhante ao conquistado nos pleitos municipais (Mapa 3.6).