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A Análise do Discurso

No documento Monica Cristina Rovaris Machado - Univali (páginas 91-94)

3.3 ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES QUALITATIVAS

3.3.3 A Análise do Discurso

campo (Yunes e Szymanski, 2005). Charmaz (2006) salienta que a GD contribui para uma perspectiva inovadora favorecendo a redação analítica num processo sitem atico que abarca a contrução, controle e organização da coleta como forma de favorecer à originalidade na formulação da teoria emergente.

Ainda na análise e interpretação dos dados, é importante que o pesquisador tenha conhecimento teórico sobre o tema, mas tão importante quanto é o modo de olhar a realidade investigada, pois o investigador constrói em última instância a sua visão acerca dos fenômenos pesquisados, sendo ele parte importente de todo o processo de coleta e análise dos dados e evidências (Charmaz, 2006).

Por fim, o próprio investigador por meio de sua visão sobre o tema, que envolve sua posição, perspectiva e interações afetam significativamente a interpretação do que foi coletado, interferindo nos resultados obtidos ao longo deste processo, fazendo que a análise dos dados tenha poder explicativo e contribuam para fortalecimento da metodologia (Charmaz, 2008).

Para uma postura reflexiva e construção das etapas da teoria, o pesquisador deve adotar na sua construção uma análisde que deve estar contextualmente situada no tempo, espaço, cultura e situação pesquisada propriamente dita, num processo reflexivo em relação as suas próprias interpretações e dos participantes da pesquisa. A autora ainda ressalta que para a narrativa da teoria fundamentada, requer que o pesquisador utilize estas narrativas em beneficio da análise com foco na incisividade e na sua utilidade para a teoria, conectando com outras e que permitam as comparações das evidências empíricas já encontradas (Charmaz, 2009).

sujeitos num determinado contexto, seja ele, social, econômico, político e cultural (Alonso, 2003; Pêcheux, 2006; Penalva et al., 2015).

O discurso tem como finalidade por meio da linguagem a busca de leis gerais de validade praticamente universal, mas que tenha sentido para os sujeitos envolvidos, envolvendo além da linguagem, a comunicação não verbal do sujeito (Orlandi, 2015), e como afirma Alonso (2003), o discurso transborda o texto. Pode-se destacar que a AD, não se limita a estruturas de linguagem, pois busca-se os significados subjacentes, opiniões, dando reconfigurações ao que produz sentido, relacionando-se a análise do texto ao cognitivo, social, político e cultural (Van Dijk, 1997). É o lugar onde se “pode observar a relação entre a língua e ideologia, compreendendo-se como a língua produz sentido por/para os sujeitos” (Orlandi, 2015, p. 15).

A Análise do Discurso vai além da linguagem, pois outras formas de comunicação não verbal contribuem para a ressignificação dos signos, “visa compreender como os objetos simbólicos produzem sentido, analisando assim os próprios gestos de interpretação como atos do domínio simbólico, pois intervém no real sentido” (Orlandi, 2015, p. 24). A Análise do Discurso tem como característica a utilização da linguagem como ponto de partida para a definição dos demais materiais de análise, de modo a ter instrumentos que vão além de promover intercâmbios significativos. E por fim, a AD na área de Ciências Sociais pode produzir discursos não desejados, como por exemplo, discurso de censura (Penalva et al., 2015).

O objetivo da AD é fazer com que seja possível decodificar um sistema de linguagem de forma a produzir sentido a partir da estrutura de elementos que compõem um objeto, o seu sistema de relações e os seus signos, sejam eles expressados por ideais, ritos, formas de comportamento ou ainda sinais específicos de um grupo de pessoas. Para a AD, a análise deve orientar-se de forma que possa articular-se entre os significados próprios de uma sociedade ou determinado grupo, sobre um tema específico de maneira que possa expressar significados e fazer efetivas as suas intenções por meio dos discursos, “investido de significância para e por sujeitos” (Orlandi, 2015, p. 24; Penalva et al., 2015).

Na perspectiva da AD, é importante tratar de temas como enunciado, enunciação, discurso manifesto. Entende-se por enunciado a decodificação de sinais linguísticos, localiza- se entre o dito e o implícito (Reyes, 1995). Já para Foucault (2002), os enunciados fazem parte de uma correlação, como se fosse uma parte mediada em um conjunto, fazendo parte, apoiando- se ou se diferenciando nesta correlação. Por sua vez, enunciação é a abordagem do fenômeno enunciado por meio da linguagem, a partir do sujeito, que ao final apresentam recortes discursivos. É importante também diferenciar os conceitos que há uma tendência em se

confundirem, que se trata do texto e contexto. No que tange ao texto, é considerado um material empírico de origem no campo, organizados de acordo com as regras linguísticas. Já o discurso, tem a elaboração sob a ótica dos investigadores, com base em textos produzidos com a mesma interpretação, quem utiliza a linguagem, para que utiliza, quando utiliza, por que e para quem fazem, com o objetivo de prática social. Cabe destacar que no discurso, tem-se a enunciação que é onde ocorre a ação que se pretende entender, bem como a descrição do contexto onde ela ocorre, qual é o contexto social, histórico e ideológico (Orlandi, 2015; Penalva et al., 2015).

Para compreensão do discurso, é premente compreender seus níveis de análise: textual, contextual e sociológico. O discurso ocorre em nível textual quando ele é descritivo, visa atender a composição e a estrutura do discurso, com enfoque na análise do conteúdo e semiótico. Neste nível, busca-se os atributos do texto e a estrutura do discurso, relacionando-se as temáticas e os tópicos. Aqui se tem o plano do enunciado e descrição de documentos. Já no nível contextual do discurso, passa-se do plano do enunciado para a enunciação, busca-se neste nível atender as condições de produção textual, adicionado aí ao espaço social que emerge este discurso e adquirem sentido, por meio da interpretação das falas dos envolvidos no contexto social estudado. E por fim, o nível sociológico, que tem por objetivo explicar o discurso, por meio da conexão entre os discursos, relações com os processos sociais onde é produzido com foco em produzir conhecimento sobre a realidade social. Neste nível, há a possibilidade de produção de discursos relacionando-se a estrutura social e cultural, tendo como ponto adicional a ideologia (Godoi, Coelho, & Serrano, 2014; Ruiz, 2014; Penalva et al., 2015).

Sob a ótica do analista, Orlandi (2015, p. 58) salienta que o ato de escutar do discurso já é uma interpretação, pois “uma mesma palavra, na mesma língua, significa diferentemente, dependendo da posição do sujeito e da inscrição do que diz em uma ou outra formação discursiva.” A autora ainda argumenta que a interpretação ocorre em dois momentos: primeiro quando se considera a própria interpretação já como parte do objeto de análise, e em segundo lugar, quando o próprio analista está envolvido no processo de interpretação, necessitando, pois, o analista deslocar-se desta relação sujeito/interpretação.

A AD tem como pressuposto a dimensão conotativa da linguagem, ou seja, é a capacidade de determinados sinais de linguagem receber ou ter novos significados, oferecendo possibilidades dinâmicas dentro de um discurso, comunicando muito mais do que é explicitado, associando-se a outros sinais que vão se modificando daquilo que realmente se está comunicando, isto é que se chama correferência, que é a relação existente entre dois ou mais termos, ou seja, uma palavra pode ser substituída por outra, e mesmo assim guarda o conceito

original. A conotação é utilizada para captar discursos, muito utilizada em retórica, ou seja, visa estudar o deslocamento de sentido que produz. É muito utilizada em figuras de linguagem como metáforas, metonímias, símbolos. Pode-se também utilizar palavras de outros campos semânticos com vistas à produção de sentido no discurso (Penalva et al., 2015).

A retórica está intimamente relacionada com a persuasão e na maneira como os significados mudam para a produção de comoção, sendo que o pesquisador deve estar preparado para o informante utilizar estas figuras de linguagem, e a análise no discurso vem a ser como uma explicação dos textos produzidos (Alaminos, 1999; Penalva et al., 2015). Por fim, a psicanálise contribui para a AD no que se refere à significação dos discursos, a relação entre os significantes e os significados. Isto se manifesta pela dicotomia presença/ausência, falar/não falar o que interessa ou não, e estes significados contribuem para geração de um discurso, que podem ser obtidos pelos informes verbais a partir dos sentidos retóricos captados pelo pesquisador (Penalva et al., 2015).

No documento Monica Cristina Rovaris Machado - Univali (páginas 91-94)