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2.1 EMPREENDEDORISMO SOCIAL (ES) - ALGUMAS DEFINIÇÕES

2.1.4 Fatores Externos

Um dos desafios dos empreendedores sociais é a mobilização em busca de recursos financeiros que podem ser obtidos na iniciativa privada, por meio de doações individuais, institutos ligados às empresas, fundações familiares ou empresariais, organizações religiosas ou ainda em fontes institucionais como governos e agências internacionais. É importante ressaltar que apesar de existirem diversas fontes de possíveis recursos, o empreendedor social deve buscar fontes diversificadas, diminuindo a instabilidade e dependência de poucas fontes de recursos (Freller, 2013). A viabilidade financeira de um empreendimento social é um ponto crucial para que se possam continuar as atividades relacionadas à sua missão social, pois este tipo de organização é vulnerável e tem um significativo risco econômico (Defourny & Nyssens, 2012; Andrade, Costa, & Faller, 2016).

Outro desafio para as organizações sociais é no que diz respeito à geração da própria renda, para que assim tenha possibilidades de manter seu (s) empreendimento(s) sem a dependência externa. Feller (2013) destaca que isso pode ser obtido por meio de editais, que geralmente fundações e o governo lançam para apoiar atividades do terceiro setor, geração de renda com apoio de ferramentas e mídias sociais como a utilizada pelo Greenpeace ou Médicos sem Fronteiras, e pelas estratégias de marketing social em sites de internet, por exemplo, que podem auxiliar em financiamento dos empreendimentos por meio da disposição de banners ou cookies, bem como ações de Crowdfunding, SMS e Click to Call, ferramentas que contribuem para unir empreendimentos e apoiadores de causas sociais.

Figura 2

Empreendedorismo Social e seus agentes.

Fonte: Austin, J. et al. (2006). Social and Commercial Entrepreneurship: Same, Different, orBoth?.

Entrepreneurship Theory and Practice, 30(1), 1-22.

No que se refere aos ambientes de atuação do empreendedor social geralmente são as comunidades que necessitam de apoio na resolução de problemas, e onde o impacto social possa ser criado e os resultados alcançados (Dees e Anderson, 2006), o empreendedor social pode trabalhar como agente de mudança social, aproveitando a oportunidade na disseminação de novas abordagens e soluções para problemas sociais e econômicos, promovendo soluções sustentáveis em longo prazo (Kickul, Janssen-Selvadurai, & Griffiths, 2012).

Bacq e Janssen (2011) apresentam quatro critérios que refletem as dimensões econômicas e empresariais das iniciativas considerados sociais: uma atividade contínua de bens e/ou produção e venda de serviços; um alto grau de autonomia; um nível significativo de risco econômico; e uma mínima quantidade de trabalho remunerado. Já a Rede EMES (International Research Network) cria dois critérios para classificar as empresas sociais, o primeiro é o econômico, a organização social tem por objetivo desenvolver atividades de forma contínua na produção de bens e serviços, com alto grau de autonomia, o risco econômico a que se submete é significativo, e tem uma quantidade mínima de trabalho remunerado em sua estrutura. O outro critério é o social, com o objetivo de beneficiar a comunidade em que está inserida a empresa, onde é geralmente criada por um grupo de cidadãos dispostos a resolver um problema social, o poder de decisão não está atrelado ao capital individualmente investido, a participação envolve

os diversos membros, independentemente de sua atividade, a distribuição de lucro é limitada, geralmente reinvestida na organização (Borzaga, Depedri, & Galera, 2012). Os empreendedores sociais possuem uma visão diferenciada, conseguem analisar o ambiente de forma distinta, tanto o interno quanto o externo, enxergando possibilidades não vistas pelos demais, e que se propõem a fazer algo para mudar este quadro (Andrade, Costa, Vasconcelos, & Ramos, 2016).

Os empreendimentos sociais são encontrados principalmente em áreas como os serviços sociais, cultura e recreação, desenvolvimento e habitação, educação e pesquisa, meio ambiente, saúde, intermediários filantrópicos e promoção de voluntariado, direito, advocacia e política, religião, associações empresariais e profissionais, sindicatos e internacionais, podendo depender ainda das necessidades emergentes de uma comunidade, e os seus processos devem ter relação com o meio ambiente de forma a criar valor dentro do contexto onde ele ocorreu (Aslund & Backstrom, 2015; Brown, 2011; Kickul et al., 2012; Terjesen et al., 2015).

Veretennikova e Kozinskaya (2017), afirmam que quatro fatores principais que contribuem para o surgimento e desenvolvimento do terceiro setor da economia, sendo eles: o ambiente político, fundamental para o surgimento do ES, pois os empreendedores sociais buscam resolver os problemas da sociedade; o ambiente político que são as forças que caracterizam a identificação dos problemas sociais, por meio de um clima político favorável para que pessoas ou grupos resolvam os problemas ou por meio do desenvolvimento, promoção e suporte dos empreendimentos. O outro fator é o legal, pois como ele ocorre de forma interativa, há a necessidade de segurança jurídica para o seu desenvolvimento, e por fim as condições socioculturais que criam condições favoráveis para sua emergência, e estimulam o crescimento e contribuem para o seu desenvolvimento dentro do ambiente social. O ambiente cultural contribui para comportamentos não-conformativos, por meio das normas culturais e ideais de um raciocínio ético, fortalecendo os valores de justiça e cuidados também com o ambiente onde está o empreendimento, fazendo com que o engajamento ao Empreendedorismo Social seja mais elevado do que em locais onde este ambiente não seja tão propício (Hechavarría, Terjesen, Ingram, Renko, & Justo, 2017).

Outro fator que tem relação no ES são os stakeholders. A teoria dos stakeholders visa identificar e reconhecer as características das partes interessadas, estabelecendo uma boa relação entre os envolvidos. Conhecer os stakeholders é essencial para assegurar a legitimidade da empresa em relação a eles, permitindo maior cooperação entre as partes. O termo stakeholder foi utilizado pela primeira vez em 1963, para determinar “grupos que forneciam o apoio necessário para uma organização sobreviver” (Freeman, 1984).

Os stakeholders podem ser definidos ainda como pessoas/grupos com interesses legítimos em aspectos internos ou externos à atividade da empresa, sendo estes: investidores, empregados ou outros atores/agentes que tenham contratos legais com a empresa e até mesmo que não tenham, tais como a comunidade com interesses ambientais e empregados em potencial, entre outros (Donaldson & Preston, 1995). Para classificar os stakeholders, primeiramente se deve identificar todos os que afetam e os que são afetados pela organização, e depois priorizá-los de acordo com os objetivos organizacionais. A classificação pode ser feita a partir de Teoria dos Stakeholders, que envolvem os seguintes aspectos: Público Interno, Meio Ambiente, Fornecedores, Consumidores/Clientes, Comunidade, Governo e Sociedade, Sindicatos, Os Concorrentes, Bancos e Agentes Financeiros (Freeman,1984). As organizações possuem relação de dependência com todos os stakeholders, mas tal dependência sofre variações, dependendo dos interesses relacionados (Hitt, Ireland, & Horkisson, 2005).

Para desenvolver a relação com os stakeholders, Krick, Forstater, Monaghan e Sillanpää (2006) enumeram os benefícios deste tipo de relação como: facilita o processo de gestão, desenvolve a confiança recíproca, conduz um processo de desenvolvimento social mais equitativo e sustentável, bem como a combinação de recursos como conhecimento, pessoas, dinheiro e tecnologia que contribuem para a resolução de problemas na organização. Para a teoria dos Stakeholders, as organizações devem ao identificá-los buscar atender seus interesses, dando legitimidade e visando a garantia e sobrevivência do empreendimento, numa relação de longo prazo (Estefanuto, Farley, & Nobre, 2016; Freeman, 1984). Nas organizações sociais, a criação de valor ocorre a partir da gestão de recursos disponibilizados aos e pelos stakeholders, sendo que a criação de valor acontece a partir da satisfação dos múltiplos interesses (Silva, 2011). A teoria dos Stakeholders ainda prega e defesa de interesses dos diversos grupos que são afetados pelo desenvolvimento dos empreendimentos, criando valor a seu favor e para as partes interessadas (Morgestein Sánchez, 2012).

Outro fator a ser analisado são as políticas públicas dos governos. Para Weber (1967), o Estado se torna legítimo no estabelecimento de políticas por meio de um conjunto de esforços dos detentores do poder, autênticos representantes do poder que lhes foi imbuído, além do poder carismático escolhido através de pleito político. Fischer (1984, p. 278) lembra que até 1930, “o administrador público era considerado um mero executor de políticas, dentro de princípios de eficiência, considerados não apenas o fim do sistema, mas também a medida de eficácia do mesmo”, sendo um interlocutor entre as classes dominantes, que detinham o poder e o povo, que era levado a aceitar a política como fruto da sua vontade. Para Bobbio (1997), dentre as

diversas repostas a serem dadas pelos governantes é a de dar soluções aos problemas e demandas sociais, através de decisões coletivas e que possam ser desfrutadas por toda a sociedade.

Para Serafim e Dias (2012), Política Pública refere-se a “uma ação ou conjunto de ações por meio das quais os Estados interferem na realidade, geralmente com o objetivo de atacar um determinado problema”, o que pode dar uma visão simplista aos problemas e necessidades da sociedade contemporânea. Kanaane, Fiel Filho e Ferreira (2010, p. 3) definem políticas públicas como “disposições, medidas e procedimentos que traduzem orientação política do Estado e regulam as atividades governamentais relacionadas às tarefas do interesse público”.

O termo Política tem gerado muitos significados ao longo do desenvolvimento da vida das sociedades, podendo denotar vários significados como os defendidos por Saraiva (2006, p.

19), como política pública, que se refere ao campo de atividade governamental, tendo como exemplos a política de empregos, política de reflorestamento, política energética. Política também pode ser definida como o derivado do termo Policy, onde pode ter uma definição mais concreta e tem a ver com as orientações para a decisão e a ação (Secchi, 2013).

No que se refere à Política Pública, Secchi (2013) ainda afirma que os conteúdos concretos estão ligados às práticas e ações do poder público, e os conteúdos simbólicos ligados a ideologias e vontades dos diversos segmentos sociais que interferem na adoção das políticas públicas. Ele define política pública como sendo a “diretriz elaborada para enfrentar um problema público”. Para que haja uma definição do que seja Política Pública, Secchi (2013, p.

2) propõe respostas para questionamentos sobre os atores estatais, ou não estatais, se há omissão ou negligência na política pública a ser elaborada, ou ainda, quais as diretrizes estruturantes envolvidas.

O Empreendedorismo Social é um aliado das políticas públicas, no sentido de ser um instrumento para a sua aplicação e desenvolvimento, pois com as dificuldades econômicas enfrentadas pelas sociedades desenvolvidas como as em desenvolvimento, há cada vez mais a redução da proteção social, crescimento da tensão e um número maior de pessoas a serem atendidas por serviços que o Estado oferece de forma precária, ou não oferece, melhorando assim os níveis de segurança social. Eles ainda definem o ES como a capacidade em fazer transformação social, inovação e educação criando efeito social e o resultado com duplo efeito, o social e econômico. Os modelos de financiamento do ES podem ser de subvenções de serviços sociais, voltados para grupos de minorias ou vulneráveis, desenvolvimento e promoção do

voluntariado, filantropia, lojas de caridade, inclusão e adaptação social, emprego, entre outros (Cherchyk, Kolenda, & Matviichuk, 2017).

Por outro lado, os empreendedores enfrentam desafios no desenvolvimento do seu trabalho, pois: falta de apoio do governo, os sistemas de ensino público não contemplam o desenvolvimento desta competência, apoio financeiro deficiente, mudanças no ambiente institucional do ES, custos sem o devido controle comprometendo o empreendimento social, domínio da área por empreendedores sociais mais antigos ou filantropos ricos, falta de pessoas qualificadas para trabalhar no terceiro setor, desconhecimento da comunidade do que é um empreendimento social com ou sem fins lucrativos (Devi, 2016). Apesar dos estudos terem sidos realizados na Índia, estas dificuldades também podem ser reproduzidas em outras comunidades, pois muitos destes problemas também são enfrentados por empreendedores sociais em países desenvolvidos ou em desenvolvimento. Num estudo desenvolvido por Sengupta, Sahay e Croce (2017), o Empreendedorismo Social no Brasil é desenvolvido nas áreas de parceria e participação comunitária social, melhoria da qualidade da vida das comunidades de periferia, redução da pobreza, bricolagem social, prevenção da violência, negócio social inclusivo e desenvolvimento local. Já na Espanha, o terceiro setor é caracterizado por atividades cooperativas, inserção laboral, inclusão social de minorias e vulneráveis, entre outras atividades (Bacq & Janssen, 2011)

Para apoiar as políticas da União Europeia, a economia social começa a ser delineada de forma institucional a partir de 1992 com a criação do Comitê Econômico e Social Europeu, com o objetivo de apresentar propostas para este setor na região. A carta de princípios da Economia Social foi instituída no ano de 2002, onde por meio da Conferência Europeia de Cooperativas, Mutualidades, Associações e Fundações, introduziu um conjunto de princípios norteadores para esta realidade delineando princípios como formas de adesão, objetos sociais, controle democrático dos participantes, combinação dos interesses do grupo e de forma geral, autonomia de gestão e independência em relação aos governos, objetivos das organizações a favor do desenvolvimento sustentável do grupo e da comunidade, entre outros (UE, 2018).

A Rede EMES foi criada em 1996 para investigar a atividade empresarial social nos países membros (Haugh, 2005), e leva em conta a realidade nacional Europeia diferente e define as “empresas sociais” como “organizações que tem como objetivo explícito beneficiar a comunidade, iniciado por um grupo de cidadãos e no qual o interesse material dos investidores de capital está sujeito a limites” (Defourny & Nyssens, 2012). De acordo com a Rede EMES, iniciativas de empreendedorismo social devem ter um objetivo explícito de serviço para

comunidade que abrange questões sociais e ambientais, e os modelos organizacionais europeus estão enquadrados em modelos de empresas sociais, unidades de análises estudadas sob o prisma da inovação e do ES, mas necessariamente em articulação e sob influência dos modelos organizacionais tradicionais e das suas estruturas de gestão baseadas no trabalho associado (Parente et al., 2011). Nas legislações Europeias em geral, "empresas sociais" devem ser conduzidas por seus objetivos sociais. Apesar de algumas diferenças na maneira de expressá- la, as três escolas de pensamento concordam claramente no fato de que a missão social está no cerne da coesão social do empreendedorismo (Bacq & Janssen, 2011).

O ES na Espanha segue as mesmas diretrizes da UE. A partir da Constituição Espanhola de 1978, o país entra numa nova fase de fomento as atividades de economia social, que contempla as diferentes iniciativas do setor. Um novo marco jurídico é estabelecido pela lei 5/2011 de 29 de março de 2011, tendo como objetivo estabelecer um conjunto de entidades que fazem parte do setor, definição de economia social, entre outros. Em seu artigo 2º, define economia social como sendo um conjunto de atividades econômicas e empresariais, de âmbito privado, de interesse coletivo dos membros, abarcando interesse econômico ou social, ou ainda ambos. Os princípios orientadores da lei são apresentados no seu artigo 4º, que diz em linhas gerais: as pessoas e o social têm preferência em relação ao capital, à gestão das empresas sociais devem ser autônomas e transparentes com princípios democráticos e participativos, os resultados obtidos por meio dos trabalhos dos sócios devem ser revertidos para a entidade, promoção da solidariedade interna e compromisso com o desenvolvimento local, com igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, promoção da coesão social, inserção de pessoas com risco de exclusão, bem como a conciliação dos campos da vida pessoal, familiar, do trabalho e da sustentabilidade, e por fim ser independente dos poderes públicos.

No artigo 5º são apresentadas as entidades com compõem este setor da economia espanhola: cooperativas, mutualidades, fundações e associações que possuam atividades econômicas, sociedades laborais, empresas de inclusão, centros especiais de emprego, confraria de pescadores, sociedades agrícolas de transformação e outras entidades criadas por normas específicas, mas que são norteadas pelos princípios da economia social espanhola. No seu artigo 6º, informa que o órgão responsável pelo fomento da economia social é o Ministério do Trabalho da Espanha, e que cada comunidade autônoma poderá elaborar e manter leis e listagens com as entidades que integram a economia social, bem como o seu funcionamento, em caso de particularidades. No artigo 8º, afirma que a economia social por meio do poder público, tem como função a promoção da economia social, bem como remover os obstáculos

que impedem o desenvolvimento da atividade econômica do setor, facilitar as iniciativas de economia social, promover os princípios e valores da economia social, facilitar o acesso à promoção tecnológica e de organização das entidades do setor, criar um ambiente que contribua no desenvolvimento das iniciativas econômicas e sociais, criar e promover políticas de emprego para os mais afetados como mulheres, jovens e desempregados de longos períodos, incluir no sistema educativo planos de estudo referentes a economia social, fomentar o desenvolvimento da área rural.

Para o financiamento do setor, o governo espanhol apoia as iniciativas por meio de créditos do Ministério do Trabalho, e com planos de trabalho de períodos bianuais específicos para o setor, e as comunidades autônomas fomentam o setor por meio de convênios de colaboração e leis específicas para este fim. No ano de 2015, o governo espanhol aprovou uma lei 31/2015 de 9 de setembro, que modificou alguns artigos da lei original por meio de modificações e atualizações. Na Comunidade Valenciana, por meio do Conselho de Economia, Fazenda e Emprego são estabelecidas diretrizes para a promoção, fomento e difusão da economia social. As empresas contempladas com este fomento são as entidades associativas, cooperativas, mutualidades e sociedades laborais. Por meio de subvenções, a CV contribui para que as organizações possam desenvolver suas atividades, e são contemplados gastos com o seu funcionamento, investimento em móveis e equipamentos para as empresas sociais, manutenção da rede especializada em informação do setor. A lei 1/2014 de 28 de fevereiro de 2014 institui o Comitê Econômico e Social da Comunidade Valenciana (CV) que tem por objetivos institucionalizar as políticas dos assuntos econômicos, sócios laborais e de emprego, e tem por objetivo ser referência para os setores sociais, econômicos e produtivos da comunidade autônoma, que atuam em consonância com as leis maiores espanholas. Pela ordem 30/2010, o governo da CV concede ajuda e subvenções para as organizações do terceiro setor da comunidade.

No que refere ao Brasil, o ES surgiu como forma de atender o alto déficit social, buscando principalmente a geração de emprego e renda. A partir da década de 1990, o crescimento de ações voltadas para a filantropia por meio de empresas privadas cresceu amplamente, bem como a atuação de entidades da sociedade civil (Tyszler, 2007), e elas têm um papel fundamental na conquista da justiça social que muitos Estados são incapazes de atender as necessidades destas populações (Tenório, 1999). As organizações do terceiro setor visam suprir as necessidades e deficiências do primeiro e segundo setor da economia, sendo chamadas de Organizações não Governamentais (ONG) e demais tipos de OS com

características específicas e geralmente sem fins lucrativos, geralmente em atividades consideradas empreendedoras e ocupando espaços deixados pelos serviços públicos, seja por meio de terceirização, parcerias ou outros meios de execução dos serviços (Santos & Concheto, 2009).

As classificações econômicas divergem principalmente no que se refere à legislação de cada país. O terceiro setor pode ser considerado como um conjunto de iniciativas da sociedade civil organizada na satisfação de políticas públicas de cunho social e sem fins lucrativos. Neste sentido, apoia o primeiro setor da economia, o setor público, pois têm objetivos e atuação em espaço geralmente não ocupado pelo Estado, ou delegados às organizações especializadas no atendimento específico de demandas sociais. As ações do terceiro setor visam na redução de processos de exclusão/marginalização de populações afetadas pela pobreza, bem como objetiva no desenvolvimento de novos espaços de trabalho e geração de renda (Teodósio, 2003; Silva, Souza Neto, Abreu, & Cortez, 2009).

O terceiro setor também pode ser definido como “o conjunto de organizações privadas que desenvolvem ações que visam à prestação de serviços considerados de interesse público, cujos resultados alcançados se revertem à própria sociedade” (Vilanova, 2004, p. 32). Além da dificuldade de caracterizar o terceiro setor no Brasil, devido às diferenças entre as organizações que atuam neste setor, torna-se imprescindível identificar as categorias organizacionais que a compõem e usualmente mais utilizadas: (1) o setor formado por instituições religiosas e entidades ligadas às Igrejas; (2) as organizações não governamentais e movimentos sociais; (3) os empreendimentos “sem fins lucrativos” no setor de serviços; (4) o setor paraestatal e nascido sob a tutela do Estado, e (5) o setor de fundações e entidades empresariais com objetivos filantrópicos (Falconer, 1999, p. 94; Vicente et al., 2009; Código Civil Brasileiro, 2015).

A economia social ou "terceiro setor" tem se expandido, e seu crescimento muitas vezes atribuído a problemas estruturais e de gestão nos serviços sociais do funcionamento do Estado (Shaw & Carter, 2007). Comini, Barki e Aguiar (2012) colaboram para o debate ao indicarem três termos que envolvem o Empreendedorismo Social: empresas sociais, negócios inclusivos e negócios sociais, que constituem: [...] “alguns dos termos frequentemente utilizados para explicar organizações com intenção de resolver problemas sociais, com sustentabilidade financeira e eficiência ao utilizar mecanismos de mercado” (Comini et al., 2012, p. 386). Mais recentemente, o terceiro setor apresenta diversos conceitos como negócios sociais, empreendedorismo social e negócios com impacto social, entre outros. Embora diferentes, eles têm em comum a ideia de usar uma empresa modelo com um propósito mais elevado,

No documento Monica Cristina Rovaris Machado - Univali (páginas 42-52)