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Coleta, conservação e transporte de amostras de fezes

No documento guia de Vigilância Epidemiológica (páginas 162-165)

P OLIOMIELITE

2.3.3. Coleta, conservação e transporte de amostras de fezes

Coleta de amostras de fezes dos casos

Deve ser coletada uma amostra de fezes, até quatorze dias após o início da deficiência motora.

A amostra de fezes constitui o material mais adequado para o isolamento do poliovírus.

Embora os pacientes com poliomielite eliminem poliovírus durante semanas, os melhores resultados de isolamento são alcançados com amostras fecais coletadas na fase aguda da doença.

ð Todo caso conhecido tardiamente deverá ter uma amostra de fezes, coletada até 60 dias após o início da deficiência motora.

ð O “swab” retal somente é recomendado, naqueles casos de paralisia flácida aguda (PFA), que foram a óbito antes da coleta adequada de fezes. Em crianças que apresentam obstipação intestinal, dificultando a coleta de amostras de fezes, pode-se utilizar supositório de glicerina.

Coleta de amostras de fezes de contatos: não é mais necessário coletar amostra de fezes de contatos em todos os casos de PFA, devendo as mesmas somente serem coletadas nas seguintes situações:

ð contato de casos, com forte suspeita diagnóstica de poliomielite, independente de ter havido coleta de fezes, ou do tempo transcorrido entre o início da deficiência motora e o conhecimento do caso; e

ð contato de casos, cuja clínica não é compatível com poliomielite, porém há suspeitas de reintrodução da circulação do poliovírus selvagem.

Observar que os contatos não são necessariamente intradomiciliares, embora, quando presentes, devam ser priorizados para coleta de amostras de fezes, e que os mesmos não devem ter recebido vacina contra poliomielite (VOP), nos últimos 30 dias.

Conservação e transporte de amostras de fezes

ð Colocar cada amostra em um recipiente limpo e seco (de preferência nos coletores distribuídos para esse fim), e vedar bem. A quantidade de fezes recomendada deve eqüivaler ao tamanho de dois dedos polegares de adulto.

ð Os recipientes, contendo amostras fecais, devem ser conservados em

“freezer” a -20°C, até o momento do envio. Na impossibilidade da utilização de “freezer”, colocar em geladeira comum (4 a 8°C), por até no máximo 3 dias, não devendo jamais ser colocada em congelador comum.

ð O transporte deve ser feito em caixa térmica com gelo. Os recipientes das amostras devem estar acondicionados em saco plástico bem vedado, para que, em caso de descongelamento, não haja risco de molhar o material.

ð A caixa térmica deve conter uma quantidade de gelo capaz de resistir ao tempo que vai demorar para chegar ao laboratório, e deve ser fechada por fora, com fita adesiva.

ð Deve ser enviado ao laboratório, acompanhando as amostras de fezes, o

“Formulário para envio de amostras de fezes ao laboratório”, devidamente preenchido.

Coleta, conservação e transporte de material de autópsia: além da possibilidade de isolamento do poliovírus em material de autópsia, podem ser identificadas alterações sugestivas de poliomielite, através do exame anatomopatológico.

ð Coleta: devem ser coletadas, para exame, amostras de:

- Cérebro (bulbo, ponte, mesencéfalo e área motora do giro pré-central);

- Medula espinhal (corno anterior das regiões cervical, torácica e lombar); e - Intestino (Placas de Peyer).

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ð Conservação: as amostras coletadas devem ser fracionadas, e colocadas em frascos individuais, identificadas com o nome do caso, tipo de material e data de coleta, sendo conservadas de acordo com os exames a serem realizados.

- Para isolamento de poliovírus: colocar em frasco contendo solução salina tamponada: fragmentos de cérebro, medula e intestino (placas de Peyer).

Conservar de forma idêntica à utilizada para o material fecal.

- Para exame anatomopatológico: o ideal, para exame anatomopatológico, é que se envie o encéfalo e medula já fixados, por pelo menos 2 semanas em formol a 10%. Na impossibilidade de enviar todo o material, fragmentos representativos de córtex cerebral, gânglios de base, tálamo, cerebelo, tronco cerebral e sobretudo medula espinhal, podem ser enviados, seja no formol, seja já incluídos em blocos de parafina para preparação histológica. Em última análise, lâminas em branco, ou já coradas pelo método HE (hematoxilina-eosina), podem ser enviadas.

ð Transporte: o material para isolamento de poliovírus deve ser acondicionado em caixa térmica, contendo gelo em quantidade suficiente para garantir sua adequada conservação, até a chegada ao laboratório.

2.4. T

RATAMENTO

Não há tratamento específico. Todos os casos devem ser hospitalizados, fazendo tratamento de suporte.

3. A

SPECTOS

E

PIDEMIOLÓGICOS

A poliomielite foi uma doença de alta incidência no país, sendo responsável por centenas de deficientes físicos a cada ano, em virtude das seqüelas. Atualmente, encontra-se erradicada, após implantação das ações de imunização e vigilância epidemiológica, desenvolvidas a partir de 1980. Após o recebimento do “Certificado de Erradicação”, em 12 de outubro de 1994, o grande desafio para o setor saúde brasileiro é o de manter uma vigilância epidemiológica ativa, e uma cobertura vacinal capaz de impedir a reintrodução da circulação do poliovírus selvagem no território nacional. Esta tarefa depende de todos os profissionais que trabalham na rede de saúde do SUS. Para atingir este objetivo, a vacina oral contra a poliomielite (VOP) é o principal recurso disponível. Esta começou a ser utilizada no controle da doença, no país, em 1971, com os projetos experimentais realizados em Santo André/SP e Petrópolis/RJ. Na segunda metade da década de setenta, foi introduzida como atividade de rotina na rede básica de saúde.

Em 1980, iniciaram-se as Campanhas Nacionais de Vacinação. Nos primeiros cinco anos, as campanhas atingiram coberturas quase sempre superiores aos 90%; a implantação dessa ação mudou consideravelmente o panorama, com o número de casos de poliomielite caindo acentuadamente.

Entre 1984 e 1987, verificou-se redução das coberturas vacinais das campanhas, diminuição esta que ocorreu de forma heterogênea, sendo maior na Região Nordeste.

Além disso, a formulação da vacina em uso apresentava problemas, quanto à imunogenicidade relacionada ao poliovírus tipo 3. A diminuição das coberturas

vacinais, associada à falha na imunogenicidade, refletiram-se na ocorrência de epidemias de poliomielite naquela região.

A partir de 1988, os patamares de cobertura vacinal atingiram níveis superiores a 90% nas campanhas, sendo este, aliado à mudança na composição da vacina, um fator decisivo para a erradicação da poliomielite no país, e sua manutenção.

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No documento guia de Vigilância Epidemiológica (páginas 162-165)