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O perfil dos participantes da pesquisa: a escolha dos estudantes da disciplina de filosofia

4.2 O percurso metodológico e o espaço de investigação

4.2.1 O perfil dos participantes da pesquisa: a escolha dos estudantes da disciplina de filosofia

em conta experiências e empatia entre pesquisador/docente e objeto/estudante tanto dentro do contexto da sala de aula quanto fora dela. Para Cunha (1994), essa empatia está amparada, especialmente, no colocar-se no lugar do outro e, como já mencionado anteriormente, nós nos enxergamos no modo de viver a vida desses estudantes.

Não podemos negar que a nossa justificativa acerca do perfil dos alunos teve como fundamento o convívio com eles, levando em consideração a relação construída durante os três anos do ensino médio e a nossa prática docente na disciplina de filosofia entre os anos de 2019 e 2021 na Escola X, tanto de forma presencialmente quanto remota.

Para Gamboa (2013, p. 162):

A escolha do campo onde serão colhidos os dados, bem como dos participantes é proposital, isto é, o pesquisador os escolhe em função das questões de interesse do estudo e também das condições de acesso e permanência no campo e disponibilidade dos sujeitos.

Como docente da disciplina, nós poderíamos já ter em mente as turmas e os estudantes pré-definidos, mas, como pesquisador, buscamos seguir um cronograma com critérios bem definidos e relacionados ao nosso objeto de estudo. Aqui são levadas em consideração as turmas participantes da grade curricular nos três anos do ensino médio, além da disponibilidade do/a estudante durante todo o processo de pesquisa.

Além de justificar as escolhas, buscamos formalizar as questões discutidas e as turmas com perfis específicos para participar do estudo. Esteve fora desse juízo de escolha qualquer definição antecipada relacionada à ideologia política, à classe social, a etnias, a gênero ou a crença religiosa. Correr o risco de trilhar uma centralização de pensamento pode caracterizar uma polarização das ideias, por isso procuramos orientar nossa pesquisa sob o aspecto do

respeito e do reconhecimento da subjetividade e diversidade, que fazem parte do objeto/estudante pesquisado.

Devemos observar que esse campo de estudo tem nossa participação como docente da disciplina e como pesquisador. Enquanto pesquisador, tendo em vista a pesquisa de doutorado em andamento, buscamos alinhar nosso objeto de estudo com a nossa prática profissional em curso. Como docente, trata-se de um professor efetivo com carga horária de 30 horas na educação básica do Estado de Alagoas, sendo 10 horas para trabalhos de departamento – isto é, fora de sala de aula – e 20 horas para prática docente exclusiva no ensino do conhecimento filosófico dentro de sala de aula. A experiência filosófica, em sala de aula, na escola pública, dispõe de uma hora/aula por semana e são, no total, 20 turmas semanais.

Para o desenvolvimento da pesquisa, tomamos, como base, as dez turmas que fizeram parte da disciplina de filosofia entre os anos 2019 e 2021 como turmas potencialmente aptas a fazer parte de nossa pesquisa. A referida delimitação considera a vivência filosófica durante os três anos do ensino médio na mesma escola e com o mesmo docente/pesquisador, para que, desse modo, cada estudante pesquisado/a pudesse dispor do mesmo nível de conhecimento, sem quaisquer diferenças quanto ao que foi ofertado na disciplina. Assim sendo, ao levarmos em conta os/as participantes que entraram na pesquisa dispondo do mesmo tempo de conhecimento filosófico na Escola X, imaginamos que esses sujeitos estiveram presentes nas discussões dos assuntos ofertados e discutidos em sala de aula, durante os três anos da disciplina de filosofia do ensino médio.

Se o conhecimento ofertado foi bom ou se foi assimilado por todos e todas, não fez parte de nosso estudo ou de nossos parâmetros. Nossa pretensão foi unificar a amostra, mas por outro lado, foi também de contemplar concepções e narrativas diferentes, pois “saber” ou “não saber”

o assunto, não se tornou condição importante em nosso diálogo. Lembramos que um dos requisitos para participação do estudante na pesquisa, era fazer parte das nossas turmas de filosofia durante os anos de 2019 a 2021.

Nesse aspecto, tendo como base as dez turmas de ensino médio que fizeram parte da disciplina de filosofia ministrada pelo docente/pesquisador desde 2019, pensamos, inicialmente, em realizar a pesquisa de campo com um percentual entre 15% e 30% do total de turmas. A princípio, propusemo-nos a trabalhar com 20% das dez turmas da nossa grade docente. Mas, com desistências, repetências, remanejamentos e transferências, apenas sete turmas que iniciaram sua formação básica em filosofia na Escola X no ano de 2019 chegaram no último ano do ensino médio em 2021.

Essas sete turmas que cursavam o terceiro ano em 2021 eram compostas ainda por estudantes provenientes de outras instituições escolares, por estudantes que vieram de outra instituição sem nunca sequer terem visto filosofia e/ou por estudantes da escola que não faziam parte da grade de disciplinas do docente/pesquisador. Com isso, o convite de participação para esta pesquisa foi lançado a todos os alunos e alunas das sete turmas que atendiam ao critério principal e básico deste estudo, qual seja, desenvolver o trabalho de campo apenas com os/as estudantes que participaram da disciplina de filosofia desde o primeiro ano do ensino médio em 2019 até o final dessa etapa em 2021.

As setes turmas aqui mencionadas contavam com, aproximadamente, 48 alunos regularmente matriculados na disciplina de filosofia, o que significa que levantamos um número geral de, aproximadamente, 330 alunos. Desses 330 estudantes, apenas dois terços faziam parte dos discentes que caminharam junto ao docente/pesquisador entre os anos de 2019 e 2021 na mesma disciplina. Desses dois terços, 33 alunos dispuseram-se a participar da pesquisa, ou seja, conseguimos o equivalente a 15% da quantidade geral de alunos aptos a participarem do estudo em questão. Dessa forma, vale apontar que os resultados não poderão ser, em nenhum momento, generalizados, apesar de esse percentual de participantes nos autorizar a realizar ilações que impactam a prática como um todo.

Fundamentado o perfil de escolha dos estudantes para participar da pesquisa, promovemos a segunda parte, que foi a formalização do convite, conforme expresso no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido:

Caros alunos e alunas, paz e bem! Sua participação é voluntária e você pode recusar ou interromper o preenchimento do questionário a qualquer momento. Sua contribuição é fundamental para que esta pesquisa possa alcançar seus objetivos de investigar como o conhecimento filosófico na sala de aula pode contribuir com o modo de vida dos estudantes durante o percurso do Ensino Médio e, como resultado, provocá-los diante dos descasos, destituições ou privações presentes em nosso cotidiano, condicionantes que corroboram para uma vida conformada, despreocupada e ociosa.

Portanto, sintam-se à vontade para responder e compartilhar suas vivências com o conhecimento filosófico em sala de aula e fora dela. Seu anonimato está garantido, de forma que não há riscos de que dados individuais sejam identificados como seus. Os resultados serão tratados estatisticamente de forma agregada e os respondentes não serão identificados, privilegiando o sigilo de suas informações.

Esse questionário está dividido em duas partes e possui o intuito de coletar dados sobre a realidade de vida de cada sujeito e da importância da disciplina de FILOSOFIA na vida dos alunos e alunas na Educação Básica. Esta pesquisa é desenvolvida pelo doutorando, José Aparecido de Oliveira Lima, sob a orientação do Profº Junot Cornélio Matos, do Programa de Pós-Graduação em Educação, do Centro de Educação da Universidade Federal de Alagoas.

O referido estudo tem como título: A filosofia como filosofia de vida: sua importância na interpretação crítica do viver. A pesquisa foi aprovada no comitê de ética com o número de Certificado de Apresentação para Apreciação Ética – CAAE: 53000821.0.0000.5013

Caso existam dúvidas no preenchimento ou necessite de esclarecimentos, favor contatar-me pelo telefone (zap): (082) 98803-6202 ou pelo e-mail aparecido.filosofia@gmail.com

Agradecemos sua atenção e esperamos receber sua valiosa contribuição.

Para finalizar, a pesquisa foi realizada com 33 estudantes com idade entre 17 e 19 anos, concluintes das turmas do terceiro ano do ensino médio em 2021 e alunos da disciplina de filosofia entre o período de 2019 a 2021 – que aceitaram e se propuseram a responder e a participar da resolução de questionário. Vale ressaltar que o nosso estudo traz, por meio dos questionários, narrativas que podem não fornecer fatos, mas permitem adentrar as palavras que caracterizam o viver a vida desses estudantes.

Nosso intuito principal com a justificação do perfil dos estudantes que participaram da pesquisa não é prever contribuições sistêmicas para uma avaliação, mas perceber possibilidades de contribuição filosófica que possa ser relevante na compreensão do objeto/sujeito como um estudante historicamente constituído de experiências e de vivências e, especialmente, fortalecer seu modo de viver a vida sob as contribuições do conhecimento filosófico.

4.2.2 Os procedimentos de captação de dados: o “além disso” do questionário estruturado

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