• Nenhum resultado encontrado

universidade federal de minas gerais

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2023

Share "universidade federal de minas gerais"

Copied!
205
0
0

Texto

Uma análise feminista das decisões judiciais sobre violência contra a mulher do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. 11 contra a mulher por juízes do TJMG e sua compreensão do fenômeno.

AS VIOLÊNCIAS CONTRA AS MULHERES: O QUE NOS INFORMAM AS

TEORIAS DE GÊNERO E FEMINISTAS

Segundo Andrade (2005, p. 75), o Sistema de Justiça Criminal pode ser interpretado como ineficaz quando é utilizado exclusivamente para resolver os problemas de violência contra as mulheres. Como veremos agora, a violência contra as mulheres é um dos aspectos perversos das relações estruturais de violência a que as mulheres são habitualmente submetidas.

A VIOLÊNCIA COMO OPRESSÃO ESTRUTURAL

Segundo Young, é precisamente o seu carácter sistemático e constante que faz da violência contra as mulheres uma das faces da opressão. Young (1990) analisou que a violência contra a mulher é uma das formas de injustiça14 que compreender as relações distributivas seria um fator insuficiente para explicar.

DO CONTRATO EMERGE O PATRIARCADO

27 mulheres, de estabelecer o acesso livre e sistemático dos homens aos corpos das mulheres (que em última análise lhes pertenceriam) (PATEMAN, 1993, p. 17). Assim, a sociedade civil patriarcal foi dividida em duas esferas: pública e privada, e apenas a primeira recebeu atenção, poder e relevância (PATEMAN, 1993, p. 18).

O ESTADO COMO SUSTENTÁCULO PARA A ESTRUTURA PATRIARCAL

A definição central de Walby reconhece o patriarcado “como um sistema de estruturas e práticas sociais em que os homens dominam, oprimem e exploram as mulheres” (WALBY, 1990, p. 20). 16 Ao tratar do conceito de “regime de género”, Walby pretende desenvolver um conceito que esteja particularmente em diálogo com a questão da cidadania das mulheres.

A CRIMINALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES NO BRASIL

CONFERÊNCIAS E TRATADOS INTERNACIONAIS

Aqui analisaremos as convenções e tratados internacionais que tratam da questão da violência contra as mulheres. A questão da violência contra as mulheres estava entre estas recomendações da Plataforma de Acção de Pequim.

O CONTEXTO BRASILEIRO: OS MOVIMENTOS FEMINISTAS E A

Um dos gatilhos que alimentaram o combate à violência contra as mulheres no Brasil de forma pública e organizada neste momento foi a morte de Ângela Diniz. 26 Os movimentos feministas e de mulheres em Belo Horizonte estão envolvidos na luta contra a violência contra as mulheres desde o início.

A INSTITUCIONALIZAÇÃO DO ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA

32 Izumino (2004) e Vargas (2000) chamam a atenção para o facto de os relatórios policiais das esquadras especializadas em mulheres – bem como outros ficheiros relacionados com casos criminais de violência contra as mulheres – serem frequentemente problemáticos. 58 Além disso, a definição de “violência contra as mulheres” trata da mesma forma a violência que ocorre entre vizinhos e a violência que ocorre no ambiente familiar. Portanto, havia uma inadequação na legislação nacional que incluía casos de violência contra a mulher – sem especificidades, e como crimes.

Dessa forma, a reprivatização da violência contra a mulher operada pelo Jecrims não deve ser entendida apenas como um “retorno para casa”, mas, segundo a autora,.

ANOS 2000: UMA GUINADA NO ENFRENTAMENTO DAS VIOLÊNCIAS

Somente a legalização das relações sociais, no nosso caso, a legalização da violência contra as mulheres, não equivale a garantir o acesso à justiça, à democracia e aos direitos humanos preservados das mulheres (RIFIOTIS, 2008, p. 232). Em seu segundo ano de existência, a SPM, juntamente com um grande número de movimentos feministas, organizou a I Conferência Nacional de Política para as Mulheres – CNPM (2004). A fim de reduzir o número de violência contra as mulheres, os esforços centrar-se-ão nos seguintes objectivos específicos: Garantir e proteger os direitos de todas as mulheres (tendo em conta as questões étnicas, raciais, geracionais, de orientação sexual, de deficiência e as questões sociais, económicas e de integração a nível regional). ); ampliar, fortalecer e integrar serviços especializados para atender mulheres em situação de violência e também aquelas que não são especializadas, mas também compõem a rede; garantir a inclusão das mulheres em situação de violência nos programas sociais das três esferas de governo; oferecer atendimento humanizado às mulheres em todas as instituições integrantes da rede; garantir a implementação e eficácia, entre outras, da Lei Maria da Penha (BRASIL, 2013b, 43).

66 Câmara Técnica de Gestão do Estado; e incentiva a criação de consórcios públicos para o combate à violência contra a mulher (BRASÍLIA, 2010, p. 38).

A LEI MARIA DA PENHA

De todo esse percurso em relação à criminalização da violência contra a mulher no Brasil que apresentamos neste capítulo, a lei Maria da Penha representa o ápice do combate à violência contra a mulher, que é considerada o marco dessa luta (PASINATO, 2015, p. 536). O texto da Lei proíbe o uso de legislação anterior para lidar com casos de violência contra as mulheres: Art 38 Embora as declarações do FONAVID não sejam a regra, elas são diretrizes para ações judiciais em relação aos casos de violência contra as mulheres. .

Notou-se também que os tribunais de justiça, em todos os estados visitados, não deram a devida atenção à lei Maria da Penha, o que fica evidente, por exemplo, na ausência de orçamentos específicos para combater a violência contra as mulheres.

EPISTEMOLOGIAS FEMINISTAS E MÉTODOS

EPISTEMOLOGIAS FEMINISTAS’

Assim, a partir da década de 1970, as teóricas feministas também passaram a se dedicar ao questionamento dos fundamentos da ciência moderna, que se caracteriza por valores e perspectivas masculinistas (BANDEIRA, 2008). Keller (2006) argumenta que foi com a presença de mulheres em posições de liderança na ciência que esta começou a se transformar, e a partir daí começaram a “corroer o significado dos rótulos tradicionais de gênero”, tanto para as próprias mulheres quanto para as demais. . que atuaram em determinadas áreas (KELLER, 2006, p. 32). As visões consolidadas a partir da posição parcial das mulheres deixam claro que as posições hegemônicas também são perspectivas e posicionamentos, mas foram, baseadas na experiência masculina (e não de qualquer homem, mas de homens brancos que possuem imóveis para possuir). , traduzido aproximadamente como 'pessoas' e 'cidadãos'.

Observam também determinados comportamentos de homens e mulheres que, na perspectiva dos cientistas sociais tradicionais, seriam irrelevantes (HARDING, 1998).

ESTUDOS DE CASO

Finalmente, deve notar-se que os estudos de caso podem utilizar uma vasta gama de técnicas – tanto qualitativas como quantitativas – para recolher e analisar dados. A necessidade de utilização de técnicas qualitativas e quantitativas para atingir os objetivos dos estudos de caso também é apresentada por Yin (2001). Para este autor, as evidências para um estudo de caso podem vir de diversas fontes, tais como: documentos, registros de arquivo, entrevistas e assim por diante.

Portanto, segundo este autor, “qualquer descoberta ou conclusão em um estudo de caso provavelmente será muito mais convincente e precisa se for baseada em diversas fontes diferentes de informação que sigam um estilo confirmatório de investigação” (YIN, 2001, p. 121). ).

O ESTADO DE MINAS GERAIS E O ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA

Portanto, é muito difícil você resolver rapidamente o problema da violência contra a mulher (Entrevista com a representante da Subsecretaria de Política para as Mulheres). Sobre a implementação do pacto nacional de combate à violência contra a mulher no país, ele relata que. A falta de recursos orçamentários para a SPM-MG é considerada um dos maiores entraves à implementação de políticas públicas de combate à violência contra a mulher no país.

Desde 2005 existe uma Rede de Enfrentamento à Violência contra a Mulher no estado de Minas Gerais que, segundo a entrevistada da SPM-MG,

METODOLOGIA DA PESQUISA

98 A pesquisa foi realizada principalmente com base na análise de conteúdo de decisões judiciais relativas a casos de violência contra a mulher do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, no período de 1998 a 2015. Com base nos argumentos apresentados, temos nos respectivos julgamentos, que têm sido as principais ferramentas discursivas utilizadas pelos juízes para decidir casos de violência contra a mulher em Minas Gerais. Essa escolha se deve ao fato de que, ao chegar nesta instituição, os casos geralmente já foram tratados por outras instituições – como, por exemplo, a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher e os juizados criminais especializados em violência contra a mulher.

Segundo Vargas (2000), existe uma grande quantidade de informações sobre a violência contra a mulher no Brasil produzidas a partir de documentos elaborados no Sistema de Justiça Criminal, como boletins de ocorrência.

ANÁLISE DE CONTEÚDO

O princípio da análise de conteúdo é, portanto, examinar as estruturas e os elementos do conteúdo dos julgamentos para ajudar a compreender suas diversas características, a fim de derivar seu significado (LAVILLE & DIONNE, 1999, p. 214). Qual seria a diferença, então, entre uma análise de conteúdo canônica, realizada por qualquer pesquisadora, e a análise de conteúdo feminista que aqui propomos? Como dito anteriormente, o que difere do método de análise de conteúdo conduzido a partir de uma perspectiva feminista é, entre outras coisas, a inclusão de temas que de outra forma seriam invisíveis.

Levy (2007) nos apresenta algumas das questões que podem orientar a pesquisa feminista de análise de conteúdo: Qual a diferença entre representação e cultura.

ANÁLISE DESCRITIVA DOS DADOS

Esta pode ser apresentada tanto de forma quantitativa quanto qualitativa ou de forma híbrida, dependendo do objeto de estudo e principalmente das questões que o pesquisador pretende ajudar a compreender e fornecer respostas, mesmo que ainda parciais (LEVY, 2007, p. 227). ). Algumas questões importantes que de outra forma permaneceriam invisíveis podem ser apresentadas a partir de uma perspectiva feminista na análise dos dados quantitativos dos acórdãos dos tribunais do TJMG, como pode ser visto na próxima seção de nossos dados. Além disso, muitas das explicações procuradas neste estudo não podem ser captadas apenas pela análise descritiva dos dados.

É necessário, portanto, que procuremos também compreender como os argumentos são desenvolvidos através dos julgamentos, o que só pode ser medido com análises qualitativas, como veremos a seguir, neste outro modelo de análise de conteúdo.

ANÁLISE QUALITATIVA DE CONTEÚDO DOS ACÓRDÃOS

Esta fase da pesquisa é, portanto, um estudo exploratório que buscou essencialmente identificar quais fatores interferiram ao longo do tempo no tratamento dos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher em Minas Gerais. É isso que buscamos através da análise das decisões judiciais em nosso estudo. Normalmente, as pesquisas no sistema de justiça brasileiro não enfocam o problema da violência contra as mulheres ou como.

Por fim, apresentaremos nossa última técnica de pesquisa utilizada para coletar informações sobre o julgamento de casos de violência contra a mulher pelos desembargadores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

ENTREVISTAS

Portanto, como já dissemos, não utilizamos as entrevistas realizadas como forma de análise exclusiva da atuação dos desembargadores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais em relação aos casos de violência contra a mulher que são de alcance de segunda instância, mas como outra fonte de evidência. , que juntamente com a análise dos acórdãos podem nos oferecer uma visão mais aprofundada do fenômeno. Por exemplo, as investigadoras entrevistadoras feministas preocupam-se em compreender como outros públicos lidam com a questão da violência contra as mulheres e, no nosso caso, como respondem às exigências feitas nestes casos por mulheres em situação de violência e que reações foram dadas (HESSE -BIBER, 2007, p. 114). Analisamos brevemente o estado de Minas Gerais (nosso estudo de caso) e fornecemos um panorama geral de como são desenvolvidas as políticas públicas de combate à violência contra as mulheres e quais obstáculos ainda existem.

AS SENTENÇAS JUDICIAIS SOBRE A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS.

OS ACÓRDÃOS JUDICIAIS DE VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES DO

A IMERSÃO NO CONTEÚDO

  • O MOMENTO PRÉ-LEI MARIA DA PENHA – 1998 A 2006

Contudo, desde a promulgação da Lei Maria da Penha, a atuação dos juízes do TJMG em relação a esta questão tem sido pacífica. A Lei Maria da Penha é precisa na definição dos tipos de violência que abrange e como estão relacionados. A questão das medidas protetivas também foi por nós identificada como uma das principais tensões na aplicação da lei Maria da Penha.

173 juízes e magistrados são ínfimos, é necessário que o TJMG organize cada vez mais eventos que discutam a questão da violência contra a mulher e a lei Maria da Penha. Ressaltamos mais uma vez que tais entendimentos precisam ser ampliados e disseminados para não contestar argumentos que prejudicam a importância da lei Maria da Penha e a gravidade da violência contra a mulher. Da Delegacia da Mulher à Lei Maria da Penha: Lutas Feministas e Políticas Públicas sobre Violência Contra a Mulher no Brasil.

Tabela 3: Referências à outras fontes
Tabela 3: Referências à outras fontes

Imagem

Gráfico 3: Sexo do(a) Desembargador(a) relator(a) do acórdão
Gráfico 5: Frequência relativa de Referências Legislativas utilizadas por ano 69
Tabela 2: Amostra de acórdãos do TJMG referentes à violência contra as mulheres
Tabela 3: Referências à outras fontes
+2

Referências

Documentos relacionados

PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA CENTRO DE ESTUDOS E APERFEIÇOAMENTO FUNCIONAL CONSELHO DELIBERATIVO EDITAL n° xx/2021 – MPPA/CEAF A Procuradoria-Geral de Justiça, por meio do