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Dor glútea em atletas - como investigar e tratar?.

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w w w . r b o . o r g . b r

Nota

Técnica

Dor

glútea

em

atletas

como

investigar

e

tratar?

Guilherme

Guadagnini

Falótico

,

Diogo

Fernandes

Torquato,

Ticiane

Cordeiro

Roim,

Edmilson

Takehiro

Takata,

Alberto

de

Castro

Pochini

e

Benno

Ejnisman

UniversidadeFederaldeSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil

informações

sobre

o

artigo

Históricodoartigo:

Recebidoem30deabrilde2014 Aceitoem1dejulhode2014

On-lineem11desetembrode2014

Palavras-chave:

Dor Nádegas Atletas

r

e

s

u

m

o

Adorglúteaéumsintoma frequenteematletas.Suadefinic¸ão etiológicaéumdesafio paraoortopedista.Nopresenteestudo,osautorespropõem,pormeiodeumaabordagem anatômicadaregiãoposteriordapelveedofêmurproximal,divididaemquatroquadrantes, ainvestigac¸ãosistematizadadolocal,visando,pormeiododiagnósticocorreto,aaperfeic¸oar otratamentoeaceleraroretornodoatletaaoesporte.

©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Todososdireitosreservados.

Gluteal

pain

in

athletes:

How

should

it

be

investigated

and

treated?

Keywords:

Pain Buttocks Athletes

a

b

s

t

r

a

c

t

Glutealpainisafrequentsymptominathletes,anddefiningitetiologicallyisachallengefor orthopedists.Inthepresentstudy,usingananatomicalapproachtotheposteriorregionof thepelvisandtheproximalfemur,dividedintofourquadrants,systematizedinvestigation isproposedwiththeaimofoptimizingthetreatmentandacceleratingathletes’returnto theirsport,throughcorrectdiagnosis.

©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.Allrightsreserved.

Introduc¸ão

Adorglúteaémanifestac¸ãocomumematletas,porémsua investigac¸ãorepresentasituac¸ãobastantedesafiadorana prá-ticaortopédica,vistoqueadorpodeseoriginardasestruturas

TrabalhodesenvolvidonoCentrodeTraumatologiadoEsporte(Cete),SetordeQuadril,UniversidadeFederaldeSãoPaulo,Escola PaulistadeMedicina,SãoPaulo,SP,Brasil.

Autorparacorrespondência.

E-mail:ggfalotico@yahoo.com.br(G.G.Falótico).

glúteaspropriamente,mastambémdacolunalombossacra, daarticulac¸ãosacroilíacaedoquadril.1

Otema,apesardefrequentenarotinadoortopedistado esporte,époucodiscutidonaliteraturaatual.

Esteartigopropõeummodeloparainvestigac¸ãodesse qua-droemesportistas.

http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2014.07.004

(2)

Descric¸ão

do

método

Aregiãoaserestudadafoidelimitadaporquatrolinhas ima-ginárias: superiormente, uma linha horizontal, tangente à margemsuperiorda cristailíaca;inferiormente,umalinha horizontaltangenteàmargeminferiordatuberosidade isquiá-tica;medialmente,umalinhaverticalquepassapelocentrodo sacroe,lateralmente,umalinhaverticaltangenteàmargem lateraldatrocantermaior.

No interior desse retângulo imaginário são delimitados quatroquadrantes,apartirdaespinhailíacaposterossuperior (fig.1).

Quadrante

súpero-medial

(A)

Estruturaspalpáveisdeinteresse:ProcessoespinhosodeL4E L5;Interlinhaarticulardasacroilíaca.

Osdistúrbiosmaisfrequentesdessequadrantesãoador lombaragudaporlesãomúsculo-ligamentar,aradiculopatia porhérniadiscaleadorprovenienteda articulac¸ão sacroi-líaca.

Outrosdiagnósticosincluemafraturaporstressdosacro,a espondolólise/espondilolisteseeaartropatiafacetária.

Lombalgiaporlesãomúsculo-ligamentar

Corresponde a cerca de 97% das lesões agudas na coluna lombossacraematletas.2Causadacomumenteporcontrac¸ão

muscularexcêntricavigorosa,alesãoécomumentepróxima àtransic¸ãomiotendínea.3 Alesãodoligamentoilio-lombar

tambémécausadelombalgiaedorglúteaesimulaaté distúr-biossacroilíacos.1

Radiculopatia

Aproximadamente90%dascompressõesradicularesocorrem noníveldeL4-L5EL5-S14esãomuitobemestudadaspormeio

daressonânciamagnética.

A

B

C

D

Figura1–Fotografiaposteriordaanatomiaósseadapelve edofêmurproximaldireitocomadivisãoemquatro quadrantesapartirdaespinhailíacaposterossuperior.

Osesportesqueexigemmovimentostorsionaisextremos dacolunalombossacra(ex:tênis,beisebol)apresentammaior númerodeatletasacometidos.5

Oexamefísicopodedemonstraralterac¸õesneurológicasno dermátomoacometidoeotestedeLasèguepodeserpositivo. A maioria dos pacientes responde ao tratamento não cirúrgico. A cirurgiaé indicada noscasos de déficit neuro-lógico progressivo, disfunc¸ãoesfincteriana ou sexual edor refratária.2

Dorsacroilíaca

Articulac¸ão fundamental paraaadequadatransferência de cargasdacolunalombarparaapelve.6Suahiperou

hipomo-bilidadepodegerarsintomasdolorosos.7,8

Adortipicamenteacometeoquadrantesúpero-medialda nádega,porémtambémpodeacometeraregiãolombar,acoxa eregiãolateraldoquadrilearegiãoinguinal,7,8porcausada

extensainervac¸ãolocal.9–11

Várias atividades esportivas podem desencadear dor sacroilíaca.Asmaisfrequentessãoaquelasqueenvolvem cor-rida,saltosemudanc¸assúbitasdedirec¸ão.Cercade64%dos pacientestêmhistóriadetraumaagudooumicrotraumasde repetic¸ão.12

Oexameclínicopoderevelaralterac¸ãonainclinac¸ão pél-vica e na curvatura lombar, discrepância de comprimento dosmembrosinferioresehipermovimentac¸ãopélvicadurante a marcha. Frequentemente existe dor à palpac¸ão local e pontos-gatilhonamusculaturaadjacente.13Asmanobras

pro-vocativaspodemserpositivas.Otestedacompressãodacoxa temamaiorespecificidadeparaodiagnóstico.14,15

Exames de imagem, incluindo radiografias, tomografia computadorizada(TC)eressonânciamagnética(RM),podem auxiliarnodiagnóstico,porémopadrão-ouroéainjec¸ãode anestésico,guiadaporfluoroscopia,comdesaparecimentodos sintomas.8

Otratamentodevefocarnofortalecimentomuscularena estabilizac¸ãodapelve.Órtesesparacompensac¸ãoda discre-pânciadosmembrosinferioressãoúteis.Injec¸õeslocaisde corticoidedevemserindicadasnoscasosrefratáriosao trata-mentoclínicoapósummêsouseadorinicialémuitointensa, afimdeacelerarareabilitac¸ão.16–20

Valesalientarquenospacientesrefratáriosaotratamento habitual,especialmente homensjovenscomacometimento bilateral, sintomas sistêmicos ou rigidez articular matinal associados,deve-sepesquisaraespondiliteanquilosante.21

Fraturaporestressedosacro

Representa de 1% a20% das lesões no traumaesportivo e frequentementeestárelacionadaàfraquezaoufadigada mus-culaturalocalnumossoquesofrealtascargascíclicas.22,23

Acomete mais mulheres jovens com alta carga de trei-namento, deficiência nutricional e irregularidade no ciclo menstrual.7,24–26 Foi tambémdescritaemsoldadosdosexo

masculino.23

(3)

ARMrepresentaexcelentemétodocomplementarparao diagnóstico,vistoqueafraturajáévisívelcom72horasde evoluc¸ão.24,27

Otratamentoexigeaprotec¸ãodecarganoladoacometido atéalíviodadore,apósafaseanalgésica,feituradeprotocolo dereabilitac¸ãovisandoàestabilizac¸ãopélvicaelombar.

Oretornoaoesporteinicialmenteincluiatividadesdebaixo impacto.Apráticacompetitivaéliberadanormalmenteapós 12semanas.Nas mulherescomosteopeniadeveser imple-mentadareposic¸ãodecálcioevitaminaD.25

Espondilólise/espondilolistese

Aespondilóliserepresentaumdefeitodaparsinterarticular. Aincidênciaematletasvaria de8%-15%. Aforma traumá-ticamaiscomumocorreemginastas,jogadoresdefutebol, bailarinaselevantadoresdepeso.28

Aespondilolisteseéoescorregamentodeumavértebraem relac¸ãoàoutra.Aespondilólisebilateraléumfatorderisco. O escorregamento maior doque 25% frequentemente está associadoaquadrodoloroso.29

Otratamentoconservadoréindicadocomsucessona mai-oriadoscasos.Oretornoaoesporteocorrenormalmenteentre quatroeseismesesapósoiníciodareabilitac¸ão.

Acirurgiaéindicadaemcercade9%-15%dospacientespor causadadorrefratáriaapósseismesesdetratamento,déficit neurológicoouinstabilidadevertebral.28

Artropatiafacetária

Asarticulac¸õesfacetáriasestãonaporc¸ãoposteriordacoluna entrevértebrasadjacentes.Adorlocalémaisfrequenteem atletasacimade40anos.

Otraumatorsionaldacoluna,comdorpioràextensão lom-barequepodeirradiarparaaregiãoglúteaalta,ésugestivo dadoenc¸a.30Aressonânciamagnéticapodesersolicitadapara

confirmac¸ãodiagnóstica.

Em resumo, as dores originárias do quadrante súpero--medialdoglúteopodemseoriginardacolunalombossacra edaarticulac¸ãosacroilíaca.Comosugestãodosautores,na rotina do exame clínico para as doenc¸as desse quadrante devemserincluídosostestesdeestressedaarticulac¸ão sacroi-líaca(Gaenslen,compressãodacoxa,compressãodosacroe Fabere),alémdostestesdeelevac¸ãodapernaretaeLasègue.

Os pacientes com dores persistentes, refratáriasao tra-tamentohabitual–anti-inflamatórionãohormonal(AINH), reduc¸ãodacargadetreinamentoefisioterapia–devemser submetidos à investigac¸ãopor imagem. O exame sugerido para o estudodesse quadrante éa ressonância magnética lombossacra com inclusão da articulac¸ão sacroilíaca. Nos pacientescom sintomas neurológicos,sugere-se também a eletroneuromiografia.

Quadrante

súpero-lateral

(B)

Estruturapalpáveldeinteresse:Margemposteriorda crista ilíaca.

Odistúrbiomaisfrequentenessequadranteéasíndrome miofascialqueacometeosmúsculosglúteomáximoeglúteo

médioesecaracterizapelaformac¸ãodepontos-gatilho dolo-rososnamassamuscularpropriamenteounainserc¸ãofascial. Os pontos-gatilho geralmente estão associados ao trauma agudooumicrotraumaderepetic¸ãodamusculaturaenvolvida elevamàfadigamuscular,oquefavoreceaformac¸ãodemais pontos-gatilhoegeraumcírculoviciosopatológico.31

Odiagnósticoéclínico,comapesquisadospontos-gatilho, eotratamentoenvolveareduc¸ãodacargadetreinamento,a fisioterapia,commanipulac¸ãodospontosdolorosos,e, pos-teriormente, o alongamentoeofortalecimento musculare ousodemedicac¸ões:anti-inflamatórios,relaxantes muscu-lares, antidepressivos tricíclicos ou anticonvulsivantes (ex: gabapentina),adependerdotempodedurac¸ãoda doredo perfildopaciente.Ainfiltrac¸ãodospontos-gatilhotambémse revelabastanteútilnoscasosrefratáriosàsmedidasiniciais.31

Osdiagnósticosdiferenciaispossíveissãoaslesões muscu-laresagudaseaentesopatiadaorigemdosglúteosnacrista ilíaca.

Paraospacientesrefratáriosaotratamentohabitualos exa-mescomplementaresindicadossãoaressonânciamagnética dapelve,paraaavaliac¸ãodasinserc¸õesmuscularesnacrista ilíaca,alémdaeletroneuromiografia,paraapesquisade pos-sível dor irradiada decorrente de compressão nervosa não suspeitadaclinicamente.

Quadrante

ínfero-lateral

(

C

)

Estruturas palpáveis de interesse: Tuberosidade isquiática; Espinhaisquiáticaetrocantermaior.

Nessequadrante,osdistúrbiosmaisfrequentessãoalesão naorigemdosmúsculosisquiotibiais,asíndromedolorosado trocantermaior,asíndromedomúsculopiriformeeabursite isquiática.

Outrosdiagnósticossão:oimpactoisquiofemoral/lesãodo músculo quadrado femoral,afratura porestresse noramo isquiopúbicoeostumoresdoísquio.Osmaisfrequentesnessa localizac¸ãosãooosteocondromaeocondrossarcoma.

Lesãodosisquiotibiais

A tendinopatia da origem dos isquiotibiais ébastante fre-quenteemcorredoresdemédiaelongadistância.Afraqueza oufadigamuscular,associadaàcontrac¸ãoexcêntricadurante afasedebalanc¸otardianacorrida,predispõeàlesão.32Ador

podeserreproduzidapelapalpac¸ãodatuberosidadeisquiática (TI)oupelaflexãopassivadoquadrilassociadaàflexãoativa dojoelhocontrarresistência.Adorlocalizadadistalaoísquio geralmenteestáassociadaàlesãomusculardosisquiotibiais, enquanto queadorproximalaTIpodeestarrelacionadaà síndromedopiriforme.1

Casos de tendinopatia crônica ou lesões traumáticas extensas(ex.:desinserc¸ão/avulsãoóssea)podemcursarcom ciatalgiaporirritac¸ãoquímicaouefeitodecompressão extrín-secadonervociáticopelohematoma.33

A radiografiapodedemonstrarcalcificac¸ãoadjacente ao ísquioeavulsãoóssea,porémoexamedeescolhaparao diag-nósticoéaressonânciamagnética.34,35Otratamentoenvolve

(4)

Em casos refratários pode-se fazer infiltrac¸ão com cor-ticoideguiada por ultrassom, terapia de ondas de choque, injec¸ão do plasma rico em plaquetas e o debridamento cirúrgico.36

Nasdesinserc¸õesouavulsõesósseas,otratamento cirúr-gicoprecoce(quatroaseissemanasapósalesão)demonstra bonsresultados.3

Síndromedolorosadotrocantermaior

Definidacomoapalpac¸ãodolorosadotrocantermaiorcom opacienteemdecúbitolateral,envolveváriosdistúrbiosdo espac¸operitrocantéricodoquadril,taiscomo abursite tro-cantérica,atendinopatia/lesãodoglúteomédioemínimoeo ressaltoexternodoquadril.37

Ospacientesfrequentementequeixam-sededornaregião lateral e posterior do trocanter maior, agravada durante a fasede apoiodomembroacometido duranteacaminhada oucorrida.A associac¸ãocom lombalgiacrônica ébastante frequente.37

Noexame físico,além dadoràpalpac¸ãotrocantérica,o testedeTrendelenburgpodeserpositivoeadorexacerbada pelaabduc¸ãodoquadrilacometidocontrarresistência(teste deBeatty).1,37

Odiagnósticoéclínicoeosexamesdeimagempodemser indicadosnospacientescomrespostainadequadaao trata-mento.Osmaisúteissãooultrassom(USG)earessonância magnética.

Otratamentoenvolvemedicac¸ão,fisioterapiaeinfiltrac¸ão localdecorticoide.Éindicadotratamentocirúrgiconoscasos refratários,especialmente quandoexisteruptura doglúteo médio/mínimo (sutura) ou ressalto externo (alongamento cirúrgicodotratoiliotibial).3,37

Síndromedopiriforme

Descritacomodorglúteaassociadaaciatalgiasecundáriaà compressãodonervociáticopelomúsculopiriforme.

Cercade5%doscasosdelombalgia,dorglúteaedor irra-diadanoaspectoposteriornomembroinferiorsãoassociadas àsíndrome.38 Contudo, existecontrovérsia nadefinic¸ãoda

síndrome, visto que grande parte dos pacientes com esse diagnóstico não exibe alterac¸ões neurológicas clínicas ou eletroneuromiográficas.39

Podeseratribuídatambémàmialgiadopiriforme, decor-rente de sua fraqueza relativa em relac¸ão à musculatura glútea.1

Oexameclínicofrequentementedemonstradoràpalpac¸ão proximalàespinhaisquiática,naregiãodaincisuraisquiática maior,sobreomúsculopiriforme,frequentementeendurecido emrelac¸ãoaoladonãoacometido.Ostestesclínicosdescritos sãooFreiberg,oPace,oBeattyeoFaduri.40–43

Porsetratardediagnósticodeexclusão,outrascausasde neuropatiadevemserpesquisadas.

Nessecontexto,aneurografiaporressonânciamagnética surgecomoumaimportanteopc¸ãodiagnóstica.Nessatécnica usam-se cortes de 1 mm, de alta resoluc¸ão, com sequên-ciasponderadasemT1eT2comsupressãodegordura,que permitem a avaliac¸ão completa do nervo ciático, desde a suaformac¸ãopelasraízeslombossacrasatéseutrajetopela

regiãoglúteaepelacoxa.Dessaformapodeserevidenciada aestruturaanatômicaexataresponsávelpelacompressãodo nervo.44

Otratamentoébaseadonoalongamentoefortalecimento muscular dos rotadoresexternos doquadril e dosglúteos. Casosrefratáriosapósseissemanasdereabilitac¸ãopodemser submetidos àinfiltrac¸ãodecorticoide,anestésicooutoxina botulínica.41

Aliberac¸ãocirúrgicadopiriforme–abertaouendoscópica– écitadaporalgunsautoresemsériesdecasopequenasedeve serindicadacomcautelaapósexclusãodeoutrosdiagnósticos maisfrequentesdeciatalgia.45–47

Bursiteisquiática

Associadaaexcessodeforc¸adamusculaturaisquiotibialsobre abursa.Geralmenteospacientessequeixamdedorquando permanecemmuitotemposentadoseoexameclínicorevela dorsobreatuberosidadeisquiática.Podeaparecerisoladaou associadaàtendinopatiadosisquiotibias.

A confirmac¸ão diagnóstica pode ser com a ultrassono-grafia ouressonância magnéticaea maioria dospacientes evoluibemapósseisaoitosemanasdetratamento conserva-dor.Novamente,oscasosrefratáriospodemsersubmetidosà infiltrac¸ãolocal.

Casoscrônicosassociadosàtendinopatiapodem necessi-tardetratamentocirúrgicoparabursectomiaedesbridamento tendíneooutenotomia.26,37

Impacto

isquiofemoral

Algunsautorestêmassociadoàreduc¸ãodointervalo isquio-femoralcomacompressãodomúsculoquadradofemoral(QF) eoaparecimentodesintomasglúteos.

Amorfologiafeminina,comapelvelargaerasa, predis-põe aoimpacto isquiofemoral.Todos oscasos descritosna literaturasãoemmulheres.

Geralmenteodiagnósticoclínicoédifícil,vistoqueas quei-xassãovagaseoexameclínicoéimpreciso.

Ostestesdescritosparaavaliac¸ãodasíndromedopiriforme podemserdolorosos,visto queoquadradofemoralé tam-bémumrotadorexternodoquadril.Nãohárelatodesintomas neurológicosassociadosaoimpactoisquiofemoral.

Oautorprincipaldopresenteestudodescreveu,juntocom outrosautores,umamanobraparaoimpactoisquiofemoral. Consistenoexamedopacienteemdecúbitolateralnaborda damesadeexame,comoladosintomáticoparacima.Apartir daí,oquadriléestendido,aduzidoesãofeitosmovimentos sucessivosderotac¸ãointernaeexterna,visandoareproduzir oimpacto,comomúsculoquadradofemoraltensionado.

Aressonânciamagnéticaéfundamental parao diagnós-ticoegeralmentedemonstraalterac¸õesnoventremuscular doQF.

Otratamentonãocirúrgicoédescritocomoeficazeenvolve protocolo de exercícios de alongamento, infiltrac¸ões com corticoide, neuroestimulac¸ão e fisioterapia com ultrassom percutâneo.

(5)

Fraturaporestressenoramoisquiopúbico

Trata-se de lesão rara. Evolui com aparecimento insidioso de dorglútea eestá associada geralmenteà intensificac¸ão doritmodetreinamento.Odiagnósticodependedeumalto índicedesuspeic¸ão.23

Oexameclínicopodedemonstrarapioriadadorna ortos-tasecomapoiomonopodalnoladoafetado,alémdedorno “HopTest”(saltohorizontalunipodaladistância).23,49

Aressonânciamagnéticageralmenteconfirmao diagnós-ticoeotratamentoincluimedicac¸õesanalgésicasereduc¸ão dacargadetreinamentoporcercadeseisaoitosemanas.

Comopadronizac¸ãodeavaliac¸ãodasdoenc¸asnesse qua-drante,osautoresrecomendam,apósapalpac¸ãominuciosa dospontosósseosdeinteresse,afeituradostestesclínicosde Freiberg,Pace,Beatty,Faduri,flexãopassivadoquadrilcom flexãoativadojoelho,alémdotesteparaimpacto isquiofe-moral.

A investigac¸ão com exames, quando necessária, deve envolveraressonânciamagnéticadoquadrile,napresenc¸ade sintomasneurológicos,aeletroneuromiografia.Casoaorigem daciatalgianãosejaesclarecidaporessesexames,a neurogra-fiadociáticopodesersolicitada.

Quadrante

ínfero-medial

(D)

Estruturapalpáveldeinteresse:Cóccix.

Osdistúrbiosdessequadrantesãoacoccidínia,adisfunc¸ão crônicadoassoalhopélvico,alesãodoplexosacraleos tumo-resdosacro.Ocordomaéomaiscomumnessalocalizac¸ão.

Coccidínia

Ocóccixfrequentementeestáenvolvidonadorperineal crô-nica.Numtrabalhoqueenvolveu208pacientescomdorno cóccix,em27%doscasossuaexcessivamobilidadefoifator etiológico,em22%adorfoi causadapelaluxac¸ãoposterior docóccix,em14%estavarelacionadaàpresenc¸adeespícula óssea,em5%adortinhaorigemnasualuxac¸ãoanterioreem 31%aetiologiapermaneceuindefinida(idiopática).Otrauma éoutrofatoretiológicodeconsiderávelimportância,jáque

podeserassociadoàinstabilidadedocóccix,particularmente àsuasubluxac¸ãoposterior.50

Odiagnósticopodeserestabelecidoporradiografias dinâ-micas (com o paciente sentado e em ostostase) e pela ressonânciamagnética,quepodedemonstrarhipersinal infla-matóriolocal,alémdaavaliac¸ãodepossíveisneoplasias.51

Otratamentoenvolvemedicac¸õesanti-inflamatórias,além de protec¸ão mecânica do cóccix com almofadas para os pacientesquepermanecemlongasjornadassentados.A fisi-oterapiacomestabilizac¸ãopélvicapodeauxiliar.

Oscasosrefratáriospodemsersubmetidosainfiltrac¸ões comanestésicoecorticoideeàressecc¸ãocirúrgica–parcial outotal–docóccix.52

Disfunc¸ãocrônicadoassoalhopélvico

Condic¸ão que pode estar presente nas mulheres após gestac¸ão, emsituac¸ão pós-trauma pélvico ou em ciclistas. Geralmente ocorre insuficiência dos músculos coccígeo e levantadordoânus–formadoresdoassoalhopélvico–edo ligamentopubococcígeo.

Napresenc¸adosfatoresderisco,ainvestigac¸ãodeveincluir umaressonânciamagnéticadoassoalhopélvico,bemcomo eletroneuromiografiaparaavaliac¸ãodaatividadeelétricados músculosacima.

Otratamentoenvolveofortalecimentoeaestabilizac¸ãodo assoalhopélvico.53

Lesãodoplexosacral-coccígeo

Raraematletas.Quandoasintomatologiaestápresente, deve--se suspeitar de compressão extrínseca por neoplasias ou endometriose. A investigac¸ão inclui eletroneuromiografiae ressonânciamagnéticadapelve.

Oatletadeveserafastadodesuasfunc¸õesatéacompleta investigac¸ãoeoadequadotratamento.1,54,55

O principal dado de exame físico nesse quadrante é a palpac¸ãodasestruturasósseasdeinteresse.Casossem res-postaaotratamentosintomáticodevemserinvestigadoscom radiografiasdinâmicasparaavaliac¸ãodocóccix,bemcomo por ressonância magnética da pelve. No caso de sintomas

Tabela1–Diagnósticodadorglútea

Quadrantes Diagnósticosprincipais Exameclínico Exames

Súpero-medial Lombalgiaaguda Lasègue RNMlombossacra Radiculopatia Compressãoaxialdacoxa ENMG

Dorsacroilíaca Fabere Gaeslen

Súpero-lateral Dormiofascial(g.máximoe médio)

Pesquisadepontos-gatilho RNMdapelve(pacientesrefratários aotratamento)

Ínfero-lateral Sd.dolorosatrocantermaior Lasègue RNMdoquadril

Sd.piriforme Freiberg/Beatty ENMGdinâmica(FADURI) Tendinopatiasisquiotibiais Flexãojoelhocontrarresistência Neurografiadociático

Ínfero-medial Coccidínea Palpac¸ãodetalhada Radiografiadinâmicacóccix Disfunc¸ãoassoalhopélvico Exameneurológico(raízessacrais) RNMassoalhopélvico

(6)

neurológicos,incluiraeletroneuromiografianasequênciade examessolicitados.

Oresumodosdiagnósticos,oexameclínicoeosexames complementaresnecessáriosparaodiagnósticodadorglútea nosatletaspodemservistosnatabela1.

Considerac¸ões

finais

A investigac¸ão da dor glútea requer amplo conhecimento dos diagnósticos diferentes possíveis, bem como o esta-belecimento de uma rotina de exame clínico e exames complementares.

Pormeiodeumaabordagemanatômicaemquadrantes,os autorespropõemummodeloparasistematizaraavaliac¸ãodos atletascomsintomasglúteos,visando,assim,aseuadequado tratamento.

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