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Análise do impacto da estratégia de desenvolvimento sustentável na caprinocultura de leite de Monteiro, estado da Paraíba

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(1)

Faculdade Boa Viagem

Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração- CPPA Mestrado em Administração

CLASSIFICAÇÃO DE ACESSO A DISSERTAÇÕES

Considerando a natureza das informações e compromissos assumidos com suas fontes, o acesso a monografias do Mestrado de Administração do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração da Faculdade Boa Viagem é definido em três graus:

- "Grau 1": livre (sem prejuízo das referências ordinárias em citações diretas e indiretas);

- "Grau 2": com vedação a cópias, no todo ou em parte, sendo, em conseqüência, restrito a consulta em ambientes de biblioteca com saída controlada;

- "Grau 3": apenas com autorização expressa do autor, por escrito, devendo, por isso, o texto, se confiado a bibliotecas que assegurem a restrição, ser mantido em local sob chave ou custódia;

A classificação desta dissertação se encontra, abaixo, definida por seu autor. Solicita-se aos depositários e usuários sua fiel observância, a fim de que se preservem as condições éticas e operacionais da pesquisa científica na área da administração.

___________________________________________________________________

Título da Monografia: Análise do impacto da Estratégia de Desenvolvimento Sustentável na caprinocultura de leite de Monteiro, Estado da Paraíba.

Nome do Autor: Pergentino Ferreira de Souza Júnior

Data da aprovação: 29 de julho de 2008

Classificação, conforme especificação acima:

Grau 1

Grau 2

Grau 3

Recife, 29 de julho de 2008.

(2)

Pergentino Ferreira de Souza Júnior

Análise do impacto da Estratégia de

Desenvolvimento Sustentável na caprinocultura de

leite de Monteiro, Estado da Paraíba

Orientador: Prof. Dr. Walter Fernando Araújo de Moraes

Dissertação apresentada como requisito

complementar para obtenção do grau de

Mestre em Administração, área de

concentração Negócios e Sociedade, do

Programa

de

Pós-Graduação

em

Administração do Centro de Pesquisa e

Pós-Graduação em Administração da

Faculdade Boa Viagem

(3)

Faculdade Boa Viagem

Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração- CPPA

Mestrado em Administração

Análise do impacto da Estratégia de

Desenvolvimento Sustentável na caprinocultura de

leite de Monteiro, Estado da Paraíba

Pergentino Ferreira de Souza Júnior

Dissertação submetida ao corpo docente do Mestrado em Administração do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração – CPPA da Faculdade Boa Viagem e aprovada em 29 de julho de 2008.

Banca Examinadora:

Prof. Walter Fernando Araújo de Moraes, Ph.D. – Faculdade Boa Viagem Orientador

Profa. Carla Regina Pasa Gómez, Doutora – Universidade Federal de Pernambuco Co-Orientadora e Examinadora Externa

(4)
(5)

Agradecimentos

A Deus

e às pessoas e instituições que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho:

Meus pais, Pergentino e Odete, Minha mulher, Kalina Lígia,

Meus filhos, Camila Emanuele e Pergentino Neto, Professor Walter Moraes, Orientador Acadêmico,

Professora Carla Pasa, Co-orientadora e Examinadora Externa, Professor James Falk, Examinador Interno,

Professores Sônia Calado Dias, Hélder Régis e Raimundo Vergolino, Diretoria de Gestão de Pessoas e Auditoria Interna do Banco do Brasil,

Rubens Remígio, representante do Centro de Desenvolvimento Integrado da Ovinocaprinocultura de Monteiro (PB),

Samuel Mayer, representante do Sebrae Monteiro (PB),

Colegas de trabalho do Banco do Brasil, principalmente Sonielson Juvino Silva, Ex-Gerente Geral da agência do Banco do Brasil de Monteiro (PB), pioneira na implementação da Estratégia de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS),

Colegas do curso de Mestrado em Administração,

(6)

Resumo

O presente estudo analisa os impactos gerados pela implementação da Estratégia de Desenvolvimento Sustentável na atividade produtiva de caprinocultura de leite de Monteiro, Estado da Paraíba, no período de 2004 a 2008. O trabalho fundamenta-se no conceito de desenvolvimento sustentável, segundo o qual uma nova agenda em prol do verdadeiro desenvolvimento deve integrar, de forma equilibrada, três grandes subsistemas (ou dimensões): o econômico, o social e o ambiental. Conhecida no meio empresarial pelo termo em inglês triple bottom line, essa agenda vem se incorporando cada vez mais nos processos de gestão das organizações socioambientalmente responsáveis. A população estudada é constituída pelos caprinocultores de leite de Monteiro (PB), consultados sobre a percepção de melhoria nas condições de exploração comercial de sua atividade produtiva, por meio da aplicação de questionário de pesquisa previamente estruturado. A análise dos dados foi realizada com a aplicação de técnicas estatísticas descritivas e inferenciais. Os resultados sugerem que a Estratégia de Desenvolvimento Sustentável da caprinocultura de leite, em implementação no município de Monteiro (PB) vem conseguindo atingir resultados significativos que melhoram as condições socioeconômicas dos produtores rurais e, conseqüentemente, com reflexos positivos em toda a economia local. Do ponto de vista da sustentabilidade, que considera as dimensões econômica, social e ambiental, sugere-se que o desenvolvimento alcançado até o presente pode ser classificado, no mínimo, como desenvolvimento social benigno (SACHS, 2002, 2007).

(7)

Abstract

The present study analyzes the impacts generated by the implementation of a Sustainable Development Strategy in the productive activity of goat milk farming in Monteiro, Paraíba State, during the period of 2004 through 2008. This work is based on the concept of sustainable development, according to which a new agenda in favor of true development must integrate, in a balanced manner, three greater subsystems (or dimensions): the economic, the social and the environmental. Known in the business environment as the triple bottom line, such agenda has been growingly incorporating itself in the management processes of socio-environmental responsible organizations. The studied population is constituted by the goat milk farmers of Monteiro (PB), who were consulted, through the application of a previously structured research questionnaire, about their perception regarding the improvements in conditions of the commercial exploration of their productive activity. The data analysis was conducted with the application of descriptive and inferential statistical techniques. The results suggest that the Sustainable Development Strategy of the goat milk farming, which is being implemented in the city of Monteiro (PB), has achieved significant results that improve the socio-economic conditions of rural producers and, consequently, reflects positively in the entire local economy. From the sustainability point of view, which considers economic, social and environmental dimensions, it is suggested that the development achieved until now can be classified, at least, as a benign social development (SACHS, 2002, 2007).

(8)

Lista de figuras

Figura 1 (2) - Modelo de rigidez estrutural das dimensões de desenvolvimento 38 Figura 2 (2) - Sistema microrregional multidimensional 40

Figura 3 (2) - Representação esquemática de sistemas 61

Figura 4 (2) - Ilustração do processo de concertação 84

Figura 5 (2) - Representação da cadeia de valor 86

Figura 6 (3) - Cadeia de valor da caprinocultura de leite 99 Figura 7 (5) - Distribuição de freqüência (%) da percepção dos produtores quanto

ao grau de melhoria percebida sobre as formas de produção da

caprinocultura de leite 127

Figura 8 (5): Distribuição de freqüência (%) da percepção dos produtores quanto ao grau de melhoria da infra-estrutura de apoio à caprinocultura de leite

131 Figura 9 (5): Distribuição de freqüência (%) dos produtores que perceberam

melhoria das condições de vida, por meio da aquisição de bens duráveis

143 Figura 10 (5): Distribuição de freqüência (%) dos produtores que perceberam

melhoria das condições de vida, por meio da aquisição de novos meios de transporte

143 Figura 11 (5): Distribuição de freqüência (%) dos produtores que perceberam

melhoria das condições de vida, devido à aquisição, ampliação ou reforma de bens imóveis

144 Figura 12 (5): Distribuição de freqüência (%) dos produtores que perceberam

melhoria da qualidade da alimentação, por meio do consumo de novos produtos alimentares

144 Figura 13 (5): Distribuição de freqüência (%) dos produtores que perceberam

melhoria dos serviços de saúde oferecidos 145 Figura 14 (5): Distribuição de freqüência (%) dos produtores que perceberam

melhoria dos serviços socioculturais

146 Figura 15 (5): Distribuição de freqüência (%) dos produtores que perceberam

melhoria de aspectos de participação e inclusão social

148 Figura 16 (5): Distribuição de freqüência (%) dos produtores que adotam ações

práticas de conservação e de recuperação de recursos naturais

150 Figura 17 (5): Distribuição de freqüência (%) dos produtores que adotam ações

práticas de conservação e de recuperação de recursos naturais

151 Figura 18 (5): Distribuição de freqüência (%) dos produtores que adotam ações

práticas de tratamento, aproveitamento ou reciclagem de resíduos 152 Figura 19 (5): Distribuição de freqüência (%) dos produtores que adotam ações

práticas de redução de queimadas de vegetação ou de lixo doméstico

153 Figura 20 (5): Distribuição de freqüência (%) dos produtores que perceberam

melhoria na oferta de água da propriedade

154 Figura 21 (5): Distribuição de freqüência (%) dos produtores que perceberam

melhoria nas formas de abastecimento de água da propriedade

155 Figura 22 (5): Distribuição de freqüência (%) dos produtores que perceberam

melhoria nas formas de abastecimento de água da propriedade

(9)

Lista de quadros

Quadro 1 (2) - Dimensões, componentes e objetivos da sustentabilidade. 34

Quadro 2 (2) - Padrões de crescimento 36

Quadro 3 (2) – Síntese das dimensões de desenvolvimento 42 Quadro 4 (2) - Roteiro geral para identificação de indicadores de viabilidade 70

(10)

Lista de tabelas

Tabela 1 (5) - Distribuição de freqüência do gênero e do estado civil dos produtores de leite de cabra

117 Tabela 2 (5) - Distribuição de freqüência do grau de instrução dos produtores 118 Tabela 3 (5) - Distribuição de freqüência do número de filhos dependentes

na unidade familiar dos produtores

119 Tabela 4 (5) - Distribuição de freqüência da quantidade de pessoas na unidade

familiar dos produtores 119

Tabela 5 (5) - Distribuição de freqüência da quantidade de pessoas na unidade familiar com 15 anos ou mais de idade e de pessoas na mesma faixa etária alfabetizadas

120

Tabela 6 (5) - Distribuição de freqüência da situação da propriedade rural 120 Tabela 7 (5) - Distribuição de freqüência da área do imóvel rural 121 Tabela 8 (5) - Distribuição da atividade produtiva principal dos produtores rurais 121 Tabela 9 (5) - Distribuição de freqüência do tempo de exploração da atividade

produtiva de caprinocultura de leite

122 Tabela 10 (5) - Distribuição de freqüência do rendimento médio mensal na

atividade produtiva principal 123 Tabela 11 (5) - Distribuição de freqüência dos produtos comercializados oriundos

da atividade principal

124 Tabela 12 (5) - Distribuição de freqüência da atividade produtiva secundária

dos produtores

125 Tabela 13 (5) - Distribuição de freqüência do rendimento médio mensal na

atividade secundária 125

Tabela 14 (5) - Teste “t” da diferença das médias da amostra em relação ao valor médio = 3

129 Tabela 15 (5) - Teste “t” da diferença das médias da amostra em relação ao valor

médio = 3 132

Tabela 16 (5) - Distribuição de freqüência da percepção dos produtores sobre os fatores que contribuíram para melhoria da renda

133 Tabela 17 (5) - Dados da produção da caprinocultura de leite 134 Tabela 18 (5) - Distribuição de freqüência (%) da percepção dos produtores sobre a disponibilidade de recursos, classificados em problemáticos ou favoráveis

136 Tabela 19 (5) - Distribuição de freqüência (%) do grau de valorização da

propriedade rural e do rebanho de caprinos, na percepção dos produtores

136 Tabela 20 (5) - Distribuição de freqüência da participação dos produtores em

eventos de capacitação 139

Tabela 21 (5) - Distribuição de freqüência da participação dos produtores em eventos de educação

140 Tabela 22 (5) - Geração de novas oportunidades de trabalho pela caprinocultura de

leite

141 Tabela 23 (5) - Estimativa da média populacional de novas oportunidades de

trabalho geradas pela caprinocultura de leite, por propriedade

(11)

Lista de siglas

ACCOP – Associação de Produtores de Caprinos e Ovinos de Prata (PB) AOCOP – Associação dos Ovinocaprinocultores do Cariri Ocidental Paraibano ADR – Agente de Desenvolvimento Rural

BBDTVM – Banco do Brasil Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários CAPRIBOM – Cooperativa de Produtores Rurais de Monteiro (PB)

CENDOV – Centro de Desenvolvimento Integrado da Ovinocaprinocultura de Monteiro (PB) CIAGRO – Consórcio Intermunicipal de Atividades Agropecuárias

CMMAD – Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento DRS – Desenvolvimento Regional Sustentável

DJSI – Dow Jones Sustainability Index

EMATER – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural EFM – Ecological Footprint Method

FBB – Fundação Banco do Brasil

IACOC – Incubadora de Agronegócios da Caprinovinocultura do Cariri IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano IFC – International Finance Corporation

IISD – International Institute for Sustainable Development

ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial MDA – Ministério de Desenvolvimento Agrário ODM – Objetivos de Desenvolvimento do Milênio ONG – Organizações Não Governamentais

ONU – Organização das Nações Unidas PIB – Produto Interno Bruto

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PREVI – Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil

PRONAF – Programa Nacional para o Fortalecimento da Agricultura Familiar PSR – The Pressure, State, Response

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

SPI – Sustainable Progress Index

SRI – Socially Responsable Investiment

UBL – Usina de Beneficiamento de Leite de Cabra UFPB – Universidade Federal da Paraíba

(12)

Sumário

1. Introdução

1.1. Escopo da pesquisa 1.2. Justificativa

1.2.1. Escolha do território para aplicação da pesquisa 1.3. Objetivos

1.3.1. Objetivo Geral 1.3.2. Objetivos Específicos

13 13 16 18 21 21 21 2. Fundamentação teórica

2.1. Breve histórico do desenvolvimento sustentável 2.2. O conceito de desenvolvimento sustentável 2.3. As dimensões do desenvolvimento sustentável 2.4. Sistemas de indicadores de sustentabilidade 2.4.1. Características dos indicadores de sustentabilidade

2.4.2. Aspectos relevantes na formulação de sistemas de indicadores 2.4.3. Vantagens e limitações na aplicação dos indicadores

2.5. Critérios de seleção de indicadores para avaliação da sustentabilidade 2.5.1. Desenvolvimento sustentável e a coevolução dos sistemas humano e natural 2.5.2. O emprego da teoria de sistemas para identificar aspectos vitais de

desenvolvimento sustentável e indicadores relevantes

2.5.3. Orientadores de viabilidade, indicadores e desenvolvimento sustentável 2.5.4. Seleção de indicadores de sustentabilidade

2.5.5. Procedimentos para definição de indicadores 2.6. Responsabilidade socioambiental empresarial

2.7. Estratégia negocial de desenvolvimento regional sustentável do Banco do Brasil (DRS)

2.7.1. Objetivos da estratégia negocial DRS 2.7.2. Visões da estratégia negocial DRS 2.7.3. Metodologia da estratégia negocial DRS

22 22 27 32 42 48 51 55 59 59 62 63 67 69 73 80 82 83 88 3. Caracterização e contextualização da unidade territorial e da atividade

produtiva de caprinocultura do leite

3.1. Aspectos geográficos, econômicos, sociais, ambientais e culturais do município de Monteiro (PB)

3.2. Caracterização da atividade produtiva de caprinocultura de leite no município de Monteiro (PB)

94 94 96 4. Metodologia

4.1. Questões norteadoras da pesquisa 4.2. Definição e escolha das variáveis 4.3. Delineamento da pesquisa

4.3.1. Tipo de estudo 4.3.2. População e amostra 4.3.3. Método de coleta de dados 4.3.3.1. Instrumento de coleta de dados 4.3.3.2. Pré–teste do questionário 4.4. Técnicas de análise dos dados

(13)

5. Análise dos resultados da pesquisa 5.1. Análise demográfica

5.1.1. Gênero e estado civil 5.1.2. Grau de instrução

5.1.3. Características das famílias

5.1.4. Características das propriedades rurais

5.1.5. Características da principal atividade produtiva 5.2. Análise da dimensão econômica

5.2.1. Rendimentos decorrentes da atividade produtiva principal 5.2.2. Produtos comercializados oriundos da atividade principal 5.2.3. Diversificação da atividade produtiva

5.2.4. Análise das formas de produção

5.2.5. Análise da infra-estrutura de apoio à produção 5.2.6. Renda, produção e oferta

5.2.7. Disponibilidade de recursos essenciais à produção 5.2.8. Informações adicionais sobre o subsistema econômico 5.3. Análise da dimensão social

5.3.1. Participação dos produtores em eventos de capacitação 5.3.2. Participação dos produtores em eventos de educação 5.3.3. Geração de novas oportunidades de trabalho

5.3.4. Aquisição de bens

5.3.5. Acesso a serviços de saúde e socioculturais

5.3.6. Aspectos relativos à participação e à inclusão social 5.3.7. Informações adicionais sobre o subsistema social 5.4. Análise da dimensão ambiental

5.4.1. Ações práticas de conservação e de recuperação de recursos naturais 5.4.2. Ações práticas de tratamento, aproveitamento ou reciclagem de resíduos e

de rejeitos líquidos

5.4.3. A oferta e as formas de abastecimento de água 5.4.4. Esgotamento sanitário das propriedades

117 117 117 118 118 120 121 122 122 124 124 126 129 132 135 136 138 138 139 140 142 145 147 148 149 149 151 153 156 6. Conclusões, limitações e sugestões

6.1. Conclusões

6.2. Limitações da pesquisa

6.3. Sugestões para trabalhos futuros

157 157 166 168

7. Referências bibliográficas 169

8. Apêndice A – Instrumento de coleta de dados – Questionário 175 9. Apêndice B – Relação de caprinocultores de leite de cabra que

(14)

1

Introdução

1.1

Escopo da pesquisa

A partir do final dos anos 60 intensificou-se o debate internacional sobre o modelo de desenvolvimento econômico vigente, procurando-se otimizar a gestão de recursos escassos e identificar soluções que minimizassem o impacto socioambiental das atividades produtivas, notadamente agrícolas e industriais. A partir da evolução dos debates realizados em eventos de caráter nacional e mesmo internacional, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992, aprovou um documento chamado Agenda 21, a qual estabelece diretrizes políticas a serem consideradas pelos países signatários, no sentido de se promover uma mudança no padrão de desenvolvimento para o século XXI, visando assegurar a sustentabilidade da vida no planeta Terra.

Em decorrência disso, um grande desafio se apresenta para os governos, as organizações e a sociedade em geral: como compatibilizar o crescimento do comércio internacional, a globalização, o desenvolvimento econômico e a evolução tecnológica com eqüidade, justiça social e conservação do meio ambiente?

De sua parte, a Estratégia Negocial de Desenvolvimento Regional Sustentável (Estratégia DRS) está alinhada às políticas e à Estratégia Corporativa do Banco do Brasil, que assim se expressa em sua missão: “Ser a solução em serviços e intermediação financeira, atender às expectativas dos clientes e acionistas, fortalecer o compromisso entre funcionários

(15)

de forma sustentável, inclusiva e participativa, considerando-se as características locais, de naturezas econômica, social, ambiental, institucional, política e cultural.

A aplicação da metodologia de construção da Estratégia de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS), em determinado território, é articulada pelo Banco do Brasil, em conjunto com entidades parceiras, e ocorre por meio de um processo dinâmico e participativo, envolvendo os atores sociais interessados e que possam contribuir para o fortalecimento da atividade produtiva escolhida e a transformação da realidade local (nos setores agropecuário, comercial, industrial ou de serviços). Entre as diversas fases da metodologia, elabora-se o Diagnóstico DRS que consolida diversas informações (econômicas, sociais, de infra-estrutura, ambientais, culturais, institucionais etc.), com o objetivo de retratar a realidade atual de uma atividade produtiva que tenha viabilidade econômica e potencial de geração de trabalho e renda. As informações do diagnóstico servem de fundamento para a elaboração do Plano de Negócios DRS, instrumento utilizado para definição dos objetivos, metas e especificação das ações necessárias ao desenvolvimento sustentável da atividade produtiva escolhida em determinado território, preferencialmente entre aqueles com baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH). Todo o trabalho é realizado em conjunto com os agentes sociais, econômicos e políticos que tenham legítimos interesses no desenvolvimento da atividade produtiva de determinado território.

Nesse contexto, percebe-se a carência de um conjunto de indicadores de desenvolvimento sustentável em nível local, territorial ou regional, direcionado para o monitoramento e a avaliação dos impactos gerados pela implementação da Estratégia de Desenvolvimento Sustentável.

(16)

condições atuais e projetar tendências em determinado território, organização ou sistema. Surge, então, a questão central deste trabalho de pesquisa:

Quais os impactos gerados pela implementação da Estratégia de Desenvolvimento Sustentável na atividade produtiva de caprinocultura de leite do município de Monteiro, no Estado da Paraíba?

Alguns tópicos relevantes se apresentam para investigação, destacando-se as seguintes:

a) Conceituação de Desenvolvimento Sustentável e determinação das variáveis em que se deve basear o monitoramento e a avaliação do grau de sustentabilidade da exploração de uma atividade produtiva em determinado território, do ponto de vista da viabilidade econômica, da justiça social e da conservação do meio ambiente.

b) Consolidação do conhecimento existente sobre sustentabilidade e sobre o sistema ou a realidade a ser avaliada (exploração da atividade produtiva em um território).

c) Estruturação de um conjunto de indicadores de sustentabilidade que forneça informações relevantes ao público-alvo, aos governos e à sociedade.

(17)

1.2

Justificativa

Indicadores econômicos e sociais já fazem parte do cotidiano de todos, podendo ser consultados diariamente em jornais, censos e pesquisas demográficas. Entretanto, somente no início da década de 90 é que surgiram referências aos denominados indicadores de sustentabilidade ou indicadores de desenvolvimento sustentável. A Agenda 21 Global ressalta a necessidade de desenvolvimento desses indicadores por parte de cada nação e de órgãos internacionais. Dessa forma, o mundo inteiro, e cada nação em particular, se encontra frente à tarefa de desenvolver indicadores de sustentabilidade, nos diferentes setores da atividade humana. Tais indicadores adquirem importância particular, não somente por ser uma exigência da Conferência das Nações Unidas, mas porque permitem o monitoramento do desenvolvimento sustentável, uma das grandes preocupações da sociedade contemporânea (MARZALL, 1999).

O fórum da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, ao publicar a Agenda 21, incentiva programas de elaboração de indicadores de sustentabilidade em diferentes escalas espaciais. Textualmente:

[...] É preciso elaborar indicadores de desenvolvimento sustentável que sirvam de base sólida para adotar decisões em todos os níveis e que contribuam a uma sustentabilidade autoregulada dos sistemas integrados do meio ambiente e do desenvolvimento. [...] Os países no plano nacional e as organizações governamentais e não-governamentais no plano internacional devem desenvolver o conceito de indicadores de desenvolvimento sustentável com o fim de estabelecer esses indicadores. (ONU, 1992, cap. 40, p. 1-2).

Na visão do IISD (2002, p. 7), “. . . não se pode gerenciar aquilo que não se pode medir. Um dos obstáculos na busca da sustentabilidade tem sido a falta de indicadores

significativos para informar-nos onde estamos agora, de que modo estamos nos movendo e

(18)

Bruto (PIB), não levam em conta impactos sociais e ambientais que não tenham conseqüências monetárias diretas, podendo assim atribuir valores positivos a atividades econômicas indesejáveis, do ponto de vista do conceito de sustentabilidade.

Ao publicar a obra: Indicadores de Desenvolvimento Sustentável – Brasil 2004, o IBGE (2004) considera que, na construção do desenvolvimento sustentável, um dos grandes desafios é o de criar instrumentos de mensuração, tais como indicadores de desenvolvimento. Esse instituto de pesquisa acrescenta que:

Indicadores são ferramentas constituídas por uma ou mais variáveis que, associadas através de diversas formas, revelam significados mais amplos sobre os fenômenos a que se referem. Indicadores de desenvolvimento sustentável são instrumentos essenciais para guiar a ação e subsidiar o acompanhamento e a avaliação do progresso alcançado rumo ao desenvolvimento sustentável. (IBGE, 2004, p. 10).

Os indicadores de sustentabilidade se constituem num importante instrumento, ferramenta ou sistema de informações que visa a (HAMMOND et al., 1995, MEADOWS, 1998; BOSSEL, 1999; BELLEN, 2006; SEPÚLVEDA, 2005):

representar a realidade de um sistema (país, região, território, município, empreendimento ou organização).

monitorar e avaliar o padrão de desenvolvimento alcançado.

orientar os tomadores de decisão e induzir a implementação de políticas e ações corretivas necessárias para impulsionar o desenvolvimento sustentável.

auxiliar no gerenciamento dos riscos de um sistema, evidenciando tendências, oportunidades e ameaças à sustentabilidade.

(19)

capazes de revelar mais objetivamente as suas conexões e tendências que, a princípio, não pareciam relacionadas (BELLEN, 2006).

A aplicação de sistemas de avaliação periódica da realidade dos territórios onde se implementou a Estratégia de Desenvolvimento Regional Sustentável do Banco do Brasil, desde a fase de planejamento, poderá se constituir numa importante ferramenta de gestão para monitorar e avaliar a contribuição conjunta de todas as instituições intervenientes para o progresso em direção à sustentabilidade.

1.2.1 Escolha do território para aplicação da pesquisa

Pretende-se aplicar um conjunto de indicadores por meio da realização de um teste piloto em Monteiro (PB), município-sede da Agência do Banco do Brasil, que, em articulação com as lideranças representativas da região, escolheu a atividade de caprinocultura de leite para implementação da Estratégia Negocial DRS.

A agência de Monteiro (PB) foi escolhida por ser considerada uma experiência pioneira e de sucesso na implementação da Estratégia Negocial DRS, reconhecida pelos dirigentes do próprio Banco do Brasil, pelos parceiros da atividade e por outras organizações governamentais e não governamentais.

Monteiro foi a primeira agência na Paraíba a finalizar o diagnóstico da atividade produtiva e o plano de negócios DRS. O pioneirismo se repete, sendo a primeira agência paraibana a contar com mais três planos de negócios destinados ao desenvolvimento das atividades produtivas de artesanato (rendas), criação de tilápias e apicultura.

(20)

seguintes ações: crédito para custeio e investimento, instalação de incubadora de negócios para identificação de mercado para distribuição dos novos produtos, capacitação técnica de produtores, atuação de Agentes de Desenvolvimento Rural (ADR), em complemento à assistência técnica prestada pela Emater e a elevação do padrão genético do rebanho de caprinos.

A Estratégia Negocial DRS abrange ainda mais três municípios – Ouro Velho, Prata e Camalaú (PB) e desfruta do apoio dos seguintes parceiros, predispostos para o compartilhamento de ações de desenvolvimento: Accop - Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos da Prata, Aocop - Associação dos Ovinocaprinocultores do Cariri Ocidental Paraibano, Cendov - Centro de Desenvolvimento Integrado da Ovinocaprinocultura de Monteiro, Emater – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural, Prefeitura Municipal de Monteiro, Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas, UFPB – Universidade Federal da Paraíba e FBB – Fundação Banco do Brasil. Os outros três municípios supramencionados não são, todavia, objeto deste estudo. No município de Monteiro (PB) são beneficiados atualmente 188 produtores rurais.

(21)

O presente trabalho propõe-se a avaliar as mudanças verificadas no desenvolvimento da atividade produtiva de caprinocultura de leite, abrangendo o período de 2004 a 2008, ou seja, desde a implantação da Estratégia Negocial DRS no município de Monteiro (PB).

(22)

1.3

Objetivos

A presente dissertação se propõe a alcançar os seguintes objetivos:

1.3.1 Objetivo geral

Identificar os impactos gerados pela Estratégia de Desenvolvimento Sustentável na atividade produtiva de caprinocultura de leite do município de Monteiro, Estado da Paraíba.

1.3.2

Objetivos específicos

a) Propor um conjunto de indicadores que permita identificar o impacto da Estratégia de Desenvolvimento Sustentável na atividade produtiva de caprinocultura de leite no município de Monteiro (PB).

(23)

2

Fundamentação teórica

2.1

Breve histórico do desenvolvimento sustentável

Nos últimos anos, o debate global trata da formulação das estratégias necessárias ao enfrentamento de desafios inter-relacionados, visando à construção de ambientes, economias e sociedades saudáveis. Esse debate originou-se da convergência de entendimento do movimento ambiental e de parte da comunidade internacional pós-segunda Grande Guerra, no momento em que se começou a perceber um relacionamento muito próximo entre meio ambiente e desenvolvimento. O otimismo sobre a criação da utopia tecnológica moderna tem sido substituído por uma compreensão mais realista sobre as forças que contribuem para os problemas mundiais (IISD, 1997).

A história recente ressalta um conjunto de eventos que merecem registros especiais, por trazer à discussão, tanto no ambiente político quanto no empresarial, a questão do desenvolvimento sustentável, a saber:

(24)

1972: O Clube de Roma publica “Limites do Crescimento”, um relatório controvertido, por prever terríveis conseqüências para a humanidade se o ritmo de crescimento não for diminuído. O relatório suscitou críticas dos países do Norte (desenvolvidos), porque não considerou o advento de soluções tecnológicas; e desagradou aos países do Sul (subdesenvolvidos), porque defendia a renúncia ao crescimento econômico. Porém, as discussões que se seguiram intensificou a consciência sobre as interconexões entre vários problemas globais conhecidos (IISD, 1997).

1972: Sob a liderança de Maurice Strong, acontece a Conferência de Estocolmo (Suécia) – Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano –, que fornece o primeiro reconhecimento internacional sobre a questão ambiental (IISD, 1997).

Esses dois eventos, em 1972, evidenciam a realidade sobre os recursos naturais finitos, limitados. Entre os princípios oriundos da Conferência de Estocolmo, chama-se a atenção para a preservação de recursos, visando a atender às necessidades das gerações presentes, assim como para a garantia do suprimento das necessidades das gerações futuras. A preocupação com a contaminação ambiental é evidenciada, e destaca-se a importância de instituir programas de preservação. Ressaltam-se ainda os problemas com o fornecimento de energia, pois já era evidente a diminuição da disponibilidade de petróleo como principal fonte de energia, na qual se baseou o desenvolvimento econômico (UNEP, 1981 apud MARZALL, 1999).

(25)

1974: Publicada a Declaração de Cocoyok (México) como resultado da reunião da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) e do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (UNEP), que muito contribui para o debate sobre meio ambiente e desenvolvimento, ao levantar questões importantes tais como: explosão populacional causada por falta de recursos; desequilíbrio demográfico e destruição ambiental gerados pela pobreza; elevado nível de consumo dos países industrializados que contribui para o subdesenvolvimento (BRÜSEKE, 2003). O encontro reafirma a finitude dos recursos naturais abordada em 1972 pelo Clube de Roma e propõe redefinir o desenvolvimento, centrando-se no desenvolvimento do ser humano, e não no desenvolvimento de bens materiais (UNEP, 1981 apud MARZALL, 1999). Brüseke (2003, p. 32) afirma: “não existe somente um mínimo de recursos necessários para o bem-estar do indivíduo; existe também um máximo”.

1974: A Fundação Bariloche (Argentina) publica “Limites à Pobreza”, como uma resposta dos países do Sul ao relatório “Limites do Crescimento” divulgado pelo Clube de Roma e reinvidica crescimento e eqüidade para o então chamado Terceiro Mundo (IISD, 1997).

1975: Publicação do relatório final da Fundação Dag-Hammarskjöld. Este documento destacou a problemática do abuso do poder e a sua interligação com a degradação do meio ambiente. Este relatório e a Declaração de Cocoyok compartilham um otimismo baseado na confiança de um desenvolvimento oriundo da mobilização das próprias forças (self-reliance). Tais propostas sofrem certa rejeição ou omissão por parte dos países industrializados e cientistas políticos conservadores (BRÜSEKE, 2003).

(26)

consta uma seção intitulada “Em direção ao Desenvolvimento Sustentável” que identifica os principais agentes de destruição do habitat como pobreza, pressão populacional, desigualdade social e os termos do comércio (IISD, 1997). Este encontro é considerado o primeiro a usar o termo sustentabilidade como um objetivo a ser alcançado (Kirkby et al., 1996 apud Marzall, 1999). Para Veiga (1993, p. 24), as possibilidades de alcançar o desenvolvimento sustentável passam pelo atendimento das necessidades alimentares essenciais dos habitantes do planeta, pois “enquanto não conseguirmos acabar com a tragédia da fome, será ridículo pensar que estaremos conseguindo nos desenvolver de forma ecologicamente sustentável.”.

1987: É publicado o Relatório Brundtland: “Nosso Futuro Comum” pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, depois de três anos de trabalho. Esta Comissão desenvolveu seus trabalhos preocupada com a crescente escassez dos recursos naturais, a degradação do meio ambiente e o aumento da pobreza e da miséria de grande parte da população mundial. Considera que meio ambiente e desenvolvimento estão interligados, fazendo parte de um sistema complexo de causa e efeito, envolvendo fatores econômicos, sociais, ecológicos e político-institucionais. A pobreza é vista, ao mesmo tempo, como causa e conseqüência dos problemas ambientais. A fome, segundo a Comissão, não é devido à falta de produção de alimentos, mas de carência de poder aquisitivo. Em seu relatório, a Comissão apresenta medidas e diretrizes que deverão ser tomadas pelas nações em direção ao desenvolvimento sustentável, como um objetivo de todo o mundo (CMMAD, 1991).

(27)

outras, questões estratégicas como a geração de trabalho e renda, a diminuição das disparidades regionais e interpessoais de renda, as mudanças nos padrões de produção e consumo, a construção de cidades sustentáveis e a adoção de novos modelos e instrumentos de gestão (ONU, 1992; BANCO DO BRASIL, 2005).

2000: Durante a realização da Cúpula do Milênio da ONU – Organização das Nações Unidas, 189 líderes mundiais assumiram o compromisso de promover o desenvolvimento humano global, materializado no documento chamado de Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que estabeleceu oito objetivos e respectivas metas de desenvolvimento humano a serem alcançadas até 2015, a saber: (i) erradicar a extrema pobreza e a fome; (ii) atingir o ensino básico universal; (iii) promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres; (iv) reduzir a mortalidade infantil; (v) melhorar a saúde materna; (vi) combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças; (vii) garantir a sustentabilidade ambiental; (viii) estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento. Os objetivos definidos priorizam o bem-estar, a redução da pobreza (que ainda hoje atinge a maioria da população mundial) e a sustentabilidade da vida no planeta (PNUD BRASIL; PUC MINAS, 2005).

2002: Realização da 2a. Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, em Johannesburgo, África do Sul (conhecida como RIO + 10), onde foi acordado o tratamento equilibrado, e de forma integrada, dos três pilares do Desenvolvimento Sustentável (econômico, social e ambiental).

(28)

confirmam a responsabilidade do homem sobre o aquecimento global, causador de alterações climáticas e de ecossistemas, em escala mundial (SCHOMMER, 2008).

De acordo com Buarque (2006, p. 57), os eventos históricos surgidos desde o final da década de 60 indicam que o conceito de desenvolvimento sustentável “não é apenas mais um modismo ou uma idéia brilhante das Nações Unidas, mas uma construção teórica para

organizar uma nova postura da sociedade diante dos desafios do presente e do futuro e

consistente com o novo paradigma de desenvolvimento.”.

2.2

O Conceito de desenvolvimento sustentável

O termo desenvolvimento sustentável foi consagrado em 1987 pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), conhecida como Comissão Brundtland, presidida pela então Primeira-Ministra norueguesa, Gro Harlem Brundtland, que produziu um relatório considerado seminal para a definição desta noção e dos princípios que lhe dão fundamento. De acordo com o Relatório Brundtland:

O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades. [...] Em essência [...] é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas. (CMMAD, 1991, p. 46 e 49).

(29)

existir sem a lógica autodestrutiva predominante. As diferentes forças que atuam no sistema devem estar em equilíbrio para que o sistema como um todo se mantenha ao longo do tempo (BELLEN, 2006).

Para a Comissão Brundtland:

A humanidade é capaz de tornar o desenvolvimento sustentável – de garantir que ele atenda às necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem também às suas. O conceito de desenvolvimento sustentável tem, é claro, limites – não limites absolutos, mas limitações impostas pelo estágio atual da tecnologia e da organização social, no tocante aos recursos ambientais, e pela capacidade da biosfera de absorver os efeitos da atividade humana. Mas tanto a tecnologia quanto a organização social podem ser geridas e aprimoradas a fim proporcionar uma nova era de crescimento econômico (CMMAD, 1991, p. 9).

(30)

para onde quer ir e estabelecer seus objetivos, para que depois possa medir o quanto eles estão sendo alcançados (DAHL, 1997).

A sustentabilidade pode ser trabalhada em múltiplos níveis e somente pode ser alcançada se os subsistemas interdependentes forem viáveis ou sustentáveis. No entanto, subunidades sustentáveis, por si só, não garantem a sustentabilidade do sistema como um todo, dada a possibilidade de interferência de novos fatores em diferentes níveis de interação. É possível observar a sustentabilidade a partir de subsistemas como, por exemplo, dentro de uma comunidade local, de um empreendimento, de uma região ou de uma nação, mas deve-se reconhecer a existência de interdependências e/ou fatores que não podem ser controlados dentro das fronteiras desses sistemas menores (DAHL, 1997).

A sustentabilidade da humanidade vem sendo ameaçada por dois fatores: (i) as dinâmicas populacional, tecnológica e econômica que aceleram as taxas de mudança socioambiental; e (ii) a inércia estrutural que reduz a capacidade de resposta tempestiva. O tempo de resposta (response time) se prolonga enquanto diminui o tempo disponível para dar uma resposta adequada (respite time). Daí se origina a crescente preocupação com a sustentabilidade da sociedade humana (BOSSEL, 1999).

O conceito de desenvolvimento sustentável refere-se a uma nova concepção dos limites e ao reconhecimento das fragilidades do planeta, ao mesmo tempo em que enfoca o problema socioeconômico e da satisfação das necessidades básicas das populações (SACHS 1997 apud BELLEN, 2006).

(31)

psicológica e culturalmente insustentável. O desenvolvimento sustentável deve abordar as dimensões material, ambiental, social, ecológica, econômica, legal, cultural, política e psicológica (BOSSEL, 1999).

Entre as diversas restrições que limitam o desenvolvimento da sociedade, a maioria é imutável e poucas podem ser negociadas ou pactuadas, reduzindo o leque de possibilidades. Ao conjunto de opções de desenvolvimento potencialmente acessível, Bossel (1999) denomina de espaço de acessibilidade.

A sociedade e o meio ambiente sofrem mudanças contínuas. As tecnologias, as culturas, os valores e as aspirações das pessoas se alteram constantemente e uma sociedade sustentável deve apoiar essas modificações que conferem um conceito dinâmico à sustentabilidade (BOSSEL, 1999). As restrições ao desenvolvimento citadas pelo autor podem ser resumidas da seguinte forma:

a) restrições para o sistema físico e leis da natureza:

as leis da natureza e as normas lógicas: são elementos que não podem ser rompidos, ultrapassados ou restrições que não podem ser contornadas;

ambiente físico: a sociedade humana é um subsistema do ambiente global com o qual interage e do qual depende e seu desenvolvimento depende das condições do ambiente geral, como a capacidade de assimilação de resíduos, rios, oceanos, recursos renováveis e não renováveis;

(32)

Capacidade de carga: o consumo dos seres vivos depende do organismo e de seu estilo de vida. Em longo prazo o consumo é limitado pela produção fotossintética de uma região. A capacidade de carga constitui o número de organismos de uma espécie que pode ser suportado por essa produtividade ecológica, dentro da região. Os seres humanos podem ultrapassar a capacidade de carga de uma região importando recursos críticos de outras regiões, mas isso só é válido temporariamente, uma vez que, os recursos se tornando escasso em outras partes, o fluxo tende a diminuir.

b) restrições de natureza humana e sobre as metas humanas:

atores sociais: os seres humanos não atuam de maneira restrita, confinados por regras de comportamento. São capazes de criar novas soluções ou, por outro lado, não enxergar soluções óbvias. Constitui-se assim uma restrição sobre o espaço que é mental e intelectualmente acessível ao ser. Sociedades mais inovativas têm um nível mais elevado de educação e população mais capacitada; com um ambiente cultural aberto têm maior área acessível do que sociedades mais restritas;

organizações, cultura e tecnologia: a interação entre organizações, cultura, sistemas políticos e tecnologias afeta o comportamento social e a reação à mudança, levando a restrições quanto ao espaço disponível;

papel da ética e dos valores: nem tudo que é acessível é aceitável dentro de alguns padrões éticos, comportamento ou valores culturais ou normas de uma sociedade. c) restrições relacionadas ao tempo, sua dinâmica e sua evolução, que determinam a direção

e o ritmo de mudanças:

(33)

papel da evolução: o desenvolvimento sustentável implica uma mudança evolucionária auto-organizativa e adaptativa constante. Quanto maior o número de diferentes alternativas inovativas, melhor para o sistema, mais espaço avaliável. O espectro da diversidade dentro do sistema constitui a última restrição do espaço avaliável.

Nas palavras de Hardi e Zdan (1997, p. 9), o desenvolvimento deve ser qualitativo e quantitativo, diferenciando-se da simples noção de crescimento econômico, pois:

“Desenvolver significa expandir ou realizar as potencialidades, levar gradualmente a um

estágio mais completo, maior ou melhor. Desenvolvimento sustentável não é um estado fixo

de harmonia. Ao contrário, é um processo contínuo de evolução.”

2.3

As dimensões do desenvolvimento sustentável

O planejamento do desenvolvimento deve considerar, simultaneamente, as cinco dimensões do conceito de sustentabilidade: social, econômica, ecológica, espacial e cultural (SACHS, 2007). Desde já, deve ser ressaltado que o desenvolvimento é um construto processual multidimensional e em contínua evolução. Portanto, para se alcançar o desenvolvimento verdadeiramente sustentável, é preciso que, na projeção de um futuro ideal, sejam satisfeitas todas as “sustentabilidades parciais” (SACHS, 2002, 2007) comentadas adiante.

(34)

sistema de contabilidade proposto pelos economistas, por considerá-lo incompleto e inapropriado na valoração do capital natural (RUTHERFORD, 1997).

A sustentabilidade, sob a perspectiva social, se destaca como “a própria finalidade do desenvolvimento” (Sachs, 2002, p.71), enfatizando-se a presença do ser humano na ecosfera. A preocupação maior é com o bem-estar humano, a condição humana e os meios utilizados para aumentar a qualidade de vida. A sustentabilidade social refere-se a um processo de desenvolvimento que propicie uma distribuição mais eqüitativa de renda e de bens, gerando a diminuição das atuais diferenças entre os diversos níveis na sociedade (padrões de vida dos ricos e dos pobres) e a conseqüente melhoria das condições de vida das populações (SACHS, 2007).

Sustentabilidade ecológica significa ampliar a capacidade de carga do planeta pelo uso do potencial de recursos encontrados nos diversos ecossistemas, ao mesmo tempo em que se minimiza a sua deterioração. Deve-se limitar a utilização de combustíveis fósseis, substituí-los por fontes de energia e de recursos renováveis, diminuir a emissão de substâncias poluentes, adotar políticas de conservação de energia e de recursos, de reciclagem e aumentar a eficiência no uso de recursos utilizados, estabelecendo também normas de proteção ambiental (SACHS, 2007). Sob a perspectiva ambiental, a principal preocupação é relativa aos impactos das atividades humanas sobre o meio ambiente e quais os seus respectivos limites de absorção. A produtividade primária da natureza é a base fundamental e indispensável à sobrevivência da espécie humana, mas não pode ser explorada indefinidamente: há um limite máximo de expropriação (RUTHERFORD, 1997).

(35)

A sustentabilidade cultural relaciona-se a processos de mudanças e modelos de modernização que resguardem a continuidade cultural dentro de contextos socioecológicos específicos (SACHS, 2007).

Montibeller-Filho (2004) relaciona os componentes e os objetivos de cada uma das dimensões de sustentabilidade, conforme o quadro a seguir:

DIMENSÕES COMPONENTES OBJETIVOS Sustentabilidade Social criação de postos de trabalho que

permitam a obtenção de renda individual adequada;

produção de bens dirigida prioritariamente às necessidades básicas sociais.

Redução das desigualdades

Sustentabilidade Econômica

fluxo permanente de investimentos públicos e privados;

manejo eficiente dos recursos; absorção, pela empresa, dos custos ambientais;

endogeneização: contar com suas próprias forças.

Aumento da produção e da riqueza social, sem

dependência externa.

Sustentabilidade Ecológica

produzir respeitando os ciclos ecológicos dos ecossistemas; prudência no uso dos recursos naturais;

prioridade à produção de biomassa e à industrialização de insumos naturais renováveis;

redução da intensidade energética e aumento da conservação de

energia;

tecnologias e processos produtivos de baixo índice de resíduos; cuidados ambientais.

Melhoria da qualidade do meio ambiente e preservação das fontes de recursos energéticos e naturais para as próximas gerações.

Sustentabilidade Espacial

desconcentração espacial (de atividades e de população); desconcentração/democratização do poder local e regional;

relação cidade/campo equilibrada (benefícios centrípetos).

Evitar excesso de

aglomerações.

Sustentabilidade Cultural

soluções adaptadas a cada ecossistema;

respeito à formação cultural comunitária.

Evitar conflitos culturais com potencial regressivo.

(36)

O conceito de desenvolvimento sustentável fornece uma nova maneira de se observar a dinâmica de funcionamento do mundo, em uma perspectiva sistêmica e de longo prazo. Revela que o estado atual da atividade humana não se apresenta adequado para atender às necessidades vigentes, além de ameaçar seriamente a perspectiva de vida das futuras gerações. Entretanto, construir estratégias de desenvolvimento em direção à sustentabilidade é uma escolha da sociedade, de modo que a mudança só é possível se houver grande comprometimento dos atores sociais, das organizações e das entidades governamentais e não governamentais (BELLEN, 2006).

Na visão de Sachs (2002, 2007), o desenvolvimento é um construto processual multidimensional e em aberto. Assim, para alcançar um desenvolvimento genuinamente sustentável, os critérios de sustentabilidade precisam ser satisfeitos em todas as suas dimensões.

Considerando os critérios de relevância social, prudência ecológica e viabilidade econômica, Sachs (2002, 2007) estabelece os seguintes padrões de crescimento:

a) crescimento selvagem, desordenado: prioriza somente a dimensão econômica (impactos positivos), provocando conseqüências negativas intoleráveis aos meios ambiente e social. b) crescimento social benigno: causa impactos positivos nas dimensões econômicas e

sociais, mas descuida-se das conseqüências ambientais (degradação ambiental).

c) crescimento ambientalmente benigno ou sustentável: causa impactos positivos nas dimensões econômicas e ecológicas, sem atentar para os aspectos sociais, tornando-se incapaz de resolver problemas de desemprego crônicos.

d) desenvolvimento: trata-se de desenvolvimento no sentido amplo da palavra, que causa impactos triplamente positivos, porque permite avanços nas três dimensões da sustentabilidade, isto é, econômica, social e ambiental.

(37)

Padrões de Crescimento Impactos

Econômicos Sociais Ecológicos

Crescimento selvagem, desordenado + - -

Crescimento social benigno + + -

Crescimento ambientalmente benigno + - +

Desenvolvimento + + +

Quadro 2 (2) - Padrões de crescimento. Fonte: Sachs (2002, 2007).

Na mesma linha de pensamento proposta por Sachs (2002, 2007), Buarque (2006, p. 67) argumenta que o desenvolvimento local sustentável, a partir de um compromisso com o futuro e a solidariedade entre gerações, deve compatibilizar, “no tempo e no espaço, o crescimento e a eficiência econômicos, a conservação ambiental, a qualidade de vida e a

eqüidade social.”. A concepção de desenvolvimento sustentável compreende três grandes dimensões inter-relacionadas, a saber:

a) Eqüidade social e elevação da qualidade de vida constituem-se no propósito final do modelo de desenvolvimento a curto, médio e longo prazos (BUARQUE, 2006).

b) Eficiência e crescimento econômicos, que são pré-requisitos fundamentais para a elevação da qualidade de vida com eqüidade, representam uma condição necessária, porém insuficiente, do desenvolvimento sustentável (BUARQUE, 2006; SACHS, 2007). c) Conservação ambiental como condicionante decisivo da sustentabilidade do

desenvolvimento a longo prazo (BUARQUE, 2006).

Buarque (2006, p. 69) ainda argumenta que “o propósito central de uma proposta de desenvolvimento sustentável consiste na implementação de iniciativas e ações que gerem, ao

mesmo tempo, uma maior eqüidade, um nível elevado de conservação ambiental e uma maior

(38)
(39)

Fig. 1 (2) (a) Fig. 1 (2) (b)

Fig. 1(2) (c)

Figura 1 (2) - Modelo de Rigidez Estrutural das Dimensões de Desenvolvimento.

Eqüidade

Social Conservação

Ambiental

Eficiência Econômica DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL Degradação

do Meio Ambiente

Conservação Ambiental

Eficiência Econômica Eqüidade

Social

Estrutura de renda

Eficiência Econômica Ausência de

realismo econômico

Padrão de Consumo

Eqüidade

Social Conservação Ambiental

Pobreza e Desigualdade

Social

Eqüidade Social

Conservação Ambiental Eficiência

Econômica

(40)

Com base na figura 1 (2), a priorização de somente duas das três dimensões não assegura o atingimento do desenvolvimento sustentável. Apesar de propiciar estrutura de renda satisfatória, maximizar somente a eqüidade social e a eficiência econômica é insustentável no longo prazo, gerando degradação do meio ambiente – Figura 1 (2)(a). Alcançar somente eqüidade social com qualidade de vida e conservação ambiental não terá sustentabilidade por falta de realismo econômico para sustentar o elevado padrão de consumo – Figura 1 (2)(b). E, finalmente, buscar atingir somente a eficiência econômica e a conservação ambiental, com alto padrão tecnológico e sem preocupar-se com a dimensão social, não assegura o desenvolvimento sustentável, por ocasionar pobreza e desigualdades sociais – Figura 1 (2)(c).

Assim, as estratégias em prol do desenvolvimento sustentável devem perseguir a melhor combinação possível de fatores de produção (eficiência econômica), respeitando o meio ambiente (conservação ambiental) e elevando a qualidade de vida das pessoas (eqüidade social). Entretanto, a busca pela maximização do desempenho das três dimensões, fundamental para a sustentabilidade do desenvolvimento, envolve interações complexas e está carregada de resistências estruturais (trade-off). Assim, a ênfase isolada em qualquer uma das dimensões pode gerar conseqüências indesejáveis nas outras, neutralizando o esforço de desenvolvimento, sob o ponto de visto sistêmico (BUARQUE, 2006).

(41)

componentes também podem provocar impactos positivos e negativos nas dimensões de desenvolvimento – econômica, social e ambiental – gerando tensões e conflitos (trade-off).

De modo análogo, porém incorporando uma quarta dimensão, Sepúlveda (2001) concebe um modelo de desenvolvimento sustentável microrregional como um processo multidimensional e intertemporal, composto de quatro dimensões: econômica, social, ambiental e político-institucional. A inevitável interação dessas dimensões provoca tensões e conflitos (trade-off) que precisam ser conciliados para assegurar competitividade econômica, eqüidade social, sustentabilidade ambiental e governabilidade político-institucional, à luz de seus princípios norteadores (éticos, culturais, socioeconômicos, ecológicos, institucionais, políticos e tecnológico-produtivos). No centro da figura 2 (2), a esfera azul (de tonalidade mais clara) representa o espaço de interação equilibrada entre as quatro dimensões, simbolizando o desenvolvimento sustentável.

Figura 2 (2) - Sistema microrregional multidimensional. Fonte: Sepúlveda (2001).

(42)

para expressar o seu pensamento de que o verdadeiro desenvolvimento é caracterizado por um projeto social que prioriza a efetiva melhoria das condições de vida da população:

O crescimento econômico, tal qual o conhecemos, vem se fundando na preservação dos privilégios das elites que satisfazem seu afã de modernização; já o desenvolvimento se caracteriza pelo seu projeto social subjacente. Dispor de recursos para investir está longe de ser condição suficiente para preparar um melhor futuro para a massa da população. Mas quando o projeto social prioriza a efetiva melhoria das condições de vida dessa população, o crescimento se metamorfoseia em desenvolvimento.

Ao propor um modelo teórico baseado na teoria de sistemas para a avaliação da sustentabilidade, Bossel (1999) refere-se a três grandes sistemas associados a três categorias de capital que, em outras palavras, abrangem as diversas dimensões de desenvolvimento referidas pelos autores mencionados neste trabalho (BOSSEL, 1999; SEPÚLVEDA, 2001; SACHS, 2002, 2007; BUARQUE, 2006):

a) Sistema humano: envolve o sistema social, o desenvolvimento individual e os governos. Esse sistema corresponde ao capital humano.

b) Sistema de suporte: engloba a infra-estrutura e o sistema econômico. É o que se denomina de capital estrutural.

c) Sistema natural: envolve os recursos naturais e o meio ambiente, representando o capital natural.

(43)

Autores

Dimensões

Bossel (1999)

Sachs (2002, 2007)

Sepúlveda (2001)

Buarque (2006)

Material

Econômica

Social

Ecológica, Ambiental Espacial, Territorial Cultural

Legal

Política

Psicológica

Quadro 3 (2) – Síntese das dimensões de desenvolvimento.

Fonte: Bossel (1999); Sachs (2002, 2007); Sepúlveda (2001); Buarque (2006).

2.4

Sistema de indicadores de sustentabilidade

(44)

O desenvolvimento sustentável somente é possível se o sistema total, assim como os seus sistemas componentes funcionarem apropriadamente, ou seja, forem viáveis. O sistema total é formado de grande quantidade de sistemas componentes, aí incluída a sociedade humana (BOSSEL, 1999).

Apesar da incerteza da direção do desenvolvimento sustentável, é necessário identificar os sistemas essenciais que o conformam e definir indicadores que forneçam informações confiáveis sobre a viabilidade do sistema total e dos seus subsistemas. Independentemente da perspectiva ética ou ideológica adotada, a prudência recomenda observar a viabilidade de cada um desses sistemas ao longo do tempo (BOSSEL, 1999).

Há diversas exigências para encontrar indicadores de desenvolvimento sustentável, os quais devem (BOSSEL, 1999):

Orientar a implementação de políticas e a tomada de decisões em vários níveis sociais. Representar os interesses importantes da sociedade, desde que considerem as interações entre os sistemas e o seu ambiente.

Formar um conjunto abrangente e ao mesmo tempo compacto, e comportar todos os aspectos relevantes.

Ser identificados e selecionados por meio de processo participativo e contemplar as visões, os valores e os interesses dos stakeholders.

Ser claramente definidos, replicáveis, sem ambigüidades, compreensíveis e práticos. Informar sobre a viabilidade do desenvolvimento presente e permitir comparações com outros padrões de desenvolvimento alternativos.

(45)

considerados indicadores de sustentabilidade em si mesmo, embora possuam um potencial representativo no contexto do desenvolvimento sustentável. A complexidade que envolve o desenvolvimento sustentável requer sistemas integrados, indicadores interligados ou a agregação de diferentes indicadores. Existem poucos sistemas de indicadores que abordam o desenvolvimento sustentável, na maior parte em caráter experimental, com o propósito de melhor compreender os fenômenos relativos à sustentabilidade (BELLEN, 2006).

Na discussão sobre a sustentabilidade e seus indicadores, julgamentos de valor – implícitos ou explícitos – estão sempre presentes nos sistemas de avaliação, nos diferentes níveis e dimensões. Julgamentos de valor explícitos são aqueles tomados conscientemente e compreendem uma parte fundamental do processo de criação de indicadores. Podem surgir na

utilização dos indicadores diretamente no processo de observação ou de medição de vá rias maneiras: por meio de preferências estéticas; incorporados às medidas observadas, por

restrições impostas pelas metas estabelecidas ou pelos ordenamentos jurídico-regulatórios; pelos pesos atribuídos aos indicadores em um sistema integrado. Os julgamentos de valor implícitos decorrem de aspectos não facilmente observáveis, sendo, em grande parte, inconscientes e relacionados a características pessoais e culturais. Tais particularidades dificultam a mensuração da influência dos fatores implícitos, influenciando o processo de formulação dos indicadores (BELLEN, 2006).

Existe uma grande diferença entre as diversas esferas em que se mede a sustentabilidade – mundial, nacional, regional, local ou comunitária –, como conseqüência de diversos fatores culturais e históricos, que determinam os valores respectivos predominantes. Embora sejam aspectos inevitáveis, deve-se reconhecer sua presença constante e procurar torná-los explícitos (BELLEN, 2006).

(46)

Um dos desafios da construção do desenvolvimento sustentável é o de criar instrumentos de mensuração, tais como indicadores de desenvolvimento. [...] Indicadores de desenvolvimento sustentável são instrumentos essenciais para guiar a ação e subsidiar o acompanhamento e a avaliação do progresso alcançado rumo ao desenvolvimento sustentável.

Os indicadores de desenvolvimento sustentável devem cumprir muitas funções e reportar-se a fenômenos de curto, médio e longo prazos. Viabilizam o acesso à informação já disponível sobre temas relevantes para o desenvolvimento, assim como apontam a necessidade de geração de novas informações. Servem para identificar variações, comportamentos, processos e tendências; estabelecer comparações entre países, regiões, municípios e outros territórios; indicar necessidades e prioridades para a formulação, monitoramento e avaliação de políticas; e enfim, por sua capacidade de síntese, são capazes de facilitar o entendimento ao crescente público envolvido com o tema. (IBGE, 2004, p.10).

Ainda que a maioria dos autores refira-se ao desenvolvimento sustentável como necessidade de uma eqüidade intergeracional (preservar o ambiente para futuras gerações), a sustentabilidade crítica para os países subdesenvolvidos é a sustentabilidade intrageracional, ou seja, como enfrentar o problema da pobreza, da desigualdade e como fazer o uso eqüitativo do ambiente no presente. Esta preocupação é pertinente e deve estar presente ao se definir e desenvolver indicadores de sustentabilidade (GUTMAN, 1994 apud MARQUES, 2003).

O maior desafio na construção de indicadores é fornecer um retrato da situação de sustentabilidade, de uma maneira simples, que represente a própria idéia, apesar da magnitude, da complexidade, da incerteza e dos diversos fatores a considerar, tais como as suas dimensões, as diferenças entre países, regiões e seus conflitos, a diversidade cultural, de valores e os múltiplos níveis de desenvolvimento e de organização da sociedade (DAHL, 1997).

A construção de indicadores de sustentabilidade (GALLOPIN, 1996, 1997; DAHL, 1997):

a) pode ajudar a enxergar as ligações dos diferentes aspectos do desenvolvimento dentro dos vários níveis em que eles coexistem.

Imagem

Figura 2 (2) - Sistema microrregional multidimensional.
Figura 4 (2)  - Ilustração do Processo de Concertação  Fonte: Banco do Brasil, 2007c.
Figura 5 (2)  - Representação da cadeia de valor.
Figura 6 (3): Cadeia de valor da caprinocultura de leite  Fonte: Banco do Brasil, 2006
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Referências

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