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Educação permanente: uma ferramenta para pensar e agir no trabalho de enfermagem.

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Academic year: 2017

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EDUCAÇÃO PERMANENTE: UMA FERRAMENTA PARA PENSAR E AGI R

NO TRABALHO DE ENFERMAGEM

1

Car los Alber t o Caciquinho Ricaldoni2

Roseni Rosangêla de Sena3

Est a pesquisa t orna- se im port ant e na m edida em que cont ribui para a reflexão sobre ações educat ivas d ir ig id as aos t r ab alh ad or es d e en f er m ag em , com en f oq u e n a f in alid ad e, n os in st r u m en t os e n os su j eit os r esponsáv eis pelo cuidado. Tev e com o obj et iv o ger al analisar os efeit os das ações de educação per m anent e na qualidade de assist ência de enfer m agem , em um hospit al pr iv ado, de gr ande por t e, no m unicípio de Belo Hor izont e, MG. Opt ou- se por um est udo qualit at iv o na cor r ent e filosófica da dialét ica, t endo com o suj eit os 02 en f er m eir os, 1 7 au x iliar es e t écn icos de en f er m agem do 8 º e 9 º an dar es e a ger en t e de en f er m agem . Os r esult ados r ev elar am que as ações educat iv as não est ão ar t iculadas ao pr ocesso de t r abalho e que ex ist e a n ecessi d ad e d e ap r i m o r am en t o g er en ci al d o s en f er m ei r o s, p o ssi b i l i t an d o a r eal i zação d a p ed ag o g i a d e pr oblem at ização. Conclui- se que dev er ia ser r ev ist a a inser ção dos pr ofissionais da enfer m agem no cont ex t o do pr ocesso de t r abalho, ar t iculada com a capacit ação baseada na est r at égia da educação per m anent e.

DESCRI TORES: edu cação em en fer m agem ; capacit ação; edu cação con t in u ada em en fer m agem

PERMANENT EDUCATI ON: A TOOL TO THI NK AND ACT

I N NURSI NG W ORK

This research is im port ant t o t he ext ent t hat it cont ribut es t o reflect ions on educat ional act ions direct ed at nur sing w or k er s, focusing on t he pur pose, inst r um ent s and subj ect s r esponsible for car e. The gener al aim was t o analyze t he effect s of perm anent educat ion act ions on nursing care qualit y at a large privat e hospit al in Belo Hor izont e, Minas Ger ais, Br azil. We car r ied out a qualit at iv e st udy in t he fr am ew or k of dialect ics. Dat a w er e collect ed fr om t w o nur ses and sev ent een nur sing aux iliar ies and t echnicians w ho w or k ed on t he eight h and nint h floor and from t he nurse m anager. The result s showed t hat educat ion is not art iculat ed wit h t he work pr ocess and t hat pr ofessionals need m anagem ent im pr ov em ent , per m it t ing t eaching t hr ough pr oblem - r aising. Th e r ole of n u r sin g pr of ession als n eeds t o be r ev iew ed in t h e con t ex t of t h e w or k pr ocess, t oget h er w it h t r aining based on t he per m anent educat ion st r at egy .

DESCRI PTORS: educat ion, nur sing; t r aining; educat ion, nur sing, cont inuing

EDUCACI ÓN PERMANENTE: UNA HERRAMI ENTA PARA PENSAR Y ACTUAR

EN EL TRABAJO DE ENFERMERÍ A

La im port ancia de est a invest igación es que cont ribuye a la reflexión sobre acciones educat ivas dirigidas a t r ab aj ad or es d e en f er m er ía, con én f asis en la f in alid ad d el cu id ad o, los in st r u m en t os u t ilizad os p ar a la r ealización del cuidado y los suj et os/ t r abaj ador es de enfer m er ía r esponsables por el cuidado. El obj et ivo de la invest igación fue analizar los efect os de las acciones de educación perm anent e en la calidad de la at ención de enferm ería, en un hospit al privado de grande port e, en Belo Horizont e – Brasil. El est udio ut ilizó la aproxim ación cu alit at iv a, or ien t ad a p or la cor r ien t e f ilosóf ica d e la d ialéct ica. Los su j et os d e la in v est ig ación f u er on 0 2 enferm eros, 17 auxiliares y t écnicos de enferm ería del 8º y 9º piso y la j efe de los servicios de enferm ería. Los r esu lt ados r ev elar on qu e las accion es edu cat iv as n o est án ar t icu ladas al pr oceso de t r abaj o de en fer m er ía, apunt ando la necesidad de m ej or ar la función ger encial de las enfer m er as par a que ellas asum an las acciones educat iv as en las unidades asist enciales, ut ilizándose de la concepción pedagógica de la pr oblem at ización. El análisis per m it e concluir que es necesar io r ev isar el papel de los pr ofesionales de enfer m er ía en el cont ex t o del pr oceso de t r abaj o, adem ás de la capacit ación basada en la est r at egia de educación per m anent e.

DESCRI PTORES: educación en enfer m er ía; capacit ación; educación cont inua en enfer m er ía

1 Trabalho extraído da Dissertação de Mestrado; 2 Enferm eiro, Mest re, Especialist a em Enferm agem do Trabalho, Especialist a em Adm inist ração Hospit alar,

Mem bro do Núcleo de Pesquisa e Estudo sobre Prática e Ensino em Enferm agem – NUPEPE EEUFMG, Hospital Mater Dei; e-m ail: carlosalberto@m aterdei.com .br;

3 Enferm eira, Dout or, Professor Adj unt o da Escola de Enferm agem da Universidade de Minas Gerais- aposent ada, Coordenador do NUPEPE/ EEUFMG,

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I NTRODUÇÃO

A

ed u cação t em si d o co n si d er ad a co m o in st r u m en t o par a m u dan ças e t r an sf or m ações em u m a so ci e d a d e . As t r a n sf o r m a çõ e s so ci a i s e e d u ca ci o n a i s t ê m r e p e r cu ssõ e s n o s m o d o s d e p r o d u zi r, n o s d i f e r e n t e s ca m p o s d o sa b e r e d e produção de bens e de serviços.

No â m b i t o d a e d u ca çã o e d a sa ú d e , a a cu m u l a çã o d o co n h e ci m e n t o , t r a d u zi d o e m t ecnologias e indicadores da qualidade dos processos d e t r a b a l h o , t em i n f l u en ci a d o a o r g a n i za çã o d o t r abalh o, ex igin do qu e os t r abalh ador es adqu ir am novas habilidades de form a dinâm ica.

O d e se n v o l v i m e n t o t e cn o l ó g i co e st á associado à cr escent e dem anda e às necessidades, qualitativa e quantitativa, de saúde das populações e r e q u e r i n co r p o r a çã o d e p r o ce sso s d e e d u ca çã o p e r m a n e n t e , v i n cu l a d o s a u m p r o g r a m a d e d esen v olv im en t o d as p essoas em u m a r ealid ad e concret a de vida e de t rabalho( 1- 2).

Assim , com p r een d e- se q u e a ed u cação é u m a est r at égia par a qu e o in div ídu o t en h a m aior cap acit ação e m aior p ossib ilid ad e d e con st r u ir - se d en t r o d o m u n d o d o t r ab alh o, com o su j eit o q u e const rói e desconst rói, em um m ovim ent o dinâm ico e com plexo m ediado, por valores polít icos, cult urais e ét icos.

A e d u ca çã o d o s t r a b a l h a d o r e s é f a t o r essencial para o desenvolvim ent o da sociedade que v iv e em const ant es t r ansfor m ações. No m undo do t r abalho, a possibilidade de educação per m anent e deve contem plar a incorporação de novas tecnologias, e a própria pressão social deve desencadear processos q u e a sse g u r e m a ci d a d a n i a . As n e ce ssi d a d e s em ergent es de m udanças sociais e educacionais não se rest ringem a aspirações do adult o em um m undo d e t r a n sf o r m a çõ e s. El a s se d i r e ci o n a m co m o d em an d a d as p r óp r ias or g an izações sociais, q u e r equer em a incor por ação do pr ocesso de educação p e r m a n e n t e , v i n cu l a d o a p r o g r a m a s d e d esen v olv im en t o( 1 ). É n ecessár io r econ h ecer q u e

“ h o j e, m u i t o s ed u cad o r es, p er p l ex o s d i an t e d as rápidas m udanças da sociedade, na t ecnologia e na econom ia, perguntam sobre o futuro de sua profissão, alguns com m edo de perdê- la sem saber o que devem f a ze r ”( 3 ). O si st e m a e d u ca ci o n a l p e r m a n e ce ,

h e g e m o n i ca m e n t e , u m si st e m a d e t r e i n a m e n t o subalt erno para gent e subalt erna, desvinculando do apr ender a apr ender e do saber pensar. Com isso não em erge a qualidade buscada( 4).

Ne st e t r a b a l h o o co n ce i t o d e e d u ca çã o perm anent e é adot ado com o um cont ínuo de ações de t rabalho- aprendizagem que ocorre em um espaço de t rabalho/ produção/ educação em saúde, que part e de um a situação existente ( geralm ente um a situação-p r oblem a) , e se dir ige a su situação-p er á- la, a m u d á- la, a t r a n sf o r m á - l a e m u m a si t u a çã o d i f e r e n t e e desej ada( 2).

Apesar de o hospit al, cenário do est udo, há m uit os anos cont ar com a capacit ação em ser v iço, que t em com o obj et iv o capacit ar os t r abalhador es de enferm agem para a assist ência de qualidade, não a l ca n ço u a e f e t i v a a r t i cu l a çã o d a s a çõ e s d e ca p a ci t a çã o co m o s p r o ce sso s g e r e n ci a i s e assist enciais. At é o início dest e est udo, em 2 0 0 4 , apesar dos esfor ços, não foi const r uída e ut ilizada u m a m e t o d o l o g i a q u e f o sse co e r e n t e co m o s p r o cesso s d a ed u cação p er m an en t e em ser v i ço , t o r n a n d o - se n e ce ssá r i a a i d e n t i f i ca çã o d o s m e ca n i sm o s e i n st r u m e n t o s q u e a r t i cu l e m a s at iv idades de capacit ação no cot idiano do t r abalho d e en f er m ag em , ou sej a, at iv id ad es in ser id as n o processo de t rabalho da equipe de enferm agem .

Est e est udo v em cont r ibuir par a a r eflex ão das ações educat iv as dest inadas aos t r abalhador es de enferm agem no hospit al, cenário do est udo, com enfoque na finalidade, nos instrum entos e nos suj eitos r e sp o n sá v e i s p e l o cu i d a d o d e e n f e r m a g e m . Os result ados do est udo deverão cont ribuir para que os t r ab alh ad or es d e en f er m ag em r ef lit am sob r e su a práxis considerando a int egralidade, as possibilidades de ex er cer o cuidado sem fr agm ent á- lo em t ar efas e/ ou pr ocedim ent os. Além disso, poder á cont r ibuir p a r a d e f i n i r n o v a s m o d a l i d a d e s, m e ca n i sm o s e i n st r u m e n t o s d a ca p a ci t a çã o e m se r v i ço e m art iculação com a gerência e os set ores assist enciais no hospit al.

O OBJETO E MÉTODO DO ESTUDO

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Nesse pr ocesso de m últ iplas det er m inações e r elações, ev iden cia- se o papel f u n dam en t al das i n st i t u i çõ e s d e se r v i ço p a r a o d e se n v o l v i m e n t o p e r m a n e n t e d a s ca p a ci d a d e s d o s p r o f i ssi o n a i s, co n t r i b u i n d o p a r a o b e m - e st a r so ci a l . Um a co m p r e e n sã o d e r e l a çã o e n t r e a e d u ca çã o e o t r abalho, “ a educação t r adicional e a nova t êm em com um a concepção da educação com o processo de desenvolvim ent o individual. Todavia, o t raço original d a ed u ca çã o d est e sécu l o é o d esl o ca m en t o d e enfoques do indivíduo para o social, para o político e par a o ideológico/ ét ico. A pedagogia inst it ucional é um ex em plo disso. A ex per iência de m ais de m eio século de educação dos países socialist as t am bém o t est em unha. A educação, no século XX, t or nou- se p er m an en t e e so ci al . ( . . . ) En t r et an t o , as i d éi as universalm ente difundidas, entre elas é a de que não há idade para se educar, de que a educação se estende pela vida e que ela não é neutra”( 3).

O d e sa f i o d a e d u ca çã o p e r m a n e n t e é est im u lar o d esen v olv im en t o d a con sciên cia n os p r o f i ssi o n a i s so b r e o se u co n t e x t o , p e l a su a r espon sabilidade em seu pr ocesso per m an en t e de capacit ação. Por isso, é necessário rever os m ét odos utilizados nos serviços de saúde para que a educação p e r m a n e n t e se j a , p a r a t o d o s, u m p r o ce sso sist em at izado e part icipat ivo, t endo com o cenário o próprio espaço de trabalho, no qual o pensar e o fazer são insum os fundam entais do aprender e do trabalhar. I n d e p e n d e n t e d a p e r sp e ct i v a q u e a e d u ca çã o cont em porânea t om ar, um a educação volt ada para o fut uro será cent rada na educação crít ica, reflexiva e t ransform adora, superando os lim it es im post os pelo Est ado e pelo m er cado, por t an t o, edu cação m u it o m ais voltada para a transform ação social do que para a t ransm issão cult ural( 3). Por isso, acredit a- se que a

p e d a g o g i a d a p r á x i s, co m o p e d a g o g i a t ransform adora, em suas várias m anifest ações, pode o f er ecer u m r ef er en ci a l m a i s ef et i v o d o q u e a s pedagogias cent radas na t ransm issão cult ural.

O presente estudo obj etiva analisar os efeitos das ações de educação perm anent e na qualidade de assist ência de enferm agem , em um hospit al privado, de grande porte, no m unicípio de Belo Horizonte, MG. Ao a b o r d a r o o b j e t o d e st e e st u d o - e d u ca çã o perm anent e com o um a ferram ent a para a qualidade da assist ên cia de en f er m agem - opt ou - se por u m estudo qualitativo, aceitando a definição das pesquisas qualit at ivas com o “ aquelas capazes de incor por ar a quest ão do significado e da int encionalidade com o

inerentes aos atos, às relações e às estruturas sociais, sendo essas últ im as t om adas t ant o no seu advent o q u an t o n a su a t r an sf or m ação, com o con st r u ções hum anas significat ivas”( 5).

Co n si d e r a n d o a s r e l a çõ e s so ci a i s e o s processos de t ransform ação exist ent es no cot idiano, que envolve a práxis dos profissionais da enferm agem , est e est udo t eve, com o referencial t eórico- filosófico, a dialét ica.

A f o r m ação d as cat eg o r i as an al ít i cas f o i su st e n t a d a p e l a e x p e r i ê n ci a d o p e sq u i sa d o r n a capacit ação dos pr ofissionais de enfer m agem e na r e v i sã o b i b l i o g r á f i ca so b r e o t e m a e d u ca çã o perm anent e, t endo com o definição:

- processo de trabalho de enferm agem - esse processo é m arcado pela divisão técnica do trabalho, integrando t r abalhador es de difer ent es nív eis de escolar idade: auxiliares, t écnicos de enferm agem e enferm eiro. A capacitação dos profissionais integra o pensar e fazer p a r a g a r a n t i r a q u a l i d a d e d a a ssi st ê n ci a d e enferm agem e a satisfação do trabalhador em relação ao seu t rabalho e finalidade do m esm o;

- educação per m anent e - é um pr ocesso educat iv o que ocorre no espaço do pensar e do fazer no trabalho. Tem com o desafio est im ular o desenvolvim ent o dos profissionais sobre um cont ext o de responsabilidades e n ecessi d a d es d e a t u a l i za çã o , u m a v ez, q u e a educação per m anent e é um pr ocesso de r eflexão e cr e sci m e n t o co m ci cl o s d e m u d a n ça s e t ransform ações, considerando para isso o serviço, o t r abalh o, o cu idado, a edu cação e a qu alidade da assist ência;

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I nt ensiv o) e v ár ios set or es de diagnóst ico e SECI H ( Ser v iço de Epidem iologia e Con t r ole de I n f ecção Hospitalar) . O hospital foi inaugurado em 1º de j unho de 1980. E, em 1996, teve início a sua expansão com a construção de um novo edifício, com 18 pavim entos, em 26 m il m et ros de área const ruída, t riplicando a capacidade de at endim ent o do hospit al.

O h osp it al t em com o p r op ósit o a m elh or qualidade de assist ência, a sat isfação do usuário, e dos t r abalh ador es. Com o r esu lt ado desse esfor ço, em fevereiro de 2004, o hospital passou pelo processo de avaliação da Organização Nacional de Acredit ação ( ONA) , co m a cr e d i t a çã o e m n ív e l t r ê s, q u e se car act er iza com o nív el de ex celência. Diant e desse t ít ulo, o hospit al passou a ser consider ado um dos m elhores hospitais do Brasil, levando em consideração que, até 2004, das trinta e três instituições hospitalares que passaram pelo processo da acredit ação em t odo país, som ent e duas fazem part e dessa cat egoria. A acredit ação exige m ant er um processo de educação per m anent e que consider e os av anços t ecnológicos e as alt ernat ivas e m odalidades assist enciais.

Foram definidos neste estudo, com o suj eitos, os profissionais enferm eiros, auxiliares e t écnicos de enferm agem que atuam no hospital cenário do estudo n o 8 º e 9 º a n d a r e s d o b l o co 2 e q u e t e n h a m p a r t i ci p a d o d o s p r o g r a m a s d e ca p a ci t a çã o d a inst it uição. A ger ent e de enfer m agem t am bém fez par t e dos suj eit os da pesquisa. Tot alizando v int e e três convidados, com o com parecim ento de dezessete pr ofissionais.

A inclusão desses dois set or es foi definida, j u n t a m e n t e , co m a g e r e n t e d e e n f e r m a g e m , sust ent ando- se nos cr it ér ios de inclusão: unidades com equipes recém - form adas, com enferm eiras que en v olv em a equ ipe n o pr ocesso de capacit ação e estão incluídas na definição das prioridades da política inst it ucional. A realização dest e est udo foi orient ada p el a Resol u ção 1 9 6 / 9 6 , d o Mi n i st ér i o d a Saú d e, obedecendo- se às ex igências par a a r ealização da pesquisa com ser es hum anos. Com aut or ização da diret oria do hospit al, aprovação pelo com it ê de ét ica de UFMG, e assinat ur a do t er m o de consent im ent o livre e esclarecido pelos suj eit os de pesquisa.

As q u e st õ e s n o r t e a d o r a s, e m o r d e m d e apr esent ação, for am : descr ev a o seu t r abalho, no seu setor. Com o é o seu trabalho, no seu setor? Com o você se capacit ou, ou capacit a, para esse t rabalho? Par a alcançar os obj et iv os pr opost os nest e estudo, foram escolhidos instrum entos coerentes com

o m ét odo e o obj et o dest a pesquisa. Assim , para a colet a de dados for am ut ilizadas t écnicas de gr upo focal e entrevista individual com as inform antes chave. O grupo focal foi definido com o t écnica de ent revist a colet iva, perm it indo reflexão e int eração dos grupos so b r e u m a p e r g u n t a o r i e n t a d o r a p r o p o st a p e l o p esq u isad or( 6 ). As sessões d o g r u p o f ocal f or am

g r a v a d a s e f i l m a d a s p e l o p e sq u i sa d o r e , post eriorm ent e, t ranscrit as na ínt egra por um a aluna da iniciação científica do NUPEPE ( Núcleo de Pesquisa e Estudo sobre Ensino e a Prática de Enferm agem da Escola de Enfer m agem da UFMG) e r ev isadas pelo pesquisador. A colet a de dados ocorreu ent re os dias 14/ 06 e 19/ 06/ 2004.

Par a o t r at am en t o dos dados qu alit at iv os, considerando a fundam ent ação t eórica sist em at izada da análise do discurso, que perm it iu a com preensão dos fenôm enos, onde “ a linguagem contém um a visão de m undo, que determ ina nossa m aneira de perceber e conceber a r ealidade e im põe- nos essa v isão. A linguagem é com o um m olde, que or dena o caos, det erm inando o que é um a coisa, um conhecim ent o et c., cr ia um a im agem or denada do m undo”( 7). Os

t ex t os nar r at iv os, r esult ant es das t r anscr ições dos gr upos focais e ent r ev ist as, for am int er pr et ados a part ir da segm ent ação dos discursos o que perm it iu ao aut or perceber em cada um a de suas passagens as r elações ex ist en t es en t r e eles, possibilit an do a con st r u ção das cat egor ias em pír icas ( pr ocesso de trabalho e educação perm anente) que serão discutidas a seguir.

A EDUCAÇÃO PERMAN EN TE: UMA AÇÃO

EDUCATI VA E TRANSFORMADORA

A relação do cuidado é um a interdependência baseada no dia- a- dia do profissional de enferm agem , “ segundo a qual a ação do cuidar é int erdependent e e se co n st r ó i n o co t i d i a n o d a s a t i v i d a d e s d e e n f e r m a g e m , n a su a d i m e n sã o o b j e t i v a , n a su bj et iv idade de qu em cu ida e do ser cu idado e, at r av és d a m ed i ação d as i n t er açõ es d e esp aço -t em po, par -t e- se par a pensar nessa cons-t r ução nas suas dim ensões individual e colet iva”( 8).

(5)

cuidado. Dent ro da quest ão adm inist rat iva, exist e a pr eocupação dos enfer m eir os com o pr ont uár io e o co n t r o l e d o s m a t e r i a i s e m e d i ca m e n t o s. Essa preocupação tem aderência com a origem da inserção da enfer m agem nas inst it uições hospit alar es com a função de reduzir cust os. A im agem que se t inha da m ulher na época do início da enferm agem era de um espírito caritativo e com o papel de adm inistrar o lar sem questionar, ou sej a, o surgim ento dessa profissão v em com a função de cont r ole, com o se est iv esse pensando em econom ia dom ést ica( 9).

Mais recentem ente, o controle dos custos está sen d o assu m id o n as in st it u ições com a “ id éia d a n e ce ssi d a d e d o co n t r o l e r íg i d o d o cu st o , co m o i n e v i t á v e l p a r a so b r e v i v e r e m u m a m b i e n t e com p et it iv o en t r e p r est ad or es d e ser v iço, p ar a o financiam ent o e para a client ela, advogando que só q u e m f o r e co n ô m i co e sa t i sf i ze r o cl i e n t e per m anecer á”( 10).

Os profissionais expressaram a preocupação quant o à exigência da inst it uição cenário do est udo, no que se refere ao cont role dos insum os, cont role de cust o e regist ros. Os profissionais t êm percepção de que ex igências de cont r ole t êm deix ado par a o segu n do plan o a sist em at ização da assist ên cia de enferm agem . I m port ant e recom endar que o cuidado de enfer m agem pr est ado pelo enfer m eir o não deve ficar rest rit o a visit as para levant am ent o de queixas e realização de procedim ent os, m as deve im plant ar m ecanism os para assegurar que o enferm eiro garanta a int egralidade e a qualidade da unidade.

As ações de controle e supervisão do trabalho dos auxiliares e técnicos de enferm agem estão m uito direcionadas para a m anut enção de um m icrom undo hospitalar, restrito ao enferm eiro que, de certa form a, é cob r ad o p el o f u n ci on am en t o d o m esm o, t an t o adm inist rat ivam ent e, nos cont roles e regist ros, com o na assist ência, volt ada para sat isfação do pacient e, usuário e dos dem ais t rabalhadores.

Apreende- se dos enunciados das enferm eiras ent revist adas que o enferm eiro analisa seu t rabalho m ais dir ecion ado par a as ações adm in ist r at iv as e m anifesta frustração por não agir com m aior presença e m a çõ e s a ssi st e n ci a i s. Ca b e a q u i u m qu est ion am en t o: ser á qu e n ão é u m a for m a de o en fer m eir o m an t er o m od u s op er an d i h egem ôn ico sem est abelecer est r at ég ias p ar a a su per ação do m esm o e a construção de um a nova prática cuidativa? Talv ez por insuficient e capacit ação para r ealizar as ações de assistência ou por sofrerem grande pressão,

os enferm eiros cont rolam o processo de t rabalho da form a pouco sist em at izada, o que gera fragm ent ação na organização do processo.

A ed u cação p er m an en t e d os p r of ission ais d e v e co n st i t u i r p a r t e d e p e n sa r e f a ze r d o s t r a b a l h a d o r e s co m a f i n a l i d a d e d e p r o p i ci a r o cr escim en t o pessoal e pr of ission al dos m esm os e contribuir para a organização do processo de trabalho, a t r a v é s d e e t a p a s q u e p o ssa m p r o b l e m a t i za r a realidade e produzir m udanças.

A análise dos dados per m it e infer ir que os pr ofissionais, aux iliar es e t écnicos de enfer m agem vêem seu trabalho com o um fator im portante, porém , reforçam que é um trabalho difícil. Talvez por conviver com o sof r im en t o ou , ain d a, p or h av er in t er ação paciente/ usuário e enferm agem centrada em relações d e su b j e t i v i d a d e d a q u a l e m e r g e m v ín cu l o , responsabilização, confiança, am izade, cum plicidade e, m uit as vezes, conflit os.

A organização do set or com disponibilização d e m at er ial, seg u n d o os au x iliar es e t écn icos d e e n f e r m a g e m e n t r e v i st a d o s, é d e f u n d a m e n t a l i m p o r t â n ci a p a r a a r ea l i za çã o e a q u a l i d a d e d o cuidado. Quando os m at er iais não são disponív eis, ocorre com prom et im ent o da qualidade do cuidado.

A análise dos dados dos ent revist ados e das obser v ações possibilit a dizer que a or ganização do t r ab alh o é u m p r ocesso sist êm ico e d esen cad eia r e l a çõ e s d e a p o i o e co l a b o r a çã o , p r o d u zi n d o a ar t icu lação do t r abalh o de en f er m agem com o de o u t r o s se t o r e s q u e f o r n e ce m i n su m o s p a r a a qualidade do cuidado com o: farm ácia, CME ( Cent ral de Mat eriais Est erilizados) , alm oxarifado, nut rição e lavander ia. Ver ificou- se que ex ist e necessidade de reorganizar o processo de t rabalho nas unidades de in t er n ação com en f oq u e n o cu id ad o cen t r ad o n o usuár io.

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padronizado busca segurança para os pacient es. Os enferm eiros são quest ionados quando um auxiliar ou t é cn i co d e e n f e r m a g e m e st á r e a l i za n d o p r oced im en t os d if er en t es em r elação aos ou t r os colegas.

Segundo os ent r ev ist ados, no m om ent o do acom panham ent o dos profissionais na realização das a t i v i d a d e s, t e m - se a o p o r t u n i d a d e d e a p l i ca r a p e d a g o g i a d a p r o b l e m a t i za çã o , p o ssi b i l i t a n d o a r eflex ão cr ít ica do at o de cuidar e não som ent e a t écnica a ser realizada. Nesse m om ent o, é possível indagar o porquê de se fazer dessa ou de outra form a? A pedagogia da pr oblem at ização pode fav or ecer a aprendizagem por cont ribuir para a cont inuidade na práxis, ou sej a, na possibilidade t ransform adora da realidade( 11).

A pedagogia pr oblem at izador a no pr ocesso de capacit ação foi dest acada com o inst rum ent o que perm ite aprendizado contínuo e respaldado na prática. Cabe, port ant o, indagar se os enferm eiros conhecem e dom inam essa concepção pedagógica e se há, por part e deles, t em po e int eresse em desenvolvê- la.

A análise dos dados em píricos, gerados por est e est udo, m ost r a desar t iculação da capacit ação r ealizad a n o h osp it al/ cen ár io com o p r ocesso d e t rabalho do adm inist rar e cuidar. Verificou- se que a desart iculação est á diret am ent e relacionada à form a de realização das at ividades de capacit ação, a qual não possibilit ou aos t r abalhador es de enfer m agem co m p r e e n d e r o m o t i v o d e r e a l i za r d e t e r m i n a d a at iv id ad e e/ ou p r oced im en t o n o seu cot id ian o d e t r ab al h o . En t r et an t o , co n st at o u - se q u e al g u m as m udanças ocorreram no “ set or de t reinam ent o” em r espost a às r eflex ões feit as pela equipe dur ant e a realização do presente estudo. Foi proposta a m udança d o n om e d e set or d e t r ein am en t o p ar a Ed u cação Perm anent e. Essa m udança est á sust ent ada em um a abordagem conceit ual e m et odológica que art icula os p r o ce sso s d e ca p a ci t a çã o , a o r g a n i za çã o e o d e se n v o l v i m e n t o n o t r a b a l h o , co n si d e r a n d o a cotidianidade desse e o pensar, o saber e o sentir dos t r abalhador es de enfer m agem .

SÍ NTESE PROVI SÓRI A: O I NÍ CI O DE UMA

GRANDE CAMI NHADA

Os p r o ce sso s d e e d u ca çã o p e r m a n e n t e i m p õ em ao s ser v i ço s e set o r es d e t r ei n am en t o / ca p a ci t a çã o e d e e d u ca çã o p e r m a n e n t e d a s

i n st i t u i çõ e s d e se r v i ço d e sa ú d e a a d o çã o d e co n cep çã o p ed a g ó g i ca p r o b l em a t i za d o r a , co m o p r op ósit o d e est im u lar a r ef lex ão d a p r át ica e a const rução do conhecim ent o.

O p a p e l d a e d u ca çã o p e r m a n e n t e é e st r a t é g i co p a r a a o r g a n i za çã o d o p r o ce sso d e t r ab al h o d e en f er m ag em em ar t i cu l ação co m as dem ais prát icas de enferm agem e dem ais set ores do h o sp i t a l . A e d u ca çã o p e r m a n e n t e d e v e e st a r su st en t ad a n os con ceit os e m et od olog ia cr ít ica e reflexiva. Esse processo im plica em reconhecer que as prát icas rot ineiras, descont ext ualizadas dos reais problem as, dificilm ent e perm it irão o desenvolvim ent o d a ca p a ci d a d e d e r ef l ex ã o( 1 2 ). Pen sa r p r o p o st a s

i n o v a d o r a s d e e d u ca çã o p e r m a n e n t e su p õ e u m desafio de ger enciar ex per iências de apr endizagem q u e i n t e r e sse m a s p e sso a s e n v o l v i d a s, q u e p ossib ilit em elos n o p r ocesso d e com p r een são e construção dos conhecim entos, que prom ovam m odos de pensar int eligent es, cr iat iv os e pr ofundos, par a f av or ecer o d esen v olv im en t o p essoal e social, a capacidade r eflex iv a dos t r abalhador es em ser v iço. Esses pr ocessos dev em per m it ir aos t r abalhador es aprender, no com plexo m undo cont em porâneo, t odo elo, no cont ex t o de um a apr endizagem solidár ia e d em ocr át ica, q u e of er ece ao p r of ission al aj u d a e t ende a fort alecer processos de crescim ent o pessoal e t ransform ação no âm bit o profissional. A aut onom ia n a a p r e n d i za g e m d e se n v o l v e a ca p a ci d a d e d e aprender a aprender e a consciência da necessidade da for m ação per m anent e.

To r n a - se e v i d e n t e a n e ce ssi d a d e d e u m program a de capacitação dos enferm eiros para adotar a educação per m anent e, sust ent ada em concepção e q u e p r o p i ci e o cr e sci m e n t o d o s su j e i t o s, f u n d a m e n t a l n a d e t e r m i n a çã o d a q u a l i d a d e d o cuidado.

Recom enda- se que sej a adotada a concepção da pedagogia crít ico- reflexiva com m et odologias que p e r m i t a m a p r o b l e m a t i za çã o d a s si t u a çõ e s v iv enciadas no dia- a- dia do t r abalho, bem com o a co n st r u çã o d e i n t er v en çõ es q u e p o ssi b i l i t em a s m udanças não som ent e dent r o da inst it uição, m as na relação social do indivíduo com o suj eito que presta o cuidado ao pacient e.

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co m p r o m e t e r co m o t r a b a l h o d a e q u i p e . A capacit ação gerencial deve perm it ir ao enferm eiro a aquisição de com pet ências na área polít ico- gerencial, que perm it am visão am pla e int egral da inst it uição e ação m ais pró- at iva, na sua relação com os dem ais t r a b a l h a d o r e s d e e n f e r m a g e m , co m o s o u t r o s profissionais da inst it uição e com o pacient e.

Ap r e se n t a - se , co m o p r o p o st a , u t i l i za r a sist em at ização da assist ência de enfer m agem par a p lan ej am en t o, ex ecu ção e av aliação d o cu id ad o.

Recebido em : 11.3.2005 Aprovado em : 29.5.2006

Nesse cont ext o, o cont role poderia ser m ais eficaz, sendo possível para o enferm eiro a visão do todo e a concretização da realização do seu obj eto - o cuidado. Este estudo não se torna acabado em nenhum instante, um a vez que veio para am pliar as reflexões sobre a capacit ação e o processo de t rabalho dent ro d e u m a i n st i t u i ção h o sp i t al ar, t en d o em v i st a a e d u ca çã o p e r m a n e n t e e m e n f e r m a g e m co m o ferram ent a para a qualidade da assist ência.

REFERENCI AS BI BLI OGRÁFI CAS

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5. Minayo MCS. O Desafio do Conhecim ent o. 6ª ed. São Paulo ( SP) : Hucit ec: Abr asco; 1999.

6. Macint osh JA. Focus group in dist ance nursing educat ion. J Adv Nu r s1 9 9 3 ; 1 8 : 1 9 8 1 - 5 .

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8. Lopes MJM. Quando a voz e a palavra são at os t erapêut icos: a int egr ação indiv idual e colet iv a nas palav r as quot idianas do trabalho de enferm agem . I n: Waldow VR, Lopes MJM, Meyer DEE, organizadoras. Maneira de Cuidar, Maneira de Ensinar: A Enferm agem ent re a Escola e a Prát ica Profissional. Port o Alegr e ( RS) : Ar t es Médicas; 1995. p. 153- 88.

9. Alm eida MCP, Rocha JSY. O Saber de Enferm agem e sua Dim ensão Prát ica. 2ª ed. São Paulo ( SP) : Cort ez; 1989. 10. Merhy EE. Saúde a cart ografia do t rabalho vivo. São Paulo ( SP) : Hucit ec; 2002.

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Referências

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