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Gravidez precoce de estudantes de enfermagem e o consumo de álcool.

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Academic year: 2017

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GRAVI DEZ PRECOCE DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM E O CONSUMO DE ÁLCOOL

Mart ha Lucio Alvarez1

Est a pesquisa qualit at iva, descrit iva t eve com o obj et ivo descrever e analisar as dinâm icas present es

durant e a gravidez em um grupo de m ulheres que na época t inham no m áxim o 19 anos, e ident ificar o papel que at ribuem ao consum o de bebidas alcoólicas nessas dinâm icas. A pesquisa se desenvolveu com um grupo de 20 est udant es da Univer sidade Nacional da Colôm bia. Dent r e elas, for am selecionadas seis j ovens par a inv est igação em pr ofundidade, por m eio de ent r ev ist as que for am analisadas pelo m ét odo de análise de

conteúdo. O artigo analisa, com base na literatura e na história de vida dos suj eitos da pesquisa, as categorias: gravidez, fazer am or, ser m ulher, m aternidade e beber. É possível identificar, através das m esm as, as dinâm icas envolvidas nas gest ações vividas pelas j ovens est udadas.

DESCRI TORES: gravidez; bebidas alcoólicas; saúde; est udant es de enferm agem

NURSI NG STUDENTS’ PREMATURE PREGNANCY AND CONSUMPTI ON OF ALCOHOL

This qualit at ive descript ive research aim ed t o analyze pregnancy dynam ics, experienced by a group of wom en who, at t he t im e, were at m ost 19 years old, and ident ify t he role at t ribut ed t o t he consum pt ion of alcohol in such dynam ics. The research was developed with a group of 20 students from the Colom bia National Universit y. Six of t hem w ere select ed for in dept invest igat ion t hrough int erview s, w hich w ere analyzed by

content analysis. Based on the literature and the subj ects’ life history, the study exam ines the following categories: pregnancy, m aking love, m at ernit y, being a wom an, and drinking. Through t hese cat egories, was possible t o ident ify t he dynam ics experienced by t hese wom en during pregnancy.

DESCRI PTORS: pregnancy; alcoholic beverages; healt h; st udent s, nursing

EMBARAZO PRECOZ DE ESTUDI ANTES DE ENFERMERÍ A Y LA I NGESTA DE

BEBI DAS ALCOHÓLI CAS

Esa invest igación cualit at iva de m odalidad descript iva t uve com o propósit os describir y analizar las dinám icas present es en el em barazo de un grupo de m uj eres que para el m om ent o cont aban con una edad lím ite de 19 años, identificando el papel que atribuyen a la ingesta de bebidas alcohólicas en dichas dinám icas.

La investigación se desarrolló con un grupo de 20 estudiantes de la Universidad Nacional de Colom bia. De ellas fueran seleccionadas 6 j óvenes para la invest igación en profundidad, por m edio de ent revist as que han sido analizadas por el m étodo de análisis cualitativo de contenido. El artículo analiza, basado en la literatura y en la hist oria de vida de los suj et os de la invest igación, las cat egorías ident ificadas: em barazo, hacer el am or, ser

m uj er, m aternidad y tom ar. Por ellas es posible identificar as dinám icas involucradas en las gestaciones de las j óv enes est udiadas.

DESCRI PTORES: em barazo; bebidas alcohólicas; salud; est udiant es de enferm ería

1

(2)

I NTRODUÇÃO

N

o ano 2000, dados est at íst icos da Colôm bia

revelaram que 15% das adolescent es de 15 a 19 anos

j á eram m ães, e 4% est avam em período de gest ação

do seu pr im eir o filho, t ot alizando 19%( 1).

Segundo um est udo desenvolvido em 2003 na Universidade Nacional da Colôm bia, o país investiu m ais de 1,2 bilhões de pesos com o conseqüência dos ca so s d e g r a v i d e z d e a d o l e sce n t e s, ci f r a q u e corresponde aos cust os do at endim ent o de saúde da m ãe e do filho, e ao em pobrecim ent o social que se apr esent a com o conseqüência da deser ção escolar de algum dos m em bros do casal, com conseqüências par a a vida pr odut iva. Est e est udo r epor t a que u m m ilhão de bebês e cerca de 70.000 m ães adolescent es

m or r em a cada ano em países em desenv olv im ent o

dev ido à m at er nidade pr ecoce( 2).

Por sua v ez, o ser v iço m édico est udant il da

Un i v e r si d a d e Na ci o n a l d a Co l ô m b i a i n f o r m a q u e

at en d eu 2 2 1 est u d an t es m en o r es d e 1 9 an o s em

2003, em cont role pré- nat al, cifra que não represent a

t o t a l m e n t e a r e a l i d a d e , p o i s , t o d a v e z q u e a

Univer sidade exige afiliação a qualquer um a das EPS

( En t i d a d e Pr o m o t o r a d a S a ú d e ) o u a o S I S B EN

( Sist em a d e I d en t if icação Social p ar a Ben ef iciár ios

de Pr ogr am as Sociais) par a a m at r ícula, m uit os dos

cont r oles e par t os passam a ser at endidos por est as

en t id ad es.

A l é m d i s s o , v á r i o s e s t u d o s e r e l a t ó r i o s

est at íst i co s d a Co l ô m b i a au t o r i zam af i r m ar q u e a

gravidez ent re adolescent es é um problem a de saúde

pú blica, com im plicações par a a v ida da m ãe e do

f i l h o , a g r a v a n d o a s c o n s e q ü ê n c i a s d e u m p a ís

ar r asad o p ela p ob r eza, m u it o b em ex p r essad o em

um est udo: a gravidez j uvenil é causa e conseqüência da pobreza. Causa, pois a gravidez afeta o progresso educat ivo de m aneira adversa; e conseqüência, pois a p ob r eza e a f alt a d e ed u cação in cr em en t am a probabilidade da gravidez( 3 )

.

A lit er at ur a indica os im pact os psicossociais

m ais facilm en t e pr ev isív eis da gr av idez pr ecoce: 1 )

d e se r çã o e sco l a r, q u e p o r su a v e z e m p o b r e ce a

p ossib ilid ad e d e u m f u t u r o d e t r ab alh o; 2 ) m ar cas

em ocion ais d eix ad as p or u m a g r av id ez in d esej ad a

o u u m a b o r t o , c o m o u s e m c o m p l i c a ç õ e s ; 3 )

dependência afet iv a, econôm ica ou am bas; 4) m aior

v ulner abilidade das m ães adolescent es à pr ost it uição

e ex plor ação sex ual, assim com o a adquir ir doenças

sex u alm en t e t r an sm issív eis( 3 - 5 ).

O est abelecim ent o educat iv o e a fam ília são

o s ca m p o s q u e g e r a m m a i s i m p a ct o so b r e e st a p r o b l e m á t i c a( 4 , 6 ). Es t u d o s s o b r e a f e r t i l i d a d e

ad olescen t e in d icam o p ap el im p or t an t e d a f am ília n o co m p o r t a m en t o r ep r o d u t i v o d o s a d o l escen t es.

I gu alm en t e par a esses est u dos, a despeit o de, em 1 9 9 3 , o Mi n i st é r i o d e Ed u ca çã o d a Co l ô m b i a t e r

d ecr et ad o a ed u cação sex u al co m o o b r i g at ó r i a, o

efeit o que a educação sexual oferecida nos colégios t em t ido sobre o com port am ent o das adolescent es é

lim it ado( 6) .

Na Un iv er sidade, a con v iv ên cia com j ov en s

u n iv er sit ár ias per m it e apr een der seu baix o n ív el de con h ecim en t o sob r e com p or t am en t o r ep r od u t iv o e

co n st a t a r a g r a v i d ez p r eco ce e o u so d e d r o g a s, so b r e t u d o d e b e b i d a s a l co ó l i ca s e n t r e o s g r a v e s

pr oblem as en fr en t ados pelas est u dan t es. Con v er sas com as est u dan t es e u m est u do, on de u m a gr an de

p o r c e n t a g e m d o s u n i v e r s i t á r i o s c o l o m b i a n o s r econ h ece h av er m an t ido r elações sex u ais de r isco

sob a influência do álcool( 7) possibilit am ant ever um a possív el associação en t r e est es pr oblem as.

Co m o o b j e t i v o d e c o n t r i b u i r p a r a a

com pr een são dos pr ocessos qu e cer cam a gr av idez precoce em um grupo de est udant es de enferm agem ,

est a pesquisa est á volt ada a conhecer o cont ext o que e n q u a d r a a g r a v i d e z e v e r i f i c a r s e e l a e s t e v e

relacionada ao consum o de bebidas alcoólicas, a part ir do pont o de v ist a das pr ot agonist as.

METODOLOGI A

A par t ir do pon t o de v ist a de adolescen t es

qu e en f r en t ar am u m a gr av idez pr ecoce, o pr esen t e e s t u d o b u s c o u i d e n t i f i c a r o s a c o n t e c i m e n t o s

r e l a ci o n a d o s co m e ssa v i v ê n ci a a t r a v é s d e u m a pesqu isa qu alit at iv a descr it iv a. A pesqu isa t em u m

enfoque abr angent e, t r abalha no cam po do univ er so d e sig n if icad os d as ações e r elações h u m an as( 8 ) e

seu in t er esse é com p r een d er as d in âm icas v iv id as p o r e s t u d a n t e s d e e n f e r m a g e m q u e t i v e r a m a

ex p er i ên ci a d a g r a v i d ez p r eco ce. Um a en t r ev i st a

sem i- est r ut ur ada, com o hist ór ia de v ida, foi ut ilizada par a a colet a de dados.

A p ó s t e r s i d o a p r o v a d a p e l o Co m i t ê d e Pe s q u i s a d a Fa c u l d a d e d e En f e r m a g e m d a

Univ er sidade Nacional da Colôm bia, Sede Bogot á, a p esq u i sa f o i d esen v o l v i d a en t r e o s est u d an t es d e

Enferm agem dest a Universidade, ent re o final de 2005

(3)

N a s e l e ç ã o d o s i n d i v íd u o s , n o s q u a t r o

se m e st r e s i n i ci a i s d o cu r so d e En f e r m a g e m , f o i

r e a l i za d a u m a so n d a g e m v e r b a l p a r a i d e n t i f i ca r

est udant es que t ivessem sido m ães ou que est iveram

g r áv id as com n o m áx im o 1 9 an os d e id ad e. Ap ós

ser em ident ificadas, as 20 pessoas concor dar am em

p a r t i ci p a r d a p e sq u i sa , a t r a v é s d e u m t e r m o d e

consent im ent o inform ado e esclarecido, e ent ão foram

c o n f i g u r a d o s o s p e r f i s s o c i o e c o n ô m i c o s d a s

est udant es. As ent revist as individuais foram realizadas

a s e g u i r, d a s q u a i s a p e n a s s e i s e s t u d a n t e s

con cor d ar am em p ar t icip ar. O p r esen t e ar t ig o t em

com o base os dados obt idos com est as seis j ov ens.

Com as en t r ev ist as gr av adas, t r an scr it as e

l i d a s m u i t a s v e z e s , b u s c o u - s e e n c o n t r a r a s

i r r e g u l a r i d a d e s e d i f e r e n ça s, v i sa n d o a g r u p a r o s

d a d o s. O p r o ce sso d a co n st r u çã o d e sín t e se , d o

est abelecim ent o de relações, codificação, classificação

e cat egorização dos dados deu- se at ravés do m ét odo

de an álise qu alit at iv a de con t eú do( 8 ). Após an alisar

os cont eúdos m anifest os e lat ent es das ent r ev ist as,

o s m e s m o s f o r a m o r g a n i z a d o s e m c a t e g o r i a s e

i n t e r p r e t a d o s e m c o n t r a s t e c o m a a m o s t r a g e m

t eór ica.

RESULTADOS E DI SCUSSÃO

A an álise f oi r ealizada à lu z das cat egor ias

q u e e m e r g i r a m d a s e n t r e v i s t a s : g r a v i d e z ;

m at er nidade; fazer am or ; ser m ulher e beber. Est as

cat egorias perm it em com preender os significados que

elas at ribuem à sua experiência da gravidez precoce.

Gr a v i d ez

As relações ent re noivos ou casais não foram

m ar co das r elações sex uais que ger ar am a gr av idez

d a s p r o t a g o n i s t a s ; s e u c o n t e x t o s e d e v e

p r i n ci p al m en t e a r el açõ es casu ai s, m ar cad as p el a

at r ação sex u al e a u r g ên cia( 9 )

, se g u n d o p o d e - se

aduzir de afirm ações com o: a m am ãe só foi ao m ercado... digam os, em nosso caso, se ele tivesse ido buscar preservativos,

j á não teríam os tido tem po, de início é não ter as coisas á m ão.

Um est udo que t rat a do cont ext o da gravidez

n a a d o l e s c ê n c i a i d e n t i f i c a t r ê s m a n e i r a s d e se e n g r a v i d a r se m p l a n e j a m e n t o : a r e p e n t i n a , a prem at ura e a residual( 9)

. Segundo as car act er íst icas

dos casos de gr av idez v iv idos pelas par t icipant es do

est udo, é possível designá- los com o “ repent inos”, pois

os indivíduos não t inham um a r elação est ável com o

co m p a n h e i r o e , p a r a t r ê s d e l a s, a q u e l a e r a su a

p r i m ei r a ex p er i ên ci a sex u al . To d as as est u d an t es

i n v est i g a d a s r ep o r t a m q u e, n o m o m en t o em q u e

en gr av idar am , est av am su per an do a per da r ecen t e

d e alg u ém a q u em elas coin cid en t em en t e ch am am

de o am or da m inha vida, com quem haviam desej ado

t er um filho.

Os p r im eir os acon t ecim en t os im p or t an t es,

t razidos à t ona pelos relat os, foram as dificuldades e

o m al- est ar que r odeiam suas v idas a par t ir de sua

g r av i d ez p r eco ce e i n d esej a d a . Um f u n d o a f et i v o

acom panha as narrações, sendo na m aioria das vezes

d e p or t e d olor oso e t r ist e, e ou t r as in clu siv e com

conot ações de insegurança e rancor. Expressões com o

o que vou fazer, m inha vida, m eu estudo? ou estraguei m inha

vida, dit as por elas, e é seu filho, vej a o que vai fazer com ele,

for m u lada por algu m fam iliar, ex em plificam a m at iz

que guar dou o pr ocesso. Ex pr essões com o acabou a m inha liberdade ex plicit am os sent im ent os diant e do p r ocesso ár d u o q u e t em sid o a g r av id ez, com o se

est a fosse um incôm odo.

Os p r ocessos d e g est ações n ão d esej ad as

não são planej ados e se r elacionam com negações e

con f lit os. A p ossib ilid ad e d e ab or t ar é ap r esen t ad a

n o s r e l a t o s, a b e r t a m e n t e o u co m o u m a so m b r a ,

g er an d o sen t im en t os d e cu lp a. As seis est u d an t es

r ev elam a in t en ção m an if est a ou v elada de abor t o.

Em g er al, est a p ossib ilid ad e é d escar t ad a q u an d o

r e c o n h e c e m a g r a v i d e z e d e c i d e m c o m u n i c a r a

sit uação ao com panheir o sex ual, aos fam iliar es e/ ou

am ig os.

Um a est u d an t e r elat a u m ab or t o, d e u m a

g r av id ez an t er ior g er ad a em u m a r elação com u m

hom em casado, quando t inha 15 anos de idade. Anos

depois, ant e um a nov a gr av idez e por causa de um

s o n h o , a e s t u d a n t e e x p r e s s a c u l p a e e r r o n a

int errupção da gest ação: tom ei a decisão de ter o bebê um dia em que dorm i e sonhei que a criança m e dizia que eu a tinha

m atado.

Os s e n t i m e n t o s d e c u l p a s e r e l a c i o n a m

t am b ém com a p r esen ça d e u m f ilh o f or a d e u m a

r elação for m al de casal, o que t or na at é as dem ais

p a r t e s d e s u a v i d a ín t i m a e v i d e n t e s ; s e m o

ap ar eci m en t o d e ev i d ên ci as, o “ p ecad o ” – a v i d a

sex u al at iv a f or a d a r elação f or m al – é u m a m er a

suspeit a. A part ir dos relat os das prot agonist as, t rat

a-se de u m a v ida a-sex u al qu e v iola a n or m a social e,

port ant o é com o se fosse m erecedora de cast igo, est e

(4)

co n f l i t o co m a f am íl i a. Est a si t u ação só p o d e ser

su p er ad a r econ h ecen d o os sig n if icad os q u e o f eit o

d a g r a v i d e z t e m p a r a e l a s, a f i m d e q u e se j a m

a ssu m i d o s d e f o r m a sa u d á v e l e q u e co n t r i b u a m

p o s i t i v a m e n t e c o m a e d u c a ç ã o d o s f i l h o s . D o

cont r ár io, os padr ões fr acos e danosos da educação,

q u e r e p r o d u ze m o r a n co r, a cu l p a e a se n sa çã o

p e r m a n e n t e d e n ã o s e r e m d e s e j a d o s , s e r ã o

p er p et u ad os.

Um aspect o r elacionado a ser consider ado é

que a gravidez é considerada um a condição biológica

e f isiologicam en t e n or m al em qu alqu er m u lh er, n as

d i f e r e n t e s c u l t u r a s . En t r e t a n t o , a s s o c i e d a d e s

est ip u lam os m om en t os op or t u n os p ar a v iv er essa

condição e t r at am ( ou dev er iam t r at ar ) de pr epar ar

seu s m em b r o s p ar a i st o . Nas so ci ed ad es u r b an o

-i n d u s t r -i a -i s c o n t e m p o r â n e a s , e x -i s t e u m

d i s t a n c i a m e n t o e n t r e o a p a r e c i m e n t o d o e s t a r

b iolog icam en t e f ér t il, p síq u ica e socialm en t e h áb il,

sendo est as últ im as dest r ezas de apar ecim ent o m ais

t ar dio e a qual nossa sociedade não t em pr est ado a

a t e n ç ã o n e c e s s á r i a( 6 , 9 - 1 1 ). N e s t e c o n t e x t o , a

adolescen t e qu e “ f ica gr áv ida” se v ê t r an sgr edin do

r eg r as, p o i s est á v i v en d o u m a et ap a d e su a v i d a

socialm ent e designada com o a época em que a j ovem

d ev e p r ep ar ar - se, t an t o f ísica e p sicológ ica, com o

int elect ual e socialm ent e, para ser um a adult a apt a a

for m ar sua pr ópr ia fam ília e r esponder por ela.

Mat er n id ad e

S u a s c o n c e p ç õ e s d e m a t e r n i d a d e s e

r el aci o n am co m o r o l so ci o cu l t u r al assu m i d o p el a

m u l h er, ev i d en ci a d o p el o a u t o - cu i d a d o d u r a n t e o

p r ocesso d e g est ação e, p ost er ior m en t e, ao cu id ar

do filho ou filha: a m aternidade é um processo m uito bonito, por saber que se tem dentro de si algo único que é seu. . . Par a as j ov ens inv est igadas, o cuidado durant e o t em po de gravidez se iniciou apenas a part ir

d o m om en t o em q u e a m at er n id ad e d eix ou d e ser

um segredo e foi liderado por suas m ães: nos quatro prim eiros m eses eu segui a vida que est ava levando at é an t es d isso. Mas d ep ois q u e con t ei a ela, a g r a v i d e z f o i d e l i ci o sa , p o r q u e p u d e v i v e - l a plenam ent e. Em out ras palavras, deu- se a aceit ação de tudo e m eu filho se tornou m eu sol e m inha vida. A i n d a a s s i m , t o d a s a s j o v e n s r e l a t a m

seqüelas afet ivas im port ant es a part ir da m at ernidade,

e x p l i c i t a d a s p r i n c i p a l m e n t e p o r s e n t i m e n t o s d e

insegurança e solidão: eles nunca m e acom panharam

ao m édico, eu m e sent i m uit o sozinha. Quat r o delas n ar r am , ain da, dif icu ldades m at er iais e dest acam a

dependência de seus pais que, em alguns casos, são

delim it ados com a subm issão.

A cr iação dos bebês conduz a dificuldades e

s e n t i m e n t o s d e s o l i d ã o p a r a e s t a s m ã e s

inex per ient es; a pr esença do com panheir o sex ual se

r ep or t a q u ase in ex ist en t e, lim it an d o- se a asp ect os

m u it o p on t u ais: [ n om e] chegou com um a libr a de car ne: ‘t om e par a que cozinhe’. Um a est u dan t e só obt ev e apoio econôm ico de seu com panheir o sex ual

depois de um pedido de pat er nidade.

Ter o filh o e assu m ir a cr iação se conv er t e

em um desafio para elas, em bora elas redefinam seus

proj et os no processo: todo m undo m e dizia que eu não era cap az. ... Sen t i m en t o s co n t r ad i t ó r i o s ex p r essam as

dificuldades em aceit ar as m odificações em suas vidas

ocasionadas pela m at ernidade: eu carrego m uit as cruzes com o nascim ento de... eu estou m uito só e, da m esm a form a que

m eu filho é a razão para viver, tam bém é a razão para que as

coisas tenham m udado tanto. O proj et o de vida, os ideais

e as m et as par a que cada pessoa se sint a r ealizada

p r e c i s a m m u d a r, m e d i a n t e a g r a v i d e z e a

m a t e r n i d a d e . Re v e l a m f r u st r a çã o : eu p ost er g u ei o

sem est re, dediquei- m e os prim eiros seis m eses a [ nom e do

filho]... é claro que para mim foi extremamente estressante, porque

eu estava acostum ada a estudar sem pre, quer dizer, eu nunca

tinha parado de estudar e esses seis m eses foram espantosos

para m im.

As ent r ev ist as ev idenciam a im por t ância do

apoio fam iliar, especialm ent e de suas m ães, quando

o co r r e e , q u a n d o n ã o , a s e st u d a n t e s se se n t e m

ex post as a dificu ldades de t odo t ipo. Pesqu isas são

en f át icas ao af ir m ar qu e se cr ia u m cír cu lo v icioso

e m t o r n o d a g r a v i d e z a d o l e s c e n t e e a p o b r e z a

or iginada pela falt a de apoios – econôm ico, fam iliar,

edu cat iv o – a qu e as j ov en s são su bm et idas( 2 - 3 , 6 , 9 ),

sit uação que se apr esent a no pr esent e t r abalho t oda

vez que as fam ílias opt aram por confiar em suas filhas

e est ender- lhes a m ão, assum indo- as j unt o com seus

f i l h o s . Os e s t u d o s e m t o r n o d a n e ce ss i d a d e d e

aco m p an h am en t o d o s ad o l escen t es co n f i r m am o s

r esult ados da pr esent e pesquisa: o apoio da fam ília

é fundam ent al par a super ar a cr ise v iv ida, cont inuar

os est udos e cuidar do filho( 2- 3, 6,9).

Fazer am or

Os r e l a t o s e x p l i ci t a m u m a co n ce p çã o d e

(5)

am or. Essa concepção reduzida de sexualidade reflet e caract eríst icas com uns à represent ação de sexo ent re

adolescent es, com o foi obser v ado na lit er at ur a( 6).

A sat isfação sexual, para as part icipant es do

est udo, est á r elacionada a sent ir - se bem ou m al no

m om ent o de t er r elações sex uais, e est e sent im ent o

est á associado com a exist ência ou ausência de afet o

ent re o casal. Por sua vez, a presença de insat isfação,

seg u n d o o r el a t o d e q u a t r o d a s p r o t a g o n i st a s, é

associada ao m au t r at o físico ou psicológico.

Al t er açõ es n a au t o - est i m a, assi m co m o a

p r e s s ã o p r o v e n i e n t e d e d i f e r e n t e s f o n t e s

( com panheiro sexual, pares, fam iliares) são baseadas

na prim eira relação sexual, vivida negat ivam ent e por

t odas as par t icipant es. Um a das j ovens nar r a: foi um

dos pr im eir os que m e disse que eu er a bonit a. Ou t r a se

recorda: neste dia ele m e tratou bem , m as foi horrível depois.

A r el ação sex u al q u e p r o d u zi u a g r av i d ez

ob ed eceu m ais a u m f eit o f or t u it o, q u e p r ocu r av a,

supr ir car ências afet iv as no cont at o sex ual, em bor a

t odas aspir em ao ideal de am or( 5 , 9 - 1 0 ), v iv ido com o

fr acasso em ex per iências ant er ior es. Nesse aspect o,

e s t a p e s q u i s a c o n c o r d a c o m o s r e s u l t a d o s

e n c o n t r a d o s p o r e s t u d o s o b r e a g r a v i d e z e n t r e

adolescent es, que dest acam a conexão ent re o am or e a at ração sexual, m arcada por um a urgência( 9)

.

Os d a d o s e v i d e n c i a m u m c o n h e c i m e n t o

sexual infor m al, desor denado e incom plet o, em ger al

a d q u i r i d o a t r a v é s d e e m p r e g a d a s d o s e r v i ç o

dom ést ico, pr im eir o com pan h eir o sex u al, f am iliar es

j o v e n s e p a r e s d o m e sm o se x o . Po r m a i s q u e a

e d u c a ç ã o s e x u a l s e j a t e m a d e c u m p r i m e n t o

obrigat ório nos colégios desde 1993, no m om ent o em

qu e as est u dan t es a r ecebem , m u it as j á t iv er am a

p r im eir a r elação sex u al. Est a or ien t ação, d ad a p or

docent es, se m ost ra igualm ent e longe da realidade e

desagr adáv el.

A m aior ia d as j ov en s r econ h ece q u e f oi a

m ã e q u e m i n f o r m o u so b r e se u d e se n v o l v i m e n t o

f isiológ ico, m as at é aí, não m ais. Se a in f or m ação

sobr e as m u dan ças fisiológicas ocor r idas n a m u lh er

é dada pelas m ães, o m esm o n ão acon t ece com a

educação sex ual, t em a silenciado e v iv ido com o um

t abu: m inha m am ãe nunca m e falou. Nenhum a das

m ães se deu cont a da gr av idez de suas filhas ant es

dos seis m eses de gest ação.

O conhecim ent o sobre planej am ent o fam iliar,

assim com o sob r e a ed u cação sex u al, é d ad o p or

e l a s m e sm a s e a v a l i za d o , e m a l g u n s ca so s, p o r

parceiros e adult os. Elas reconhecem que não t inham

infor m ações suficient es e que m ist ur ar am seu pouco

co n h eci m en t o a cr en ça s p o p u l a r es: n ão h av ia u m a concepção desse fato de ter de cuidar- se todas as vezes, porque

apesar de todo o tem po, nós estivem os j untos poucas vezes.

Out ra j ovem diz: eu não pensei nisso, na verdade, eu não pensei em m e cuidar, nem pensei que isso iria acontecer com igo,

porque era m inha prim eira relação.

Na s h i st ó r i a s d a s sei s j o v en s se a f i r m a m

ev ent os que se r epet em nas fam ílias, com o gr av idez

pr ecoce, m ães solt eir as ent r e fam iliar es, ausência de

i n f o r m a ç õ e s a r e s p e i t o d e s e x u a l i d a d e e

plan ej am en t o f am iliar, m au s t rat os n as r elações de

c a s a l , s u b o r d i n a ç ã o d a m u l h e r a o h o m e m . A

im por t ância da fam ília, especialm ent e das m ães, no

i n íc i o d a a t i v i d a d e s e x u a l d a s a d o l e s c e n t e s ,

j unt am ent e com a educação que possam r eceber na

escola, é r econ h ecida por est u dos, qu e igu alm en t e

r econ h ecem a t en dên cia do ser h u m an o em r epet ir

as hist ór ias de ger ação em ger ação, por não r eflet ir

sobr e elas( 5- 6).

As co n f u sõ es à s q u e est a s est u d a n t es se

v ê e m s u b m e t i d a s m e d i a n t e a p r e s e n ç a d e u m a

g r a v i d ez n ã o p l a n ej a d a , i n d esej a d a , e o i m p a ct o

n eg at iv o q u e est a d eix ou em seu p r oj et o d e v id a,

conv er t em - se em um r isco em ocional de sofr im ent o

psíquico. Os sent im ent os de frust ração e fracasso são

um a const ant e que pode levá- las a um a vida solit ária,

em bora, no plano de suas aspirações, a vida em casal

sej a pr im or dial.

Ref l et i r so b r e a g r av i d ez d e ad o l escen t es

lev a, t am b ém , à n ecessid ad e d e en car ar a j ov em

com o um suj eit o de direit os e, ent re eles, os sexuais

e reprodut ivos( 5,11). Tendo em cont a que, na Colôm bia,

o d esen v olv im en t o in t eg r al d as p essoas ob ed ece a

p r o c e s s o s m u i t o d e s i g u a i s , é f u n d a m e n t a l a

const at ação ent r e as adolescent es est udadas de seu

pou co con h ecim en t o sobr e esses dir eit os e a for m a

de fazê- los valer, e os r elat os ev iden ciam qu e esse

desconhecim ent o int er fer iu na gest ação de seu filho

ou filha.

Ser m u lh er

Ser m ulher, para t odas as prot agonist as, est á

associado ao t em or de depen der de u m h om em ou

de ser t r at ada com o fax ineir a, at en der ao h om em ,

aos filhos, ser m ãe: a m am ãe tem que cozinhar... m eu papai chegava e dizia: o alm oço j á está pronto?, e ficava bravo se não o

ser v ia na hor a. Os r elat os in dicam qu e a r elação de

(6)

pessoal, r esult a em um a ident idade subor dinada. No

en t an t o, os padr ões cu lt u r ais de gên er o são v ist os

com o inj ust os e originam t ensões: t er que ser dona-de- casa se t ornou t ão doloroso.

Discut ir a quest ão sobre o que é ser m ulher

n o s f az r et o m ar a d i st i n ção en t r e sex o , co n d i ção biológica, e gêner o, condição social, dest acando que

os dois aspect os incidem sobre os corpos das pessoas,

porque cada corpo é hist oricam ent e const ruído conform e os

sonhos e r eceios de sua época e cult ur a( 1 2 ). Gên er o é a

co n st r u çã o so ci a l e h i st ó r i ca d o s su j e i t o s co m o

f em in in os e m ascu lin os, t r an sm it ida n a socialização (4,13)

.

Com r elação à iden t idade de gên er o, t odas

a s p a r t i c i p a n t e s t ê m m o d e l o s d e s u b o r d i n a ç ã o

f e m i n i n a e m s u a s f a m íl i a s , m a s t a m b é m t o d a s valorizam e proj et am para suas vidas a idéia de serem

m ulheres econom icam ent e independent es. O processo

de const r ução de ident idade de gêner o, v iv ido com o

co n t r a d i t ó r i o e d o l o r o so p o r e ssa s j o v e n s, e st á associado às relações que a sociedade at ribui às vidas

d e seu s m en in os e m en in as d esd e m u it o ced o. Na

const r ução e t r ansm issão cult ur al dessas r elações, o que os adult os que rodeiam est es novos seres dizem

e f a z e m é m u i t o i m p o r t a n t e , p o i s e l e s s ã o o s

encarregados de propiciar os exem plos que assinalam o cam inho aceit o pela sociedade( 4,11).

A m at er nidade, nesse cont ex t o, é cr ucial no

m om ent o de ident ificar- se com o m ulher. Ent r et ant o,

est a exerce um j ogo duplo sim ult aneam ent e. Por um lad o, d if er en cia e en g r an d ece a m u lh er f r en t e aos

hom ens, m as por out ro, escraviza- as, razão pela qual

se v êem dest inadas à solidão ou à busca da r elação de casal com independência.

A p a r t i r d e o u t r o s a sp e ct o s, a p r e se n ça const ant e de desilusões am orosas, ou casais que não

cu m p r em com as ex p ect at iv as sex u ais d as j ov en s,

sej a p or q u e h á v iolên cia ou p or q u e h á d isf u n ção, ch a m a m a a t e n çã o n o s r e l a t o s f o r n e ci d o s p e l a s

est udant es. Por ém , esses fat os, além de silenciosos, são assum idos m ediant e at it udes servis ou indecent es

que as lev am a condut as ev ident em ent e ar r iscadas, at ent ando cont r a sua pr ópr ia int egr idade.

Ret om an do as r ef lex ões sobr e a iden t idade de gênero das m ulheres( 4- 5), é possível not ar com o a t ão d esej ad a ig u ald ad e en t r e h om en s e m u lh er es,

em bora present e nas m ent es dest as j ovens com o um a aspir ação, se en con t r a m u it o dist an t e da r ealidade

cot id ian a e d as p r át icas sex u ais ef et iv as, com o j á a d v e r t i u o t r a b a l h o r e f e r e n t e à f e r t i l i d a d e

adolescen t e( 6 ).

Pa r t e d a d e s i g u a l d a d e d e g ê n e r o e s t á

r ep r esen t a d a p el a a u sên ci a d e p a t er n i d a d e. Co m

e x c e ç ã o d e d o i s p a i s q u e v i s i t a m s e u s f i l h o s

event ualm ent e, os pais biológicos não est ão present es

na criação dos m eninos, enquant o alguns cont ribuem

e x c l u s i v a m e n t e n o â m b i t o e c o n ô m i c o , a s p e c t o

descr it o na lit er at ur a( 14).

Be b e r

Das seis est udant es est udadas a fundo, t r ês

delas ex põem a influência das bebidas alcoólicas no

m o m e n t o d a r e l a ç ã o s e x u a l q u e d e u o r i g e m à

gr av idez e t r ês o negam .

As t r ês j o v en s q u e r el aci o n am a g r av i d ez

precoce ao consum o de bebidas alcoólicas pert encem

a c a m a d a s s o c i o e c o n ô m i c a s d i s t i n t a s . To d a s

n ascer am em Bo g o t á, o s p ai s d e d u as d el as t êm

origem rural, o nível educat ivo dos progenit ores varia

desde o ensino pr im ár io incom plet o at é o secundár io

com plet o. Um a delas t ev e a pr im eir a gr av idez com

1 5 an os, qu e r esu lt ou em gr an de desilu são e m

al-est ar; da segunda vez t inha 16 anos – depois de um a

decepção am or osa, iniciou um cam inho at é chegar a

p r om iscu id ad e, r esu lt an d o n a g r av id ez; a t er ceir a,

quando t inha 18 anos, ficou gr áv ida com o r esult ado

de um a relação com um am igo. Seus relat os revelam

as influências do consum o de álcool no m om ent o da

gravidez: então estávam os tom ando, tom am os m uito... Há um

pedaço que não m e lem bro; lem bro-m e quando m e levantei,

vesti-m e, saí e fui, e foi o que aconteceu.

Suas v iv ências são m ar cadas por encont r os

e d e s e n c o n t r o s m u i t o p e s s o a i s , m a s q u e t ê m

afluências com uns quant o ao fat o de o consum o de

bebidas alcoólicas lh es t er im pedido de r econ h ecer

um a sit uação de per igo. To d as as t r ês co n v i v er am

em am bien t e pr opício par a as f est as; e ev iden ciam ,

em su as h ist ór ias d e v id a, cir cu n st ân cias p r op ícias

à v u ln er ab ilid ad e, com o a au sên cia d e au t or id ad e

pat er n a - m at er n a, as car ên cias af et iv as e o acesso

f ácil a b eb id as em b r iag an t es, o q u e é id en t if icad o

c o m o f a t o r e s q u e p r e d i s p õ e m a o c o n s u m o d e

álcool ( 1 5 ).

Quant o a fat ores que predispõem ao consum o

de álcool, não se fala aqui est r it am ent e dos fat or es

de r isco na acepção da epidem iologia, m as sim dos

(7)

n o n ú cleo f am iliar ou n as pr im eir as r edes de apoio

em q u e o in d iv íd u o se m old a. São acon t ecim en t os

d o s q u a i s n ã o se t em co n sci ên ci a , sen d o a p en a s

v iv idos, sem quest ionam ent os, e assum idos pouco a

p ou co at é ab sor v ê- los p or com p let o, t en d o g r an d e

r eper cussão nas at it udes do indiv íduo em for m ação.

Nos relat os das t rês j ovens que relacionam a gravidez

p r ecoce ao con su m o d e álcool, ev id en ciar am - se os

seguint es fat ores: 1) Convivência com consum idores;

2 ) Pe r m i s s i v i d a d e q u a n t o a o u s o d e b e b i d a s

alcoólicas; 3 ) Def iciên cias n a au t or id ad e p at er n a

-m at erna; 4) Vazios afet ivos; 5) Co-m unicação negat iva

ent re fam iliares; 6) Relações int erpessoais conflit ant es

en t r e o s m em b r o s d a f a m íl i a ; 7 ) Tr a n sm i ssã o d e

v alor es de desigualdade ent r e os gêner os m asculino

e fem inino.

A c e i t a n d o - s e q u e o s s e r e s h u m a n o s

a p r e n d e m , so b r e t u d o , m e d i a n t e a o b se r v a çã o e

i m i t a ç ã o a o u t r o s , m a i s d o q u e p e l o d i s c u r s o

norm at ivo( 16), pode- se com preender a im port ância das

prát icas cot idianas na t ransm issão de valores e com o

m odelos de condut as. Est udos enfat izam os problem as

n a din âm ica f am iliar : com por t am en t os de pais qu e

b e b e m , a c e i t a ç ã o d o c o n s u m o d e á l c o o l ,

dist an ciam en t o dos pais e con dição socioecon ôm ica

com o fat or es de r isco par a o abuso de álcool pelos

adolescen t es( 1 5 ).

Além das influências das dinâm icas fam iliares,

consider am - se t am bém os condicionant es indiv iduais

d e p r ed isp osição ao con su m o d e álcool, d en t r e os

quais a vulnerabilidade durant e a adolescência ocupa

u m l u g a r so b r e ssa l e n t e . D e v i d o a o p r o ce sso d e

m a t u r a çã o p si co so ci a l a q u e o a d o l e sce n t e e st á

s u b m e t i d o , e l e a i n d a n ã o t e m a h a b i l i d a d e d e

r econ h ecer com clar eza as possív eis con seqü ên cias

dos at os( 17). Out ro aspect o im port ant e t em a ver com

o t ipo de personalidade e seus t raços próprios, o que

se p od e id en t if icar com os p r ocessos d e f or m ação

em que um a pessoa desenvolve t endências a m ant er

u m a a u t o - e s t i m a f r á g i l , c o n d i ç ã o p r e s e n t e n a s

hist ór ias de v ida analisadas.

Os fat ores sócio- cult urais que predispõem ao

consum o de álcool são aqueles que per m anecem no

m eio que r odeia as pessoas. Nest e gr upo de est udo

é evident e que as j ovens t êm fácil acesso às bebidas

alcoólicas nos am bient es que freqüent am ; igualm ent e,

su a s co n d u t a s e x p l i ci t a m p a d r õ e s cu l t u r a i s q u e

convidam os cidadãos ao consum o de bebida alcoólica

( p a r a d o x a l m e n t e n a Co l ô m b i a , p o r ce n t a g e n s d a s

v e n d a s d e b e b i d a s a l c o ó l i c a s e c i g a r r o s s ã o

t r ansfer idos par a apoiar a saúde e o espor t e) .

Pode- se t am bém det ect ar fat or es pr ot et or es

nas hist órias de vida, que im pediram , at é o m om ent o,

q u e seu s p r o t a g o n i st a s se af og u em n o álcool o u

m ant enham o padr ão de pr om iscuidade com o r isco

q u e e s t e t e m p a r a q u e s e a d q u i r a d o e n ç a s

s e x u a l m e n t e t r a n s m i s s ív e i s . D e n t r e e s t e s

encont ram os: 1) Ver no filho ou filha alguém que lhes

dá afet o; 2) Bom desem penho acadêm ico; 3) Nív eis

de escolar idade elev ados.

U m e s t u d o r e a l i z a d o p e l a U n i d a d e

Coordenadora de Prevenção I nt egral ( UCPI ) , de cort e

est at íst ico, report a um consum o de bebidas alcoólicas

ent re 70% dos universit ários de Bogot á, especialm ent e

dos pr im eir os sem est r es; 3 0 % deles adm it ir am t er

t id o r elações sex u ais n ão p lan ej ad as sob o ef eit o

d e s t a s b e b i d a s( 7 ). En t r e t a n t o , c o n f o r m e s u a s

car act er íst i cas i n v en t ar i ai s, est e r el at ó r i o n ão f az

referência às circunst âncias que rodeiam t ais relações

sexuais e suas possíveis im plicações em um a gravidez

n ão d esej ad a.

Por t u d o isso, q u an d o o gole ir r om p e n os

quart os das adolescent es, suas conseqüências podem

ser f u n est a s, p o r q u e seu s ef ei t o s n a l u ci d ez d a s

p essoas n ão p er m it em u m con t r ole ad eq u ad o d os

acont ecim ent os. O guayabo - t erm o que define t ant o

a ressaca depois de um a bebedeira, com o um est ado

p ar t i cu l a r d e t r i st eza, ca r a ct er íst i co d o d esp er t ar

depois de um a noit e de balada, pode du r ar t oda a

v id a.

CONSI DERAÇÕES FI NAI S

Foi vist o nas hist órias de vida relat adas com o o t abu do sexo se for m a, a for m a com o a m enina é

e n s i n a d a d e q u e h á a s p e c t o s d a v i d a q u e s ã o

e x c l u s i v o s d a s m u l h e r e s e q u e n ã o d e v e m s e r

c o m p a r t i l h a d o s c o m o s h o m e n s , o q u e g e r a post eriores dificuldades de com unicação ent re o casal

sobr e aspect os com o sat isfação sexual e m ét odos de

p l a n e j a m e n t o f a m i l i a r, o u q u e a s i m p e d e m d e r eclam ar seus dir eit os. I st o indica a im por t ância da

h e r a n ç a s o c i o c u l t u r a l n a s c o n c e p ç õ e s q u e a s

(8)

ser, d o q u e p o d e o u n ã o d i ze r, p a d r õ e s q u e sã o t r ansm it idos at r av és das ger ações nos pr ocessos de e d u c a ç ã o s o b r e o d e s e n v o l v i m e n t o s e x u a l e r epr odu t iv o das m u lh er es.

A sexualidade, reduzida ao coit o nos relat os, é v i v i d a c o m o u m a f o r m a d e c o m p e n s a ç ã o d e f r u s t r a ç õ e s e c a r ê n c i a s . M a s , e x p e r i m e n t a d a n eg at iv am en t e, r ev ela e r esu lt a em alt er ações n a au t o- est im a.

As g est a çõ es d a s a d o l escen t es est u d a d a s for am v iv idas com o u m in côm odo, u m obst ácu lo, e m udaram radicalm ent e seus proj et os de vida. O apoio da fam ília ou do casal, quando est e exist e, revela- se de gr ande im por t ância na v iv ência da gr av idez e da m at er n id ad e.

En t r e a s se i s e st u d a n t e s, t r ê s r e l a t a m a influência do consum o de bebidas alcoólicas sobr e a r e l a çã o se x u a l q u e g e r o u a g r a v i d e z. Em b o r a o núm er o m uit o r est r it o das ent r ev ist adas não per m it a generalizações, é possível est abelecer a relação ent re o con su m o de álcool e com por t am en t os sex u ais de

r isco em suas hist ór ias de v ida.

AGRADECI MENTOS

Ag r a d e ce m o s a Co m i ssã o I n t e r a m e r i ca n a

p a r a o Co n t r o l e d o Ab u s o d e D r o g a s / CI CAD d a

Su b se cr e t a r i a d e Se g u r a n ça Mu l t i d i m e n si o n a l d a

Or g a n i z a ç ã o d o s Es t a d o s A m e r i c a n o s / OEA , a

Secr et ar ia Nacional Ant idr ogas/ SENAD, aos docent es

d a Esco l a d e En f e r m a g e m d e Ri b e i r ã o Pr e t o d a

Un iv er sid ad e d e São Pau lo, Cen t r o Colab or ad or d a

OM S p a r a o d e s e n v o l v i m e n t o d a p e s q u i s a e m

enfer m agem , a população da am ost r a dos est udos e

aos r epr esent ant es dos oit o países Lat inoam er icanos

que part iciparam do I e I I Program a de Especialização

On - l i n e d e Ca p a c i t a ç ã o e I n v e s t i g a ç ã o s o b r e o

Fen ô m en o d a s D r o g a s - PREI NVEST o f er eci d o n o

b i ên i o 2 0 0 5 / 2 0 0 6 p el a Esco l a d e En f er m ag em d e

Ri b ei r ão Pr et o, d a Un i v er si d ad e d e São Pau l o, n a

m odalidade de ensino a dist ância.

REFERÊNCI AS

1 . En cu est a Naci o n al d e D em o g r af ía y Sal u d . Co l o m b i a: PRO FA M I LI A ; 2 0 0 0 .

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