• Nenhum resultado encontrado

Núcleos positivos definidos em espaços 2-homogêneos

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Núcleos positivos definidos em espaços 2-homogêneos"

Copied!
90
0
0

Texto

(1)

Núcleos positivos definidos em espaços

2-homogêneos

(2)
(3)

SERVIÇO DE PÓS-GRADUAÇÃO DO ICMC-USP

Data de Depósito:

Assinatura:_______________________

Victor Simões Barbosa

Núcleos positivos definidos em espaços 2-homogêneos

Tese apresentada ao Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação - ICMC-USP, como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Ciências – Matemática. VERSÃO REVISADA

Área de Concentração: Matemática

Orientador: Prof. Dr. Valdir Antonio Menegatto

USP – São Carlos

(4)

SB228n

Simões Barbosa, Victor

Núcleos positivos definidos em espaços 2-homogêneos / Victor Simões Barbosa; orientador Valdir Antonio Menegatto. -- São Carlos, 2016. 70 p.

Tese (Doutorado - Programa de Pós-Graduação em Matemática) -- Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação, Universidade de São Paulo, 2016.

(5)

Victor Simões Barbosa

Positive definite kernels on two-point homogeneous spaces

Doctoral dissertation submitted to the Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação - ICMC-USP, in partial fulfillment of the requirements for the degree of the Doctorate Program in Mathematics. FINAL VERSION

Concentration Area: Mathematics

Advisor: Prof. Dr. Valdir Antonio Menegatto

USP – São Carlos

(6)
(7)

Agradecimentos

Agrade¸co primeiramente a Deus por sempre me iluminar e n˜ao me deixar desistir diante das dificuldades, permitindo assim que eu alcan¸casse todos os meus objetivos.

Aos meus pais, Gisele e Hamilton, e aos meus irm˜aos, Amanda e Z´e Luiz, que sempre acreditaram no meu potencial e n˜ao mediram esfor¸cos para que eu pudesse chegar at´e aqui. Eu sequer poderia sonhar com tudo isso se n˜ao fosse por vocˆes.

Aos funcion´arios e amigos do ICMC, em especial: Ana Maria, Badar´o, Carol, Dione, Fera, Fernando, Ginnara, Jackson, Jean, Jord˜ao, Marilu, Matheus PAC, Mendes, Mirna, Mostafa, North˜ao, Paty, Pedro, Rafa, Raf˜ao, Rodrigol, Thellis e Z´e, por participarem dessa complicada caminhada e pelos descontra´ıdos caf´es di´arios.

A todos os demais amigos e colegas que contribu´ıram, direta ou indiretamente, para que eu superasse todos os obst´aculos.

Ao professor Valdir Menegatto, n˜ao apenas pela orienta¸c˜ao, mas por toda a confian¸ca, paciˆencia e dedica¸c˜ao neste per´ıodo.

(8)
(9)
(10)
(11)

Resumo

Neste trabalho analisamos a positividade definida estrita de n´ucleos cont´ınuos sobre um espa¸co compacto 2-homogˆeneo. R. Gangolli (1967) apresentou uma caracteriza¸c˜ao completa para os n´ucleos que s˜ao cont´ınuos, isotr´opicos e positivos definidos sobre um espa¸co compacto 2-homogˆeneoMd: a parte isotr´opica do n´ucleo ´e uma s´erie de Fourier uniformemente convergente, com coeficientes n˜ao negativos, em rela¸c˜ao a certos polinˆomios de Jacobi atrelados a Md. Uma das contribui¸c˜oes de nosso trabalho ´e uma caracteriza¸c˜ao para a positividade definida estrita de tais n´ucleos, complementando a caracteriza¸c˜ao apresentada por Chen et al. (2003) no caso em que Md ´e uma esfera unit´aria de di-mens˜ao maior ou igual a 2. Outra contribui¸c˜ao do trabalho ´e uma extens˜ao do resultado de Gangolli para n´ucleos sobre produtos cartesianos de espa¸cos compactos 2-homogˆeneos, e a consequente caracteriza¸c˜ao para n´ucleos estritamente positivos definidos neste mesmo contexto. Por fim, a ´ultima contribui¸c˜ao do trabalho en-volve a an´alise do grau de diferenciabilidade da parte isotr´opica de um n´ucleo cont´ınuo, isotr´opico e positivo definido sobreMd e a aplicabilidade de tal an´alise em resultados envolvendo a positivi-dade definida estrita.

(12)
(13)

Abstract

In this work we analyze the strict positive definiteness of con-tinuous kernels on compact two-point homogeneous spacesMd. R. Gangolli (1967) presented a complete characterization for conti-nuous, isotropic and positive definite kernels on Md: the isotropic part of the kernel is a uniformly convergent Fourier series of cer-tain Jacobi polynomials associated toMd, with nonnegative coef-ficients. One of the contributions of our work is a characterization for the strict positive definiteness of such kernels, completing that one presented by Chen et al. (2003) in the case Md is the unit sphere of dimension at least 2. Another contribuition of this work is an extension of Gangolli’s result for kernels on a product of compact two-point homogeneous spaces, and the subsequent cha-racterization of strict positive definiteness in this same context. Finally, the last contribution in this work involves the analysis of the differentiability of the isotropic part of a continuous, isotropic and positive definite kernel on Md and the applicability of such analysis in results involving the strict positive definiteness.

(14)
(15)

Sum´

ario

Introdu¸c˜ao I

1 Preliminares 1

1.1 Espa¸cos compactos 2-homogˆeneos . . . 1

1.2 Positividade definida e isotropia . . . 4

1.3 Polinˆomios de Jacobi . . . 5

1.4 Expans˜oes de Fourier-Jacobi . . . 8

1.5 F´ormula de adi¸c˜ao e suas consequˆencias . . . 11

1.6 F´ormula geradora e as fun¸c˜oes hipergeom´etricas . . . 13

2 Positividade definida estrita 15 2.1 Condi¸c˜ao necess´aria . . . 15

2.2 Condi¸c˜ao suficiente . . . 17

3 Positividade definida estrita em produtos de espa¸cos 2-homogˆeneos 21 3.1 Positividade definida . . . 21

3.2 CD-positividade definida estrita . . . 28

3.3 Positividade definida estrita . . . 35

4 Diferenciabilidade 45 4.1 Diferenciando expans˜oes de Fourier-Jacobi . . . 45

4.2 Diferenciando expans˜oes de Fourier-Jacobi II . . . 52

4.3 Diferenciabilidade de n´ucleos positivos definidos . . . 55

Considera¸c˜oes finais 61

(16)
(17)

Introdu¸

ao

Os estudos apresentados neste trabalho envolvem primariamente n´ucleos positivos definidos sobre um conjunto n˜ao vazio X. Uma fun¸c˜ao K : X×X → R ´e um ucleo

positivo definido (ou simplesmente n´ucleo PD) quando

n

X

µ=1

n

X

ν=1

cµcνK(xµ, xν)≥0, (1)

para qualquer subconjunto{x1, x2, . . . , xn} deX e quaisquer n´umeros reais c1, c2, . . . ,

cn, independentemente da cardinalidade n. Um n´ucleo positivo definido K sobre X

´e dito ser estritamente positivo definido (ou n´ucleo SPD) se as desigualdades anterio-res s˜ao estritas, quando pelo menos um dos escalaanterio-res cµ ´e n˜ao nulo. Dependendo do

contexto, a defini¸c˜ao acima pode incorporar a continuidade de K ou alguma outra propriedade desej´avel para K ou X.

Os n´ucleos positivos definidos aparecem em v´arios segmentos da Matem´atica, in-cluindo ´Algebra Linear, An´alise Funcional, Estat´ıstica, Geomatem´atica, Teoria da Aproxima¸c˜ao, etc ([4, 6, 15, 19, 47]). Por exemplo, em estat´ıstica eles s˜ao fun¸c˜oes de covariˆancia atreladas a campos randˆomicos especiais sobre a esfera 3-dimensional, uma vez que tal espa¸co modela naturalmente a superf´ıcie terrestre ([32]). J´a no artigo recente [48], o autor utiliza modelos ideais de n´ucleos positivos definidos para estudar problemas de interpola¸c˜ao e desenvolver algoritmos que resolvam certas quest˜oes em otimiza¸c˜ao e probabilidade. Provavelmente a Teoria do Aprendizado ([16, 17]) ´e a ´area de pesquisa mais recente onde tais n´ucleos desempenham um papel relevante.

Neste projeto, analisamos algumas quest˜oes referentes a n´ucleos positivos definidos no caso em que X ´e um espa¸co compacto 2-homogˆeneo. Estes espa¸cos m´etricos foram estudados e caracterizados por Wang ([46]) usando t´ecnicas de geometria e an´alise cl´assica. Todos eles apresentam propriedades de simetria e invariˆancia bem definidas,

(18)

as quais possibilitam, e as vezes simplificam, a an´alise de problemas que envolvem tais espa¸cos. Os resultados principais deste trabalho resolvem alguns destes problemas.

Inicialmente apresentamos alguns conceitos preliminares visando entender mais a fundo a natureza dos espa¸cos compactos 2-homogˆeneos. Introduzimos algumas nomen-claturas para os n´ucleos definidos sobre tais espa¸cos, considerando especificamente a continuidade, isotropia, positividade definida e positividade definida estrita deles. Uma vez que a parte isotr´opica de um n´ucleo positivo definido sobre esses espa¸cos possui uma expans˜ao de Fourier-Jacobi bem peculiar, apresentamos tamb´em uma breve dis-cuss˜ao sobre expans˜oes de Fourier via polinˆomios de Jacobi, al´em de analisar algumas propriedades espec´ıficas destes polinˆomios. Abordamos a f´ormula de adi¸c˜ao que re-laciona os polinˆomios de Jacobi com os harmˆonicos esf´ericos associados aos espa¸cos, e deduzimos algumas consequˆencias deste resultado que s˜ao pertinentes ao trabalho. Conclu´ımos o primeiro cap´ıtulo estudando uma f´ormula geradora para os polinˆomios de Jacobi atrav´es da fun¸c˜ao hipergeom´etrica de Gauss.

O Cap´ıtulo 2 j´a contempla um dos objetivos da tese. Apresentamos uma condi¸c˜ao necess´aria e suficiente sobre um n´ucleo cont´ınuo, isotr´opico e positivo definido sobre um espa¸co compacto 2-homogˆeneo de modo que ele seja estritamente positivo definido. Tal caracteriza¸c˜ao ´e obtida atrav´es de f´ormulas assint´oticas para polinˆomios de Jacobi e de variedades antipodais ligadas a pontos no espa¸co 2-homogˆeneo. Esta an´alise engloba um estudo inicial realizado por Chen et al. ([14]) no qual os autores j´a resolvem este mesmo problema no caso particular em que o espa¸co 2-homogˆeneo ´e uma esfera unit´aria

d-dimensional com d≥2.

O objetivo do Cap´ıtulo 3 ´e estender o resultado obtido no Cap´ıtulo 2 para n´ucleos sobre produtos de espa¸cos compactos 2-homogˆeneos. De imediato houve a necessidade de se obter uma caracteriza¸c˜ao para os n´ucleos cont´ınuos, isotr´opicos e positivos defi-nidos sobre um tal produto, isto ´e, uma generaliza¸c˜ao do resultado de Gangolli ([20]) para produtos de espa¸cos 2-homogˆeneos. Optamos por uma t´ecnica diferente, utili-zando a representa¸c˜ao de polinˆomios de Jacobi via a fun¸c˜ao hipergeom´etrica de Gauss e propriedades da fun¸c˜ao gama.

(19)

Introdu¸c˜ao III

(20)
(21)

Cap´ıtulo

1

Preliminares

Apresentamos neste cap´ıtulo as ferramentas b´asicas para o desenvolvimento do tra-balho. Inicialmente tratamos de algumas caracter´ısticas dos espa¸cos compactos 2-homogˆeneos. Exibimos uma classifica¸c˜ao para tais espa¸cos, relembramos alguns re-sultados envolvendo isometrias e estudamos o conceito de positividade definida e iso-tropia para n´ucleos sobre um espa¸co 2-homogˆeneo. Na sequˆencia apresentamos uma caracteriza¸c˜ao para n´ucleos isotr´opicos e positivos definidos sobre espa¸cos compactos 2-homogˆeneos. Como esta caracteriza¸c˜ao envolve os polinˆomios de Jacobi, exibimos algumas propriedades destes polinˆomios que ser˜ao ´uteis no decorrer dos pr´oximos cap´ı-tulos. Finalizamos com uma r´apida discuss˜ao sobre a F´ormula de Adi¸c˜ao e uma f´ormula geradora para os polinˆomios de Jacobi, explicitando as consequˆencias mais relevantes de tais f´ormulas para este trabalho.

1.1

Espa¸

cos compactos 2-homogˆ

eneos

A propriedade que caracteriza a 2-homogeneidadede um espa¸co m´etrico (M, d) ´e a existˆencia de uma isometriaϕ :M →M com a seguinte caracter´ıstica: se x1, y1, x2, y2

s˜ao elementos deM tais qued(x1, y1) =d(x2, y2), ent˜aoϕ(x1) =ϕ(x2) eϕ(y1) = ϕ(y2).

Por exemplo, no c´ırculoS1deR2 munido de sua distˆancia geod´esica usual, uma rota¸c˜ao

conveniente faz o papel de uma tal isometria. Os primeiros tratamentos sobre espa¸cos 2-homogˆeneos que conseguimos localizar s˜ao [10, 12, 46].

(22)

No contexto da geometria diferencial, espa¸cos compactos 2-homogˆeneos correspon-dem aos espa¸cos compactos globalmente sim´etricos e de posto 1 ([29]). Em particular, espa¸cos compactos 2-homogˆeneos s˜ao variedades riemannianas. Neste trabalho utiliza-mos o s´ımboloMd para denotar um espa¸co 2-homogˆeneo de dimens˜aod. As geometrias destes espa¸cos s˜ao similares, o que permite trat´a-los de maneira globalizada.

Todas as geod´esicas em um espa¸co compacto 2-homogˆeneo s˜ao fechadas e tem o mesmo comprimento, a saber, duas vezes o diˆametro do espa¸co. Desta forma, podemos normalizar a m´etrica riemanniana em cada espa¸co compacto 2-homogˆeneo de modo que o diˆametro de cada um deles seja igual a 2π. Em outras palavras, se denotarmos por |xy|a distˆancia entre dois pontos xe y emMd, ent˜ao|xy| ≤2π. Em particular, se Md=Sd, temos que

cos (|xy|/2) =x·y, x, y ∈Md, onde “·” ´e o produto interno usual deRd+1.

Em 1952, Wang ([46]) classificou os espa¸cos compactos 2-homogˆeneos como aqueles pertencentes a uma das seguintes categorias:

(i) Esfera unit´aria Sd, d= 1,2, . . .;

(ii) Espa¸co projetivo real Pd(R),d= 2,3, . . .;

(iii) Espa¸co projetivo complexo Pd(C), d= 4,6, . . .;

(iv) Espa¸co projetivo quaterniˆonico Pd(H),d= 8,12, . . .;

(v) Plano projetivo de Cayley Pd(Cay), d= 16.

Em geral, esta classifica¸c˜ao tem car´ater decisivo na an´alise de problemas que envol-vem os espa¸cos compactos 2-homogˆeneos, como pode ser notado em [2, 13, 20, 30, 34, 40].

Neste trabalho os espa¸cos compactos 2-homogˆeneos ser˜ao tratados de uma maneira unificada, ou seja, raramente necessitaremos de propriedades espec´ıficas de cada um deles. Em casos pontuais, algumas propriedades ser˜ao explicitadas. Uma particulari-dade dos espa¸cos compactos 2-homogˆeneos ´e que podemos encontrar c´opias isom´etricas de alguns deles dentro de outros. Formalizamos esta ideia no par´agrafo abaixo.

Se (M1, d1) e (M2, d2) s˜ao espa¸cos m´etricos, ummergulho isom´etricode M1 em M2

´e uma fun¸c˜ao φ:M1 →M2 tal que

(23)

1.1 Espa¸cos compactos 2-homogˆeneos 3

EscrevemosM1 ֒→M2 para indicar a existˆencia de um mergulho isom´etrico deM1 em

M2. O resultado a seguir (ver [1, p.66] e as referˆencias l´a contidas) descreve todos os

mergulhos isom´etricos que ser˜ao ´uteis neste trabalho.

Lema 1.1.1. Os seguintes mergulhos isom´etricos existem:

(i) Sd ֒Sd+1, d= 1,2, . . .;

(ii) Pd(R)֒Pd+1(R), d= 2,3, . . .; (iii) Pd(C)֒Pd+2(C), d= 4,6, . . .; (iv) Pd(H)֒Pd+4(H), d= 8,12, . . .;

(v) Pd(R)֒P2d(C), d= 2,3, . . .; (vi) P2d(C)֒P4d(H), d= 2,3, . . .; (vii) P8(H)֒P16(Cay).

Uma consequˆencia ´obvia do lema anterior ´e que h´a um mergulho isom´etrico de S1

em qualquer outro espa¸co compacto 2-homogˆeneo.

O lema a seguir descreve uma propriedade pontual sobre mergulhos isom´etricos ([21, p. 88]). No segue, um isomorfismo isom´etrico entre espa¸cos m´etricos referir-se-´a a um mergulho isom´etrico de um deles no outro.

Lema 1.1.2. H´a um isomorfismo isom´etrico entre os seguinte espa¸cos:

(i) P1(R) e S1; (ii) P2(C) e S2; (iii) P4(H) e S4.

O proposi¸c˜ao abaixo ´e uma consequˆencia dos dois lemas anteriores.

Lema 1.1.3. Se d ≥ 2, ent˜ao existe q ≥ 1, tal que Sq ֒ Md. Em particular, se

Md 6=Pd(R), ent˜ao podemos assumir que q2 na afirma¸c˜ao anterior.

A variedade antipodal de um ponto x deMd ´e o conjunto

(24)

´

E importante observar neste ponto que este conceito carrega, conforme explicado previamente, a normaliza¸c˜ao adotada para a m´etrica do espa¸co Md.

O lema a seguir descreve como s˜ao as variedades antipodais em um espa¸co compacto 2-homogˆeneo. Os argumentos que justificam o lema est˜ao fracionados nas referˆencias [13, 30, 39, 44].

Lema 1.1.4. Seja x um ponto fixado em Md.

(i) Se Md =Sd ent˜ao Γx ´e o conjunto unit´ario {−x};

(ii) Se Md =Pd(R), ent˜ao Γx ´e isometricamente isomorfo a Pd−1(R); (iii) Se Md =Pd(C), ent˜ao Γ

x ´e isometricamente isomorfo a Pd−2(C);

(iv) Se Md =Pd(H), ent˜ao Γx ´e isometricamente isomorfo a Pd−4(H); (v) Se Md =Pd(Cay), ent˜ao Γx ´e isometricamente isomorfo a S8.

1.2

Positividade definida e isotropia

Consideramos apenas n´ucleos sobre Md que s˜ao cont´ınuos. A continuidade de um n´ucleo ´e definida atrav´es da distˆancia introduzida na se¸c˜ao anterior.

A isotropia de um n´ucleo K sobre Md refere-se ao fato de que

K(x, y) =Krd(cos (|xy|/2)), x, y ∈Md,

para alguma fun¸c˜ao Kd

r : [−1,1] → R, aqui chamada de parte isotr´opica (ou radial)

de K. Obviamente o ´ındice inferior r est´a atrelado `a palavra radial, enquanto que o ´ındice superior d refere-se `a dimens˜ao da variedade envolvida. Um n´ucleo K cont´ınuo

e isotr´opico sobre Md ´e um n´ucleo como na igualdade acima, onde Kd

r ´e uma fun¸c˜ao

cont´ınua em [−1,1].

Os n´ucleos cont´ınuos, isotr´opicos e positivos definidos sobre os espa¸cos compactos 2-homogˆeneos j´a foram caracterizados h´a um bom tempo. I. J. Schoen-berg ([42]) caracterizou-os no caso esf´erico (Md=Sd) enquanto que R. Gangolli ([20]) apresentou uma caracteriza¸c˜ao v´alida em todos os espa¸cos. Em resumo temos o seguinte resultado.

Teorema 1.2.1. Seja K um n´ucleo cont´ınuo e isotr´opico sobre Md. Uma condi¸c˜ao

(25)

1.3 Polinˆomios de Jacobi 5

possua uma representa¸c˜ao em s´erie na forma

Krd(t) =

X

k=0

aα,βk Pkα,β(t), t∈[−1,1], (1.1)

onde aα,βk ∈[0,∞), k ∈Z+, Pα,β

k indica o polinˆomio de Jacobi de grau k associado ao

par (α, β) e P∞

k=0a

α,β

k P

α,β

k (1) < ∞. O ´ındice α depende t˜ao somente da dimens˜ao d

e vale α = (d−2)/2, enquanto que o ´ındice β assume os valores (d−2)/2, −1/2, 0,

1 ou 3, dependendo da respectiva categoria `a qual Md pertence dentre aquelas obtidas

por Wang e descritas na Se¸c˜ao 1.1.

1.3

Polinˆ

omios de Jacobi

Esta se¸c˜ao cont´em algumas informa¸c˜oes sobre os polinˆomios de Jacobi. Referˆencias cl´assicas sobre este tema s˜ao [41, 43].

Paraα, β >−1, o conjunto{Pα,β

n :n ∈Z+}dos polinˆomios de Jacobi associados ao

par (α, β) ´e ortogonal em [−1,1] em rela¸c˜ao `a medida usual com peso (1−t)α(1 +t)β,

isto ´e,

Z 1

−1

Pmα,β(t)Pnα,β(t)(1−t)α(1 +t)βdt=δm,nhα,βn ,

onde

hα,βn = 2

α+β+1

2n+α+β+ 1

Γ(n+α+ 1)Γ(n+β+ 1)

Γ(n+ 1)Γ(n+α+β+ 1), n ∈Z+. Aqui e em diversos outros lugares do trabalho, Γ indica a fun¸c˜ao gama usual.

Em algumas passagens do texto utilizamos os polinˆomios de Jacobi em sua forma normalizada:

Rα,βn (t) := P

α,β n (t)

Pnα,β(1)

, t∈[−1,1], n ∈Z+, em que

Pnα,β(1) =

n+α n

:= Γ(α+n+ 1)

n!Γ(α+ 1) , n ∈Z+.

A seguinte propriedade elementar entrar´a em alguns argumentos `a frente ([43, p.59]):

Pkα,β(−t) = (−1)kPkβ,α(t), t ∈[−1,1].

Em particular, quando α = β, polinˆomios de Jacobi de grau par s˜ao fun¸c˜oes pares enquanto que os polinˆomios de Jacobi de grau ´ımpar s˜ao fun¸c˜oes ´ımpares. Os polinˆomios

Pα,α

n s˜ao, na verdade, conhecidos como polinˆomios de Gegenbauer.

(26)

Lema 1.3.1. Os polinˆomios de Jacobi possuem as seguintes propriedades:

(i) limk→∞Rα,βk (t) = 0, t ∈(−1,1);

(ii) Se α > β, ent˜ao limk→∞Pkβ,α(1)[P α,β

k (1)]−1 = 0.

Demonstra¸c˜ao: A propriedade (i) resulta da formula deduzida em [43, p.196]. No entanto, para os valores de α e β pertinentes ao nosso trabalho (exceto para o caso em que α= 0 =β+ 1/2), podemos obter esse resultado mais rapidamente atrav´es da f´ormula de recorrˆencia ([43, p.71])

(1−t)Rα,βk (t) = 2α 2k+α+β+ 1

h

k−1,β(t)−Rαk+1−1,β(t)i, k ∈Z+, t(1,1), fazendo k → ∞. A f´ormula limite em (ii) segue de

Pkβ,α(1)

Pkα,β(1) =

Γ(α+ 1) Γ(β+ 1)

Γ(k+β+ 1) Γ(k+α+ 1) =k

β−αΓ(α+ 1)

Γ(β+ 1)

Γ(k+α+ 1 + (β−α))

Γ(k+α+ 1)kβ−α , k∈Z+,

e da seguinte f´ormula limite ([41, p. 23])

lim

n→∞

Γ(n+x)

Γ(n)nx = 1, x∈R,

para a fun¸c˜ao gama. De fato,

lim

k→∞

Pkβ,α(1)

Pkα,β(1) = limk→∞k

β−αΓ(α+ 1)

Γ(β+ 1) = 0

uma vez que α > β.

A seguir, apresentamos uma formula de recorrˆencia que envolve derivadas dos po-linˆomios de Jacobi normalizados.

Proposi¸c˜ao 1.3.2. Os polinˆomios Rα,β

n satisfazem

(1−t2)d

dtR

α,β

n =Aα,βn R α,β

n−1+Bnα,βRnα,β+Cnα,βR α,β

n+1, n ≥1,

em que

Aα,βn =

2n(n+β)(n+α+β+ 1) (2n+α+β)(2n+α+β+ 1),

Bnα,β = (α−β) 2n(n+α+β+ 1)

(2n+α+β)(2n+α+β+ 2),

e

(27)

1.3 Polinˆomios de Jacobi 7

Demonstra¸c˜ao: A f´ormula (4.5.5) de [43] nos fornece que

(1−t2)d

dtP

α,β n =A′

α,β

n P

α,β n−1+B′

α,β

n Pnα,β+C′ α,β

n P

α,β

n+1, n≥1,

onde

A′α,βn = 2(n+α)(n+β)(n+α+β+ 1) (2n+α+β)(2n+α+β+ 1) ,

B′α,βn = (α−β) 2n(n+α+β+ 1)

(2n+α+β)(2n+α+β+ 2), e

C′α,β

n =−

2n(n+ 1)(n+α+β+ 1) (2n+α+β+ 1)(2n+α+β+ 2).

Normalizando, obtemos

(1−t2)Rα,βn = P

α,β n−1(1)

Pnα,β(1)

A′α,βn Rnα,β1+B′α,βn Rα,βn +P

α,β n+1(1)

Pnα,β(1)

C′α,βn Rα,βn+1.

Como

Pnα,β1(1)

Pnα,β(1)

= n

n+α,

e

Pnα,β+1(1)

Pnα,β(1)

= n+α+ 1

n+ 1 ,

a f´ormula do enunciado segue.

Conclu´ımos a se¸c˜ao apresentando f´ormulas que decorrem da existˆencia de mergulhos isom´etricos e consequˆencias para positividade definida. Os coeficientesbl

j que aparecem

no enunciado do lema podem ser encontrados de maneira expl´ıcita em [1, p. 63].

Lema 1.3.3. Sejam Md e Hd′

espa¸cos compactos 2-homogˆeneos e considere os ´ındices α = (d− 2)/2, α′ = (d2)/2, β e βcomo na descri¸c˜ao de Wang. Suponha que

(α′, β) = (α+c, β), c > 0, α >1 ou (α, β) = (α, β+c) com c Z

+, β′ >−1. Se

Md est´a isometricamente mergulhado emHd′, ent˜ao existe uma decomposi¸c˜ao da forma

Plα′,β′(t) =

l

X

j=0

bljPlα,βj(t), l = 0,1, . . . , t∈[−1,1],

em que cadabl

j ´e n˜ao negativo.

(28)

Proposi¸c˜ao 1.3.4. Sejam Md e Hd′ espa¸cos compactos 2-homogˆeneos com Md

isome-tricamente mergulhada em Hd′. Se K ´e um n´ucleo isotr´opico e positivo definido sobre Hd′, ent˜aoKd′

r ´e a parte isotr´opica de um n´ucleo positivo definido sobreMd. Alem diso,

se K ´e estritamente positivo definido sobre Hd′, ent˜ao Kd′

r ´e a parte isotr´opica de um

n´ucleo estritamente positivo definido sobre Md.

Demonstra¸c˜ao: A parte isotr´opicaKd′

r de um n´ucleoK isotr´opico e positivo definido

sobre Hd′ tem uma representa¸c˜ao na forma

Krd′(t) =

X

k=0

k′,β′Pkα′,β′(t), t∈[−1,1],

como descrita no Teorema 1.2.1. No entanto, nas condi¸c˜oes da proposi¸c˜ao, o lema anterior permite irmos um passo al´em e escrever a s´erie acima na forma

Krd′(t) =

X

k=0

k′,β′

k

X

j=0

bkjPkα,βj(t), t∈[−1,1],

com cada bk

j n˜ao negativo. Ajustando, vem que

Krd′(t) =

X

k=0

" X

j=0

k+′,βj′bkj+j

#

Pkα,β(t), t∈[−1,1].

Como cadabkj+j´e maior ou igual a zero, cada somaP∞

j=0a

α′

k+j b k+j

j ´e n˜ao negativa. Logo,

pelo Teorema 1.2.1, Kd′

r ´e a parte isotr´opica de um n´ucleo positivo definido sobre Md.

A ´ultima afirma¸c˜ao da proposi¸c˜ao pode ser justificada por contradi¸c˜ao. Se Kd′

r fosse a

parte isotr´opica de um n´ucleo que ´e positivo definido sobreMd mas n˜ao ´e estritamente positivo definido, poder´ıamos selecionar um n ≥ 1 e pontos distintos x1, x2, . . . , xn

em Md com [Kd′

r (cos(|xµxν|/2))] singular. Mas, se φ ´e o mergulho isom´etrico de Md

em Hd′, ter´ıamos que [Kd′

r (cos(|φ(xµ)φ(xν)|/2))] seria singular, uma contradi¸c˜ao com a

positividade definida estrita de K em Hd′.

No Cap´ıtulo 3, utilizaremos extens˜oes da proposi¸c˜ao acima para o caso de n´ucleos sobre um produto de espa¸cos compactos 2-homogˆeneos.

1.4

Expans˜

oes de Fourier-Jacobi

Denotamos porLα,β1 [−1,1] o conjunto de todas as fun¸c˜oes mensur´aveisf : [−1,1]→

R que s˜ao integr´aveis com rela¸c˜ao ao peso (1t)α(1 +t)β, isto ´e, que satisfazem

Z 1

−1

(29)

1.4 Expans˜oes de Fourier-Jacobi 9

Toda fun¸c˜aof em Lα,β1 [−1,1] possui uma representa¸c˜ao em s´erie formal de Fourier na forma

f ∼

X

n=0

aα,βn Rα,βn ,

onde

aα,βn := [P

α,β n (1)]2

hα,βn

Z 1

−1

f(t)R(nα,β)(t)(1−t)α(1 +t)βdt, n∈Z+. Esta ´e a expans˜ao de Fourier-Jacobi de f e os coeficientes aα,β

n s˜ao chamados de

coeficientes de Fourier-Jacobi de f.

Retornando ao Teorema 1.2.1, vemos ent˜ao que um n´ucleo cont´ınuo e isotr´opicoK

sobreMd´e positivo definido se, e somente se, sua parte isotr´opicaKd

r possui uma s´erie

de Fourier-Jacobi convergente com rela¸c˜ao aos polinˆomios de JacobiRα,β

n , n∈Z+, em

que todos os coeficientes de Fourier-Jacobi aα,βk s˜ao n˜ao negativos e P∞

n=0aα,βn < ∞,

com α eβ nas condi¸c˜oes estabelecidas anteriormente.

A seguir apresentamos algumas propriedades pontuais dos espa¸cos definidos acima e de fun¸c˜oes pertencentes a estes espa¸cos.

Lema 1.4.1. Sejam α, β >−1. As seguintes inclus˜oes s˜ao v´alidas

Lα,β1 [−1,1]⊂Lα1+1,β[−1,1] e Lα,β1 [−1,1]⊂Lα,β1 +1[−1,1].

Demonstra¸c˜ao: A f´ormula

Z 1

−1

|f(t)|(1−t)α+1(1 +t)βdt = Z 1

−1

|f(t)|(1−t)α(1 +t)βdt

− Z 1

−1

|f(t)|t(1−t)α(1 +t)βdt,

´e v´alida enquanto as integrais envolvidas s˜ao finitas. Se f ∈Lα,β1 [−1,1], ´e f´acil ver que ambas as integrais do lado direito da igualdade s˜ao finitas. Assim, f ∈ Lα1+1,β[−1,1].

De forma an´aloga prova-se a outra inclus˜ao.

Nos trˆes pr´oximos lemas descrevemos uma rela¸c˜ao entre os coeficientes de Fourier-Jacobi de uma fun¸c˜ao f levando em conta as inclus˜oes do lema anterior.

Lema 1.4.2. Se f pertence a Lα,β1 [−1,1], ent˜ao

(α+ 1)aαn+1,β = (n+α+ 1)(n+α+β+ 1) 2n+α+β+ 1 a

α,β

n −

(n+ 1)(n+β+ 1) 2n+α+β+ 3 a

α,β

(30)

Demonstra¸c˜ao: Os argumentos da demonstra¸c˜ao se baseiam na F´ormula (4.5.4) de [43]:

(1−t)Pα+1,β n (t) =

2(n+α+ 1) 2n+α+β+ 2P

α,β n (t)−

2(n+ 1) 2n+α+β+ 2P

α,β

n+1(t), t ∈[−1,1].

Multiplicando-a por f(t)(1−t)α(1 +t)β e integrando o resultado, temos que

Z 1

−1

Pnα+1,β(t)f(t)(1−t)α+1(1 +t)βdt = 2(n+α+ 1)

2n+α+β+ 2 Z 1

−1

Pnα,β(t)f(t)(1−t)α(1 +t)βdt

− 2(n+ 1)

2n+α+β+ 2 Z 1

−1

Pnα,β+1(t)f(t)(1−t)α(1 +t)βdt.

Ajustando e lembrando a primeira inclus˜ao do Lema 1.4.1, obtemos

hα+1,β n

Pnα+1,β(1)

n+1,β = 2(n+α+ 1) 2n+α+β+ 2

hα,β n

Pnα,β(1)

aα,βn − 2(n+ 1) 2n+α+β+ 2

hα,βn+1 Pnα,β+1(1)a

α,β n+1.

Por outro lado, ´e f´acil ver que

2(n+α+ 1) 2n+α+β+ 2

hα,β n

hαn+1,β

Pα+1,β

n (1)

Pnα,β(1)

= (n+α+ 1)(n+α+β+ 1)

(α+ 1)(2n+α+β+ 1) , n∈Z+ e que

2(n+ 1) 2n+α+β+ 2

hα,βn+1 hαn+1,β

Pα+1,β

n (1)

Pnα,β+1(1) =

(n+ 1)(n+β+ 1)

(α+ 1)(2n+α+β+ 3) n∈Z+.

Introduzindo essas duas f´ormulas no que hav´ıamos obtido, deduzimos a igualdade do lema.

Lema 1.4.3. Se f pertence a Lα,β1 [−1,1], ent˜ao aα,βn +1 = n+α+β+ 1

2n+α+β+ 1a

α,β

n +

n+ 1 2n+α+β+ 3a

α,β

n+1, n∈Z+.

Demonstra¸c˜ao: Basta utilizar a segunda parte da f´ormula de recorrˆencia [43, (4.5.4)]

(1 +t)Pnα,β+1(t) = 2(n+ 1) 2n+α+β+ 2P

α,β n+1(t) +

2(n+β+ 1) 2n+α+β+ 2P

α,β

n (t), t∈[−1,1].

(31)

1.5 F´ormula de adi¸c˜ao e suas consequˆencias 11

Lema 1.4.4. Se f pertence a Lα,β1 [−1,1], ent˜ao

(α+ 1)aαn+1,β+1 = (n+α+ 1)(n+α+β+ 2)(n+α+β+ 1) (2n+α+β+ 2)(2n+α+β+ 1) a

α,β n

+ (α−β) (n+ 1)(n+α+β+ 2)

(2n+α+β+ 2)(2n+α+β+ 4)a

α,β n+1

− (n+ 1)(n+ 2)(n+β+ 2) (2n+α+β+ 4)(2n+α+β+ 5)a

α,β

n+2, n ∈Z+.

Demonstra¸c˜ao: Consiste em uma aplica¸c˜ao dos dois lemas anteriores.

1.5

ormula de adi¸

ao e suas consequˆ

encias

Nesta se¸c˜ao recapitulamos a F´ormula de Adi¸c˜ao e apresentamos uma consequˆencia dela para positividade definida estrita de um n´ucleo sobre Md. A f´ormula e resultados atrelados a ela podem ser encontradas em [11, 23, 33].

Essencialmente, os espa¸cos compactos 2-homogˆeneos admitem um ´unico opera-dor diferencial de segunda ordem invariante ∆d, comumente chamado de operador

de Laplace-Beltrami sobre Md. Sendo seu espectro discreto, real e n˜ao positivo, seus elementos podem ser arranjados em ordem decrescente

0 = λ0 > λ1 > λ2 > . . . .

Denotamos por Hd

k o autoespa¸co de ∆d correspondente ao autovalor λk. ´E sabido

que os espa¸cos Hd

k s˜ao mutuamente ortogonais em L2(Md, σd), onde σd ´e a medida

riemanniana normalizada sobreMd. Se escrevemos {Sd

k,1, Sk,d2, . . . , Sk,δd (k,d)} para

deno-tar uma base ortonormal deHd

k em rela¸c˜ao ao produto interno deL2(Md, σd) e δ(k, d)

para a dimens˜ao de Hd

k, a F´ormula de Adi¸c˜ao propriamente dita afirma que

δ(k,d)

X

j=1

Sk,jd (x)Sd

k,j(y) =c α,β

k P

α,β

k (cos (|xy|/2)), x, y ∈Md,

onde

cα,βk := Γ(β+ 1)(2k+α+β+ 1)Γ(k+α+β+ 1) Γ(α+β+ 2)Γ(k+β+ 1) . Os elementos b´asicosSd

k,j s˜ao comumente chamados de harmˆonicos esf´ericos.

O lema baixo ´e t´ecnico e ser´a utilizado oportunamente.

Lema 1.5.1. Seja K um n´ucleo n˜ao nulo, cont´ınuo, isotr´opico e positivo definido sobre

Md e considere a representa¸c˜ao (1.1) para a parte isotr´opica Kd

(32)

x1, x2, . . . , xn pontos distintos de Md e c1, c2, . . . , cn escalares reais. As afirma¸c˜oes a

seguir s˜ao equivalentes:

(i) A forma quadr´atica Pn

µ,ν=1cµcνK(xµ, xν)´e nula;

(ii) A igualdade

n

X

µ=1

cµPkα,β(cos (|xµx|/2)) = 0

´e v´alida para x∈Md e k no conjunto {k :aα,β

k >0}.

Demonstra¸c˜ao: Escrevemos ctAc para denotar a forma quadr´atica em (i).

Introdu-zindo (1.1), incluindo a F´ormula de Adi¸c˜ao na forma quadr´atica e organizando, segue que

ctAc =

n

X

µ,ν=1

cµcν

X

k=0

aα,βk Pkα,β(cos (|xµxν|/2))

=

n

X

µ,ν=1

cµcν

X

k=0

aα,βk cα,βk

δ(k,d)

X

j=1

Sk,jd (xµ)Sk,jd (xν)

=

X

k=0

aα,βk cα,βk

δ(k,d)

X j=1 n X µ=1

cµSk,jd (xµ)

2 .

Logo, Pn

µ,ν=1cµcνK(xµ, xν) = 0 se, e somente se, n

X

µ=1

cµSk,jd (xµ) = 0, j ∈ {1,2, . . . , δ(k, d)}, k ∈ {k :aα,βk >0}.

Multiplicando por Sd

k,j(x) e somando sobre o ´ındice j, obtemos

n

X

µ=1

cµ δ(k,d)

X

j=1

Sd

k,j(xµ)Sk,jd (x) = 0, x∈Md, k∈ {k :a α,β k >0}.

Aplicando novamente a F´ormula de Adi¸c˜ao, segue a afirma¸c˜ao apresentada em (ii). Reciprocamente, se (ii) vale, ent˜ao

n

X

µ=1

cµ δ(k,d)

X

j=1

Sk,jd (xµ)Sk,jd (x) = 0, x∈Md, k∈ {k :a α,β k >0},

isto ´e,

δ(k,d)

X

j=1

" n X

µ=1

cµSk,jd (xµ)

#

Sk,jd (x) = 0, x∈Md, k ∈ {k:aα,β

(33)

1.6 F´ormula geradora e as fun¸c˜oes hipergeom´etricas 13

Como{Sd

k,1, Sk,d2, . . . , Sk,δd (k,d)}´e uma base de Hdk, ent˜ao n

X

µ=1

cµSk,jd (xµ) = 0, j ∈ {1,2, . . . , δ(k, d)}, k∈ {k :aα,βk >0}.

Se olharmos novamente para os c´alculos apresentados na primeira parte da demonstra-¸c˜ao, vemos que a igualdadectAc= 0 ´e v´alida.

Finalizaremos a se¸c˜ao com uma importante consequˆencia da F´ormula de Adi¸c˜ao, a chamada F´ormula de Funk-Hecke para harmˆonicos esf´ericos sobre espa¸cos compactos 2-homogˆeneos (veja Proposi¸c˜ao 2.8 e a Observa¸c˜ao 2.9 em [35]).

Teorema 1.5.2. Seja K um n´ucleo cont´ınuo e isotr´opico sobre Md. Se yMd, ent˜ao

cada fun¸c˜ao

x∈Md7→Kd

r(cos(|xy|/2))Sk,jd (x)

pertence a L2(Md, σd). Al´em disso,

Z

Md

Krd(cos(|xy|/2))Sk,jd (x)dσd(x) = dα,βk (K)Sk,jd (y),

em que

dα,βk (K) =b

Z 1

−1

Rα,βk (t)Krd(t)(1−t)α(1 +t)βdt, para uma constante positivab.

1.6

ormula geradora e as fun¸

oes hipergeom´

etricas

Dentre as muitas f´ormulas geradoras para os polinˆomios de Jacobi, utilizamos neste trabalho aquela dada pelafun¸c˜ao hipergeom´etrica de Gauss2F1. Como uma solu¸c˜ao regular da equa¸c˜ao diferencial hipergeom´etrica, a fun¸c˜ao2F1 possui uma representa¸c˜ao na forma

F

2 1(a, b;c;z) =

X

n=0

(a)n(b)nzn

(c)nn!

,

em quea, b ec s˜ao parˆametros gen´ericos, z ´e uma vari´avel complexa, e

(λ)n=

Γ(n+λ) Γ(λ) =

λ(λ+ 1)· · ·(λ+n−1), if n≥1

1, if n= 0

´e o s´ımbolo de Pochhammer. A s´erie ´e convergente para |z| <1 se cn˜ao ´e um inteiro negativo e para|z|= 1 se Re (c−a−b)>0 ([43, p. 63]). Para efeito de simplifica¸c˜ao, escrevemos

(34)

Algumas referˆencias cl´assicas onde fun¸c˜ao hipergeom´etrica ´e discutida s˜ao [1, 18, 41, 43].

A fun¸c˜ao hipergeom´etrica F ´e diferenci´avel em rela¸c˜ao a z no disco aberto {z ∈C:|z|<1} ([45, p. 281]) e vale a f´ormula

d

dzF(a, b;c;z) = ab

c F(a+ 1, b+ 1;c+ 1;z).

Em particular,

Z z2

z1

F(a, b;c;z)dz =

= c−1

(a−1)(b−1)[F(a−1, b−1;c−1;z2)−F(a−1, b−1;c−1;z1)]. A f´ormula geradora para polinˆomios de Jacobi com base na fun¸c˜ao F ´e a seguinte f´ormula de Poisson ([1, p. 21]):

X

n=0

Pα,β

n (1)Pnα,β(t)rn

hα,βn

=

= Gα,β(r)F

α+β+ 2 2 ,

α+β+ 3

2 ;β+ 1;

2r(1 +t) (1 +r)2

, t ∈[−1,1],

onde

Gα,β(r) := 2

−(α+β+1)Γ(α+β+ 2)(1r)

Γ(α+ 1)Γ(β+ 1)(1 +r)α+β+2.

O lema t´ecnico a seguir ´e uma consequˆencia dos resultados descritos acima.

Lema 1.6.1. Se α≥β ≥ −1/2 e r∈(−1,1), ent˜ao a s´erie

X

n=0

Pα,β

n (1)Pnα,β(t)rn

hα,βn

´e convergente para todo t ∈[−1,1].

Demonstra¸c˜ao: Se r = 0, o resultado ´e obvio. Por outro lado, tendo em vista a convergˆencia da representa¸c˜ao em s´erie para F, ´e f´acil ver que a s´erie apresentada no enunciado ser´a convergente sempre que

|1 +t|< (1 +r)

2

2|r| . Contudo, um c´alculo simples nos revela que

(1 +r)2 >4|r|, r∈(−1,1)\ {0}.

(35)

Cap´ıtulo

2

Positividade definida estrita

O conte´udo deste cap´ıtulo converge para uma caracteriza¸c˜ao dos n´ucleos reais, con-t´ınuos, isotr´opicos e estritamente positivos definidos sobreMd,d2. As demonstra¸c˜oes que apresentamos englobam inclusive o caso em queMd ´e uma esfera de dimens˜ao no

m´ınimo 2. Tal caso j´a havia sido considerado e resolvido em [14], por´em acreditamos que nossas demonstra¸c˜oes, quando aplicadas neste caso particular, s˜ao mais elegantes. O cap´ıtulo est´a dividido em duas se¸c˜oes: uma tratando da necessidade da condi¸c˜ao apresentada, a outra tratando da suficiˆencia desta condi¸c˜ao.

2.1

Condi¸

ao necess´

aria

Para um n´ucleo cont´ınuo e isotr´opico sobre Md, a positividade definida do n´ucleo equivale a pedir que, para cada inteiro positivon e cada subconjunto {x1, x2, . . . , xn}

deMd, as matrizes

Krd(cos (|xµxν|/2))

n

µ,ν=1, (2.1)

s˜ao n˜ao negativas definidas. A positividade definida estrita exige por sua vez que essas matrizes sejam positivas definidas.

As condi¸c˜oes apresentadas no teorema abaixo tem sua motiva¸c˜ao no caso em que Md =Sd,d2. De fato, se na expans˜ao (1.1) tivermos t˜ao somente um n´umero finito

de coeficientes positivos, a geometria deSd permite a escolha de um n´umero n grande

(36)

e n pontos distintos devidamente posicionados de modo que o posto da matriz (2.1) seja menor que sua ordem ([37]).

Teorema 2.1.1. Seja K um n´ucleo n˜ao nulo, cont´ınuo, isotr´opico e positivo definido sobreMd. Considere a representa¸c˜ao (1.1) paraKd

r. Uma condi¸c˜ao necess´aria para que

K seja estritamente positivo definido ´e que:

(i) Md6=Sd: aα,β

k >0 para infinitos inteirosk;

(ii) Md=Sd: aα,β

k >0 para infinitos k pares e infinitos k´ımpares.

Demonstra¸c˜ao: Na primeira parte da demonstra¸c˜ao verificamos que se o conjunto {k : aα,βk > 0} ´e finito, ent˜ao K n˜ao pode ser estritamente positivo definido sobre Md. Seja φ : S1 Md um mergulho isom´etrico conforme garantido no Lema 1.1.1. Tomemos n pontos distintos x1, x2, . . . , xn em Md de modo que

|xµxν|=|φ−1(xµ)φ−1(xν)|, µ, ν = 1,2, . . . , n,

e consideremos a matriz n×n com entradas K(xµ, xν). Podemos escrever

K(xµ, xν) =Krd(cos(|φ−1(xµ)φ−1(xν)|/2)) = N

X

k=0

aα,βk Pkα,β(φ−1(xµ)·φ−1(xν)),

em que N := max{k : aα,βk > 0}. Como {φ−1(x

1), φ−1(x2), . . . , φ−1(xn)} ´e um

sub-conjunto de R2, a matriz de Gram com entradas (φ−1(xµ)·φ−1(xν))k tem posto no m´aximo 2k. Desta forma, a matriz [K(x

µ, xν)]nµ,ν=1 possui posto menor ou igual a

PN

k=02k = 2N+1−1, um n´umero que n˜ao depende de n. Em particular, se n ≥2N+1,

tal matriz n˜ao pode ter posto m´aximo. Isso garante a veracidade da afirma¸c˜ao feita e tamb´em justifica (i). O caso (ii) j´a foi demonstrado em [14], por´em apresentamos os detalhes aqui para a conveniˆencia do leitor. Verifiquemos que, se {k : aα,α2k > 0} ´e finito, ent˜ao K n˜ao ´e estritamente positivo definido sobre Md. A outra metade da demonstra¸c˜ao ´e similar e os detalhes ser˜ao omitidos. Lembrando que no caso (ii),

α =β = (d−2)/2, se {k :aα,α2k >0}´e finito, ent˜ao podemos escrever

Krd(t) =

2N′ X

k=0

aα,αk Pkα,α(t) + X

k≥2N′+1

aα,αk Pkα,α(t), t ∈[−1,1],

em que N′ = max{k :aα,α

2k >0}. Selecionemos agora 2n pontos distintos y1, y2, . . . , y2n

em Sd tais que

(37)

2.2 Condi¸c˜ao suficiente 17

|yµyν|=|φ−1(yµ)φ−1(yν)|, µ, ν = 1,2, . . . ,2n,

e definamos as matrizes A eB de ordem 2n cujas entradas s˜ao dadas respectivamente por

Aµν =Krd(cos (|xµxν|/2)),

e

Bµν =

2N′ X

k=0

aα,αk Pkα,α(cos (|xµxν|/2)).

Se para µ ∈ {1,2, . . . , n}, cµ ´e o vetor possuindo a µ-´esima e a (n+µ)-´esima

com-ponentes iguais a 1 e as demais iguais a 0, ´e f´acil ver que cµ pertence ao n´ucleo de

A−B. Em particular, o posto de A−B ´e no m´aximo n. Como na primeira parte da demonstra¸c˜ao, o posto de A n˜ao excede 22N′+1

−1 +n. Assim, se n > 22N′+1

−1, a matrizA n˜ao tem posto m´aximo.

2.2

Condi¸

ao suficiente

Nesta se¸c˜ao demonstramos que as condi¸c˜oes apresentadas no teorema anterior s˜ao tamb´em suficientes, pelo menos no caso em qued≥2.

Observemos aqui uma particularidade do Lema 1.1.4: Se Md n˜ao ´e uma esfera, ent˜ao para todo pontox em Md, a variedade antipodal Γx ´e infinita, ou seja, existem infinitos y em Md tais que cos (|xy|/2) = 1. Por esta raz˜ao usamos as variedades antipodais na indexa¸c˜ao de alguns somat´orios abaixo.

Teorema 2.2.1. Seja K um n´ucleo cont´ınuo, isotr´opico e positivo definido sobre Md,

d ≥ 2. Considere a representa¸c˜ao (1.1) para Kd

r. Uma condi¸c˜ao suficiente para que

K seja estritamente positivo definido, ´e que aα,βk >0 para infinitos k pares e infinitos k ´ımpares. Se α > β, a condi¸c˜ao pode ser enfraquecida para aα,βk > 0 para infinitos inteiros k.

Demonstra¸c˜ao: Aqui, como no teorema anterior, cabe informar que a demonstra¸c˜ao no caso esf´erico j´a havia sido obtida anteriormente em [14]. Apresentamos uma de-monstra¸c˜ao em todos os casos para conveniˆencia do leitor. Suponha queaα,βk >0 para infinitosk pares e infinitosk´ımpares. Sejan um inteiro positivo ex1, x2, . . . , xn pontos

distintos em Md. Conforme feito anteriormente, escrevamos A para denotar a matriz

n×n com entradas

(38)

Nosso objetivo ´e demonstrar que a igualdade Pn

µ,ν=1cµcνAµν = 0 implica em cµ = 0

para µ = 1,2, . . . , n. Pelo Lema 1.5.1, basta demonstrarmos que a ´unica solu¸c˜ao do sistema

n

X

µ=1

cµPkα,β(cos (|xµx|/2)) = 0, x∈Md, k ∈ {k :aα,βk >0},

´e c1 = c2 = · · · = cn = 0. Para tanto, fixemos um ´ındice arbitr´ario γ ∈ {1,2, . . . , n}.

H´a dois casos a considerar:

Caso 1: cos (|xµxγ|/2)6=−1, µ6=γ.

Escolhendo x=xγ, o sistema reduz-se a

cγPkα,β(1) +

X

µ6=γ

cµPkα,β(cos (|xµxγ|/2)) = 0, k ∈ {k :aα,βk >0}.

Multiplicando ambos os lados por 1/Pkα,β(1), o sistema acima toma a forma

cγ+

X

µ6=γ

cµRα,βk (cos (|xµxγ|/2)) = 0, k ∈ {k:aα,βk >0}.

Como aα,βk > 0 para infinitos k pares e infinitos k ´ımpares, podemos selecionar uma sequˆencia{kr}r∈Z+ de inteiros positivos de modo quea

α,β

kr >0,r∈Z+e limr→∞kr =∞.

Inserindo esta sequˆencia no sistema, obtemos

cγ+

X

µ6=γ

cµRα,βkr (cos (|xµxγ|/2)) = 0, r∈Z+.

Como |cos (|xµxγ|/2)| 6=−1,µ6=γ, uma aplica¸c˜ao do Lema 1.3.1-(i) nos leva a

0 =cγ+ lim r→∞

X

µ6=γ

cµRα,βkr (cos (|xµxγ|/2)) = cγ,

Caso 2: cos (|xµxγ|/2) =−1, para algum µ6=γ.

Neste caso precisamos considerar a variedade antipodal Γxγ de xγ. A mesma escolha

x=xγ faz com o que o sistema tome a forma

cγ+(−1)k

Pkβ,α(1)

Pkα,β(1) X

xµ∈Γxγ

cµ+

X

xµ6∈Γxγ∪{xγ}

cµRα,βk (cos (|xµxγ|/2)) = 0, k∈ {k :aα,βk >0}.

Consideremos agora dois subcasos.

Subcaso α > β: Neste subcaso podemos tomar uma sequˆencia{kr}r∈Z+ ⊂Z+de forma

que aα,βkr >0,r∈Z+, e limr→∞kr =. Inserindo-a no sistema e fazendor → ∞, vem que

cγ+

" lim

r→∞(−1)

krP

β,α kr (1)

Pkα,βr (1) #

X

xµ∈Γxγ

cµ+

X

xµ6∈Γxγ∪{xγ}

h lim

r→∞R

α,β

kr (cos (|xµxγ|/2))

(39)

2.2 Condi¸c˜ao suficiente 19

Ambos os limites na f´ormula acima anulam-se, o primeiro pelo Lema 1.3.1-(ii) e o segundo pelo Lema 1.3.1-(i). Portanto, cγ = 0.

Subcasoα =β: Aqui selecionamos duas sequˆencias {kp

r}r∈Z+ ⊂ 2Z+ e {k

i

s}s∈Z+ ⊂

Z+\2Z+ tais que aα,β

krp , a

α,β ki

s >0,r, s∈

Z+, e limr→∞kp

r = lims→∞ksi =∞. Inserindo-as

no sistema, obtemos

              

cγ+

Pkβ,αp r (1)

Pkα,βp r (1)

X

xµ∈Γxγ

cµ+

X

xµ6∈Γxγ∪{xγ}

cµRkα,βp

r (cos (|xµxγ|/2)) = 0

cγ−

Pkβ,αi s (1)

Pkα,βi s (1)

X

xµ∈Γxγ

cµ+

X

xµ6∈Γxγ∪{xγ}

cµRα,βki

s (cos (|xµxγ|/2)) = 0

.

Tomando os limites quandor, s→ ∞e usando o Lema 1.3.1-(i), temos que

cγ+

X

xµ∈Γxγ

cµ=cγ−

X

xµ∈Γxγ

cµ = 0.

Em particular, cγ = 0.

A f´ormula ([43, p.59])

P2(kd−2)/2,(d−2)/2(t) = P

(d−1)/2,−1/2 2k (1)

Pk(d−2)/2,−1/2(1)P

(d−2)/2,−1/2

k (2t

21), t [1,1],

pode ser usada para fornecer uma descri¸c˜ao alternativa para um n´ucleo cont´ınuo, iso-tr´opico e positivo definido K sobre Pd(R), agora via os polinˆomios de Gegenbauer

P2(kd−2)/2,(d−2)/2. De fato, como

P2(kd−2)/2,(d−2)/2(cos(|xy|/4)) = P

(d−1)/2,−1/2 2k (1)

Pk(d−2)/2,−1/2(1)P

(d−2)/2,−1/2

k (cos(|xy|/2)), t∈[−1,1],

temos que

Krd(x, y) =

X

k=0

a2kP2(kd−2)/2,(d−2)/2(cos|xy|/4), t ∈[−1,1],

em que a2k ≥ 0 ´e um m´ultiplo positivo de ak(d−2)/2,−1/2 e

P∞

k=0a2kP2(kd−2)/2,(d−2)/2(1)

converge. Resumindo, temos o seguinte resultado.

Corol´ario 2.2.2. Seja K um n´ucleo cont´ınuo, isotr´opico e positivo definido sobre

Pd(R), d 2. Considere a representa¸c˜ao para sua parte isotr´opica como acima. K ´e

(40)

Finalizamos este cap´ıtulo observando que tanto o Teorema 2.1.1, quanto o Teorema 2.2.1 n˜ao abrangem o caso em que Md=S1.

A caracteriza¸c˜ao da positividade definida estrita sobre S1 ´e mais complicada e

sua demonstra¸c˜ao demanda argumentos de teoria de n´umeros. Este caso foi estudado inicialmente em [38] via argumentos de complexifica¸c˜ao, por´em uma demonstra¸c˜ao alternativa pode ser encontrada em [8]. O teorema a seguir descreve esta caracteriza¸c˜ao.

Teorema 2.2.3. Seja K um n´ucleo cont´ınuo, isotr´opico e positivo definido sobre S1.

Considere a representa¸c˜ao (1.1) para K1

r. Uma condi¸c˜ao necess´aria e suficiente para

que K seja estritamente positivo definido, ´e que o conjunto

n

k:a|k1|/2,−1/2 >0o

(41)

Cap´ıtulo

3

Positividade definida estrita em

produtos de espa¸

cos 2-homogˆ

eneos

Neste cap´ıtulo apresentamos uma caracteriza¸c˜ao para os n´ucleos cont´ınuos, isotr´o-picos e positivos definidos sobre um produto de espa¸cos compactos 2-homogˆeneos. Em seguida explicitamos quais destes n´ucleos s˜ao estritamente positivos definidos. O con-ceito de positividade definida estrita sobre produtos permite v´arias vertentes e somente duas delas s˜ao exploradas aqui.

3.1

Positividade definida

Nesta se¸c˜ao fornecemos uma caracteriza¸c˜ao para os n´ucleos cont´ınuos, isotr´opi-cos e positivos definidos sobre Md ×Hd′, em que Md e Hd′ s˜ao espa¸cos compactos 2-homogˆeneos, diferentes ou n˜ao. Previamente, uma tal caracteriza¸c˜ao j´a havia sido obtida em [3] via teoria dos grupos. Recentemente ([26]), uma nova demonstra¸c˜ao, agora utilizando t´ecnicas mais elementares da an´alise cl´assica e da an´alise harmˆonica foi apresentada para os casos em que ambos os espa¸cos s˜ao esferas. Em particular, este ´ultimo trabalho exp˜oe com nitidez as dificuldades que os argumentos via teoria dos grupos mascaram. A caracteriza¸c˜ao no caso esf´erico tamb´em pode ser deduzida a partir do teorema principal de [9], como observado pelos pr´oprios autores.

A caracteriza¸c˜ao que apresentamos ´e v´alida para um produto qualquer de espa¸cos homogˆeneos enquanto que a demonstra¸c˜ao que apresentamos ainda utiliza a an´alise

(42)

cl´assica e a an´alise harmˆonica. Entretanto, a simplicidade desta abordagem tem seu pre¸co. Alguns argumentos de convergˆencia s´o puderam ser justificados com o emprego da fun¸c˜ao hipergeom´etrica de Gauss e algumas de suas propriedades.

O conceito de isotropia para um n´ucleo sobre um produto de espa¸cos 2-homogˆeneos demanda a isotropia em cada espa¸co. Em outras palavras, um n´ucleo

K : (Md×Hd′)×(Md×Hd′)R,

´e isotr´opico se existir uma fun¸c˜ao Kd,d′

r : [−1,1]2 → R (a parte isotr´opica de K) de

modo que

K((x, w),(y, z)) =Krd,d′(cos(|xy|/2),cos(|wz|/2)), x, y ∈Md, w, zHd′.

O Lema 3.1.1 descreve um exemplo t´ıpico de um n´ucleo cont´ınuo, isotr´opico e positivo definido sobre Md×Hd′. No enunciado do lemaα= (d2)/2, α= (d2)/2 enquanto que os ´ındices β e β′ est˜ao em consonˆancia com a classifica¸c˜ao de Wang

mencionada na Se¸c˜ao 1.1.

Lema 3.1.1. Se k e l s˜ao inteiros n˜ao negativos, ent˜ao a fun¸c˜ao

(t, s)∈[−1,1]7→Pkα,β(t)Plα′,β′(s),

´e a parte isotr´opica de um n´ucleo positivo definido sobre Md×Hd′.

Demonstra¸c˜ao: SejaK o n´ucleo com parte isotr´opica conforme a f´ormula do enunci-ado. Se {(x1, y1),(x2, y2), . . . ,(xn, yn)}´e um subconjunto de Md×Hd

, ent˜ao a matriz

A com entradas

[K((xµ, yµ),(xν, yν))]nµ,ν=1,

´e o produto de Schur das matrizes

h

Pkα,β(cos (|xµxν|/2))

in

µ,ν=1 e

h

Plα′,β′(cos (|wµwν|/2))

in

µ,ν=1.

Como ambas as matrizes acima s˜ao n˜ao negativas definidas devido ao Teorema 1.2.1 e o produto de Schur de duas matrizes n˜ao negativas definidas ´e ainda uma matriz n˜ao negativa definida ([31, p. 458]), ent˜ao A ´e n˜ao negativa definida.

Uma consequˆencia imediata do que foi apresentado na Se¸c˜ao 1.3 ´e a ortogonalidade da fam´ılia

n

(43)

3.1 Positividade definida 23

em rela¸c˜ao `a fun¸c˜ao peso

σdd′(t, s) := (1−t)α(1 +t)β(1−s)α′(1 +s)β′, t, s ∈[−1,1].

Assim como na Se¸c˜ao 1.4, denotamos por L1([−1,1]2, σd

d) o conjunto das fun¸c˜oes

mensur´aveis definidas sobre [−1,1]2 que s˜ao integr´aveis com rela¸c˜ao ao peso σd′

d. Uma

fun¸c˜ao f ∈L1([−1,1]2, σd

d) possui uma expans˜ao de Fourier na forma

f(t, s)∼

X

k,l=0

ak,l(f)Pkα,β(t)P α′

l (s)

em que

ak,l(f) =

1

hα,βkl′,β′

Z

[−1,1]2

f(t, s)Pkα,β(t)Plα′,β′(s)dσdd′(t, s), k, l∈Z+. A dependˆencia de ak,l sobre α, α′, β, β′ ser´a sempre omitida.

Na pr´oxima proposi¸c˜ao, dx edy denotam os elementos de volume sobre Md eHd′, respectivamente. Aqui tamb´em, as dimens˜oes d e d′ ser˜ao omitidas. A proposi¸c˜ao nos

d´a uma f´ormula alternativa para o c´alculo de ak,l(f).

Proposi¸c˜ao 3.1.2. Sejam k e l inteiros n˜ao-negativos e (x, w) um elemento de Md× Hd′. Se f pertence a L1([1,1]2, σd′

d), ent˜ao existe uma constante positiva C, que

de-pende de α, α′, β e β, tal que

Z

Md×Hd′

f(cos(|xy|/2),cos(|wz|/2))Pkα,β(cos(|xy|/2)Plα′,β′(cos(|wz|/2))dydz=Cak,l(f).

Demonstra¸c˜ao: Uma aplica¸c˜ao dupla da F´ormula de Funk-Hecke (Teorema 1.5.2) na integral que aparece no lado esquerdo da igualdade do enunciado, juntamente com uma itera¸c˜ao da integral via o Teorema de Fubini, nos garante a igualdade desejada.

A proposi¸c˜ao abaixo ´e obtida por integra¸c˜ao na f´ormula do resultado anterior.

Proposi¸c˜ao 3.1.3. Sejam k e l inteiros n˜ao-negativos. Se K ´e um n´ucleo cont´ınuo e isotr´opico sobre Md×Hd′, ent˜ao existe uma constante positiva C, que depende de

α, α′, β e β, tal que

ak,l(Kd,d

r ) = C

Z

Md×Hd′ Z

Md×Hd′

K((x, y),(w, z))Pkα,β(cos(|xy|/2))

(44)

Enfatizamos que a constante C na proposi¸c˜ao acima n˜ao ´e a mesma descrita na Proposi¸c˜ao 3.1.2. A mesma nomenclatura ´e utilizada apenas por conveniˆencia.

No pr´oximo resultado analisamos o efeito da positividade definida de K nos coefi-cientes da expans˜ao de Fourier da parte isotr´opica de K, como mencionada acima.

Proposi¸c˜ao 3.1.4. Se K ´e um n´ucleo cont´ınuo, isotr´opico e positivo definido sobre

Md×Hd′, ent˜ao

ak,l(Kd,d

r )≥0, k, l∈Z+.

Demonstra¸c˜ao: Seja K um n´ucleo positivo definido sobre Md×Hd′. Do Lema 3.1.1, temos que

((x, y),(w, z))7→K((x, y),(w, z))Pkα,β(cos(|xy|/2))Plα′,β′(cos(|wz|/2)),

´e um n´ucleo cont´ınuo, isotr´opico e positivo definido sobre Md×Hd′. Logo, a ideia da demonstra¸c˜ao reduz-se a justificar que, seK´e um n´ucleo cont´ınuo, isotr´opico e positivo definido sobre Md×Hd′

, ent˜ao a integral

I := Z

Md×Hd′ Z

Md×Hd′

K((x, y),(w, z))d(y)d(z)

d(x)d(w)

´e n˜ao negativa. Para tanto, fixaremos ǫ > 0 e mostraremos que existe um n´umero

I =I(ǫ)≥0 tal que

|I−I| ≤ǫVol.(Md×Hd′)2.

De fato, se I fosse negativa, ent˜ao a informa¸c˜ao acima com uma escolha conveniente para ǫ produziria uma contradi¸c˜ao. Como Md×Hd′ ´e um espa¸co m´etrico compacto, o n´ucleo K ´e, na verdade, uniformemente cont´ınuo sobre Md×Hd′. Em particular, podemos selecionar δ > 0 de modo que

|K((x, y),(w, z))−K((x′, y),(w, z))|< ǫ,

sempre quex, x′, y, yMd,w, w, z, zHd′

,|xx′|< δ,|yy|< δ,|ww|< δ e|zz|< δ.

Sendo os espa¸cos m´etricos Md e Hd′

totalmente limitados, podemos cobri-los com um n´umero finito de bolas com raio δ/2. Consequentemente, podemos cobrir Md ×Hd′ com um n´umero finito de bolas abertas. Usando a cobertura formada por estas bolas, podemos particionar Md×Hd′

em um n´umero finito de subconjuntos de Borel

Md×Hd′ =

p

G

j=1

(45)

3.1 Positividade definida 25

de modo que, se ((x, w),(x′, w))B

j,j = 1,2, . . . , p, ent˜ao |xx′|< δ e|ww′|< δ. Em

particular, se ((x, y),(w, z))∈ Bj ×Bk e ((x′, y′),(w′, z′)) ∈Bj×Bk, para algum par

(k, j), ent˜ao |K((x, y),(w, z))−K((x′, y),(w, z))|< ǫ. Para continuar, observe que

I = p X l,k=1 Z Bj Z Bk

K((x, y),(w, z))dxdwdydz.

Para cada j ∈ {1,2, . . . , p}, escolha (xj, wj) ∈ Bj e defina λj como o volume de Bj.

Como o n´ucleoK ´e positivo definido, ent˜ao ´e f´acil ver que o n´umero

I :=

p

X

j,k=1

λjλkK((xj, xk),(wj, wk))

´e n˜ao negativo. Por outro lado,

|I−I| = p X j,k=1 Z Bj Z Bk

[K((x, y),(w, z))−K((xj, xk),(wj, wk))]dxdwdydz

≤ ǫ p X j,k=1

λjλk,

isto ´e,|I−I| ≤ǫVol.(Md×Hd′)2.

A seguir analisamos a convergˆencia de certas s´eries num´ericas definidas pelos coe-ficientesak,l(Kd,d

r ) mantendo o contexto do resultado anterior.

Lema 3.1.5. Seja K um n´ucleo cont´ınuo, isotr´opico e positivo definido sobreMd×Hd′

. Se r, ρ∈(−1,1), ent˜ao a s´erie dupla

X

k,l=0

ak,l(Kd,d

r )P α,β k (1)P

α′

l (1)r kρl

converge.

Demonstra¸c˜ao: Provaremos o lema no caso em qued6= 1 ed′ 6= 1. As demonstra¸c˜oes

nos casos em que d = 1 ou d′ = 1 podem ser adaptadas a partir dos argumentos

desenvolvidos abaixo. No entanto, o c´alculo no caso em que um dos espa¸cos ´e um c´ırculo pode ser feito diretamente sem utilizar a fun¸c˜ao hipergeom´etrica. Ser =ρ= 0, n˜ao h´a o que demonstrar. Nos demais casos, o termo geral da s´erie na afirma¸c˜ao do lema ´e

Z 1

−1

Z 1

−1

Krd,d′(t, s)P

α,β k (1)

hα,βk P

α,β k (t)r

kP α′

l (1)

l′,β′ P

α′

l (s)ρ ld′

(46)

Introduzindo a fun¸c˜ao hipergeom´etrica de Gauss na express˜ao acima, a s´erie dupla toma a forma

Z 1

−1

Z 1

−1

Krd,d′(t, s)Gα,β(r)F

α+β+ 2 2 ,

α+β+ 3

2 ;β+ 1;

2r(1 +t) (1 +r)2

×Gα′,β′(ρ)F

α′+β+ 2

2 ,

α′+β+ 3

2 ;β

+ 1;2ρ(1 +s)

(1 +ρ)2

dd′(t, s)

.

Atrav´es da positividade definida deK e da continuidade de Kd,d′

r em [−1,1]2, podemos

estimar a integral dupla acima por

Cr,ρ Z 1 −1 Z 1 −1 F

α+β+ 2 2 ,

α+β+ 3

4 ;β+ 1;

2r(1 +t) (1 +r)2

×F

α′+β+ 2

2 ,

α′+β+ 3

4 ;β

+ 1;2ρ(1 +s)

(1 +ρ)2

dσdd′(t, s)

,

em queCr,ρ´e um m´ultiplo positivo deGα,β(r)Gα′

(ρ). O peso na defini¸c˜ao dedσd′

d pode

ser limitado superiormente por 2α+α′+β+β

. Introduzindo esse limitante e resolvendo as integrais resultantes, conclu´ımos que a s´erie dupla ´e no m´aximo

C F

α+β

2 ,

α+β+ 1 2 ;β;

4r

(1 +r)2

F

α′+β

2 ,

α′+β+ 1

2 ;β

;

(1 +ρ)2

,

onde

C = Gα,β(r)Gα,β′(ρ)(1 +r)

2(1 +ρ)2

× ββ

2α+α′+β+β+6

(2α+ 2β)(2α′+ 2β)(2α+β+ 2)(2α+ 2β+ 2).

A prova est´a completa.

Na proposi¸c˜ao seguinte passamos de uma s´erie num´erica para uma s´erie de fun¸c˜oes definida pelos mesmos coeficientes.

Proposi¸c˜ao 3.1.6. Seja K um n´ucleo cont´ınuo, isotr´opico e positivo definido sobre

Md×Hd′. Ent˜ao a s´erie dupla

X

k,l=0

ak,l(Kd,d

r )P α,β k (t)P

α′

l (s),

Referências

Documentos relacionados

Em 1990 é realizado o I Curso Latino-Americano de Especialização em Educação Ambiental pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), IBAMA,

Este estudo teve como propósito investigar se o enoturismo e a criação de uma marca regional contribuíram para o fortalecimento endógeno do Vale dos Vinhedos. O paradigma adotado

São por demais conhecidas as dificuldades de se incorporar a Amazônia à dinâmica de desenvolvimento nacional, ora por culpa do modelo estabelecido, ora pela falta de tecnologia ou

No quadro da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (EU-OSHA), tem vindo a definir-se a avaliação comparativa (ou benchmarking) como «um processo planeado, mediante

O presente estudo apresenta uma proposta interdisciplinar entre matemática e física onde se analisa a velocidade de um móvel em relação ao tempo, expressa por meio de um modelo

[r]

(grifo nosso).. Em que pese ter sido proferida há três anos, vê-se que a referida decisão está em consonância com os recentes julgados desta Corte. Veiculada

O principal objetivo dessa pesquisa foi à obtenção de um compósito com o polímero poli (ɛ-caprolactona) com whiskers de hidroxiapatita ou fibras de hidroxiapatita, atuando