• Nenhum resultado encontrado

Óbitos perinatais evitáveis e estrutura de atendimento obstétrico na rede pública: estudo de caso de um município da região metropolitana do Rio de Janeiro.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Óbitos perinatais evitáveis e estrutura de atendimento obstétrico na rede pública: estudo de caso de um município da região metropolitana do Rio de Janeiro."

Copied!
11
0
0

Texto

(1)

Ó bit os perinat ais evit áveis e est rut ura

de at endiment o obst ét rico na rede pública:

est udo de caso de um município da região

met ropolit ana do Rio de Janeiro

Avo id ab le p e rinatal d e aths and o b ste tric he alth

care structure in the p ub lic he alth care syste m:

a case stud y in a city in Gre ate r Me tro p o litan

Rio d e Jane iro

1 Con sórcio Brasileiro d e Acred itação. Ru a São Fran cisco Xavier 524, bloco E, 2oan d ar, Rio d e Jan eiro, RJ 20559-900, Brasil. 2 Departam en to de Ad m in istração e Plan ejam en to em Saú d e, Escola N acion al d e Saú d e Pú blica, Fu n d ação Osw ald o Cru z .

Ru a Leop old o Bu lh ões 1480, 7oan d ar, Rio d e Jan eiro, RJ 21041-210, Brasil.

M aria Lu iz a Garcia Rosa 1 Virgin ia Alon so Hortale 2

Abst ract Th is p ap er in vestigates th e occu rren ce of p oten tially avoid able p erin atal d eath s by associatin g failu res in obstetric care w ith stru ctu ral d eficien cies in fou r m atern ity h osp ital com p risin g th e local h ealth care system in a city in Greater Metrop olitan Rio d e Jan eiro in 1994. In -form ation sou rces w ere a qu estion n aire, in terview, observation , an d h osp ital record s. A th eoreti-ca l orga n iz a t ion a l m od el w a s a p p lied in d a t a a n a lysis. Th e fou r m a t ern it y h osp it a ls sh ow ed p roblem s in th e th ree grou p s of factors u sed in th is stu d y: p h ysical in frastru ctu re, services, an d equ ip m en t; organ iz ation al an d ad m in istrative ch aracteristics; an d p rofession al organ iz ation . In tw o m atern ity h osp itals, th e d elay in cesarean d eliveries w as exp lain ed by d eficien cies in th e grou p of factors th at in clu d es facilities, services, an d equ ip m en t. Health care failu res d irectly as-sociated w ith th e p h ysician w ere exp lain ed by h igh p ercen tages of n egative p red isp osin g factors (m ain ly in th e tw o p rivate h osp ital), sk ill-related p roblem s (m ore clearly in th e tw o p u blic h os-p itals), an d by absen ce of m easu res for red irectin g os-p ractice.

Key words Perin atal Mortality; Perin atal Care; Health Services

Resumo Este artigo tem p or objetivo com p reen d er a ocorrên cia d e óbitos p erin atais p oten cial-m en te evitáveis, ao relacion ar as falh as d o aten d icial-m en to obstétrico às d eficiên cias n a estru tu ra d e qu atro m atern id ad es qu e, em 1994, com p u n h am a red e d o SU S em u m m u n icíp io d a região m etrop olitan a d o Rio d e Jan eiro. Utilizou -se d iversas fon tes d e in form ação: qu estion ários, en tre-vistas, observação e d ocu m en tos oficiais. Um m od elo teórico organ iz acion al orien tou a an álise d os d ad os. Os resu ltad os m ostram qu e as m atern id ad es ap resen tavam p roblem as n os três gru -p os d e fatores estu d ad os: estru tu ra física, serviços e equ i-p am en tos; características organ iz acio-n ais e ad m iacio-n istrativas e orgaacio-n iz ação d e p essoal. A d em ora p ara a realiz ação d e u m a cesariaacio-n a p ôd e ser exp licad a p or d eficiên cias d o gru p o d e fatores d a estru tu ra física, serviços e equ ip am en -tos em d u as m atern id ad es. As falh as n o p rocesso d e aten d im en to obstétrico d e resp on sabilid ad e d ireta d o m éd ico foram ex p licad as p elos altos p ercen tu ais d os fatores d eterm in an tes p red isp o-n eo-n t es o-n egat ivos (sobret u d o o-n as d u as coo-n veo-n iad as) e d e cap acid ad e (m ais ev id eo-n t es o-n as d u as p ú blicas) e p ela au sên cia d e in terven ções visan d o reorien tar a p rática.

(2)

Int rodução

No p erío d o p erin a ta l d a vid a h u m a n a , a m o r-ta lid a d e é m a is in flu en cia d a p ela q u a lid a d e d os serviços d e saú d e oferecid os. Estu d os m os-tra m q u e a q u a lid a d e d os serviços d estin a d os às cam ad as m ais d esfavorecid as d a p op u lação sofre d e sérios p rob lem a s n o p a ís e n o Esta d o d o Rio d e Jan eiro (Rosa, 1990; Silver, 1992; No-gu eira, 1993).

Este artigo tem p or ob jetivo com p reen d er a ocorrên cia d e m ortes p erin atais p oten cialm en -te evitá veis, a o rela cion a r a s fa lh a s d o a -ten d i-m en to obstétrico às deficiên cias n a estrutura de q u a tro m a tern id a d es, d u a s p ú b lica s (m u n ici-p ais) e duas con ven iadas, que, em 1994, com ici-p u-n h am a red e d o Sistem a Úu-n ico d e Saú d e (SUS) em u m m u n icíp io d a região m etrop olitan a d o Rio d e Jan eiro. Os ób itos p erin atais p oten cial-m en te evitáveis são os q u e p od eriacial-m se evita-d os p or cu ievita-d aevita-d os aevita-d equ aevita-d os n ão evita-d isp en saevita-d os. Pa rtiu se d o s resu lta d o s d e u m estu d o so -b re a m o rta lid a d e p erin a ta l (Ro sa , 1998) q u e b u scou verificar a relação d e u m resu ltad o ad -verso – m orte p erin atal p oten cialm en te evitá-vel – com a q u alid ad e d os cu id ad os d isp en sad o s à s m u lh eres sad esfa vo recisad a s eco n o m ica -m en te. Fo ra -m id en tifica d a s d eficiên cia s n o p rocesso d e aten d im en to e estab eleceu -se a li-ga çã o co m a s m o rtes p erin a ta is em m a is d e 50% d o s p ro n tu á rio s estu d a d o s. Ela s se refe-rem a fa lh a s n o exa m e d u ra n te a a d m issã o d a m ã e n a m a tern id a d e, d ificu lta n d o a d etecçã o d e u m a co n d içã o d e risco, fa lh a s n o a co m p a -n h a m e-n to d a evo lu çã o d o tra b a lh o, fa lh a s d o acom p an h am en to e m on itoram en to fetal, u m in terva lo gra n d e en tre a d ecisã o d e fa zer u m a cesa ria n a e su a efetiva rea liza çã o, a n ã o rea li-za çã o d e tra n sfu sã o sa n gü ín ea em ca so s d e p lacen ta p révia com h em orragia e a n ão asp i-ração d e m ecôn io an tes d a p rim eira in sp ii-ração d o b eb ê e a u tilização in ad equ ad a d e fórcep s.

Pa ra a a va lia çã o d a q u a lid a d e técn ica d a aten ção em saú d e, Don ab ed ian (1980) p rop õe três a b ord a gen s – a p recia çã o d a estru tu ra , d o p rocesso e d os resu ltad os – b asead o n a id éia d e qu e u m a b oa estru tu ra au m en ta a p rob ab ilid ad e ad e u m b o m p ro cesso q u e, p o r su a vez, a u -m en ta a p ro b a b ilid a d e d e b o n s resu lta d o s. O au tor id en tifica cin co gru p os d e fatores estru tu rais p ara a ap reciação d a qu alid ad e: a) estru -tu ra física , o s serviço s e eq u ip a m en to s; b ) o r-gan ização d o p essoal; c) características orr-gan i-zacion ais gerais e ad m in istrativas; d ) fin an cia-m en to; e) fatores geográficos e tecia-m p orais.

Tam b lyn & Battista (1993), em artigo d e re-visão sob re os fatores q u e in flu en ciam a q u ali-d a ali-d e ali-d a p rá tica clín ica e a s in ter ven çõ es q u e

con d icion am m u d an ças, reagru p am os fatores afetan d o essa p rática em fatores p red isp on en -tes e fatores d e cap acitação. In clu em tam b ém os fatores d e reforço, qu e su sten tam o com p ortam en to n o tem p o, qu e n ão abordarem os. Den -tro d e cad a categoria esses au tores d iferen ciam o s fa to res d eterm in a n tes e a s in ter ven çõ es, con form e d escrito ab aixo.

Os fa to res p red isp o n en tes in clu em iten s com o con h ecim en to e h ab ilid ad e d os m éd icos (q u e in d icam os p ré-req u isitos p ara a com p e-tên cia clín ica d o m éd ico) e características só-cio-dem ográficas. Os m édicos m ais joven s, com u m a fo rm a çã o m a is exten sa , a ten d em d e fo r-m a r-m ais adequ ada. Er-m certos estu dos, r-m as n ão n a totalid ad e, o certificad o d e esp ecialid ad e e o u tro s exa m es d e reva lid a çã o ta m b ém fo ra m a sso cia d o s a a ten d im en to s m a is a d eq u a d o s. Dois tip os d e in terven ção são lem b rad os: m e-d ie-d as restritivas q u an to à p articip ação e-d e m éd icos ten éd o u m forte risco éd e fazer aten éd im en -tos in ad equ ad os e ativid ad es visan d o m elh orar o d esem p en h o d o m éd ico p or m eio d a aq u isi-ção d e n ovos con h ecim en tos, com o gru p os d e d iscu ssão e organ ização d e m aterial em torn o d e casos clín icos. A im p ortân cia d o con tato d i-reto d e u m a lid era n ça clín ica n a m elh o ra d a q u alid ad e d os cu id ad os d isp en sad os tam b ém é citad a n a literatu ra com o fator p ertin en te.

(3)

Eisen b erg (1986), em revisã o d a litera tu ra sob re a tom ad a d e d ecisão d o m éd ico qu an to à u tiliza çã o d e ser viço s, co n clu i q u e esta é in -flu en cia d a p o r a lgu n s fa to res a lém d a ló gica clín ica : a ) d esejo d e ga n h o s: certo s m éd ico s ten d eria m a m a xim iza r seu s ga n h o s, o u tro s ten d eriam a alcan çar u m p atam ar; b ) estilos d e p rá tica : a d q u irid o s p o r ra zõ es clín ica s (b em estar d os p acien tes) ou econ ôm icas, e d iferen -te p a ra o m éd ico q u e tra b a lh a iso la d o o u em gru p o; c) características p essoais tais com o ex-p eriên cia clín ica, esex-p ecialid ad e, tiex-p o d e form a-ção; d) in teração en tre os p rofission ais e o local de p rática: o au tor cita qu e o estilo de p rática de m éd icos d e u m a d eterm in ad a in stitu ição p od e ser sign ifica tiva m en te d iferen te d o estilo d e m édicos de ou tras in stitu ições da m esm a n atu -reza; e) p ressão d os p ares e d e líd eres clín icos.

Os m od elos d e Tam b lyn & Battista (1993) e d e Eisen b erg (1986) a d o ta m a b o rd a gen s d ife-ren tes; n o en ta n to, sã o com p lem en ta res, p ois b u sca m esta b elecer u m a liga çã o en tre a s ca -racterísticas d os m éd icos, o am b ien te d e p rática e o s a to s p ra tirática d o s. Os p rim eiro s se p reo -cu p a m co m a q u a lid a d e d a p rá tica clín ica , o q u e ab ran ge as d u as p ersp ectivas d a avaliação d a q u alid ad e d a aten ção ab ord ad as p or Don ab ed ian (1980): o “q u e” e o “com o” e com as in -terven ções visan d o à reorien tação d essa p ráti-ca. O “qu e” visa estabelecer se os cu idados p res-tad os são os m ais ap rop riad os p ara o caso em questão e o “com o”, se esses cuidados foram dis-p en sad os d a m elh or form a dis-p ossível. Eisen b erg (1986) d iscu te a d ecisão qu an to à u tilização d e recu rsos, ab ord an d o a p ersp ectiva d o “qu e”.

M at erial e mét odos

Trata-se d o estu d o d e caso d e u m fen ôm en o: a o co rrên cia d e fa lh a s n o p ro cesso d e a ten d i-m en to ob stétrico. A u n id ad e d e an álise é a i-m a-tern id ad e.

Os critérios ad otad os p ara au m en tar a vali-d avali-d e vali-d a p esqu isa foram os su gerivali-d os p or Gu b a & Lin coln (1989) e p or Yin (1989) p ara estu d os d e caso: “credibility”(critério an álogo ao d e va-lid ad e in tern a); “tran sferability”(an álogo ao d e valid ad e extern a); “dep en dability” (p aralelo ao d e estab ilid ad e através d o tem p o) e “con firm a-bility”(p aralelo ao critério d e ob jetivid ad e).

Foram u tilizad as d iferen tes fon tes d e in for-m ação: q u estion ário resp on d id o p or 60 ob ste-tra s n a s q u a tro m a tern id a d es; 25 en trevista s sem i-estru tu rad as com rep resen tan tes d as Se-cretarias Mu n icip al e Estad u al d e Saú d e d o Rio d e Jan eiro, d o Min istério d a Saú d e e rep resen -tan tes d o Con selh o Mu n icip al d e Saú d e; q u

es-tio n á rio ela b o ra d o p elo Min istério d a Sa ú d e, sob re a estru tu ra d as m atern id ad es e resp on d id o p elo s resp o n sá veis id a s q u a tro m a tern iid a -d es; ob servação -d a rotin a -d e trab alh o -d os m é-d ico s p la n to n ista s; co m en tá rio s o ra is e escri-to s feiescri-to s p elo s m éd ico s; d o cu m en escri-to s o ficia is relativos ao fu n cion am en to do Con selh o Mu n i-cip al d e Saú d e; tran scrição d as an otações d os livros d e p lan tão d e d u as m atern id ad es (M1 e M2); lista em d isq u ete d o DATASUS (Dep arta-m en to d e In forarta-m ática d o SUS) d e tod os os atos ob stétricos p agos p elo SUS, p ara cad a u m a d as m a tern id a d es d o estu d o, d u ra n te o a n o d e 1994; tran scrição d as in form ações con tid as n as d eclarações d e n ascid os vivos n as q u atro m a-tern id ad es, assim com o os d as d eclarações d e ó b ito s p erin a ta is p a ra o s n a scid o s d u ra n te o an o d e 1994; n orm as d e aten d im en to ob stétri-co d o Min istério d a Saú d e e d e três m atern id a-d es (u m a a-d elas n ão h avia elab oraa-d o n orm as).

Os asp ectos h u m an os d o aten d im en to, essen cia is n a a b o rd a gem d a q u a lid a d e, n ã o fo ra m in clu íd o s d a d a a d ificu ld a d e q u e su a in -corp oração traria à p esqu isa e a su a m en or ca-p a cid a d e d e exca-p lica r, d e fo rm a d ireta , a o co r-rên cia d o s ó b ito s p erin a ta is p o ten cia lm en te evitáveis. Utilizaram -se três dos cin co grup os d e fatores in d icad ores d e u m a estru tu ra d e q u alid aalid e, su gerialid os p or Don ab ealid ian (1980): estru -tu ra física, serviços e eq u ip am en tos; organ izaçã o d e p esso a l; e ca ra cterística s o rga n iza cio -n ais gerais e ad m i-n istrativas.

No ú ltim o gru p o, in clu iu -se u m a variável – fatu ram en to – com a in ten ção d e con h ecer se a m atern id ad e receb eu o reem b olso p elo n ú m e-ro exato d e atos realizad os ou p or u m n ú m ee-ro m aior ou m en or, isto é, se existiu frau d e ou n e-gligên cia . Reco rreu -se a o s estu d o s d e q u a tro áreas tem áticas p ara se ch egar às variáveis d os três gru p os: p erin atologia; avaliação d a q u alid aalid e alid a aten ção; u tilização alid os serviços e m u -d a n ça s -d e p rá tica s em sa ú -d e; sa tisfa çã o -d o s p rofission ais n o em p rego. Os estu dos sobre u ti-liza çã o fo ra m u sa d o s n o m o d elo d e a n á lise, p ois con sid erou se q u e os fatores q u e in flu en -cia m a d ecisã o m éd ica q u a n to à u tiliza çã o d e recu rso s sã o o s m esm o s q u e in flu en cia m a s d ecisões m éd icas em geral.

Pa ra se ch ega r à s va riá veis q u e p o d eria m ser relacion ad as às d eficiên cias d o p rocesso d e cu id a d o s, q u e d eriva m d a to m a d a d e d ecisã o e/ ou d a realização d e form a in ad equ ad a d e u m p roced im en to, ap oiou -se o estu d o n o m od elo d e Tam b lyn & Battista (1993), associad o ao d e Eisen b erg (1986). Essa s va riá veis co m p õ em o gru p o organ ização d e p essoal (Figu ra 1).

(4)

i-d ai-d e e a i-d o sistem a i-d e aten i-d im en to ob stétrico fin a n cia d o com recu rsos p ú b licos n o m u n icí-p io; e estab elecer relações en tre as d eficiên cias en con trad as e as falh as n o p rocesso d e aten d i-m en to ob stétrico. Não se p reten d eu exp licar a p ossível variação d as variáveis, vistas com o in -d ep en -d en tes, n a s -d iferen tes m a tern i-d a -d es A com p aração en tre estas foi u m recu rso em p re-gad o p ara en riqu ecer o estu d o.

A a n á lise d o s q u estio n á rio s n ã o se b a seo u n a co m p a ra çã o en tre o s q u e co n h ecia m o u p raticavam as n orm as e os ou tros. Ad m itiu -se existir u m n ível d e p rá tica d o tip o m éd io, ca -ra cterístico d e ca d a m a tern id a d e (Eisen b erg, 1986). Com o in teressava fazer u m a ap roxim a-çã o a o a m b ien te d e p rá tica , a n a lisa ra m -se a s resp ostas d e ob stetras e p ed iatras em con ju n -to, visto q u e os m esm os trab alh am em eq u ip e. Ca lcu lo u se u m ín d ice d o s fa to res p red isp o -n e-n tes p ositivos, qu e é a som a d os p erce-n tu ais

d e m éd ico s co m a s ca ra cterística s fa vo rá veis (form ação e atu alização), p ara com p aração en -tre a s m a tern id a d es. Ta m b ém se ca lcu lo u u m ín d ice d e in satisfação – som a d os p ercen tu ais d e in sa tisfeito s co m a p ro fissã o e co m o em -p rego, -p a ra ca d a u m a d a s m a tern id a d es. Nã o foram feitos testes estatísticos p orqu e se trab a-lh ou com a p op u lação total d e m éd icos em ca-d a m atern ica-d aca-d e.

Pa ra o cá lcu lo d a ca rga d e tra b a lh o, u tili-zaram -se duas variáveis – o n úm ero de atos p ra-ticad os segu n d o a lista d o DATASUS, corrigid os p elo ín d ice ob tid o n a com p aração d e n ú m eros d e atos realizad os/ p agos (p artos n orm ais, ce-sarian a, w in ter-cu retagem , cerclagem d o colo u terin o, la p a ro to m ia p a ra h istero ra fia , m o la h id a tifo rm e e o u tra s lo ca liza çõ es d e co n cep ção n ão com u n s) e visitas feitas a p acien tes in -tern ad as p elos m otivos acim a e ou tros gin eco-lógicos, calcu lan d o-se u m a visita/ d ia e tem p o

Financiame nto insuficie nte

Financiame nto insuficie nte

Financiame nto insuficie nte

Financiame nto insuficie nte

Estrutura física e e q uip ame nto s inad e q uad o s

Caracte rísticas o rg anizacio nais e ad ministrativas inad e q uad as

Fato re s d e inte rve nção

O rg anização d o p e sso al inad e q uad a falhas d e re sp o nsab ilid ad e d ire ta d o mé d ico

Não co nhece – fato r determinante predispo nente (-)

Não pratica – fato r determinante de capacitação (-)

Co nhe ce – fato r d e te rminante p re d isp o ne nte (+ )

Mate rnid ad e s 1, 2, 3, 4

v

v

v

v

v v

v

v

v v

v

v v Deficiências da organização

falhas no ate nd ime nto o b sté trico d e co rre nte s d e d e ficiê ncias na e strutura d as mate rnid ad e s

v v Deficiências do ambient e ext erno e inst it ucionalizado

Fig ura 1

Lig ação e ntre as falhas no p ro ce sso d e ate nd ime nto o b sté trico e as d e ficiê ncias na e strutura d as mate rnid ad e s e d o amb ie nte e xte rno e institucio nalizad o .

v

v

v

v

(5)

m éd io d e p erm an ên cia d e d ois d ias p ara p arto n orm a l e d e três d ia s p a ra o resta n te. Pa ra ca -ra cteriza r a p op u la çã o servid a p ela s m a tern i-d ai-d es, u tilizou -se a variável n ível i-d e in stru ção, existen te n os certificad os d e n ascid os vivos as-sim com o o p ercen tu al d e m ães qu e freqü en ta-ram o p ré-n atal. No ú ltim o caso, n ão p orqu e as m ães adqu irem m ais in form ação n as con su ltas, m a s p o rq u e a s m ã es m en o s in fo rm a d a s têm u m a ten d ên cia m aior a n ão p rocu rar o p ré-n a-tal. Os fatores d e cap acitação foram vistos co-m o variáveis in terven ien tes n a relação fatores p red isp o n en tes/ q u a lid a d e d a p rá tica clín ica (in teração/ in flu ên cia e estím u lo).

Pa ra sa b er se o p a ga m en to feito p elo SUS eq ü ivaleu aos atos p raticad os, com p arou -se o n ú m ero d e p a rto s p a go s (cesa ria n a o u p a rto n o rm a l), segu n d o a lista d o DATASUS e o n ú -m ero d e n a sci-m en tos -m a is o n ú -m ero d e n a ti-m ortos, segu n d o as d eclarações d e n ascid os vi-vos e d e ób ito.

M at ernidade 1 (M 1)

A m a tern id a d e lo ca liza -se p ró xim o a o cen tro do m u n icíp io estu dado e, n a ép oca da coleta de dados, estava sob in terven ção da Prefeitu ra qu e se p rop u n h a a “aju d ar a ad m in istração d o h os-p ital”, segu n d o o en tão secretário m u n icios-p al d e saú d e. É u m a u n id ad e qu e ap resen tava p rob le-m a s d e fu n cion a le-m en to h á le-m u itos a n os: ca sos d e rou b o, am eaças d e m orte en tre ou tros. Nas visitas feitas ao h osp ital p ara a coleta d e d ad os, con statou -se q u e os ap arelh os d e ar con d icio-n ad o d a sala d e cesariaicio-n a icio-n ão fu icio-n cioicio-n avam , o q u e p ara o m u n icíp io, com tem p eratu ras m u i-to elevadas du ran te qu ase i-todo o an o, é grave. A su b stitu ição d e ap arelh os qu eb rad os ch egava a m ais d e seis m eses, segu n d o o livro d e p lan tão e os ofícios en viados e recebidos. Obras n o ber-çário, con sid erad as d e em ergên cia (as in tern a-ções da m atern idade estavam su sp en sas, sen do aten d id os som en te casos d e u rgên cia), n ão ti-n h am acab ad o, d ep ois d e três m eses d o iti-n ício. O h osp ital p ossu ía u m ú n ico eq u ip am en to com p leto de an estesia em fu n cion am en to (dois ou tros qu eb rad os) e som en te d u as b an d ejas ci-rú rgicas p ara cesarian a. Foram citad as in ú m e-ras vezes n os livros d e p lan tão, a falta d e rou p a cirú rgica e d e p rod u tos a n estésicos. Qu a n to à tra n sfu sã o, o livro d e p la n tã o in d ico u fa lta d e u m d eterm in ad o tip o d e san gu e d u as vezes em seis m eses, a ssim com o fa lta d e m a teria l p a ra p rova cru za d a e d e m a teria l d esca rtá vel p a ra tran sfu são.

A o ferta d e tra b a lh o m éd ico é su p erio r à p rocu ra, n o m u n icíp io, tan to p ara o serviço p ú

-b lico, q u a n to p a ra o p riva d o. O co n cu rso q u e vigo ra va , q u a n d o d a co leta d e d a d o s, n ã o fo i elim in atório e tod os os “ap rovad os” já tin h am sid o con vocad os, em q u ase tod as as esp eciali-d a eciali-d es, in clu sive a q u eles q u e a certa ra m a té 35% d a p rova. Não se con segu iu id en tificar n e-n h u m a ie-n tervee-n ção visae-n d o com p ee-n sar a d efi-ciên cia n a fo rm a çã o e exp eriên cia d o s n ovo s m éd icos.

Os resp on sáveis p ela m atern id ad e n ão co-n h eciam os coeficieco-n tes d e m ortalid ad e m ater-n a ou p eriater-n atal d a u ater-n id ad e. Ap esar d e, ater-n a ép o-ca d a co leta d e d a d o s, a s n o rm a s d a m a tern id a id e esta rem recém ela b o ra id a s, ela s n ã o fa -zia m referên cia a p ro ced im en to s rela tivo s à a d m issã o d a m ã e n a m a tern id a d e e a o a co m -p an h am en to d o trab alh o d e -p arto. Prob lem as n a estru tu ra física e eq u ip a m en to s tra n scen d iam o h osp ital. A escolh a d as firm as d e m an u -ten ção e a com p ra d e m ed icam en tos n ão eram d e resp o n sa b ilid a d e d a secreta ria d e sa ú d e e sim d a p refeitu ra d o m u n icíp io.

Verificou -se q u e n ão existe u m a region ali-zação form al, m as a M1, ap esar de todas as su as d eficiên cias, acab a servin d o com o u m h osp ital d e referên cia p ara as ou tras três m atern id ad es.

M at ernidade 2 (M 2)

A m atern id ad e situ ase n o d istrito m ais d istan -te d o cen tro e m en o s p o p u lo so. Na ép o ca d a co leta d e d a d o s ela ta m b ém esta va so b in ter-ven ção m u n icip al, p elos m esm os m otivos ale-gad os n o caso d a M1.

Com o acon teceu n a M1, o livro d e p lan tão m ostrou qu e as b an d ejas d e cesarian a eram em n ú m ero in su ficien te e in com p letas, e qu e tam b ém fa lta va m a n estésico s. A situ a çã o d o sa n -gu e era tã o gra ve q u a n to a d a M1. O livro d e p lan tão tam b ém in d icava falta d e ap arelh os d e p ressão, estetoscóp ios n a sala d e ciru rgia e d e Pin ard , assim com o a d em ora p ara o con serto d o Dop p ler.

(6)

M at ernidade 3 (M 3)

A m a tern id a d e é u m a ca sa d e sa ú d e vo lta d a p rin cip alm en te p ara o aten d im en to ob stétrico e está situ ad a n o cen tro d o m u n icíp io. Na ép o-ca d a coleta d e d ad os, além d os d ois o-carrin h os d e a n estesia co m p leto s, p o ssu ía ta m b ém u m oxím etro, u m resp irad or artificial, u m card ios-cóp io, u m desfibrilador e u m p equ en o Dop p ler. Segu n d o seu d ireto r, a m a n u ten çã o d o s eq u i-p am en tos era terceirizad a e n ão h avia i-p rob le-m a s n esse sen tid o. A le-m a tern id a d e le-m a n tin h a u m a eq u ip e d e a p o io (b o m b eiro, eletricista ) trab alh an d o 24 h oras p or d ia.

A ca rga d e tra b a lh o n a m a tern id a d e era m u ito gran d e. Cad a ob stetra realizava, em m é-d ia , 22 a tos (p a rtos, cesa ria n a s e w in ter-cu re-tagen s, p rin cip alm en te), 7 a 20 vezes m ais q u e os ob stetras d as ou tras m atern id ad es.

Co m o a s co n su lta s p a ra a in tern a çã o (n ã o h o u ve m eio d e ca lcu lá -la s) sã o p ro p o rcio n a is ao n ú m ero d e in tern ações, d ed u z-se qu e a car-ga d e trab alh o é ain d a m aior n esta m atern id a-d e. Isso va le ta m b ém p a ra o s p ea-d ia tra s, ca so eles assistam a tod os os p artos.

Em b o ra a p o p u la çã o ser vid a p o r esta m a tern id a d e ten h a u m p ercen tu a l m a io r d e m u -lh eres co m o 1ogra u co m p leto e d e m u lh eres com acom p an h am en to p ré-n atal, as caracterís-ticas de su a clien tela n ão são as de p essoas qu e reivin d iqu em u m tratam en to m ais ap rop riad o. Em a go sto d e 1994, o d ireto r d a M3 in sti-tu iu a p rá tica d e revisã o d o s p ro n sti-tu á rio s em ca sos d e m orte d o feto, d a cria n ça ou d a m ã e. O m éd ico d everia fa zer u m rela tó rio d o ca so, qu e era revisto p elo d iretor e an exad o ao p ron -tu ário. Ob servou -se, n o en tan to, q u e o relató-rio n ã o era a co m p a n h a d o d e u m a revisã o d o p rocesso d e aten d im en to p ara id en tificar con -d u tas in a-d equ a-d as e n elas in tervir.

M at ernidade 4 (M 4)

A m atern id ad e está situ ad a n u m b airro d istan -te d o cen tro. Na ép oca d a en trevista, d evid o ao afastam en to d e seu p rop rietário, a casa d e saú -d e h avia p er-d i-d o gran -d e p arte -d e su a clien tela (sic): “As m u lh eres n ão n os procu ram m ais para o p arto”. O d iretor d a m atern id ad e n ão p erm itiu q u e se realizasse a visita e in d icou u m a au -xiliar d e en ferm agem p ara resp on d er ao q u es-tio n á rio so b re a estru tu ra física , d e serviço s e eq u ip am en tos. Esta d isse n ão sab er resp on d er a m aior p arte d as qu estões.

Sou b e-se, p elas en trevistas, q u e a m atern i-d ai-d e n ão p ossu ía equ ip am en to p ara an estesia, sa lvo u m b a lã o d e oxigên io, q u e ser via a to d a

m atern id ad e. A u tilização d o oxigên io era con -trolad a, d ad o o seu alto cu sto. Hou ve relato d e in stru m en tos cirú rgicos “tortos e en ferru jados”. A m atern idade trabalh ava com an estesistas sob ch a m a d a , q u e tra zia m seu eq u ip a m en to. Em vários m om en tos, segu n do relato dos obstetras, os an estesistas n ão resp on d eram ao ch am ad o. Um d o s o b stetra s, tra b a lh a n d o em três p la n -tões p or sem an a, era tam b ém an estesista e ti-n h a seu equ ip am eti-n to, qu e em p restava a ou tros ob stetras. O p ed iatra tam b ém trab alh ava sob o regim e d e ch am ad a, h aven d o tam b ém relatos de dificuldade p ara se con tar com sua p resen ça.

Discussão

As q u atro m atern id ad es eram d iferen tes en tre si e m ostra ra m p rob lem a s n os três gru p os es-tu d a d o s. A d em o ra p a ra a rea liza çã o d e u m a cesa ria n a p ô d e ser exp lica d a p o r d eficiên cia s d o gru p o d e fatores d a estru tu ra física, serviços e eq u ip a m en to s n a M1 e n a M2. As in fo rm a -ções coletad as sob re a M3 n ão p erm itiram qu e se estab elecesse esta ligação. Con tu d o, id en ti-fico u -se u m a d em o ra su p erio r a 30 m in u to s em seis p ron tu ários exam in ad os.

A region alização form al em ob stetrícia n ão existia n a região m etrop olitan a d o Rio d e Jan ei-ro, o q u e a ju d a , em p a rte, a co m p reen d er a o co rrên cia d o s ó b ito s p erin a ta is. Esse fa to é ain d a m ais agravan te q u an d o se verifica q u e a M1, ap esar d e tod os os seu s p rob lem as, acab a-va receb en d o p acien tes rejeitad as p elas ou tras m atern id ad es, d evid o às su as con d ições d e ris-co. Aq u elas q u e n ão tin h am con d ições d e ch e-ga r a u m a m a tern id a d e n o Rio d e Ja n eiro, p or seu s p róp rios m eios, acab avam in d o à M1.

A d em ora n a realização d e u m a tran sfu são sa n gü ín ea é exp lica d a , em gra n d e p a rte, p ela a u sên cia d e u m b a n co d e sa n gu e p ú b lico n o m u n icíp io qu e p u d esse servir as m atern id ad es d e form a ad equ ad a. Na M1 e n a M2, on d e exis-tia u m a reserva d e san gu e, d eficiên cias ad m i-n istrativas ei-n coi-n trad as tam b ém aju d am a ex-p licar o ex-p rob lem a.

(7)

As eq u ip es m éd icas d as q u atro m atern id a-d es têm o b stetra s e so m en te n a M4 n ã o exis-tem p ed iatras e an estesistas d e p lan tão. Não se p od e im p u tar as falh as n o p rocesso d e aten d i-m en to ob stétrico sob a resp on sab ilid ad e d ireta d o m éd ico à fa lta d e esp ecia lista s. A rela çã o n ú m ero d e leitos d e ob stetrícia/ m éd ico está d e acord o com as n orm as d o Min istério d a Saú d e: u m ob stetra p ara cad a 30 leitos d e m atern id a-d e (MS, 1987).

A ú n ica m atern id ad e on d e h avia u m a gran -d e carga -d e trab alh o era a M3, o qu e aju -d a a exp lica r a s fa lh a s id en tifica d a s n o a co m exp a n h a m en to d o tra b a lh o d e p a rto e d o feto e a n ã o -id en tificação d as con d ições d e risco.

Existia u m a d isp arid ad e d os fatores p red isp on en tes en tre as qu atro m atern id ad es, estan -d o as -d u as p ú b licas em m elh or situ ação qu e as d u as con ven iad as e a M1, em m elh or situ ação q u e a s o u tra s três. A p resen ça em co n gresso s

Tab e la 1

Dad o s d e p ro d ução e m q uatro mate rnid ad e s. Rio d e Jane iro , 1994.

M at ernidades

M1 M2 M3 M4

tip o d e ho sp ital/ casa d e saúd e p úb lica (municip al) p úb lica (municip al) co nve niad a co nve niad a

p o rte mé d io p e q ue no mé d io p e q ue no

núme ro to tal d e le ito s d a mate rnid ad e 35 32 93 26

núme ro d e mé d ico s d a mate rnid ad e 63 49 16 6

núme ro d e mé d ico s p o r p lantão 7 o u 8 8 4 o u 5 1

me sas d e p arto 2 2 3 1

núme ro to tal d e p arto s 1.996 1.313 6.642 757

ce sarianas (%) 11,36 12,26 25,83 27,08

Tab e la 2

De ficiê ncias o rg anizacio nais d o g rup o d e variáve is d a e strutura física, se rviço s e e q uip ame nto s e m q uatro mate rnid ad e s. Rio d e Jane iro , 1994.

Variáveis M 1 M 2 M 3 M 4

Variáveis ligadas à capacidade de realização de uma cesariana em 30 minut os

sala d e ce sariana/ cirurg ia 2 2 3 1

carrinho s d e ane ste sia funcio nand o 1 1 2 0

b and e jas d e ce sariana insuficie nte insuficie nte se m info rmação insuficie nte

ro up as cirúrg icas insuficie nte suficie nte se m info rmação se m info rmação

d isp o nib ilid ad e d e ane sté sico s insuficie nte insuficie nte se m info rmação se m info rmação

Variáveis ligadas à capacidade de fazer reposição sangüínea

d isp o nib ilid ad e d e sang ue insuficie nte insuficie nte insuficie nte insuficie nte

d isp o nib ilid ad e d e e xame s lab o rato riais insuficie nte insuficie nte se m info rmação se m info rmação

O ut ras

re lação nod e le ito s/ me sas d e p arto ad e q uad a ad e q uad a inad e q uad a ad e q uad a

falta d e mate rial b ásico sim sim não sim

pro b lemas co m a manutenção de eq uipamento s sim sim não se m info rmação

re utilização d e mate rial d e scartáve l não não sim se m info rmação

(8)

foi o ú n ico in d icad or p ara o q u al o p ercen tu al d a M1 foi m u ito m en or, sen d o m a ior em rela -ção ao p ercen tu al d e m éd icos qu e fizeram resi-d ên cia m éresi-d ica e q u e tin h a m a cesso a revista s cien tífica s. As o u tra s três m a tern id a d es a p re-sen taram u m ín d ice d o fator b em in ferior. Es-sas d eficiên cias n a form ação e atu alização, sob retu d o en tre o s recém co n tra ta d o s, era co -n h ecid a d as au torid ad es m u -n icip ais e d os p ro-p rietá rio s d a s m a tern id a d es co n ven ia d a s, e n ão h avia m eios d e fazer u m a seleção m ais ri-go ro sa d e ca n d id a to s. Esta situ a çã o seria u m m otivo a m ais p ara ju stificar a n ecessid ad e d e

in terven çõ es rela cio n a d a s a o s fa to res p red is-p on en tes.

Nã o se id en tifico u , n a s q u a tro m a tern id a -d es, n en h u m a in ter ven çã o so b re o s fa to res p red isp on en tes. Deficiên cias n os fatores d eter-m in an tes p red isp on en tes aju d aeter-m a exp licar as fa lh a s n o a ten d im en to o b stétrico, esp ecia l-m en te n as d u as l-m atern id ad es con ven iad as. A au sên cia d e in terven ções visan d o reorien tar a p rá tica d esses p ro fissio n a is n o s d á m a is u m elem en to p a ra com p reen d er a ocorrên cia d a s fa lh a s n o p ro cesso e a o co rrên cia d o s ó b ito s p erin atais p oten cialm en te evitáveis.

Tab e la 3

De ficiê ncias o rg anizacio nais d o g rup o d e variáve is d a o rg anização d o p e sso al, e m q uatro mate rnid ad e s. Rio d e Jane iro , 1994.

Variáveis M 1 M 2 M 3 M 4

Composição das equipes de t rabalho

e xistê ncia d e e sp e cialistas sim sim sim não

carg a d e trab alho / o b ste tra (ato s) 2-3 1-2 22 2-3

carg a d e trab alho / o b ste tra (visitas) 6-9 3-4 –* –

carg a d e trab alho / p e d iatra (ato s) 8 5 22 –

carg a d e trab alho / p e d iatra (visitas) – 10 38 –

Fat ores det erminant es predisponent es

fo rmação

% d e mé d ico s fo rmad o s e m e sco las p úb licas 67,74 50,00 38,46 50,00

% d e mé d ico s co m re sid ê ncia mé d ica 77,42 71,43 38,46 50,00

atualização

% d e mé d ico s co m ace sso a re vistas cie ntíficas 93,55 85,71 76,92 75,00

% d e mé d ico s q ue fo i a co ng re sso s no s último s ano s 58,06 50,00 46,15 0,00

Fatores determinantes de capacitação (influência/ interação/ estímulo)

lo cal d e p rática

% d e mé d ico s q ue afirmaram e xistir, a mate rnid ad e , mé d ico d e b o m 58,62 78,57 53,85 0,00

p ad rão na q ue m p ro cura se g uir

há p o ssib ilid ad e d e inte ração e ntre mé d ico s na mate rnid ad e sim sim p o uca não

satisfação

% d e mé d ico s insatisfe ito s co m a p ro fissão 44,83 32,18 7,70 25,00

% d e mé d ico s insatisfe ito s co m o e mp re g o 92,59 82,14 69,23 75,00

% d e mé d ico s insatisfe ito s co m o salário 100,00 96,00 100,00 100,00

% d e mé d ico s insatisfe ito s co m re curso s humano s d a mate rnid ad e 100,00 83,33 100,00 100,00

(q uantid ad e e q ualid ad e )

% d e mé d ico s insatisfe ito s co m e q uip ame nto s d a mate rnid ad e 100,00 100,00 100,00 66,67

% de mé dico s insatisfe ito s co m mate rial de co nsumo da mate rnidade 92,59 95,83 44,44 66,67

p o p ulação se rvid a

% d e mãe s q ue co mp le taram 1og rau 5,15 19,91 33,17 16,84

% d e mãe s q ue fize ram p ré -natal 41,65 83,80 94,70 64,80

índice de fat or predisponent e posit ivo 296,77 257,14 199,99 175,00

índice de insat isfação 137,42 114,28 76,93 100,00

(9)

Tab e la 4

De ficiê ncias o rg anizacio nais d o g rup o d e variáve is d as caracte rísticas o rg anizacio nais g e rais e ad ministrativas, e m q uatro mate rnid ad e s. Rio d e Jane iro , 1994.

Variáveis M 1 M 2 M 3 M 4

int ervenção sobre fat ores predisponent es

p o d e r d e se le ção d e cand id ato s não não não não

ativid ad e s d e re e d ucação não não não não

int ervenção sobre fat ores de capacit ação

p ráticas d e ajud a não não não não

ve rificação d e p ráticas não não sim não

me d id as visand o inib ir p ráticas inad e q uad as não não não não

e xistê ncia d e no rmas sim sim sim não

% d e mé d ico s q ue afirmaram co nhe ce r as no rmas 73,91 41,67 76,92 –

% d e mé d ico s q ue julg am q ue as no rmas são se g uid as 29,41 e m te ste 60,00 –

% d e mé d ico s afirmaram have r p articip ad o na e lab o ração d as no rmas 11,76 10,00 20,00 –

re tro -info rmação ind ivid ualizad a não não sim não

fat uração

re lação p arto s re ce b id o s/ re alizad o s 0,92 0,92 0,97 1,01

out ros

manute nção d e e q uip ame nto s d e ficie nte s sim sim não se m info rmação

re p o sição d e me d icame nto s d e ficie nte s sim sim não se m info rmação

co ntro le so b re d e sp e rd ício não não sim sim

O local d e p rática (in flu ên cia/ in teração) foi a n a lisa d o co m b a se em d o is in d ica d o res, vi-sa n d o verifica r a existên cia d e in flu ên cia e d e in tera çã o n a s m a tern id a d es. O p ercen tu a l d e m éd ico s q u e a firm a ra m h a ver u m m éd ico d e b o m p a d rã o, a q u em p ro cu ra va m segu ir, fo i m aior n a M2, m en or n a M1 e n a M3 e n en h u m d os m éd icos d a M4 resp on d eu à q u estã o a fir-m a tiva fir-m en te. Excetu a n d o esta u ltifir-m a , o n d e h avia só u m m éd ico d e p lan tão, n as ou tras três m a tern id a d es e p rin cip a lm en te n a s d u a s p ú -b lica s, h a via p o ssi-b ilid a d e d e in tera çã o en tre o s m éd ico s. E n a s m a tern id a d es p ú b lica s o p ercen tu a l d e m éd ico s co m fa to res p red isp o -n e-n tes p ositivo foi m aior. O p ern tu al d e ce-sarian a n as d u as m atern id ad es p ú b licas estava d en tro d a faixa p recon izad a p ela Organ ização Mu n d ial d a Saú d e, já n as con ven iad as, era b em su p erior. Isso, d e u m lad o, in d ica qu e h avia u m p ad rão d e aten d im en to d iferen te n os d ois gru p os d e m atern id ad es, e d e ou tro, qu e n o tocan -te a esse a sp ecto, a p rá tica n a s m a -tern id a d es p ú b lica s era m a is a d eq u a d a , p o d en d o ser re-flexo d o m aior p ercen tu al d e m éd icos com fa-tores p red isp on en tes p ositivos aí existen te.

A in satisfação com a p rofissão e com o em -p rego ta m b ém a -p resen to u u m gra d ien te n a s

q u a tro m a tern id a d es, sen d o a in sa tisfa çã o m a ior n a s p ú b lica s, m orm en te n a M1, on d e o ín d ice d e fa to r p red isp o n en te p o sitivo fo i m a io r, e m en o r n a s co n ven ia d a s. En tre 83,3 e 100% d os m éd icos qu e resp on d eram aos qu es-tion ários, estavam in satisfeitos com a qu alid a-d e e qu an tia-d aa-d e a-d os recu rsos h u m an os. Em re-lação aos eq u ip am en tos, a in satisfação atin ge p ercen tu ais m en ores só n a M4. Qu an to ao m a-terial d e con su m o, os p ercen tu ais são m u ito al-to s n a s d u a s m a tern id a d es p ú b lica s e m en o r n as d u as p articu lares. Não se ob teve in form a-çã o d e reu tiliza a-çã o d e m a teria l d e co n su m o n as m atern idades p ú blicas, o qu e acon teceu n o caso d a M3, n em d e restrição ao u so d e oxigê-n io, o qu e acooxigê-n teceu oxigê-n a M4. Ou tro asp ecto a se n otar é qu e a in satisfação com o salário é igu alm en te alta tan to n as p ú b licas q u an to n as con -ven iad as.

(10)

la-ção servid a p ela M1 a q u e con ta com o m en or p ercen tu a l d e m ã es q u e fizera m p ré-n a ta l e a d a M3, com o m aior.

As n orm as d e p rática existen tes em três d as q u atro m atern id ad es n ão ab ord avam p roced i-m en tos n a ad i-m issão d a i-m ãe e n o acoi-m p an h a-m en to d o p a rto e d o feto. Ea-m n en h u a-m a d a s q u a tro m a tern id a d es h a via ou tra s p rá tica s d e aju d a. A ú n ica in iciativa d e verificação d a p rá-tica e d e retro -a lim en ta çã o o b ser va d a fo i a existên cia d e rela tó rio s d o s ca so s d e ó b ito fe-tal, n eon atal ou m atern o, n a M3, sem , tod avia, ter sid o con sta ta d o h a ver revisã o d o p rocesso d e a ten d im en to visa n d o à co rreçã o d e p o ssí-veis falh as.

Os fa to res d e ca p a cita çã o n o s fa zem co m p reen d er m elh o r a o co rrên cia d a s fa lh a s liga -d a s a o ó b ito s p erin a ta is evitá veis. A M1 fo i a m a tern id a d e on d e h a via m a iores p ossib ilid a -d es -d e in teração en tre p rofission ais com m ais exp eriên cia, con d ição d e h aver in flu ên cia d e lí-d eres clín icos, m as tam b ém on lí-d e h avia m en os estím u lo a u m a b oa p rática. A situ ação n a M2 é sem elh a n te, co m p ercen tu a is m en o res ta n to n os fatores p red isp on en tes q u an to n os d e p acitação. Parece q u e os ú ltim os, n os d ois ca-sos, acab aram in terferin d o n a p rática m éd ica, a ju d a n d o a cria r u m a m b ien te d e p rá tica q u e n ã o p ro p icia va h á b ito s fa vo rá veis à co n d u ta clín ica ad eq u ad a, exp lican d o a ocorrên cia d as falh as n o aten d im en to ob stétrico.

A situ a çã o d a s d u a s m a tern id a d es co n ve-n ia d a s é d ifereve-n te. O p erceve-n tu a l d e m éd ico s co m fa to res p red isp o n en tes p o sitivo s é b em m en or, o qu e p or si só já n os aju da a com p reen -d er a o co rrên cia -d a s fa lh a s n o a ten -d im en to ob stétrico, u m a vez q u e n ão foram id en tificad a s in terven çõ es p a ra co rrigir essa s tificad eficiên -cia s. So b retu d o n a M3, o n d e h á u m a ca rga d e tra b a lh o m u ito m a io r. Po r o u tro la d o, n essa m esm a m atern id ad e, a p ossib ilid ad e d e in tera-çã o en tre os m éd icos ta m b ém é m en or, e in existen te n a M4. Essa s ca ra cterística s n o s a ju -d am a con firm ar qu e o am b ien te n ão p rop icia-va h áb itos favoráveis a u m a p rática clín ica ad e-qu ad a. Porém , em esp ecial n a M3, o p ercen tu al d e m éd icos in satisfeitos era m en or.

As d u as m atern id ad es p ú b licas realizaram u m n ú m ero d e p artos su p erior ao qu e foi p ago, co n firm a n d o a ten d ên cia o b serva d a . Po d e-se d izer q u e se trata d e n egligên cia ad m in istrati-va ou in com p etên cia n o p reen ch im en to d as fa-tu ras. O argu m en to d e frau d e q u e acom p an h a os d iscu rsos d as au torid ad es n ão se con firm ou . O n ú m ero d e p a rto s rea liza d o s p ela M3 ta m -b ém foi su p erior ao p ago, m as essa m atern id a-d e a ten a-d e a u m p ercen tu a l p eq u en o a-d e m ã es d e con vên ios. Na M4, h á u m a d iferen ça d e 1%

a m ais, o qu e p od e ser fru to d e falh as n o cálcu -lo. Aceita n d o -se a va lid a d e d o exp o sto a cim a p a ra a firm a r q u e n ã o h a via fra u d e, ca b e d izer q u e as d u as m atern id ad es con ven iad as con ta-vam com recu rsos fin an ceiros in feriores aos re-cu rsos com qu e con tavam as p ú blicas. Isso p or-qu e a som a rep assad a p elo govern o fed eral d e-veria cu stear tod os os iten s d e d esp esa, n o ca-so d as m atern id ad es con ven iad as. No caca-so d as p ú b lica s (m u n icip a is), o s recu rso s h u m a n o s eram p agos com recu rsos d o m u n icíp io.

Conclusão

O objetivo deste artigo foi o de forn ecer elem en -tos p ara qu e se p u d esse com p reen d er m elh or a ocorrên cia d e m ortes p erin atais p oten cialm en -te evitá veis, b u sca n d o rela cio n a r a s fa lh a s d o a ten d im en to o b stétrico à s d eficiên cia s n a es-tru tu ra d e qu atro m atern id ad es estu d ad as.

A d em ora p ara a realização d e u m a cesaria-n a p ôde ser exp licada p or deficiêcesaria-n cias do gru p o de fatores da estru tu ra física, serviços e equ ip a-m en to s n a M1 e n a M2. Ea-m b o ra d e n ã o p o ssa estab elecer esta ligação n a M3, o p rob lem a foi id en tificad o em seis p ron tu ários exam in ad os.

A fa lta d e u m b a n co d e sa n gu e p ú b lico n o m u n icíp io foi a h ip ótese levan tad a p ara exp licar a d em ora n a realização d a tran sfu são san -gü ín ea. A au sên cia d e tran sp orte p ara a tran sferên cia d e m ães em risco e sob retu d o a au sên -cia d e u m a m atern id ad e p ara aten d er esses ca-sos, com u m sistem a d e referên cia e con tra-re-ferên cia (existên cia d e u m a red e region alizad a e h iera rq u iza d a ) sã o d eficiên cia s extra m u ro s qu e certam en te aju dam a exp licar os óbitos p e-rin atais evitáveis d e u m m od o geral.

As falh as n o p rocesso d e aten d im en to ob s-tétrico d e resp o n sa b ilid a d e d ireta d o m éd ico fo ra m exp lica d a s p elo s a lto s p ercen tu a is d o s fatores d eterm in an tes p red isp on en tes n egati-vos (m orm en te n as d u as con ven iad as) e d e ca-p acitação (m ais evid en tes n as d u as ca-p ú b licas) e p ela au sên cia d e in terven ções visan d o reorien -tar a p rática.

(11)

Referências

DONABEDIAN, A., 1980. Exp loration s in Qu ality As-sessm en t an d Mon itorin g. Th e Defin ition s of Qu al-ity an d Approach es to its Assessm en t. An n Harb or: Health Ad m in istration Press.

EISENBERG, J. M., 1986. Doctors’ Decision s an d th e Cost of Medical Care. An n Arb or: Health Ad m in is-tration Press.

GUBA, E. & LINCOLN, Y., 1989. Fou rth Gen eration Evalu ation. Newb u ry Park: Sage Pu b lication s. MS (MINISTÉRIO DA SAÚDE), 1987. In stru m en to d e

Avaliação p ara Hosp ital Geral d e M éd io Porte. Brasília: MS.

NOGUEIRA, M. I., 1993. Assistên cia Pré-N atal em Du qu e d e Cax ias: Um Caso d e Violên cia In stitu -cion al. Disserta çã o d e Mestra d o, Rio d e Ja n eiro: Escola Nacion al d e Saú d e Pú b lica, Fu n d ação Os-wald o Cru z.

ROSA, M. L. G., 1990. Assistên cia e Prática Médica em Du qu e de Caxias: 1980-1987. Dissertação d e Mes-tra d o, Rio d e Ja n eiro : Esco la Na cio n a l d e Sa ú d e Pú b lica, Fu n d ação Oswald o Cru z.

Agradeciment os

Aos orien tad ores d a Tese d e Maria Lu iza Garcia Rosa, Fra n ço is Ch a m p a gn e e Lo u ise Ségu in , d a Un iversi-d aiversi-d e iversi-d e Mon treal.

ROSA, M. L. G., 1998. Les Facteu rs Im p liqu és d an s les Décès Périn atau x Poten tiellem en t Évitables d an s des Matern ités Pu bliqu es dan s u n e Ville Pau vre au Brésil. Tese d e Do u to ra d o, Mo n tréa l: Dép a r-tem en t d’Ad m in istra tion d e la Sa n té, Un iversité d e Mon tréal.

SILVER, L. D., 1992. Qu ality Assu ran ce in Health Care Issu es in Health Care Delivery an d Fin an ce in Brazil. Rio d e Jan eiro: Pop u lation an d Hu m an Re-sou rces Division , World Ban k. (m im eo.)

TAMBLYN, R. & BATTISTA, R., 1993. Ch an gin g clin ical p ra ctice: Wh ich in ter ven tio n s wo rk? Jou rn al of Con tin u in g Ed u cation in th e Health Profession s, 13:273-288.

Imagem

Fig ura 1

Referências

Documentos relacionados

Outra maneira de diagnóstico de barras falhadas seria analisar a média das energias dos sinais das 3 fases, nesse caso o diagnóstico de falha indica a barra falhada para os rotores

Com reflexo positivo, já em 2012, o percentual de escolas com situação de inadimplência do ano anterior passou para 40% (SEEDUC, 2012), considerando os gestores que haviam sido

A proposta do Plano de Ação Educacional indicou ações que poderão ser executadas, no sentido de favorecer as escolas inseridas na referida região através de um treinamento que

Having larger patient benefits favors more adoption under the cost reimbursement payment system, provided that adoption occurs initially under both payment systems.. Keywords:

This study uses the ten-year averages of international R&D investments on sciences as an indicator for technological advances in health care and predicts an

Kaplan e Norton (1992) definem o Balanced Scorecard como um modelo de gestão que procura dar uma visão global e integrada do desempenho organizacional de acordo com a

Diante de todos os fatores que condicionam a indústria da construção, a sua afirmação empresarial tanto no mercado nacional como no mercado internacional, exige ambição,

Em trabalhos mais recentes, uma metodologia de extração da fundamental da corrente aliada à decomposição wavelet é utilizada para detectar falhas durante a partida do motor..