• Nenhum resultado encontrado

Pode-se construir modelos baseados na relação entre contextos sociais e saúde?.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Pode-se construir modelos baseados na relação entre contextos sociais e saúde?."

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

Pode-se const ruir modelos baseados na relação

ent re cont ext os sociais e saúde?

Can mo d e ls b e b uilt o n the b asis o f the

re latio nship b e twe e n so cial co nte xts and he alth?

1 Grou pe de Rech erch e In terd iscip lin aire en San té et Dep artem en t

d ’Ad m in istration d e la San té, Un iversité d e Mon tréal. C. P. 6128, Su cu rsale Cen tre-Ville. Mon tréal, Qu ébec, H3C 3J7, Can ad a.

An d ré-Pierre Con tan d riop ou los 1

Abst ract As m ore is k n ow n abou t th e com p lexity of th e relation sh ip s betw een social, econ om ic, an d en viron m en tal con texts an d th e h ealth of th e p op u lation , it ap p ears clear th at th e con cep ts of illn ess an d h ealth , w h ile n ot in d ep en d en t, are n ot syn on ym ou s. A m ajor ch allen ge n ow facin g th e field of p u blic h ealth is to organ ize a tru e d ialogu e betw een th e life scien ces w ork in g m ain ly on illn ess seen as a d istu rban ce in on e of th e fu n ction s of a livin g organ ism an d h u m an scien ces d ealin g w ith a p op u lation’s h ealth . Society’s ch allen ge is to gran t each in d ivid u al access to h igh -qu ality h ealth care services w h en n eed ed , w h ile d evelop in g p u blic p olicies to p rom ote th e h ealth of th e p op u lation as a w h ole.

Key words Health ; Illn ess; Ep id em iology; Biological Scien ces; Social Scien ces

Resumo À m ed id a qu e se con h ece m elh or a com p lexid ad e d as relações en tre os con textos sócio-econ ôm ico, am bien tal e a saú d e d a p op u lação, p arece claro qu e os con ceitos d e saú d e-d oen ça, em bora n ão sen d o in d ep en d en tes, n ão são sin ôn im os. O m aior d esafio p ara o cam p o d a saú d e p ú blica n esse m om en to é su a cap acid ad e p ara estabelecer u m verd ad eiro d iálogo en tre as ciên -cias d a vid a, trabalh an d o p rin cip alm en te sobre a d oen ça, vista com o u m d istú rbio em u m a d as fu n ções d o organ ism o vivo, e as ciên cias h u m an as, trabalh an d o sobre a saú d e d as p op u lações. O d esafio p ara a socied ad e é p erm itir a cad a in d ivíd u o o acesso a serviços d e saú d e d e alta qu ali-d aali-d e e ao m esm o tem p o ali-d esen volver p olíticas p ú blicas p ara p rom over a saú ali-d e ali-d a p op u lação.

(2)

As rela çõ es existen tes en tre o s co n texto s so -cia is, cu ltu ra is, a m b ien ta is, eco n ô m ico s e a saú d e são p articu larm en te com p lexas e ain d a m al con h ecid as. En tre os n u m erosos m od elos q u e têm sid o p rop ostos p ara in terp retar as in -form ações d isp on íveis, o d o “In stitu t Can ad ien d e Rech erch e Ava n cé – ICRA” p erm ite co m -p reen d er q u e os fen ôm en os em estu d o fa zem in teragir vários n íveis d e an álise d o m acrosso-cial ao fu n cion am en to b iológico d o corp o, es-ten d en d o -se so b re h o rizo n tes tem p o ra is q u e vão d o m u ito cu rto p razo (algu n s segu n d os) a vá ria s d ezen a s d e a n o s e sã o co n tin u a m en te in terativos. Este m od elo, qu e n ão tem a p reten são d e ser exau stivo n em p erfeito, p erm ite fa -zer d u as gran d es ob servações.

A p rim eira é q u e, n ão ob stan te os p rogres-sos d a m ed icin a e d o crescim en to d os recu rrogres-sos d estin a d os a o sistem a d e sa ú d e, a s d isp a rid a-d es n essa á rea , en tre os p a íses a-d esen volvia-d os, n ão d im in u em – n ão m ais q u e as d isp arid ad es d en tro d e cad a p aís. O valor d os recu rsos d esti-n ad os ao tratam eesti-n to d as d oeesti-n ças esti-n ão está esti-n e-cessa ria m en te a sso cia d o a u m a m elh o r ia d o esta d o d e sa ú d e d a s p o p u la çõ es. Ob ser va -se, p or exem p lo, q u e os in d icad ores d e saú d e d os ja p o n eses sã o b em su p er io res a o s d o s a m eri-ca n o s, em b o ra o s p rim eiro s d estin em m u ito m en o s recu rso s p a ra o seu sistem a d e sa ú d e. Em 1993, os a m erica n os d estin a ra m 14,1% d e seu PIB a o s serviço s d e sa ú d e e o s ja p o n eses, 7,3%. No m esm o an o, a esp eran ça d e vid a d os am erican os era d e 3,5 an os in ferior à d os jap o-n eses (OCDE, 1995).

A segu n d a é q u e o esta d o d e sa ú d e é in -flu en ciad o d e m an eira in equ ívoca p elas carac-terísticas con textu ais com o o statu ssocial, o n ível d e ed u cação, a ocu p ação, a riq u eza d o am -b ien te d u ran te a in fân cia, o su p orte social etc., existin d o u m grad ien te en tre a p osição ocu p a-d a em fu n çã o a-d estes in a-d ica a-d o res e a sa ú a-d e. A taxa d e m ortalid ad e d os fu n cion ários p ú b licos b ritâ n icos en tre 40 e 64 a n os é, a n a lisa n d o-se u m p eríod o d e d ez an os, três vezes m aior en tre os trab alh ad ores m an u ais d o q u e en tre o p es-soal ad m in istrativo (Marm ot, 1986). Ob serva-se tam b ém q u e estas características n ão estão a sso cia d a s a d o en ça s esp ecífica s. A ta xa d e m ortalid ad e d os fu n cion ários b ritân icos, aju stan d ose a id ad e, é d u as a sete vezes m aior en -tre o s tra b a lh a d o re s m a n u a is e m re la çã o a o s fu n cion ários ad m in istrativos, tan to p ara o cân -cer, com o p ara as d oen ças resp iratórias, d istú rb ios gastrin testin ais, ou d oen ças card iovascu -lares (Marm ot, 1986). Um fen ôm en o d e m esm a a m p litu d e tem sid o o b ser va d o n o s Esta d o s Un id os a p rop ósito d a p revalên cia d e d iferen -tes d o en ça s em fu n çã o d o n ível d e ed u ca çã o

(Pin cu s et al., 1987). Esses resu ltad os p arecem in d icar q u e as características d o am b ien te so -cial reforçam a resistên cia às d oen ças d e u m a m a n eira gera l (An to n ovsky, 1992) e q u e ela s p erm item a algu n s, u m a vez d oen tes, u m a m e-n o r gra vid a d e e recu p era çã o m a is rá p id a . Assim , a p ó s u m in fa rto d o m io cá rd io, co n sta ta -se, n o s Esta d o s Un id o s, q u e, en tre o s h o m en s cu jo n ível d e ed u cação é b aixo, a p rob ab ilid a -d e -d e m orte é três vezes m aior -d o q u e en tre os d e n ível elevad o, e essa p rob ab ilid ad e, en tre os q u e leva m u m a vid a estressa n te e q u e sã o so -cia lm en te iso la d o s, é seis vezes m a is a lta d o qu e en tre aqu eles qu e levam u m a vid a calm a e com u m b om su p orte social (Ru b erm an et al., 1984).

Essas d u as gran d es con statações m ostram q u e o s fa to res, a s situ a çõ es, o s co n texto s q u e sã o fa vo rá veis à sa ú d e, isto é, q u e a u m en ta m “a p ossibilid ad e p ara o ser vivo d e se realiz ar” (La Rech erch e, 1995), n ão são d a m esm a n atu -reza q u e os m ecan ism os existen tes q u an d o se tra ta d e d ia gn o stica r, tra ta r, e a té m e sm o d e p reven ir d oen ças esp ecíficas. Se as d oen ças e a saú d e n ão são fen ôm en os in d ep en d en tes, elas n ã o sã o n o en ta n to red u tíves u m a à o u tra . A d oen ça n ão é o in verso d a saú d e. Isso se m an i-festa m u ito claram en te n as son d agen s ju n to à p o p u la çã o. No Ca n a d á , q u a n d o p ergu n ta d o s: “O qu e você esp era d o sistem a d e saú d e?, 80% d os en trevistad os resp on d em qu e qu erem cu i-d a i-d o s a ssisten cia is a cessíveis e i-d e q u a lii-d a i-d e, so m en te 10% resp o n d en d o q u e q u erem m e-lh orar su a saú d e.

(3)

vid a e a p atologia (Can gu ilh em , 1966). Qu an to à s ciên cia s h u m a n a s, ela s o b jetiva m co m -p reen d er o h om em n a socied a d e. A a n á lise se faz sob re os in d ivíd u os em seu s gru p os e sob re as relações en tre os gru p os sociais (fam ília, co-m u n id ad e, socied ad e, h u co-m an id ad e). É eco-m tor-n o d o itor-n d ivíd u o, com o ser social e ser b iológi-co, q u e se en co n tra m esssa s d u a s esfera s d e con h ecim en tos.

Se h oje é largam en te recon h ecid o qu e o ser b iológico e o ser p sicossocial in teragem (a n eu -ro p sico im u n o lo gia , d escreven d o o s sistem a s b iológicos d e com u n icação q u e existem en tre o sistem a n ervoso cen tral e o sistem a im u n itá-rio, re fo rça o s tra b a lh o s d o s p sicó lo go s e d o s p sica n a lista s so b re o s e fe ito s re cíp ro co s d a m en te sob re o corp o), ain d a n ão se com p ren d e co m o o co n texto so cia l, em seu sen tid o m a is am p lo e em tod a su a com p lexid ad e, age sob re o s in d ivíd u o s p a ra m elh o ra r su a sa ú d e, q u er d izer, p ara p erm itir qu e a gen erosid ad e d a vid a p ossa se exp ressar o m ais p len am en te p ossível,

e, caso a d oen ça acon teça, p ossa cu rála (Can -gu ilh em , 1966). Dito d e o u tra fo rm a , sa b e-se p ou co sob re o q u e está op eran d o n o con texto social. Com efeito, se existem m u itos trab alh os sob re os h om en s e an im ais m ostran d o – qu an -d o se con trola p or i-d a-d e, sexo, h áb itos -d e vi-d a – q u e a p o siçã o so cia l, o tip o d e em p rego, o sen tim en to d e con trole afetam as fu n ções b io-lógicas, n ão se sab e, ao in verso, d e m an eira es-p ecífica e es-p recisa, q u e m od ificações d everiam ser feitas n o am b ien te social p ara q u e ele p ro-d u za o qu e é n ecessário à m elh oria ro-d e saú ro-d e ro-d a p op u lação.

O esqu em a d a Figu ra 2, in sp irad o p or Fren k et al. (1994), con stitu i u m a ten tativa d e exp lici-ta r o sen tid o d a s rela çõ es en tre o s d iferen tes fa to res q u e co n d icio n a m a sa ú d e d a p o p u la -ção, d e p recisar seu s n íveis d e ação e d efin ir as gran d es categorias d e riscos.

O con texto em n ível sistêm ico é estru tu ra-d o p elas relações q u e existem en tre, ra-d e u m la-d o, o am b ien te físico (con la-d ição la-d e h igien e, p

o-Fig ura 1

Co ntrib uição d as ciê ncias d a vid a e d as ciê ncias humanas ao e stud o d a saúd e .

Partículas Mo lé culas Cé lulas Te cid o s Ó rg ão s sub -mo le culare s

(g e ns)

Famílias Grup o s So cie d ad e s Humanid ad e Indivíduo

psico-social

Indivíduo biológico

Genética Biologia celular

Biologia molecular Pesquisa clínica

Patologia/ fisiologia

Epidemiologia

Psicologia Sociologia Ciências Políticas Economia Antropologia Ecologia

Demografia História Geografia CIÊN CIAS HUM AN AS

M odelos psico-sociais da doença e da saúde

v

v

M odelos biomédicos das doenças

(4)

lu ição, con d ições d e trab alh o, qu e estão n a origem d o s risco s a m b ien ta is, d o s risco s o cu p a cion ais e d a d ifu são d e tod o tip o d e agen tes p a -togên icos) e, p or ou tro lad o, o am b ien te social. Este ú ltim o é d efin id o, em u m a d ad a socied a -d e, em u m -d eterm in a-d o m om en to, p ela in terção en tre os valores ou a cu ltu ra d essa socied a-d e e su a s m o a-d a lia-d a a-d es a-d e o rga n iza çã o, isto é, su a estru tu ra econ ôm ica, su as in stitu ições p líticas e o n ível d e d esen volvim en to d a tecn o-logia. Trata-se d o con ju n to d e in stitu ições e d e

fen ôm en os qu e, d e u m a m an eira m u ito geral, é a o rigem d a p ro sp erid a d e d a so cied a d e. Eles estru tu ra m a o rga n iza çã o so cia l, o s m eca n is-m o s d e red istrib u içã o d a riq u eza e d efin eis-m a estru tu ra o cu p a cio n a l, o u seja , a o rga n iza çã o d a d ivisão d o trab alh o. Estas d im en sões sistêm ica s têsistêm u sistêm a in flu ên cia d ireta so b re o co n -ju n to d e o u tro s fa to res q u e a feta m a sa ú d e. Trata-se p rim eiram en te d as con d ições d e vid a qu e se m aterializam p elas con d ições d e acesso aos d iferen tes b en s e serviços con su m id os p

e-Fig ura 2

A saúd e e o s co nte xto s so ciais e amb ie ntais.

Cult ura, ideologia(Siste ma d o minante d e cre nças)

M odalidades de organização da sociedade (Instituiçõ e s p o líticas, e strutura e co nô mica, ciê ncia e te cno lo g ia)

Me canismo s d e re d istrib uição Níve l d e p ro sp e rid ad e

Estrutura o cup acio nal (d ivisão d o trab alho )

Hie rarq uia so cial (co ntro le d as d ife re nte s fo rmas d e cap itais)

Estado de saúde da população

Sist ema assist encial de saúde

Mo d alid ad e s d e o rg anização (financiame nto , re g ulação , ace sso ...)

O s re curso s e sua o rg anização

Utilização d e se rviço s p re ve ntivo s, d iag nó stico s, curativo s e p aliativo s Co mp o rtame nto

d o s Pro fissio nais

Co mp o rtame nto d o s p acie nte s

P o p u la ç ã

o Condições de vida (risco s so ciais)

Be ns e se rviço s p úb lico s (d ire ito s)

• Se rviço s d e saúd e • Ed ucação • Se g uro so cial

Be ns e se rviço s p rivad o s (me rcad o )

• alime ntação • mo rad ia • transp o rte

• o utro s b e ns d e co nsumo • trab alho

Capacidades funcionais dos indivíduos

Doenças dos indivíduos Re sp o stas

b io ló g icas, p sico ló g icas e co mp o rtame ntais ao s risco s, ao s

ag e nte s p ato g ê nico s e ao s cuid ad o s

assiste nciais F a m íl ia

Hábit os de vida (risco s co mp o rtame ntais)

Senso de coerência (risco s p sico ló g ico s)

Recursos Indivíduo biológico

Susce tib ilid ad e ind ivid ual

Co nd içõ e s d e Co nd içõ e s Co nd içõ e s • Co nd içõ e s trab alho (risco s d e mo rad ia d e transp o rte d e hig ie ne p úb lica

p ro fissio nais) • Urb anismo

Co nd içõ e s climáticas

Ambient e físico (Risco s amb ie ntais)

Influência genét ica (Risco s b io ló g ico s) Agent es pat ogênicos

b io ló g ico s, q uímico s e físico s

Indivíduo psico-social v v v v v v v v v v v v v v v v v v

v Estrutura e funcio name nto b io ló g ico d o co rp o

(5)

las fam ílias e in d ivíd u os (as d iferen ças d e acesso a d iferen tes b en s e ser viço s p riva d o s e p ú b licos e os efeitos d e seu con su m o sob re a saú -d e form am o con ju n to -d e riscos sociais). Com o segu n d a d im en sã o, h á o sistem a a ssisten cia l, cu jo efeito so b re a sa ú d e se m a teria liza p ela acessib ilid ad e e eficácia d os serviços p reven ti-vos, d iagn ósticos, cu rativos e p aliativos qu e ele oferece, qu er d izer, p or su a cap acid ad e em cu rar d oen ças e em m an ter ou au m en tar a com p etên cia fu n cion al d os in d ivíd u os e assim con -trib u ir p ara a saú d e d a p op u lação.

Pa ra q u e o co n ju n to d esses fa to res ten h a u m a in flu ên cia sobre a saú de, é p reciso qu e, de algu m a m an eira, eles atin jam os in divídu os qu e sã o sim u lta n ea m en te b io ló gico s e p sico sso -ciais. Pod e-se con ceb er esse con ju n to d e fatores com o se con stitu in d o em u m im en so cam -p o d e forças -p ositivas e n egativas (su -p orte so-cial, agen tes p atogên icos, alim en tação, stress) q u e se exerce sob re os in d ivíd u os e su as fam í-lia s. A in flu ên cia d essa s fo rça s so b re a sa ú d e d ep en d e d a resistên cia b io ló gica d a p esso a , q u e é largam en te d eterm in ad a p ela su a b agagem gen ética e su a id ad e, seu s com p ortam en -tos (h áb i-tos d e vid a), seu sen so d e coerên cia e p elos recu rsos q u e ela p od e m ob iliza r. As res-p o sta s a essa s fo rça s m a n ifesta m -se, seja res-p o r u m a d esregu larização d o sistem a b iológico, ou seja, p ela d oen ça, seja p ela m an u ten ção d o es-tad o d e saú d e.

A ap arição d a d oen ça m ob iliza os recu rsos d o sistem a d e cu id a d o s a ssisten cia is, e to d o u m ciclo d e u tilização d e serviços d e saú d e se in stau ra até q u e a p essoa recu p ere u m fu n cio-n am ecio-n to b iológico cio-n orm al ou ocorra o ób ito.

Essa d escriçã o esq u em á tica d a s rela çõ es en tre os con textos sociais e a saú d e p erm ite, à gu isa d e con clu são, d e fazer as ob servações se-gu in tes:

O sistem a assisten cial, qu e tem com o ob je-tivo p rin cip al a p reven ção, o d iagn óstico, o trata m en to e o s cu id a d o s p a lia tivo s d a s d iferen -tes d oen ças d os in d ivíd u os, ob ed ece a u m a lógica qu e é d itad a p elos con h ecim en tos existen -tes sob re o fu n cion am en to b iológico d o corp o. Ele é rela tiva m en te in d ep en d en te d o sistem a d e saú d e em seu sen tid o m ais am p lo e n ão p o-d e certam en te ser tio-d o com o o resp on sável p e-lo n ível d a saú d e d a p op u lação e d as d esigu al-d a al-d es al-d e sa ú al-d e en tre al-d iferen tes gru p o s al-d essa p op u lação.

A com p lexid ad e d as relações existen tes en -tre o con texto social e a saú de é tal, qu e é p reci-so u tilizar com m u ita p recau ção o con ceito d e d eterm in a n tes d a sa ú d e. Po d e-se leva r a crer q u e existe u m a fu n çã o d e p ro d u çã o d a sa ú d e q u e a p esq u isa p erm itiria d efin ir. Seria en tã o

p o ssível en co n tra r u m a co m b in a çã o ‘ó tim a’ d o s fa to res d eterm in a n tes d a sa ú d e e p ro p o r p o lítica s q u e d everia m o tim izá -la (Sto d d a rt, 1995). Isto é d ecla ra d a m en te n ã o só in gên u o, m a s ta m b ém p rofu n d a m en te p erigoso. Ha ve-ria o risco d e au m en tar a d esigu ald ad e d e aces-so ao sistem a assisten cial d e saú d e com o corte d as d esp esas p ú b licas d estin ad as ao setor sob o p retexto q u e ele n ã o co n tr ib u i p a ra a sa ú d e d a p o p u la çã o. Em n ã o se in vestin d o n o s p ro gram as q u e visem red u zir os riscos sociais cu -jo s efeito s so b re a sa ú d e n ã o p o d em se m a n festar qu e a lon go p razo e sob re os qu ais é m u i-to d ifícil in ter vir, h á co n seq ü en tem en te u m crescim en to d as d isp arid ad es en tre as d iferen -tes cam ad as d a p op u lação, o qu e, en tão, a m é-d io e lo n go p ra zo, a feta n ega tiva m en te su a saú d e.

A saú d e e a d oen ça são d u as en tid ad es q u e n ã o p o d em ser q u a n tita tiva m en te co m p a ra -veis. Há en tre estes d ois estad os u m a d iferen ça q u a lita tiva (Ca n gu ilh em , 1966), isto é, n ã o h á u n id ad e d e m ed id a q u e p erm ita ap reciar u m a em fu n çã o d a o u tra . Ela s estã o, n a so cied a d e, em u m a situ ação p arad oxal. Não se p od e esco-lh er u m a em d etrim en to d a o u tra . É p reciso en co n tra r m eio s p a ra sim u lta n ea m en te p ro -m over a saú d e e cu id ar d as d oen ças. A id éia d e q u e é p ossível a rb itra r en tre o tra ta m en to d a s d oen ças e a p rom oção d a saú d e d a p op u lação rep o u sa so b re u m p o stu la d o eco n ô m ico q u e d iz, em ú ltim a an álise, qu e é em fu n ção d os ga-n h o s d e b em -esta r d e ca d a iga-n d ivíd u o q u e é p reciso fazer as escolh as. Não ob stan te su a ele-ga n te sim p licid a d e, esse p o stu la d o n ã o tra z m u ito p rogresso ao d eb ate e ab re cam in h o p a-ra n ovas q u estões: Bem -estar d e q u em ? Med ir com o? Por q u em ? Na m ed id a em q u e, em n os-sa s so cied a d es, a os-sa ú d e e o tra ta m en to d a s d o en ça s sã o co n sid era d o s co m o d ireito s, so -m os ob rigad os a recon h ecer q u e cab e ao Esta-d o, con siEsta-d eran Esta-d o-se su a resp on sab iliEsta-d aEsta-d e, to-m ar u to-m a d ecisão eto-m fu n ção n ão to-m ais d as p re-ferên cia s d e ca d a in d ivíd u o, m a s leva n d o em con ta o b em coletivo. O con ceito d e b em -estar in d ivid u a l n ã o é en tã o d e gra n d e va lia , p o is o q u e está em ca u sa é a ca p a cid a d e d o Esta d o em im p la n ta r e fa zer fu n cio n a r d isp o sitivo s e q u it á ve is e e ficie n t e s d a d ist r ib u içã o d e re -cu rsos.

(6)

Referências

ANTONOVSKY, A., 1992. Care attitu d es con trib u te to

h ealth ?Advan ce,8:4.

CANGUILHEM, G., 1966. Le Norm al et le Path ologiqu e. Paris: P.U.F.

CONTANDRIOPOULOS, A. P. & POUVOURVILLE, G., 1991. En tre Libéralism e et Con stru ctivism e. La Rech erch e d ´Un e Troisièm e Voie. Ca h ier d u GRIS (N91-03). Mon tréal: Un iversité d e Mon tréal. DONABEDIAN, A., 1973. Asp ect s of M ed ica l Ca re

Ad m in istration. Ca m b rid ge: Ha rva rd Un iversity Press.

EVANS, R.; BARER, M. L. & MARMOR, T. R., 1996. Être ou n e Pas Etre en Bon n e San té. Paris: Joh n Lib b ey Eu rotexte.

FRENK, J.; BOBADILLA, J.; STERN, C.; FRETJKA, T. & LOCANO, R., 1994. Ele m e n ts fo r a th e o ry o f h ealth tran sition . In : Health an d Social Ch an ge in In tern ation al Perp esctive(L. C. Ch en , A. Kleim an & N. Ware, ed s.), p p. 25-49. Boston : Harvard Un i-versity Press.

GOLDBERG, M., 1982. Cet ob scu r ob jet d e l´ép id ém i-ologie. Scien ces Sociales et San té, 1:55-110. KRIEGER, N., 1994. Ep id e m io lo gy a n d th e we b o f

ca u sa tio n s: Ha s a n yo n e se e n th e sp id e r? Social Scien ce an d Medicin e, 39:887-903.

LA RECH ERCH E, 1995. La sa n té e t se s m é ta m o r-p h oses. La Rech erch e, Su r-p r-p lém en t 281:3-34. MARMOT, M. G., 1986. Social in equ alities in m

ortali-ty: th e social en viron n em en t. In : Class an d Health (R. G. Wilkin so n , ed .), p p . 21-33. Lo n d o n : Ta vis-tock Pú b lication s.

OCDE (Organ isation de Coop ération et de Dévelop p e-m e n t Éco n o e-m iq u e ), 1995. Logiciel Éco-San té. Paris: OCDE.

PINCUS, T.; CALLAHAN, L. F. & BURKHAUSER, R. V., 1987. Mo st ch ro n ic d ise a se s a re re p o rte d m o re frequ en tly by in d ivid u als with fewer th an 12 years o f fo rm a l e d u ca tio n in th e a ge 18-64 Un ite d Sta te s Po p u la tio n . Jou rn al of Ch ron ic Diseases, 40:865-874.

RUBERMAN, W.; WEINBLATT, E.; GOLDBERG, J. D. & CHAUDHARY, B. S., 1984. Psych osocial in flu en ces o n m o rta lity a fte r m yo ca rd ia l in fa rctio n . N ew En glan d Jou rn al of Medicin e, 311:552-559. STODDART, G., 1995. Th e ch a llen ge o f p ro d u cin g

h ealth in m odern econ om ics. Worksh op on Health Econ om ics. Paris: In stitu t Nation al d e Statistiqu es et d’Etu des Econ om iqu es.

Imagem

Fig ura 1
Fig ura 2

Referências

Documentos relacionados

Callithrix penicillata (Primates: Callitrichidae) Following the Army Ant Labidus praedator (Formicidae: Ecitoninae) in the Cerrado and the Atlantic Forest, Brazil. Army ants in

In tern ation al Eth ics Gu id elin es for Biom ed ical Research In volvin g Hu m an Su bjects. A Th eory of

In : Tow ard a Psych ology of Situ ation s: An In teraction al Persp ective (D.. Writin gs for a Liberation

Bla s- tocystis in an im al h an

Rio d e Jan eiro: Ma- cro In tern ation al.. Boston : Un

An In tern a- tion al association b etween Helicobacter p ylori in - fection an d gastric can cer... Stom ach can cer am on g jap an ese in

XIV In - tern ation al Lep rosy Con gress... El es- tigm a en la rep resen tación social d e la

¦ΠåεòρéιåεøχÞόµåεîνáα åεîνÞόôτèηôτáα÷ς £Θ¢Δ∆ 54: ¼ΦùυóσéιïοìλïοçγÝίáα ùυäδáαôτïοåεéιäδïοàύ÷ς ùυçγòρïοàύ ¦ΠáαõθïοæφùυóσéιïοìλïοçγÝίáα ËΥËΥ £Θ¢Δ∆ 55: ¦ΠáαõθïοæφùυóσéιïοìλïοçγÝίáα

Παιδιατρική Ι • Τα ουδετερόφιλα βρίσκονται σε διάφορα διαμερίσματα: – μυελός οστών storage pool, mitotic pool, maturation pool – περιφέρεια- κυκλοφορία marginated pool-συγκόλληση στο

Ή παραμόρφωση της γλώσσας, το &γχος τ-Υjς πολιτικης, είναι τόσο μεγάλα πού ολες οι έκl>ηλώσεις τών άνθρώπων κολυμπiiνε μέσα σέ μιά παράξενη μεγαλοστομία φτιαγμένη άπο έκφράσεις

Фішера зарахували на кафедру фольк­ лору й етнографії 1 жовтня 1939 року, відразу після її створення затвердили на посаді про­ фесора 11 січня 1940 р., тобто він фактично автоматично

Важливо відзначити, що Д.Раггі наголошував на тому, що мультилатералізм базується на принципах, які відрізняють його від інших форм міжнародних відносин, наприклад, білатералізму та

Instead, the available evidence strongly supports the idea that a notable extension of coverage provided by the Chilean health ser- vices, especially primary