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Braz. j. . vol.81 número1

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Academic year: 2018

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© 2015 Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial. Publicado por Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados. Braz J Otorhinolaryngol. 2015;81(1):4-5

www.bjorl.org.br

OTORHINOLARYNGOLOGY

Brazilian Journal of

EDITORIAL

Vestibular disorders in the elderly

Vestibulopatias em idosos

A incidência e a prevalência dos vários tipos de tontura e desequilíbrio corporal que afetam ambos os gêneros na ter-ceira idade são altas, sendo maiores ainda em idosos longe-vos. O equilíbrio corporal depende de muitos fatores e, especialmente, do funcionamento adequado de estruturas sensoriais vestibulares, visuais e somatossensoriais, força muscular, mobilidade de articulações e cognição. As estru-turas sensoriais podem ser comprometidas por doenças co-muns no envelhecimento, como distúrbios cardiovasculares, metabólicos, psicológicos e do sistema nervoso central; re-tinopatia e/ou neuropatia diabéticas, cataratas, degenera-ção macular; e pela própria senilidade do sistema vestibular periférico e central. A tão comum automedicação, a multi-medicação e a vida sedentária podem ser fatores agravantes

ou causais signiicantes.

Vertigem, sensações de instabilidade ou desequilíbrio cor-poral (com ou sem impressão de queda iminente), cabeça

leve ou pesada, lutuação e pré-síncope/síncope são tipos

habituais de tontura na senilidade, ocorrendo isoladamente

ou em associação. A deinição de vertigem, antes apanágio

exclusivo da tontura de tipo rotatório, foi expandida recen-temente para incluir qualquer tontura correlacionada com movimento do paciente ou dos objetos no ambiente, mes-mo que estes não se mes-movam. Quedas correlacionadas com tontura são frequentes, podendo resultar em sérias conse-quências, como repetidas contusões e a temida fratura de quadril. A qualidade de vida do idoso vestibulopata é muito prejudicada pela tontura, e as limitações funcionais impostas pelo sintoma geralmente redundam em agravos

fí-sicos e psíquicos signiicativos, além da incapacidade em

maior ou menor grau para desempenhar as atividades coti-dianas e laborais.

Vertigem aguda constante ou posicional e vertigem crôni-ca podem decorrer tanto de vestibulopatias periféricrôni-cas como centrais. No idoso, as vestibulopatias periféricas são

DOI se refere ao artigo: http://dx.doi.org/10.1016/j.bjorl.2014.11.001

Como citar este artigo: Ganança MM. Vestibular disorders in the elderly. Braz J Otorhinolaryngol. 2015;81:4-5.

muito mais comuns do que as centrais. Além das origens otológica e neurológica, é preciso considerar, também, que a tontura é frequentemente resultante de distúrbios meta-bólicos, como hipoglicemia, hiperglicemia, hiperinsulinismo e hipotireoidismo, ou de afecções cardiovasculares, incluin-do hipertensão e hipotensão arterial, entre outros possíveis fatores causadores em diferentes partes do corpo humano. Por sua vez, a vertigem de origem psicogênica não é rara e pode ser de difícil diagnóstico, pois a própria tontura, devi-do à insegurança física decorrente, pode ocasionar ansieda-de, depressão e pânico secundários.

Vestibulopatias periféricas prevalentes na terceira idade são: vertigem posicional paroxística benigna autolimitante, recorrente ou persistente; doença ou síndrome de Menière; neurite vestibular, acometendo nervo vestibular superior ou

inferior, labirintopatias metabólicas; hiporrelexia ou arre

-lexia vestibular bilateral idiopática; e tontura postural per -ceptual persistente (nova denominação para a tontura crônica subjetiva). A disfunção proprioceptiva em síndromes cervicais de diferentes etiologias também pode ser fonte de tontura e desequilíbrio. Cada uma destas afecções tem suas características clínicas e peculiaridades terapêuticas. A ver-tigem e outros tipos de tontura podem estar presentes em diversas moléstias do sistema nervoso central, como, por exemplo, migrânea e seus equivalentes, acidentes vascula-res encefálicos, tumovascula-res e outras síndromes de tronco cere-bral ou cerebelo e doença de Parkinson.

Além da otorrinolaringologia, diversas áreas assistenciais podem ser envolvidas no diagnóstico e tratamento da tontu-ra e desequilíbrio corpotontu-ral do idoso, como: clínica getontu-ral, geriatria, neurologia, cardiologia, oftalmologia, psiquiatria,

isiatria, isioterapia, fonoaudiologia, pronto atendimento

hospitalar, entre outras. A necessidade de diagnóstico dife-rencial entre as condições geradoras de tontura deve sem-pre merecer atenção especial do otorrinolaringologista na rotina clínica.

Vários são os recursos diagnósticos disponíveis em nosso meio para a avaliação otoneurológica, tais como: testes

ves-tibulares ao pé da cama; eletronistagmograia, vectoeletro

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miogênico vestibular (VEMP ocular e cervical); videoteste do impulso cefálico (que complementa os achados da prova

calórica e do VEMP ocular e cervical); posturograias estáti -ca e dinâmi-ca; e potencial auditivo de tronco encefálico (PEATE). Estes procedimentos podem ser úteis para comple-mentar as informações fundamentais extraídas da anamne-se, exame otorrinolaringológico, exame físico, audiometria tonal liminar/vocal e imitanciometria.

O passo seguinte é escolher a terapia vestibular adequada ao idoso na fase aguda ou crônica da vestibulopatia,

poden-do incluir: reabilitação vestibular supervisionada; isiotera -pia; medicação antivertiginosa e/ou antiemética eventual e criteriosa, com o devido cuidado para não prejudicar a com-pensação vestibular; orientação nutricional para corrigir er-ros alimentares e outer-ros possíveis fatores agravantes, além

de orientações gerais e especíicas para evitar fatores de

risco de queda. Diferentes tipos de procedimentos invasivos

podem ser realizados em condições especíicas ou no trata -mento de determinados quadros clínicos resistentes à tera-pêutica conservadora.

Reabilitação vestibular e isioterapia, frequentemente as -sociadas, constituem procedimentos de primeira escolha no tratamento da maioria dos casos. É importante, também, procurar o controle de todas as comorbidades subjacentes

que possam inluir nocivamente sobre a disfunção vestibu -lar. Psicoterapia pode ser necessária, especialmente quando ansiedade, depressão e pânico despontam como sintomas

relevantes, muitas vezes sem justiicativa aparente à ava -liação funcional do sistema vestibular. A persistência dos

sintomas psicológicos pode diicultar ou impedir a resposta

favorável à terapêutica otoneurológica.

Considerando que as causas otológicas prevalecem sobre as demais etiologias, a participação do otorrinolaringologista

na avaliação do paciente idoso com qualquer tipo de tontura e/ou desequilíbrio e no manejo terapêutico dos diferentes distúrbios do equilíbrio corporal deve ser realçada.

Atitudes periódicas para esclarecimento da população ge-riátrica, à semelhança da Campanha Nacional de Prevenção a Quedas na Terceira Idade, patrocinada há alguns anos pela Sociedade Brasileira de Otologia, com o apoio da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia (ABORL-CCF), orientam sobre os distúrbios do equilíbrio corporal, como manter a segurança nas escadas, banheiro, cozinha e quarto da resi-dência, uso de calçados apropriados, como proceder fora do ambiente doméstico etc. Políticas públicas universais procu-ram privilegiar ações que visam o bem-estar do idoso. Nesse sentido, estaremos fazendo a nossa parte ao cuidar devida-mente dos pacientes com idade avançada que apresentam disfunção vestibular.

Conlitos de interesse

O autor declara não haver conlitos de interesse.

Mauricio Malavasi Ganança

Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil

Referências

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