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Possibilidade de o segurado auferir prestação previdenciária decorrente da manutenção da qualidade de segurado por gozo do benefício de auxílio-acidente no regime geral de previdência social

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FRANCIELE BARCELOS BALDUINO

POSSIBILIDADE DE O SEGURADO AUFERIR PRESTAÇÃO PREVIDENCIÁRIA DECORRENTE DA MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO POR GOZO

DO BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-ACIDENTE NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

Tubarão 2015

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FRANCIELE BARCELOS BADUINO

POSSIBILIDADE DE O SEGURADO AUFERIR PRESTAÇÃO PREVIDENCIÁRIA DECORRENTE DA MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO POR GOZO

DO BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-ACIDENTE NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

Monografia apresentada ao Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Direito.

Linha de pesquisa: Justiça e Sociedade.

Orientador: Prof. Alírio Schmitt, Esp.

Tubarão 2015

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Aos meus pais, Maria de Lourdes e Francemar, e ao meu irmão, Yuri, que sempre presentes nesta trajetória, jamais mediram esforços para que fosse possível chegar até aqui!

Ao meu amor, Leandro, por compartilhar dos meus anseios, pelo estímulo e por fazer-me sempre lembrar que cada obstáculo superado representa um degrau a menos para a concretização dos meus sonhos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, a Quem recorro nos momentos de maior turbulência, à busca de conforto e serenidade, Àquele que nunca me desamparou.

Aos meus pais, por toda a disposição e esforço no decorrer desses anos de estudo, e muito mais pelo incentivo e alegria de todos os dias.

Ao meu irmão, por estar sempre presente com seu alto astral, oferecendo suporte nos momentos em que mais necessito. Amo muito você!

Ao meu namorado, por sempre reiterar que as limitações e os obstáculos presentes nessa caminhada de conquista dos nossos ideais são, na maioria das vezes, impostos por nós.

Ao meu orientador, Alírio Schmitt, presente em todo o desenvolvimento da presente pesquisa, por todos os momentos dispensados não apenas envolto desse trabalho com leitura, discussão e explanações, como também pela paciência, perseverança e pelo conhecimento agregado, sem o qual não teria sido possível a conclusão deste trabalho.

A todos os servidores e magistrados da 2ª Vara Federal de Tubarão, por estarem sempre dispostos a auxiliar no aprimoramento deste trabalho, apesar da conturbada rotina, e, principalmente, pelo aprendizado contínuo no decorrer desses dois anos de convivência. Agradeço imensamente a Georgea e ao Paulo, que prontamente se dispuseram a contribuir para o aperfeiçoamento dessa pesquisa.

A todos os amigos e colegas que fazem parte desta trajetória e que, de algum modo, contribuíram para que o presente estudo fosse concluído.

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“Viver é isso: ficar se equilibrando o tempo todo, entre escolhas e consequências.” (Jean-Paul Sartre)

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RESUMO

No presente estudo, abordam-se os efeitos decorrentes da manutenção da qualidade de segurado em razão do gozo do auxílio-acidente. O objetivo geral é analisar a possibilidade de o segurado auferir prestação previdenciária decorrente da manutenção da qualidade de segurado por gozo do benefício de auxílio-acidente no Regime Geral de Previdência Social. Foi utilizado o método de abordagem dedutivo e a pesquisa bibliográfica, sendo a pesquisa, quanto ao nível de profundidade, exploratória. Partiu-se da análise acerca da possibilidade da manutenção da qualidade de segurado por gozo do auxílio-acidente, com o apontamento dos efeitos decorrentes do reconhecimento dessa condição no Regime Geral de Previdência Social. Trabalhou-se acerca da possibilidade do cômputo do período em gozo do auxílio-acidente como carência e tempo de contribuição. Após, apresentou-se as divergências legislativas, bem como os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais acerca dos efeitos da manutenção da qualidade de segurado do beneficiário de auxílio-acidente, com a verificação se referido segurado poderia auferir outra prestação previdenciária nesta condição. Do estudo, constatou-se que há uma tendência jurisprudencial em possibilitar o cômputo do período em fruição do auxílio-acidente como carência, bem como tempo de contribuição, desde que verificadas as exigências legais. Com base nos resultados, conclui-se que, apesar da natureza indenizatória do benefício em comento, há que ser considerado que seu beneficiário manterá a qualidade de segurado durante sua fruição, ante a inexistência de vedação legal, possibilitando, por consequência, o cômputo do aludido lapso temporal como carência e tempo de contribuição.

Palavras-chave: Seguridade social. Previdência social. Benefícios previdenciários. Indenização por acidentes.

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ABSTRACT

In the present study, we are addressing the effects of the maintenance of an insured due to the enjoyment of the allowance accident. The overall objective is to analyze the possibility of the insured assess pension provision resulting from the maintenance of an insured for enjoyment of the benefit of aid-accident in the General Social Security System. It used the deductive method of approach and the literature, research being the level of depth, exploratory. It started from the analysis of the possibility of maintaining quality insured by enjoyment of the aid-accident, with the appointment of the effects of the recognition of this condition in the General Social Security System. He worked up about the possibility of calculating the period of enjoyment of the aid-accident as lack of time and contribution. After, he performed legislative differences, as well as the doctrinal and jurisprudential understanding about the effects of maintaining the quality of the insured's beneficiary for state crash, checking referred insured could assess other social security benefit in this condition. From the study, it was found that there is a jurisprudential trend in enabling the calculation of the period in enjoyment of the aid-accident as grace and contribution, provided that the legal requirements checked. Based on the results, it is concluded that despite the compensatory nature of the benefit in comment, it should be considered that your beneficiary will maintain the quality insured for their enjoyment, given the lack of legal prohibition, allowing, therefore, the calculation of alluded temporal lapse as lack of time and contribution.

Keywords: Social Security. Social Welfare. Social security benefits. Compensation for accidents.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 10

1.1 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA ... 10

1.2 JUSTIFICATIVA ... 11 1.3 OBJETIVOS ... 12 1.3.1 Objetivo geral ... 12 1.3.2 Objetivos específicos ... 13 1.4 CONCEITOS OPERACIONAIS ... 13 1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 13

1.6 DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: ESTRUTURA DOS CAPÍTULOS ... 14

2 SEGURIDADE SOCIAL ... 16 2.1 HISTÓRICO ... 16 2.1.1 Saúde ... 18 2.1.2 Assistência social ... 19 2.1.3 Previdência Social ... 21 2.1.3.1 Beneficiários ... 24 2.1.3.1.1 Segurado obrigatório... 25 2.1.3.1.2 Segurado facultativo ... 27 2.1.3.1.3 Dependentes ... 29 2.1.3.2 Qualidade de segurado ... 30 2.2 PRESTAÇÕES PREVIDENCIÁRIAS ... 33 2.3 PRINCÍPIOS ... 34

2.3.1 Princípio da solidariedade social ... 35

2.3.2 Princípio da obrigatoriedade... 36

2.3.3 Princípio da precedência do custeio ... 36

2.3.4 Princípio do equilíbrio econômico ... 37

2.3.5 Principio da legalidade... 37

3 AUXÍLIO-ACIDENTE ... 39

3.1.1 Conceito ... 39

3.1.2 Requisitos concessórios do auxílio-acidente ... 41

3.1.3 Da atividade habitual e do sinistro que autoriza a sua concessão ... 44

3.1.4 Das questões que envolvem a vitaliciedade do auxílio-acidente ... 44

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3.1.6 Natureza jurídica da indenização acidentária previdenciária ... 47

3.1.7 Dos sujeitos ativos da prestação ... 49

3.1.8 Do requisito carência e da preexistência da lesão sequelar ... 50

3.1.9 Data de início do benefício ... 51

3.1.10 Do cálculo do salário-de-benefício e da renda mensal inicial ... 52

3.1.11 Da possibilidade de suspensão e cessação do benefício ... 53

3.1.12 Da acumulação do auxílio-acidente com outras prestações previdenciárias ... 54

4 DOS EFEITOS DECORRENTES DO GOZO DO AUXÍLIO-ACIDENTE ... 56

4.1 DA MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO ... 56

4.2 DO GOZO DO AUXÍLIO-ACIDENTE E SEU CÔMPUTO COMO CARÊNCIA ... 60

4.3 DO GOZO DO AUXÍLIO-ACIDENTE E SEU CÔMPUTO COMO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO ... 65

4.4 DA ANÁLISE PRINCIPIOLÓGICA ... 69

5 CONCLUSÃO ... 73

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1 INTRODUÇÃO

A presente pesquisa tem como tema a análise dos efeitos decorrentes da manutenção da qualidade de segurado por gozo do auxílio-acidente.

1.1 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA

A seguridade social abrange a previdência social, a saúde e a assistência social. Para o desenvolvimento do presente estudo, é importante destacar que previdência social se caracteriza por ser contributiva, universal e seletiva. As prestações previdenciárias contemplam os benefícios e serviços previstos na Lei 8.213/91.

As prestações previdenciárias nascem quando do acontecimento do sinistro acobertado pelo Regime Geral de Previdência Social e do preenchimento dos demais requisitos. Os benefícios previdenciários assumem a característica de substituir a renda do segurado por serem concedidos, via de regra, quando este não se encontra em condições de exercer sua atividade e, por consequência, de auferir o necessário para sua subsistência. Assim, estando em gozo de benefício previdenciário, „presume-se‟ que o segurado não esteja apto, momentânea ou definitivamente, à realização de atividade laboral.

O benefício de auxílio-acidente é uma das prestações previstas no âmbito da previdência social, sendo um benefício previdenciário de natureza indenizatória por expressa disposição legal, consoante o disposto no art. 86 da Lei 8.213/91. Desse modo, distingue-se dos demais benefícios previstos no referido dispositivo legal, os quais objetivam a substituição dos ganhos habituais do trabalhador que deixa de exercer suas atividades (SANTOS, 2009, p. 191).

Destarte, em sentido oposto ao anteriormente apresentado, o segurado, quando em gozo do benefício de auxílio-acidente, não encontra impedimentos para continuar a exercer sua atividade laboral, eis que referido benefício constitui indenização em virtude da redução da capacidade laboral e não de sua impossibilidade.

É conferida a qualidade de segurado da previdência social àquele que promove sua inscrição e filiação ao Regime Geral de Previdência Social, efetuando as contribuições referentes à atividade exercida, mantendo a qualidade de segurado durante este período, bem como durante a percepção de benefício previdenciário ou, após, no período de graça.

A Lei nº 8.213 de 24 de julho de 1991, que regulamenta sobre os planos de benefícios previdenciários, apresenta, em seu artigo 15, as situações em que o segurado

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mantém a qualidade de segurado, mesmo sem efetuar contribuições à previdência social, preconizando no inciso I do aludido dispositivo legal que “mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício”.

Assim, em princípio, ao segurado em gozo de auxílio-acidente seria aplicável o disposto no inciso I do artigo 15 do dispositivo legal supramencionado, mantendo a qualidade de segurado por tempo indeterminado, ou seja, enquanto estiver recebendo aludido benefício. Entretanto, a administração (Instituto Nacional do Seguro Social) entende que a percepção de auxílio-acidente não enseja a manutenção da qualidade de segurado.

Com o indeferimento administrativo, é possível pleitear judicialmente tal reconhecimento, situação em que poderá ser aplicada uma das duas correntes existentes. A primeira, no sentido de que, como não há restrição legal, não cabe ao intérprete restringir o direito ao reconhecimento da manutenção da qualidade de segurado no presente caso.

A segunda corrente expõe que, como o benefício de auxílio-acidente é de natureza indenizatória, diferentemente dos demais benefícios, que substituem a renda do segurado, para o beneficiário de auxílio-acidente manter sua qualidade de segurado seria necessário seu retorno à atividade antes exercida ou sua filiação na condição de segurado facultativo, uma vez que a percepção do referido benefício não constitui impedimento ao exercício da atividade laboral.

Em virtude do reconhecimento da manutenção da qualidade de segurado do beneficiário de auxílio-acidente, decorrem diversos efeitos, dentre eles a possibilidade ou não do cômputo do referido período de fruição como carência e tempo de contribuição, viabilizando a percepção dos demais benefícios no âmbito previdenciário.

Dessa feita, considerando a natureza indenizatória do benefício de auxílio-acidente, surgem controvérsias, no âmbito administrativo, doutrinário e jurisprudencial, acerca das questões acima suscitadas.

Diante do exposto, apresenta-se o seguinte problema de pesquisa: é possível o segurado auferir prestação previdenciária decorrente da manutenção da qualidade de segurado por gozo do benefício de auxílio-acidente no Regime Geral de Previdência Social?

1.2 JUSTIFICATIVA

A escolha do presente tema ocorreu em virtude da problemática que envolve a possibilidade de o segurado auferir prestação previdenciária decorrente da manutenção da

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qualidade de segurado por gozo do benefício de auxílio-acidente no Regime Geral de Previdência Social.

As prestações previdenciárias são direitos subjetivos do segurado e seus dependentes quando do acontecimento do fato gerador acobertado pela previdência social.

Quando do requerimento administrativo de prestação previdenciária sob a alegação de manutenção da qualidade de segurado em razão do gozo do benefício de auxílio-acidente, tal pretensão resta indeferida. Com o indeferimento administrativo, é possível o ingresso de demanda judicial a fim de ver reconhecido o direito à referida prestação. Contudo, doutrina e jurisprudência divergem em relação à possibilidade de concessão da prestação previdenciária ao segurado e seus dependentes.

Assim, este estudo justifica-se em razão da divergência existente acerca do tema. Além disso, considerando que a aceitação de um ou de outro entendimento acarretaria na possibilidade ou na impossibilidade de concessão das prestações previdenciárias no período de gozo do benefício de auxílio-acidente, o presente tema possui relevância, tanto jurídica, como social.

Destarte, a pesquisa contribuirá de forma significativa para elucidação das divergências existentes no atual panorama jurídico acerca do tema em questão, proporcionando, desse modo, condições de avaliar as consequências práticas em relação à situação do segurado e seus dependentes, sendo possível vislumbrar os possíveis benefícios e prejuízos quando da adoção de uma das teses apresentadas.

Diante do exposto, torna-se fundamental o estudo em questão com intuito de analisar as razões da doutrina e jurisprudência acerca da possibilidade de o segurado auferir prestação previdenciária decorrente da manutenção da qualidade de segurado por gozo do benefício de auxílio-acidente no Regime Geral de Previdência Social, uma vez que repercute diretamente na vida dos segurados e de seus dependentes.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

Analisar a possibilidade de o segurado auferir prestação previdenciária decorrente da manutenção da qualidade de segurado por gozo do benefício de auxílio-acidente no Regime Geral de Previdência Social.

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1.3.2 Objetivos específicos

Sintetizar as principais alterações legislativas referentes ao benefício de auxílio-acidente.

Comparar a natureza do benefício de auxílio-acidente em relação aos demais benefícios da previdência social.

Analisar os princípios aplicáveis ao tema.

Identificar as divergências doutrinárias em relação ao tema abordado.

Ilustrar as consequências, no plano previdenciário, quando da adoção da tese de que é possível ao segurado em gozo de auxílio-acidente auferir prestação previdenciária.

1.4 CONCEITOS OPERACIONAIS

No trabalho em questão torna-se necessária a conceituação do seguinte termo:

Manutenção da qualidade de segurado: o segurado do Regime Geral de

Previdência Social, enquanto estiver exercendo atividade remunerada ou vertendo contribuições para o sistema, manterá sua qualidade de segurado. Além disso, em decorrência da natureza protetiva do sistema previdenciário, considerando que, na maioria das vezes, o segurado encontra-se sem exercer atividade em razão de circunstâncias como incapacidade e desemprego, a Lei 8.213/91 prevê, no artigo 15, determinado lapso temporal, no qual o segurado mantém esta condição, com cobertura plena, mesmo após a interrupção da atividade remunerada e sem contribuição (IBRAHIM, 2012, p. 543).

1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente estudo será elaborado, quanto à abordagem, tendo por base o método dedutivo, uma vez que parte de “argumentos gerais para argumentos particulares” (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2009, p. 65).

O método de procedimento a ser utilizado na pesquisa será o monográfico, pois consistirá em um “estudo minucioso e contextualizado” do tema abordado (LEONEL; MOTTA, 2007, p. 74).

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A pesquisa, quanto ao nível de profundidade, pode ser classificada como exploratória, tendo em vista que “têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições” (GIL, 2002, p. 41).

No que tange à abordagem, a pesquisa será qualitativa, pois, conforme Leonel e Motta (2007, p. 111), “apresenta as questões de pesquisa, procura estabelecer estratégias, no âmbito da pesquisa exploratória, para poder sistematizar as ideias e, assim, construir suas categorias de análise”. Assim, a presente pesquisa analisará as publicações acerca do tema abordado, a fim de que seja possível verificar as implicâncias práticas da manutenção da qualidade de segurado por do gozo do benefício de auxílio-acidente.

Considerando que o presente estudo terá por base o conteúdo de artigos científicos, doutrinas, periódicos, meios eletrônicos, dissertações, quanto ao procedimento utilizado na coleta de dados, a pesquisa será bibliográfica. Assim, conforme Leonel e Motta (2007, p. 112), a pesquisa bibliográfica “é aquela que se desenvolve tentando explicar problema a partir das teorias publicadas em diversos tipos de fontes”.

A obtenção dos dados para elaboração da pesquisa ocorrerá por meio da documentação bibliográfica existente acerca do tema, o que implica na leitura e tomada de apontamentos, para registro das informações através das fichas de leitura que, segundo Leonel e Motta (2007, p. 159), podem “se tornar um instrumento útil no momento da recuperação de uma informação”.

1.6 DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: ESTRUTURA DOS CAPÍTULOS

A pesquisa foi estruturada em quatro capítulos, sendo o presente capítulo o primeiro deles, de conteúdo introdutório, fazendo-se necessário para apresentar o tema de estudo escolhido, os objetivos traçados, as justificativas, a orientação metodológica e a sua estrutura.

No segundo capítulo serão apresentados os aspectos gerais acerca da seguridade social, aprofundando-se, principalmente, em relação à previdência social, expondo seus fundamentos e princípios norteadores. Além disso, no referido capítulo, serão também apresentados os principais aspectos acerca da qualidade de segurado.

Por sua vez, o terceiro capítulo tratará do benefício de auxílio-acidente, apontando à evolução histórica dessa prestação, a fim de mostrar sua natureza jurídica, a qual justifica a realização desta pesquisa. Ademais, serão apresentadas as principais características e requisitos concessivos dessa espécie.

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Em seguida, no quarto capítulo, passa-se ao estudo específico da possibilidade de manutenção da qualidade de segurado em virtude do gozo de auxílio-acidente. Por conseguinte, serão apresentados os efeitos decorrentes da fruição de auxílio-acidente, bem como se tal período poderá ser computado como carência e tempo de contribuição.

Por fim, na conclusão, serão apresentadas as considerações que contemplam o resultado do presente estudo.

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2 SEGURIDADE SOCIAL

Nesta abordagem, para o desenvolvimento, delimitação e entendimento do objeto de estudo do presente trabalho, faz-se necessário tecer algumas considerações acerca do contexto em que está inserido o benefício de auxílio-acidente. Assim, será apresentado um breve histórico da seguridade social, analisando-se os segmentos que a compõem, bem como seus princípios norteadores.

2.1 HISTÓRICO

A seguridade social abrange um conjunto integrado de ações com o intuito de assegurar os direitos relativos à saúde, à assistência social e à previdência. Essas ações podem ser de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, conforme o disposto no artigo 194, caput, da Constituição Federal de 1988:

Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social (BRASIL, 1988).

A instituição da seguridade social decorre do fato de o homem ter percebido sua impotência diante dos encargos produzidos pelos riscos sociais, mesmo com a proteção do núcleo familiar (DUARTE, 2007, p. 23).

As primeiras normas editadas relacionadas à seguridade social, consoante os ensinamentos de Kertzman (2013, p. 47), possuíam caráter eminentemente assistencial. Assim, em 1601, na Inglaterra, foi editada a Lei dos Pobres (Poor Relief Act). Referida lei instituiu auxílios e socorros públicos aos necessitados.

Por sua vez, Otto Von Bismarck, em 1883, editou, na Alemanha, o primeiro ordenamento legal sob a ótica previdenciária, instituindo o seguro-doença. Em 1884, os acidentes de trabalhos passaram a ter cobertura compulsória e, em 1889, foi criado o seguro de invalidez e velhice. Dessa maneira, o Estado passou a ser o responsável, pela primeira vez, pela organização e gestão de um benefício em que as contribuições eram recolhidas compulsoriamente das empresas (KERTZMAN, 2013, p. 47).

Após a edição das leis supramencionadas, outros países da Europa editaram suas primeiras leis de proteção social, sendo que a primeira Constituição que incluiu o tema previdenciário foi a do México, em 1917 (KERTZMAN, 2013, p. 47).

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As formas de montepio, no Brasil, caracterizam as manifestações mais antigas de assistência (DUARTE, 2007, p. 24). Assim, segundo Kertzman (2013, p. 48), com caráter mutualista, em 1835, foi criada a primeira entidade de previdência privada no país, o Montepio Geral dos Servidores do Estado (Mongeral).

O marco da previdência social brasileira, assim considerado pela doutrina majoritária, foi a publicação da Lei Eloy Chaves, Decreto-Legislativo 4.682, de 24 de janeiro de 1923, que instituiu as Caixas de Aposentadorias e Pensão – CAP‟s. Tal previsão legislativa era aplicada aos empregados das empresas ferroviárias, por meio da contribuição dos empregadores, dos trabalhadores e do Estado, o que assegurava aposentadoria aos empregados e pensão aos seus dependentes (KERTZMAN, 2013, p. 49).

Nas palavras de Tsutiya (2008, p. 10), a formação de institutos de aposentadorias e pensões por categoria profissional gerou uma grande quantidade de normas, criando a necessidade de unificar os sistemas. Essa unificação ocorreu com a edição da Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), por meio da Lei 3.807, de 26 de agosto de 1960, regulamentada pelo Decreto 49.959-A, de 27 de setembro de 1960.

Destarte, para gerenciar a unificação do sistema foi preciso criar um órgão, o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), instituído pelo Decreto 72, de 21 de novembro de 1966. Em razão da demanda desse sistema, considerando que, a partir da unificação, passou a contemplar boa parcela da população brasileira, criou-se o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS), pela Lei 6.439, de 1 de julho de 1977 (TSUTIYA, 2008, p. 11).

O SINPAS, segundo Tsutiya (2008, p. 11), tinha por escopo a integração das atividades da previdência social, da assistência social, de assistência médica e de gestão administrativa, patrimonial e financeira, entre as entidades vinculadas ao Ministério da Previdência e Assistência Social.

Com a promulgação da Constituição Federal de 1988 foi introduzido um novo sistema, denominado de seguridade social, composto pela saúde, assistência social e previdência social. A seguridade social possui previsão legal nos artigos 194 a 204 da Constituição Federal de 1988, criando-se, desse modo, o Regime Geral de Previdência Social. (TSUTIYA, 2008, p. 11)

Portanto, denota-se que a instituição da seguridade social, com o advento da Constituição Federal, constitui marca evidente do Estado de bem-estar social, criado pelo constituinte de 1988 (IBRAHIM, 2012, p. 61).

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Por fim, atualmente, temos a seguridade social alicerçada num tripé (saúde, assistência e previdência social), o qual será analisado nos próximos tópicos, organizada e administrada pelo executivo federal, inclusive, com ministérios individualizados, buscando dar efetividade ao artigo 3º da Constituição Federal de 1988.

2.1.1 Saúde

A saúde é um direito de todos e dever do Estado que encontra respaldo nos artigos 196 a 200 da Constituição Federal:

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1988).

Sendo assim, conforme Tsutiya (2008, p. 25), a saúde é um direito subjetivo público, eis que o Estado, independentemente de contribuição, tem o dever de prestá-la, inserindo-se no contexto dos direitos fundamentais, a fim de cumprir o princípio da dignidade da pessoa humana.

Além disso, a saúde é segmento autônomo da seguridade social, com organização distinta. Como não possui qualquer restrição quanto ao público protegido, uma vez que qualquer pessoa tem direito ao atendimento fornecido pelo Estado, e que não há necessidade de comprovação de contribuição, a saúde possui o escopo mais amplo de todos os ramos protetivos (IBRAHIM, 2012, p.8).

Acerca do tema, Santos (2012, p. 89) aduz que o direito a saúde, nos termos do artigo 196 da Constituição Federal, atende ao princípio da universalidade, seja da cobertura, seja do atendimento.

Em virtude de constituir um dos serviços públicos mais importantes, as ações e serviços de saúde são regulamentados, fiscalizados e controlados pelo poder público (TSUTIYA, 2008, p. 25).

Assim, para Tsutiya (2008, p. 26), “as ações de serviços de Saúde são de responsabilidade do Ministério da Saúde, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), que deverá cumprir” as diretrizes estabelecidas no artigo 198 da Constituição Federal.

O financiamento do Sistema Único de Saúde ocorrerá, conforme preconiza o artigo 195 da Constituição Federal, com recursos provenientes do orçamento da seguridade

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social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes, nos termos do artigo 198, §1º, da Constituição Federal.

Entretanto, não cumpre apenas ao Estado garantir o direito à saúde, tendo em vista que tal responsabilidade também é da família, das pessoas, da sociedade e das empresas, consoante o disposto no artigo 2º da Lei n. 8.080/90:

Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.

[...]

§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade (BRASIL, 1990).

Cumpre salientar que, consoante Ibrahim (2012, p. 10), a Constituição Federal também evidenciou a possibilidade de assistência à saúde pela iniciativa privada. Destarte, a saúde não constitui exclusividade do poder público, podendo as instituições privadas participar de forma complementar do Sistema Único de Saúde, conforme diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, possuindo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.

Portanto, diante do exposto, evidencia-se que a saúde é um direito fundamental social, disposto no artigo 6º da Constituição Federal, sendo que compete ao Estado a sua organização, administração, custeio e torná-la acessível a qualquer pessoa que esteja em território brasileiro.

2.1.2 Assistência social

A assistência social será proporcionada a quem dela necessitar, ou seja, “àquelas pessoas que não possuem condições de manutenção própria. Assim como a saúde, independe de contribuição direta do beneficiário. O requisito para o auxílio assistencial é a necessidade do assistido”. (IBRAHIM, 2012, p. 13).

A título de exemplo de ação da assistência social, na esfera federal, dentre outras Leis, podemos citar a Lei 8.742, de 07 de dezembro de 1993, Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), a qual, em seu artigo 1º, apresenta a definição legal desse segmento da seguridade social:

Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas (BRASIL, 1993).

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Os objetivos da assistência social estão previstos no artigo 203 da Constituição Federal e também nas leis esparsas, especialmente no artigo 2º da Lei 8.742/93:

Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:

I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;

III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;

IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;

V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei (BRASIL, 1988).

Art. 2º A assistência social tem por objetivos:

I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da incidência de riscos, especialmente:

a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes;

c) a promoção da integração ao mercado de trabalho

d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; e

e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família;

II - a vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorialmente a capacidade protetiva das famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos;

III - a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no conjunto das provisões socioassistenciais.

Parágrafo único. Para o enfrentamento da pobreza, a assistência social realiza-se de forma integrada às políticas setoriais, garantindo mínimos sociais e provimento de condições para atender contingências sociais e promovendo a universalização dos direitos sociais (BRASIL, 1993).

Destarte, os objetivos supracitados demonstram que a assistência social não é meramente assistencialista, eis que não se destina somente a prestar auxílio provisório e momentâneo ao necessitado. Assim, a Constituição Federal pretende que a assistência social seja um fator de transformação social (SANTOS, 2009, p. 225).

Nesse sentido, Santos (2012, p. 107) expõe que “as prestações de assistência social devem promover a integração e a inclusão do assistido na vida comunitária, fazer com que, a partir do recebimento das prestações assistenciais, seja „menos desigual‟ e possa exercer atividades que lhe garantam a subsistência”.

Assim, considerando que a assistência social objetiva combater a pobreza, criar condições para atender contingências sociais e universalizar os direitos sociais, nas palavras de Santos (2012, p. 109), é o instituto que melhor atende o preceito de redução das desigualdades sociais e regionais.

(22)

Dessa maneira, o segmento assistencial da seguridade social tem por escopo “preencher as lacunas deixadas pela previdência social, já que esta, [...], não é extensível a todo e qualquer indivíduo, mas somente aos que contribuem para o sistema, além de seus dependentes” (IBRAHIM, 2012, p. 13).

Logo, a assistência social tem como propósito assistir aos necessitados, isto é, àqueles que possuem baixa renda e, assim, não é necessário verter contribuições para que se possa fruir de seus benefícios.

2.1.3 Previdência Social

O segmento da seguridade social que abrange o tema proposto para este trabalho é a previdência social.

A previdência social tem como propósito a cobertura dos riscos sociais. Riscos sociais, nas palavras de Kertzman (2013, p. 37), “são os infortúnios que causam perda da capacidade para o trabalho e, consequentemente, para a manutenção do sustento. São exemplos de riscos sociais a idade avançada, a doença incapacitante, morte, reclusão, o parto ou adoção, etc.”.

Em outras palavras, conforme Ibrahim (2012, p. 28), o risco social deve ser “interpretado, [...], como todo evento coberto pelo sistema protetivo, com o intuito de fornecer ao segurado algum rendimento substituidor de sua remuneração, como indenização por sequelas ou em razão de encargos familiares”, nos termos do artigo 1º, da Lei 8.213/91:

Art. 1º A Previdência Social, mediante contribuição, tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente (BRASIL, 1991b).

Assim, a previdência social é o ramo de atuação estatal que tem por escopo a proteção de todo indivíduo ocupado em uma atividade laborativa remunerada, para a proteção dos riscos decorrentes da perda ou redução, permanentemente ou temporária, das condições de prover seu próprio sustento (CASTRO; LAZZARI, 2012, p. 58).

Acerca do tema, Dias e Macêdo (2008, p. 26) prelecionam que:

[...] as medidas de previdência, genericamente, têm os seguintes elementos caracterizadores: a proteção (precaução contra infortúnios), diante de contingências (eventos futuros que podem atingir o ser humano), a fim de debelar necessidades (carência ou escassez do que se precisa para viver).

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Considerando que a previdência social constitui um direito subjetivo do indivíduo, exercitado em face da sociedade a que pertence, personificada na figura do Estado-Providência, torna-se necessário impor que esta sociedade participe do regime de seguro social, através de aportes que garantam recursos financeiros suficientes à aplicação da política de segurança social (CASTRO; LAZZARI, 2012, p. 59).

A previdência social, conforme previsão constitucional, comporta dois regimes: o público e o privado. Os regimes públicos são de caráter obrigatório, uma vez que a filiação independe da vontade do segurado. São exemplos desse regime o Regime Geral de Previdência Social, os Regimes Próprios de Previdência de Servidores Públicos e o regime previdenciário próprio dos militares (SANTOS, 2012, p. 131).

Por sua vez, o regime privado é de caráter facultativo, sendo que o ingresso é por manifestação expressa da vontade do interessado. Constitui regime privado a previdência complementar, nos termos do artigo 202 da Constituição Federal (SANTOS, 2012, p. 131).

Nas palavras de Kertzman (2013, p. 37), os regimes de previdência social, sob a perspectiva financeira, podem ser de repartição simples ou de capitalização. No primeiro, “as contribuições são depositadas em um fundo único. Os recursos são, então, distribuídos a quem deles necessitar. Está alinhado com o princípio da solidariedade. Os regimes previdenciários públicos do Brasil são organizados com base na repartição simples”.

Por conseguinte, o regime de capitalização consiste no investimento, pelos administradores, das contribuições vertidas. Assim, os rendimentos são utilizados para a concessão de futuros benefícios aos segurados, em consonância com a contribuição realizada por cada um. Utiliza-se dessa técnica de custeio a previdência privada (KERTZMAN, 2013, p. 37).

Logo, o Regime Geral de Previdência Social é regime público de repartição simples, regulado por normatização infraconstitucional, quais sejam: a Lei 8.212, que institui o plano de custeio da seguridade social, e a Lei 8.213, que aduz sobre o plano de benefícios da previdência social, ambas de 24 de julho de 1991. As referidas lei são regulamentadas pelo Decreto 3.048, de 6 de maio de 1999.

As políticas previdenciárias são instituídas pelo Ministério da Previdência Social – MPS, sendo que seu gerenciamento e administração cabem à autarquia, Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), órgão responsável pelo contato direto com o beneficiário. As contribuições arrecadadas para o Instituto Nacional do Seguro Social são fiscalizadas e normatizadas pela Receita Federal do Brasil. (KERTZMAN, 2013, p. 35 e 38).

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A redação atual do artigo 201 da Constituição Federal estabelece que “a previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial” (BRASIL, 1988). O referido dispositivo legal enumera, ainda, as contingências que, nos termos da lei, terão cobertura no Regime Geral de Previdência Social (SANTOS, 2009, p. 69). O caráter contributivo, segundo Santos (2009, p. 70), consiste no pagamento de contribuições para o custeio do sistema. Apenas quem contribuiu adquire a condição de segurado da previdência social e, preenchidas as respectivas carências, terá direito aos benefícios previdenciários.

Além disso, a filiação é obrigatória a fim de que, de um lado, possibilite cobertura previdenciária a todos e, de outro, para que as contribuições sejam realizadas por todos (SANTOS, 2009, p. 70). Dessa forma, a “cobertura previdenciária garante proteção ao segurado e desonera o Estado de arcar com os custos de atendimento àquele que não pode trabalhar em razão da ocorrência das contingências-necessidade enumeradas na Constituição e na lei” (SANTOS, 2009, p. 70).

Assim, de acordo com SANTOS (2012, p. 133), as contribuições previdenciárias constituem um fundo destinado ao financiamento das prestações previdenciárias, o qual não pode ser deficitário, sob pena de comprometer a sobrevivência do sistema.

O seguro social contempla as prestações previdenciárias, as quais podem ser benefícios, de natureza pecuniária, ou serviços, tais como reabilitação profissional e serviço social (IBRAHIM, 2012, p. 29).

As contingências que terão cobertura previdenciária são as enumeradas nos incisos I a IV do artigo 201 da Constituição Federal: doença, invalidez, morte e idade avançada; proteção à maternidade, especialmente à gestante; proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; e pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observando que nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo.

Desse modo, para atender as necessidades supramencionadas, a Lei 8.213/91 instituiu as seguintes prestações: aposentadoria por invalidez; aposentadoria por idade; aposentadoria por tempo de contribuição; aposentadoria especial, salário-maternidade; salário-família, auxílio-doença, auxílio-acidente, pensão por morte e auxílio-reclusão, serviço social e reabilitação profissional, nos termos do artigo 18 da Lei 8.213/91.

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Portanto, a previdência social constitui um direito social, consoante o disposto no artigo 6º da Constituição Federal, é universal, seletiva, contemplando proteção às situações discriminadas no artigo 201 do mencionado diploma legal. Por fim, apenas quem contribuir para a previdência social e, por consequência, preencher os requisitos legais fará jus à concessão de suas prestações.

2.1.3.1 Beneficiários

Neste contexto, importante identificar quem são as pessoas que estão sujeitas à cobertura previdenciária.

Os beneficiários do Regime Geral de Previdência Social são as pessoas naturais que fazem jus ao recebimento das prestações previdenciárias. Tais prestações são devidas quando da ocorrência dos riscos sociais previstos em lei. Assim, são beneficiários os segurados da previdência social e seus dependentes (IBRAHIM, 2012, p.174).

Por ser a previdência social de caráter contributivo, esse é o ramo da seguridade social que mais se assemelha ao seguro, sendo essa a razão da denominação “segurados” (SANTOS, 2012, p. 140).

Nas palavras de Santos (2012, p. 140), os segurados são “pessoas físicas que contribuem para o regime previdenciário e, por isso, têm direito a prestações – benefícios ou serviços – de natureza previdenciária”.

Destarte, segurados e dependentes são “sujeitos ativos da relação jurídica cujo objeto seja o recebimento de prestação de natureza previdenciária” (SANTOS, 2012, p. 140).

Sobre o tema, Santos (2012, p. 140) expõe que as relações jurídicas que se estabelecem entre segurado e previdência social e entre dependente e previdência social são diferentes, eis que a primeira relação se inicia com o ingresso do segurado no sistema, estendendo-se enquanto estiver filiado. Por sua vez, a relação jurídica entre dependente e previdência social apenas se formaliza se não houver mais possibilidade de se instalar a relação jurídica com o segurado, uma vez que não existe nenhuma possibilidade de cobertura concomitante para segurado e dependente no sistema previdenciário.

Assim, consoante os ensinamentos de Ibrahim (2012, p. 174), os segurados que são filiados ao sistema de modo compulsório, a partir do momento em que exerçam atividade remunerada, são denominados de segurados obrigatórios. Por sua vez, aqueles que, apesar de não exercerem atividade remunerada, desejam integrar o sistema previdenciário, são os segurados facultativos.

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Desse modo, existem duas espécies de segurados: os obrigatórios e os facultativos, os quais serão objeto de estudo nos tópicos a seguir.

2.1.3.1.1 Segurado obrigatório

Os segurados obrigatórios são aqueles que “exercem atividade remunerada, de natureza urbana ou rural, com ou sem vínculo empregatício, sob as seguintes condições: empregado, empregado doméstico, contribuinte individual, trabalhador avulso e segurado especial” (SANTOS, 2009, p. 141).

Logo, segundo Ibrahim (2012, p. 181), caracterizam-se como segurados obrigatórios aqueles vinculados obrigatoriamente ao sistema previdenciário, sem a possibilidade de exclusão voluntária.

No mesmo sentido, Santos (2012, p. 141) expõe que “todos aqueles que exercem atividade econômica, em qualquer de suas modalidades, devem contribuir para o custeio da previdência social e, por consequência, devem ter cobertura previdenciária”.

Dessa forma, há que se destacar que os segurados “mantém dúplice relação jurídica com o sistema. Do ponto de vista do custeio, são vistos como contribuintes, sujeitos passivos de uma relação jurídica de ordem tributária. A par disso, são sujeitos ativos de uma relação jurídica de benefício, na qual é obrigada a previdência social [...]” (ROCHA; BALTAZAR JUNIOR, 2008, p. 53).

Assim, importante observar que a Lei 8.213/91, em seu artigo 11, enumera aqueles que são considerados segurados obrigatórios no âmbito da proteção previdenciária. De outra parte, o artigo 12 da Lei 8.212/91 apresenta um rol em que constam aqueles considerados segurados obrigatórios no campo tributário.

Essa classificação e relação seguem critérios vinculados à atividade laboral exercida, às peculiaridades obrigacionais dos responsáveis pela obrigação tributária e também dos característicos das prestações previdenciárias que podem gozar cada um dos seus beneficiários, lembrando que somente pessoas físicas podem ser seguradas no Regime Geral de Previdência Social. As definições a seguir apresentadas possuem como base o disposto nos incisos do artigo 12 da Lei 8.212/91, o qual, no caput, informa que “são segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas”. Vejamos:

a) Empregado: são aqueles que possuem relação de emprego, abrangendo trabalhadores urbanos e rurais. Assim, são segurados obrigatórios na condição de empregados os previstos no inciso I:

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I - como empregado:

a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado;

b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação específica, presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras empresas;

c) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior;

d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a ela subordinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular;

e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio;

f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa brasileira de capital nacional;

g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União, Autarquias, inclusive em regime especial, e Fundações Públicas Federais; i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; (Incluída pela Lei nº 9.876, de 1999).

j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social (BRASIL, 1991a).

b) Empregado doméstico: é “aquele que presta serviço de natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos”, consoante o disposto no artigo 12, inciso II, da Lei 8.212/91 (BRASIL, 1991a).

c) Contribuinte individual: são aqueles que não possuem vínculo de natureza trabalhista com outras pessoas físicas ou jurídicas. Nesse sentido, o artigo 12, inciso V, da Lei 8.212/91, preceitua que:

V - como contribuinte individual:

a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer título, em caráter permanente ou temporário, em área superior a 4 (quatro) módulos fiscais; ou, quando em área igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou atividade pesqueira, com auxílio de empregados ou por intermédio de prepostos; ou ainda nas hipóteses dos §§ 10 e 11 deste artigo;

b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral - garimpo, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua; c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa;

d) revogada;

e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social;

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f) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não empregado e o membro de conselho de administração de sociedade anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o sócio gerente e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho em empresa urbana ou rural, e o associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção condominial, desde que recebam remuneração;

g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego;

h) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não (BRASIL, 1991a).

d) Trabalhador avulso: nos termos do inciso VI do artigo 9º do Decreto 3.048/99, é “aquele que, sindicalizado ou não, presta serviço de natureza urbana ou rural, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, com a intermediação obrigatória do órgão gestor de mão-de-obra, nos termos da Lei nº 8.630, de 25 de fevereiro de 1993, ou do sindicato da categoria” (BRASIL, 1999). O mencionado dispositivo legal elenca ainda aqueles que são considerados como trabalhador avulso.

e) Segurado especial: é “a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros a título de mútua colaboração” exerce atividade nas condições estabelecidas no artigo 12, inciso VII, da Lei 8.212/91 (BRASIL, 1991a).

2.1.3.1.2 Segurado facultativo

Demonstrado quem são os segurados obrigatórios, cumpre apontar em quais situações a pessoa física pode optar e ser inserida no Regime Geral de Previdência Social como segurado facultativo.

Os segurados facultativos são aqueles que optam em ingressar no sistema a fim de obter proteção previdenciária. Desse modo, apesar da compulsoriedade de filiação, e por consequência, de contribuição, ser a regra básica do seguro social, “obedecendo ao princípio da universalidade de participação no Regime Geral de Previdência Social, criou-se figura atípica, cuja filiação ao Regime Geral de Previdência Social decorre exclusivamente de ato de vontade do interessado” (IBRAHIM, 2012, p. 212).

Assim, consoante a legislação que trata da espécie, podemos citar os seguintes dispositivos:

Art. 14. É segurado facultativo o maior de 14 (quatorze) anos de idade que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social, mediante contribuição, na forma do art. 21, desde que não incluído nas disposições do art. 12. (BRASIL, 1991a)

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Art. 13. É segurado facultativo o maior de 14 (quatorze) anos que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social, mediante contribuição, desde que não incluído nas disposições do art. 11. (BRASIL, 1991b)

Art.11. É segurado facultativo o maior de dezesseis anos de idade que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social, mediante contribuição, na forma do art. 199, desde que não esteja exercendo atividade remunerada que o enquadre como segurado obrigatório da previdência social (BRASIL, 1999).

Art. 55. Podem filiar-se na qualidade de facultativo os maiores de dezesseis anos, mediante contribuição, desde que não estejam exercendo atividade remunerada que os enquadre como filiados obrigatórios do RGPS. (BRASIL, 2015a)

Dessa maneira, dentre os que podem optar em filiação na forma facultativa, podemos relacionar alguns previstos no parágrafo primeiro do artigo 55 da Instrução Normativa n. 77/2015 do Instituto Nacional do Seguro Social:

I - a dona de casa; II - o síndico de condomínio, desde que não remunerado; III - o estudante; IV - o brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço no exterior; V - aquele que deixou de ser segurado obrigatório da Previdência Social; IX - o presidiário que não exerce atividade remunerada nem esteja vinculado a qualquer regime de previdência social; X - o brasileiro residente ou domiciliado no exterior, salvo se filiado a regime previdenciário de país com o qual o Brasil mantenha acordo internacional; XI - o segurado recolhido à prisão sob regime fechado ou semi-aberto, que, nesta condição, preste serviço, dentro ou fora da unidade penal, a uma ou mais empresas, com ou sem intermediação da organização carcerária ou entidade afim, ou que exerce atividade artesanal por conta própria; XII - o beneficiário de auxílio-acidente ou de auxílio suplementar, desde que simultaneamente não esteja exercendo atividade que o filie obrigatoriamente ao RGPS [...]. (BRASIL, 2015a, grifo nosso).

Destarte, somente aquele que não esteja exercendo atividade remunerada que o enquadre como segurado obrigatório do Regime Geral de Previdência Social ou de Regime Próprio de Previdência Social, poderá vincular-se como segurado facultativo (SANTOS, 2012, p. 157).

Nesse sentido, o artigo 201, §5º, da Constituição Federal estabelece que “é vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência” (BRASIL, 1988).

Insta observar, ainda, segundo preconizado por Santos (2012, p. 157), que, apesar de constar no artigo acima mencionado que a idade mínima para filiação é de 14 anos, o enquadramento como segurado facultativo apenas é possível a partir de 16 anos, em virtude da alteração do artigo 7º, XXXIII, da Constituição Federal, introduzida pela Emenda Constitucional n. 20 de 1998. Em razão da referida alteração, restou proibido o exercício de qualquer trabalho a menor de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 anos de idade (SANTOS, 2012, p. 157).

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Por outro lado, Castro e Lazzari (2012, p. 189), informam que:

Com as alterações operadas pela Emenda Constitucional n. 20/98, entendemos que qualquer pessoa maior de 14 anos de idade pode filiar-se facultativamente ao RGPS (art. 14 da Lei n. 8212/91), desde que não esteja vinculada como segurado obrigatório, a nenhum outro regime previdenciário (art. 195, §4º, da Constituição).

Desse modo, verifica-se que há controvérsia acerca da idade mínima de ingresso do segurado facultativo tanto no âmbito doutrinário como em razão das disposições legais, uma vez que existe contradição entre o artigo 11 do Decreto 3.048/99, que estabeleceu o limite mínimo etário em 16 anos, enquanto a Lei 8.212, em seu artigo 14, e a Lei 8.213, em seu artigo 13, ambas de 1991, fixam o limite de14 anos.

Por fim, nas palavras de Ibrahim (2012, p. 214), na hipótese do segurado facultativo exercer alguma atividade remunerada, automaticamente converter-se-á em segurado obrigatório, passando a realizar seus recolhimentos nesta condição. Tal situação decorre do fato de que a filiação compulsória sempre se sobrepõe à facultativa.

2.1.3.1.3 Dependentes

Apontados quem são os segurados que possuem cobertura previdenciária, torna-se necessário definir os dependentes.

Dependentes são as pessoas que, apesar de não contribuírem para a seguridade social, a lei de benefícios elenca como possíveis beneficiários do Regime Geral de Previdência Social (CASTRO; LAZZARI, 2012, p. 205).

A pensão por morte, o auxílio-reclusão, o serviço social e a reabilitação profissional configuram as prestações devidas aos dependentes.

Nas palavras de Santos (2012, p. 165), instaura-se a relação jurídica entre dependentes e o Instituto Nacional do Seguro Social apenas quando deixa de existir relação jurídica entre este e o segurado, o que ocorre com a morte ou recolhimento à prisão do segurado. Ressalta-se que inexiste hipótese legal de cobertura previdenciária, simultaneamente, ao dependente e ao segurado.

Acerca do tema, Martins (2012, p. 298) destaca que “o segurado é beneficiário direto das prestações da Seguridade Social. O dependente é beneficiário indireto”.

Importante observar que os dependentes do segurado não realizam inscrição prévia no Instituto Nacional do Seguro Social, dirigindo-se às agências da previdência social

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com esta finalidade somente quando do requerimento do benefício a que tiver direito (KERTZMAN, 2013, p. 355).

Dessa maneira, a inscrição do dependente é realizada por ocasião do requerimento do benefício a que tiver direito, mediante a apresentação dos documentos exigidos em lei, nos termos do artigo 22 do Decreto 3.048/99.

Salienta-se que a lei define quem são os dependentes, os quais não podem ser inscritos pela vontade do segurado. A relação de dependentes está subdivida em três classes, conforme o disposto no artigo 16, da Lei 8.213/91 (KERTZMAN, 2013, p. 100 e 355).

Assim, conforme Santos (2012, p. 165), o artigo 16 da Lei 8.213/91, em seus incisos, apresenta as classes de dependentes. Importante ressaltar que o rol de dependentes previsto no artigo supracitado, consoante entendimento predominante na doutrina, é taxativo.

Considerando que existe uma hierarquia entre as classes de dependentes, a existência de dependentes de uma classe anterior exclui os dependentes das classes seguintes, nos termos do parágrafo primeiro do artigo 16 da Lei 8.213/91, caracterizando, assim, a regra vertical de dependência previdenciária.

Destaca-se que, na hipótese do segurado possuir mais de um dependente da mesma classe, eles concorrerão em igualdade de condições, sendo que o benefício será dividido em partes iguais, consoante a regra horizontal de dependência previdenciária.

Os dependentes da primeira classe possuem em seu favor a presunção absoluta de dependência econômica em relação ao segurado falecido ou recolhido à prisão, enquanto que os dependentes da segunda e terceira classe devem comprovar a dependência econômica em relação ao segurado, sob pena de não se aperfeiçoar a relação jurídica previdenciária.

Logo, os dependentes encontram-se vinculados ao sistema previdenciário em decorrência da relação existente entre o segurado e a previdência.

2.1.3.2 Qualidade de segurado

Considerando o objeto deste estudo, faz-se imprescindível a compreensão do instituto da qualidade de segurado, tendo em vista que embasa algumas das controvérsias que serão apontadas no desenvolver desse trabalho.

Por ser um sistema previdenciário essencialmente contributivo, para a percepção de qualquer benefício previdenciário no Regime Geral de Previdência Social, é necessário, em regra, que o requerente seja filiado ao sistema e, simultaneamente, efetue contribuições (MARTINS, 2012, p. 348). Logo, sem qualidade de segurado não há proteção previdenciária.

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Dessa maneira, importante destacar que “a inscrição é o ato formal que identifica o segurado na Previdência Social, representando o mero cadastro no INSS. Já a filiação ao regime previdenciário é o marco da relação jurídica entre os segurados e a Previdência Social” (KERTZMAN, 2013, p. 134).

Assim, Santos (2012, p. 140) expõe que a filiação ao sistema é o “marco inicial da história previdenciária do segurado; é o vínculo que se estabelece entre o segurado e a Previdência Social, constituindo uma relação jurídica da qual decorrem direitos e obrigações para ambas as partes”, nos termos do artigo 20, caput, do Decreto 3.048/99.

Importante observar que o segurado filiado ao Regime Próprio que exerce, simultaneamente, atividade remunerada contemplada pelo Regime Geral de Previdência Social, será filiado obrigatoriamente aos dois regimes (KERTZMAN, 2013, p.135).

De outra parte, consoante Santos (2012, p. 141), alguns segurados devem formalizar a filiação ao Regime Geral de Previdência Social através de um ato formal, perante o Instituto Nacional do Seguro Social, denominado de inscrição. Destarte, é mediante a inscrição que se filiam ao Instituto Nacional do Seguro Social os segurados contribuintes individuais e os facultativos.

Acerca do tema, Castro e Lazzari (2012, p. 195) preconizam que:

A filiação decorre automaticamente do exercício de atividade remunerada para os segurados obrigatórios e da inscrição formalizada com o pagamento da primeira contribuição para o segurado facultativo. É dizer, a filiação não depende de ato volitivo para o segurado obrigatório, mas somente para o facultativo (art. 20 §1º, do Decreto n. 3.048/99, redação conferida pelo Decreto n. 6.722/2008).

Nas palavras de Dias e Macêdo (2008, p. 171), é possível dividir a manutenção da qualidade de segurado em ordinária e extraordinária. A primeira forma ocorre para o segurado obrigatório, pelo exercício de atividade remunerada prevista em lei, independendo do efetivo recolhimento de contribuições previdenciárias. Para o segurado facultativo, por sua vez, acontece com o recolhimento de contribuição previdenciária. A manutenção da qualidade de segurado extraordinária ocorre quando, mesmo sem o exercício de atividade remunerada ou sem realização de contribuições, por determinado prazo, o beneficiário mantém a qualidade de segurado. Esse lapso temporal denomina-se período de graça, conforme o exposto no parágrafo § 3º do artigo 15 da Lei 8.213/91 (DIAS; MACÊDO, 2008, p. 171).

Segundo os ensinamentos de Castro e Lazzari, (2012, p. 199), o instituto da manutenção da qualidade de segurado refere-se ao período em que o indivíduo permanece filiado ao Regime Geral de Previdência Social em razão do período de graça.

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No decorrer do aludido período, o segurado, bem como seus dependentes, permanecem amparados pelo Regime Geral de Previdência Social quando da ocorrência das contingências previstas em lei, mesmo não exercendo atividade que o enquadre como segurado obrigatório, nem contribuindo mensalmente como facultativo (CASTRO; LAZZARI, 2012, p. 199).

Desse modo, nas palavras de Castro e Lazzari (2012, p. 199), o período de graça constitui-se em exceção em face do sistema do Regime Geral de Previdência Social, que possui caráter eminentemente contributivo.

Assim, a qualidade de segurado é mantida, independentemente de contribuições, conservando todos os direitos perante a previdência social, nos prazos previstos no art. 15 da Lei 8.213/91, quais sejam:

Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício;

II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração;

III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de segregação compulsória;

IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou recluso;

V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar;

VI - até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo. § 1º O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado.

§ 2º Os prazos do inciso II ou do § 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. (BRASIL, 1991b)

A perda da qualidade de segurado, consoante o disposto no artigo 15, §4º, da Lei 8.213/91, “ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos” (BRASIL, 1991b).

A perda da qualidade de segurado implica na caducidade dos direitos inerentes a essa qualidade, conforme o disposto no artigo 102 da Lei 8.213/91, eis que há a extinção da relação jurídica com o Instituto Nacional do Seguro Social (MARTINS, 2012, p. 297).

Contudo, há que se observar que a perda da qualidade de segurado não importa na supressão do direito adquirido à aposentadoria para a qual os requisitos já tenham sido preenchidos, conforme a legislação vigente na época de seu preenchimento (CASTRO; LAZZARI, 2012, p. 202).

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Por sua vez, o benefício de pensão por morte, apenas será devido se o “ex-segurado que venha a falecer após a perda da qualidade já tivesse direito adquirido à aposentadoria por ter cumprido todos os requisitos à época em que estava filiado ao Regime Geral de Previdência Social” (CASTRO; LAZZARI, 2012, p. 202).

Ocorrendo a perda da qualidade de segurado, nos termos do parágrafo único do artigo 24, as contribuições anteriores a essa data apenas serão computadas para efeito de carência depois que o segurado contar, a partir de nova filiação à previdência social, com, no mínimo 1/3 (um terço) do número de contribuições exigidas para o cumprimento da carência definida para o benefício a ser requerido (BRASIL, 1991b).

Portanto, a qualidade de segurado afigura-se como pressuposto para fruição dos benefícios previstos no âmbito da previdência social, ressalvados os casos de direito adquirido.

2.2 PRESTAÇÕES PREVIDENCIÁRIAS

Estabelecidos quem são os sujeitos da relação previdenciária, passa-se a análise das prestações que serão devidas aos beneficiários quando da realização do fato gerador, bem como do preenchimento dos requisitos previstos em lei.

As prestações previstas no plano de benefícios da previdência social são o gênero do qual são espécies os serviços e benefícios.

Os serviços constituem prestações imateriais colocadas à disposição dos beneficiários enquanto os benefícios são valores pagos em dinheiro aos segurados e dependentes (CASTRO; LAZZARI, p. 468).

Assim, conforme expõe Ibrahim (2012, p. 174), “os benefícios são uma obrigação de dar do INSS, enquanto que os serviços revelam uma obrigação de fazer”.

Importante observar que há prestações devidas somente ao segurado, outras apenas ao dependente e algumas tanto ao segurado como ao dependente, consoante o disposto no artigo 18 da Lei 8.213/91.

As prestações devidas, quanto ao segurado, são as seguintes: aposentadoria por invalidez, aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de contribuição, aposentadoria especial, auxílio-doença, salário-família, salário-maternidade e o auxílio-acidente. Referidas prestações constituem benefícios da previdência social. Dentre as prestações acima podemos ainda apontar a aposentadoria especial, a aposentadoria do professor e a aposentadoria por tempo de contribuição do deficiente físico, todas tendo como requisito principal o “tempo de

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