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SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA

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Academic year: 2019

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PR

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA

FEDERAL

DO P

ARANÁ

CAMPUS DOIS VIZINHOS

PR

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CAMPUS DOIS VIZINHOS

SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA - ANO 2008

ANO 2008

SISTEMAS DE

PR

ODUÇÃO

A

GR

(2)

Sistemas de Produção Agropecuária

Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Dois Vizinhos

20 a 24 de outubro de 2008 TIRAGEM 300 Exemplares Autores/Organizadores Prof. Dr. Thomas Newton Martin Prof. MSc. Magnos Fernando Ziech

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da UTFPR / Campus Dois Vizinhos

A exatidão das informações, os conceitos e opiniões emitidos nos resumos em cada um dos capítulos são de exclusiva responsabilidade dos autores.

É permitida a reprodução parcial ou total dessa obra, desde que citada a fonte.

1. Sistema de Produção. 2. Agricultura - Pesquisa 3. Zootecnia-Pesquisa. 4. Educação-Extensão. I. Martin, Thomas Newton. II. Ziech, Magnos

Fernando.

ISBN: 978-85-7014-049-4

Sistemas de Produção Agropecuária (Ano 2008), Sistemas de Produção Agropecuária da UTFPR, Campus Dois Vizinhos, 21 a 24 de outubro de 2008 - Dois Vizinhos, PR, 2008.

_______________________________________________________________________________________

S471

CDD: 630.63

IMPRESSÃO

MASTERGRAF - JA GRÁFICA E EDITORA LTDA Fone: (46) 3536-6267

(3)

PR

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CAMPUS DOIS VIZINHOS

Estrada para Boa Esperança, km 04; Caixa Postal 157 CEP 85660-000 - Dois Vizinhos - PR

CNPJ: 75.101.873/0007-85

www.pr.gov.br

www.seti.gov.br

A Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Paraná é uma entidade de direito privado que ampara a pesquisa científica e tecnológica e a formação de recursos humanos no Estado do Paraná.

Os recursos financeiros utilizados pela Fundação têm origem no Fundo Paraná, que destina 2% da receita tributária do Estado ao desenvolvimento científico e tecnológico.

Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Paraná Av. Comendador Franco, 1341 - Cietep - Jd. Botânico - 80.215-090 - Curitiba - PR

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APRESENTAÇÃO

O livro Sistemas de Produção Agropecuária (Ano 2008), foi desenvolvido junto a quarta edição da EXPO UT – Exposição da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (2008), visando agregar conhecimento técnico-científico ao evento, baseado nas experiências, pesquisas e inovações de cada um dos autores.

O setor primário da produção é de fundamental importância para o

desenvolvimento da Região, assim como de todo o País. O Sudoeste do Paraná apresenta

grande demanda por conhecimento na área agrária, onde a característica da produção, no

momento, se mostra bastante diversificada, com produções agrícolas, pecuárias e florestais

destacadas.

Em sua segunda edição, o livro aborda temas de destacada importância, onde os

autores relatam pesquisas e práticas de campo, alicerçadas por uma ampla revisão

bibliográfica. O livro conta ainda com capítulos de autores de outra Instituições,

fortalecendo regionalmente nosso Campus e o nome da UTFPR.

A comissão organizadora agradece a colaboração de todos os autores pelas

(5)

Sistemas de Produção Agropecuária (Ano 2008) Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Reitor: Prof. MSc. Carlos Eduardo Cantarelli

Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Prof. Dr. Luiz Nacamura Júnior Diretor Campus Dois Vizinhos: Prof. Dr. Sérgio Miguel Mazaro

Zootecnia

Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Dois Vizinhos COMISSÃO ORGANIZADORA

Alfredo de Gouvea Almir Antônio Gnoatto Américo Wagner Júnior André Leber Tavares Angélica Signor Mendes Cláudia de Andrade Moura Dalva Paulus

Douglas Everton Cadore Eleandro José Brun

Elisabete Hiromi Hashimoto Fernando Campanhã Bechara Flares Tadeu de Liz

Jean Carlo Possenti José Roberto Hank Juliano Zanella Lovenir José Lanzarin Luís Fernando G. de Menezes Magnos Fernando Ziech

Neudi Artêmio Schoulten Paulo Cesar Conceição Paulo Sérgio Pavinato Thomas Newton Martin Veridiana Lúcia Stachowski Wagner Paris

Willian Secco

COMISSÃO CIENTÍFICA Alfredo de Gouvea

Américo Wagner Júnior Angélica Signor Mendes Christiane G. Vilela Nunes Douglas Sampaio Henrique Eleandro José Brun Elisabete Hiromi Hashimoto Fernando Campanhã Bechara

Gilmar Antônio Nava Jean Carlo Possenti Joel Donazzolo

Luís Fernando G. de Menezes Magnos Fernando Ziech Marcelo Marcos Montagner Mosar Faria Botelho Paulo Cesar Conceição

Paulo Segatto Cella Paulo Sérgio Pavinato Rachel Santos Bueno Sérgio Miguel Mazaro Thomas Newton Martin Viviane Cavaler Wagner Paris APOIO Diego Hartmann Edimara Schervinski Ivandro Api Morgana Grobe Priscila Reffatti Rasiel Restelatto Renato Marchesan Renice Paula Zielinski Rosana Refatti Tiago Venturini

ORGANIZAÇÃO CAPA

Thomas Newton Martin Magnos Fernando Ziech

Marcos Talau

IMPRESSÃO

MASTERGRAF – JA GRÁFICA E EDITORA LDTA Fone: (46) 3536 – 6267

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SUMÁRIO

ANÁLISE ECONÔMICA DA RECOMPOSIÇÃO FLORESTAL VISANDO O DESENVOLVIMENTO DA APICULTURA

Alfredo de Gouvea & Luiz Carlos Boaretto

EVOLUÇÃO DE SISTEMAS DE MANEJO DO SOLO E PRODUTIVIDADE AGROPECUÁRIA NO ESTADO DO PARANÁ

Nilvânia Aparecida de Mello & Paulo Cesar Conceição

CULTIVO HIDROPÔNICO DE ALFACE: MANEJO E AMBIÊNCIA Dalva Paulus & Angélica Signor Mendes

FUNDAMENTOS DE NUTRIÇÃO E FORMULAÇÃO DE DIETAS PARA RUMINANTES: CONCEITOS E INOVAÇÕES COMO FERRAMENTAS PARA MELHORIA DA EFICIÊNCIA ALIMENTAR

Diego Barcelos Galvani

MANEJO DA FERTILIDADE DO SOLO Luis César Cassol & Paulo Sérgio Pavinato

UNIDADES DEMONSTRATIVAS DE RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA: PROPULSANDO A SUCESSÃO NATURAL ATRAVÉS DO USO DA NUCLEAÇÃO

Fernando Campanhã Bechara

AGROINDÚSTRIA: UMA VISÃO EMPRESARIAL/INDUSTRIAL DAS PERSPECTIVAS FUTURAS DA INDÚSTRIA CANAVIEIRA DO BRASIL Janaína Niemies & Douglas Éverton Cadore

ASPECTOS DA CUNICULTURA: ABATE E PROCESSAMENTO PARA OBTENÇÃO DE PELE E CARNE

Leandro Dalcin Castilha & Ricardo Vianna Nunes

CRUZAMENTO NA BOVINOCULTURA DE CORTE

Luiz Fernando Glasenapp Menezes & Marcelo Marcos Montagner

O POSICIONAMENTO PELO GPS (GLOBAL POSITIONING SYSTEM) E AS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

Maria Madalena Santos S. Sklarski& Mosar Faria Botelho

ANÁLISE DAS PRESSUPOSIÇÕES DO MODELO MATEMÁTICO EM EXPERIMENTOS AGRÍCOLAS NO DELINEAMENTO BLOCOS AO ACASO

Thomas Newton Martin & Lindolfo Storck

ÁGUA VIRTUAL: ASPECTOS AMBIENTAIS E A CRISE DOS ALIMENTOS Elisabete Hiromi Hashimoto & Fernando Menegon Basso

TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO DE DISPONIBILIDADE DE FORRAGEM E CONSORCIAÇÃO DE PLANTAS FORRAGEIRAS

Wagner Paris & Magnos Fernando Ziech

01 09

02 24

03 44

04 61

05 81

06 102

07 117

08 131

09 145

10 164

11 177

12 197

(7)

ASPECTOS AMBIENTAIS DAS FLORESTAS PLANTADAS Eleandro José Brun

FRUTEIRAS NATIVAS DA FAMÍLIA MYRTACEAE DO BIOMA FLORESTA COM ARAUCÁRIA COM POTENCIALIDADES DE CULTIVO Américo Wagner Júnior & Gilmar Antônio Nava

O PAPEL DO ZOOTECNISTA NA DESMISTIFICAÇÃO DA CARNE BOVINA

Luís Fernando Glasenapp de Menezes & Magali Floriano da Silveira

A AMBIÊNCIA RECONHECIDA COMO UMA EXIGÊNCIA NA AVICULTURA MODERNA

Angélica Signor Mendes & Dalva Paulus

ASPECTOS ORGANIZACIONAIS E SIMULAÇÃO ECONÔMICA DA PRODUÇÃO LEITEIRA

Lotário Fank & Thomas Newton Martin

MANEJO PRÉ-COLHEITA, CUIDADOS NA COLHEITA E ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO PÓS-COLHEITA DE FRUTAS

Gilmar Antônio Nava & Américo Wagner Júnior

14 225

15 239

16 253

17 273

18 287

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ANÁLISE ECONÔMICA DA RECOMPOSIÇÃO FLORESTAL VISANDO O DESENVOLVIMENTO DA APICULTURA

1 2

Alfredo de Gouvea & Luiz Carlos Boaretto

1Professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Dois Vizinhos. E-mail:

alfredo@utfpr.edu.br.

2 Instrutor SENAR/PR - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. E-mail: lboaretto@yahoo.com.br.

INTRODUÇÃO

A agricultura sempre foi e continua sendo o principal fator causador de degradação dos ecossistemas ciliares. Da mesma forma que foi responsável pela destruição das florestas ciliares, o interesse econômico, também é responsável pela não recuperação destas áreas, uma vez que, os custos com a implantação das florestas são elevados, tendo em vista, a impossibilidade de exploração destes ambientes.

Com o presente trabalho pretende-se provocar uma reflexão sobre o uso racional de áreas de preservação permanentes através da análise econômica da apicultura junto a áreas ripáreas recuperadas com plantas nativas com potencial apícola, considerando os custos do repovoamento destas áreas na propriedade, bem como, em áreas degradadas em propriedades a montante e a jusante, visando orientar ações que busquem o desenvolvimento sustentável, com os benefícios proporcionados pela vegetação ciliar, principalmente no que se refere à quantidade e qualidade da água, como também pela viabilização econômica da atividade agropecuária.

A RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO

A água é talvez o recurso natural mais valioso para a humanidade. Sua escassez representa atualmente um problema ambiental crescente para a população e pode se apresentar como a ameaça ambiental mais séria para a humanidade no século 21 (Corral-Verdugo, 2003).

Nos últimos anos vem aumentando os apelos da comunidade científica buscando mostrar a importância da conservação e recuperação das matas junto às nascentes e cursos d'água, para a manutenção da água, em quantidade e qualidade que atendam à geração presente e às próximas. Contudo, quando se trabalha com educação ambiental buscando a recomposição de áreas de domínio ciliar, sobretudo no meio rural, depara-se com valores em relação à terra que dificultam a implementação de programas de repovoamento destas áreas. Apesar do reconhecimento da necessidade de proteger nascentes e cursos d'água, muitos agricultores defendem a idéia de que deveriam ser indenizados pelo Estado ou pela sociedade pelas perdas provocadas pela cedência destas áreas. No entanto, se há exploração destas áreas definidas como sendo bens de interesse comum a todos os habitantes do País pela Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, este uso é indevido e, neste caso, a idéia de “indenização” é justamente ao contrário do que se pressupõe.

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Sistemas de Produção Agropecuária - Ano 2008

modelo de exploração adotado por muitos atualmente.

Diante destes conflitos de valores Neumann e Loch (2002), nos propõem a seguinte questão: existem soluções técnicas que poderiam ser propostas aos agricultores que desenvolvem as suas atividades em áreas frágeis? A preservação ambiental nessas áreas é possível somente mediante o abandono das atividades agrícolas? Os autores ressaltam que as instituições responsáveis pela criação de alternativas técnicas (instituições de pesquisa) ressentem-se da falta de estudos específicos sobre os sistemas de produção e práticas agrícolas desenvolvidas pelos agricultores dessas regiões. Os autores defendem que as discussões em torno das questões ambientais introduzem a possibilidade de redirecionar os rumos do desenvolvimento em benefício das gerações futuras. Por outro lado, os mecanismos concebidos para se alcançar tal objetivo não podem trazer problemas à sobrevivência das atuais gerações de agricultores.

Os custos de recuperação destas áreas podem ser minimizados lançando-se mão de opções de consorciamento na fase de implantação. O consórcio de espécies arbóreas com feijão caupi, feijão de porco, guandu, resultou em menores níveis de mortalidade e maiores taxas de crescimento de espécies arbóreas, além da receita gerada pelo produto agrícola (Brienza Jr. et al., 1983; Silva, 2002). No entanto, quando se trata de exploração econômica da área, principalmente após estabelecimento da mata ciliar, são raras as opções sem que haja sérias restrições.

A apicultura apresenta-se como uma alternativa com grandes perspectivas, uma vez que se constitui em uma atividade relativamente rentável, sem intervenções maléficas na área. Para o sucesso das atividades apícolas, uma boa pastagem apícola é fundamental, sendo o primeiro ponto a ser observado na implantação de um apiário. Deve-se, portanto, preservar a vegetação apícola existente e, sempre que possível, plantar mais algumas que possuam diferentes épocas de florada (Wiese, 1995).

Dentro de uma perspectiva de desenvolvimento sustentável, a recuperação das áreas de preservação permanentes com plantas nativas com potencial apícola e a exploração destas áreas com a apicultura se apresenta como uma promissora alternativa para a melhoria na qualidade de vida dos produtores rurais, tanto pela melhoria da qualidade ambiental e paisagística da propriedade, como pelo rendimento econômico que a produção apícola pode proporcionar.

ANÁLISE ECONÔMICA

O levantamento dos dados para o estudo da análise da viabilidade econômica da implantação dos sistemas para produção de mel e própolis com fins comerciais foi realizado na região Sudoeste do Paraná, junto a apicultores, associações de apicultores, empresas ligadas à atividade apícola e órgãos públicos do setor. Os dados para proceder as análises foram estipulados baseando-se em informações adequadas às necessidades técnicas do trabalho. Também foram obtidas informações junto a apicultores, livros, boletins técnicos, trabalhos científicos, entre outros. A unidade de produto foi o kg de mel e própolis e a unidade monetária o real.

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40 kg de própolis por ano após implantação. A análise foi realizada considerando um horizonte de projeto de 32 anos.

De posse dos dados coletados, uma série de planilhas foram elaboradas visando obter o custo de produção do mel e própolis para as diferentes escalas de produção. A partir destes custos, foram elaborados fluxos de caixa para calcular o Valor Presente Líquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR), para cada uma das escalas de produção consideradas no projeto. A análise econômica foi realizada com base na metodologia proposta por Noronha (1987).

Nas análises considerou-se como custos variáveis aqueles que variaram com as quantidades produzidas. Foram considerados os seguintes componentes como custos variáveis: CVT = I + Cr (01)

Onde: CVT é o custo variável total em real (R$), I é o custo com os insumos (R$), Cr é o custo com conservação e reparos (R$).

São vários os insumos utilizados na produção de mel e própolis, foram considerados insumos: a cera alveolada, açúcar, fumo, produtos para controle de predadores e parasitas, sementes de plantas melíferas, embalagens, combustível, lubrificantes, energia elétrica, telefone, mão-de-obra fixa e temporária, arrendamento, imposto, taxas e administração. O cálculo desses componentes foi determinado pela equação:

(02)

Onde: I é o custo com os insumos (R$); qi é a quantidade do i-ésimo item insumo utilizado (unidade); pui é o preço do i-ésimo item insumo utilizado (R$), n é o número de itens insumo utilizado no sistema produtivo (unidade). O valor dos insumos foi considerado igual à média dos valores encontrados na região de estudo.

Para a conservação e reparos de veículos e equipamentos, levou-se em consideração uma taxa de 5% ao ano sobre o valor de novo. Para a conservação e reparos das benfeitorias, levou-se em consideração uma taxa de 2% ao ano sobre o valor de novo. O cálculo foi realizado pela equação:

(03)

Onde: Cr é o custo para conservação e reparos dos equipamentos/benfeitorias (real), Vn é o valor inicial do i-ésimo equipamento/benfeitoria (R$); ti i é a taxa anual necessária para fazer a conservação e reparo do i-ésimo equipamento/benfeitoria, n é o número de equipamentos/benfeitorias utilizados no sistema produtivo (unidade).

A estimativa dos custos fixos foi realizada considerando os seguintes componentes: depreciação, juros sobre o capital fixo, custo alternativo da terra (juro sobre o valor da terra), seguro sobre o capital fixo, taxas e impostos fixos, mão-de-obra fixa e remuneração do produtor.

CFT = Dp + Co + Cat + Sf + ITR + Mo (04)

Onde: CFT é o custo fixo total (R$), Dp é a depreciação (R$), Co é o juro sobre o capital fixo (R$), Cat é o custo alternativo da terra (R$), Sf é o seguro sobre o capital fixo (R$), ITR são as taxas e impostos fixos (R$), Mo é o custo da mão-de-obra

å

=

×

=

n

i 1

i

i

pu

q

I

å

=

× =

n

(11)

Sistemas de Produção Agropecuária - Ano 2008

fixa e remuneração do produtor (R$).

Para o cálculo da depreciação utilizou-se o método linear. Nos cálculos, foram considerados possuindo valor residual itens como casa do mel, galpão, veículo, equipamentos e outros itens que apresentem durabilidade superior ao horizonte dos projetos e que possam ser reutilizados ou vendidos. Para os itens que tem vida útil igual ou inferior ao horizonte do projeto o valor residual foi desconsiderado.

(05)

Onde: Dp é a depreciação (R$), Vn é o valor inicial do i i-ésimo item equipamento/benfeitoria a ser depreciado (real); Vr é o valor residual do i-ésimo item i

a ser depreciado (R$); Vu é a vida útil do i-ésimo item a ser depreciado (R$), n é o i

número de itens a ser depreciado (unidade).

A estimativa do juro sobre o capital fixo foi realizada baseando-se na taxa de remuneração da caderneta de poupança (6% ao ano ou 0,5% ao mês). Considerou-se que está seria a taxa de retorno que o capital empregado na produção de mel e própolis obteria em um investimento alternativo.

(06)

Onde: Co é o custo de oportunidade do capital fixo (R$); Cfi é o capital fixo do i-ésimo item que participa do sistema de produção (R$), t é a taxa de remuneração do capital, n é o número de itens que participam com capital fixo na produção de mel e própolis.

Éimportante considerar a remuneração do fator terra. Sendo assim, o custo de oportunidade do capital investido na terra foi estimado levando-se em consideração o quanto esse capital renderia se fosse aplicado no mercado financeiro, sobre taxa de juros com ganhos reais de capital. O cálculo foi realizado pela equação:

(07)

Onde: Cat é o custo alternativo da terra (R$), Vat é o valor atual do hectare de terra na região (R$/ha), S é a superfície ocupada com a atividade (ha), i é a taxa de juros de mercado pago ao ano (considerado igual a 6%).

O seguro sobre o capital fixo tem a finalidade de formar um fundo que permita pagar danos imprevistos, parciais ou totais, como incêndio, roubo, tempestades, chuva de granizo, entre outros. Este seguro geralmente incide sobre máquinas, implementos, equipamentos e benfeitorias. A taxa anual de seguro mais utilizada é 7% para veículos, 0,75% para equipamentos e 0,35% para benfeitorias. Sendo assim a equação utilizada nos cálculos foi:

(08)

Onde: Sf é o seguro sobre o capital fixo (R$), Vn é o valor inicial do i-ésimo i

item equipamento/benfeitoria a ser assegurado (R$); Vri é o valor residual do i-ésimo

å

=

-=

n

i1 i

i i Vu Vr Vn Dp

å

= × = n i1 i t Cf Co

i

S

Vat

Cat

=

×

×

(12)

item equipamento/benfeitoria a ser assegurado (R$), t ié a taxa anual de seguro aplicado sobre o i-ésimo item equipamento/benfeitoria, n é o número de itens a ser assegurado (unidade).

Foram consideradas as taxas de licença ambiental definida pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e Imposto Territorial Rural (ITR), definido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), estimada em 0,2%.

(09)

Onde: ITR é o valor das taxas e impostos fixos (real), Vat é o valor atual do hectare de terra na região considerado (R$/ha), S é a superfície ocupada com a atividade em hectares (ha), i é a taxa de imposto pago ao ano (considerado igual a 0,2%).

Na análise foram consideradas mão-de-obra fixa as despesas efetuadas para pagamentos dos trabalhadores permanentes familiares, não incluindo encargos sociais. No caso de mão-de-obra familiar foi considerada uma remuneração equivalente ao salário que esta receberia em um emprego alternativo. A remuneração atribuída ao produtor levou em consideração apenas o tempo em que este dedica à atividade. A expressão utilizada nos cálculos deste item foi:

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Onde: Mo é a despesa total com mão-de-obra fixa e remuneração do produtor (R$), Vmoi é o valor da i-ésima despesa efetuada no pagamento de salários e encargos sociais para a mão-de-obra fixa e remuneração do produtor (R$), n é o número de itens de mão-de-obra fixa e remuneração do produtor (unidade).

O custo total (CT) resulta do somatório dos custos fixo total (CFT) e variável total (CVT).

CT = CFT + CVT (11)

O custo total médio é definido como o custo por unidade de produto e foram obtidos com as expressões:

(12)

(13)

(14)

Onde: CTMe é o custo total médio (real por unidade), CFMe é o custo fixo médio (real por unidade), CVMe é o custo variável médio (real por unidade), Qp é a quantidade de mel e própolis produzido (unidade).

i

S

Vat

ITR

=

×

×

å

=

=

n

1 i

i Vmo Mo

Qp CT

CTMe=

Qp CFT

CFMe=

Qp CVT

(13)

Sistemas de Produção Agropecuária - Ano 2008

O Valor Presente Líquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR) foram os critérios de análise econômica utilizados para avaliar viabilidade econômica dos projetos nas diferentes escalas de produção de mel e própolis. Para a realização da análise seguiu-se a recomendação de Noronha (1987). As expressões para o cálculo do VPL e TIR são:

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(16)

Onde: VPL é o valor presente líquido (R$), TIR = i* é a taxa de juros que torna nulo o valor presente líquido do projeto, Li é o saldo (benefício menos o custo) do i-ésimo ano de um projeto de horizonte n, i é a taxa de juros, n é o horizonte do projeto (anos), t é o i-ésimo ano de um projeto de horizonte n (anos).

As estruturas para cada escala de produção analisada foram dimensionadas para processar 40 kg de mel e 0,10 kg de própolis por colméia por ano deixando os produtos aptos para comercialização. O dimensionamento baseou-se na infraestrutura necessária desde a implantação dos apiários até a colheita e processamento dos produtos. Considerou-se a produtividade media por colméia com base nas informações obtidas de apicultores da região de estudo, que usam tecnologia e manejo adequados e obtém cerca de 40 kg de mel e 0,10 kg de própolis por colméia por ano. Considerou-se também uma folga nas estruturas de produção necessária para um bom manejo das colméias e manutenção dos equipamentos e utensílios.

Na estimativa da produção média por colméia total e anual considerou-se enxames de abelha já estabelecidos aptos para produzir mel e própolis.

O levantamento visou planejar e dimensionar as estruturas de produção, atividades de manejo, colheita e comercialização. As estruturas foram planejadas com base na produção média por colméia por ano, para cada uma das escalas, nas quais foi considerada a necessidade de: a) casa do mel em alvenaria para manipulação e estocagem do mel e própolis; b) galpão misto para guardar ferramentas, veículo, núcleos, ninhos e melgueiras vazias, maquinários para reparos e manutenção, preparo de caixilhos e caixas. O modelo de caixa considerado na análise foi Langstroth construída em madeira de pinho, os ninhos, melgueiras, tampas e fundos, os caixilhos em madeira de cedro.

Para dimensionar os apiários considerou-se: as floradas existentes num raio de 1500 a 2000 metros, água disponível de boa qualidade a menos de 500 metros do local. Quanto à pastagem apícola foi considerado duas colméias por hectare de mata ciliar repovoada com plantas apícolas. Os apiários foram planejados para serem localizados em local de ausência de ventos fortes, fácil acesso, segurança quanto à terceiros e animais e presença de sol. Foram divididos apiários de 15 colméias a 20 colméias, composto por: cavaletes ou suportes em madeira de cerne, ninhos e melgueiras, mais uma folga nas estruturas de produção, ninhos, melgueiras entre outros, para facilitar o manejo das colméias nas quantidades de acordo com cada escala de produção estudada. O resumo do orçamento das estruturas de produção nas diversas escalas de produção

å

=+

=

n

t 0 i

i i) (t

L VPL

0 i*) (t

L TIR

0 i

i =

+

=

å

=

n

(14)

encontram-se na Tabela 1 apresentada a seguir.

No custo de implantação da floresta ciliar (Tabela 2) em cada escala de produção foi considerado que para cada duas colméias seria implantado um hectare de mata.

Os insumos considerados na determinação dos custos foram obtidos através de informações fornecidas pelos apicultores e técnicos da área. A Tabela 3 relaciona os insumos utilizados durante o processo de produção do mel e própolis, nas diferentes escalas de produção. Na Tabela 2 estão apresentados os insumos e seus respectivos custos para implantação de um hectare de mata ciliar, computando os custos de dois anos de condução. Os dados foram obtidos com base no investimento feito pela UTFPR para recomposição de área de mata ciliar no Campus Dois Vizinhos.

Os custos de produção obtidos por kg de mel por ano foram levantados com informações obtidas de produtores, associações de apicultores e profissionais que atuam na área. Considerou-se os custos somente para o mel, a própolis foi considerada como um subproduto que veio a contribuir com o aumento das receitas do projeto, não necessitando de estruturas específicas.

Os valores utilizados foram de setembro de 2004, preços médios da região. Foram calculados: Custo Variável Total (CVT), Custo Fixo Total (CFT), Custo Total (CT), Custo Variável Médio (CVMe), Custo Fixo Médio (CFMe), Custo Total Médio (CTMe), por kg de mel, e o saldo líquido anual do projeto.

Foi necessário calcular os custos para montar o fluxo de caixa, mas deve-se ressaltar que alguns itens dos custos não fazem parte do fluxo de caixa, apenas vão auxiliar na montagem. O resumo dos custos de produção, nas diversas escalas de produção, encontram-se na Tabela 4 a seguir.

Observando os dados apresentados na tabela 4, evidenciou-se o comportamento dos custos de produção do mel considerando uma escala de produção com 10 colméias no período de um ano. A própolis foi considerada como subproduto incrementando a receita total do projeto. O CVT foi de R$ 292,58 e os itens que mais influenciaram neste custo foram: conservação e reparos de máquinas, equipamentos e benfeitorias e o valor dos insumos. O CFT foi de R$ 1.372,11 e os itens que mais influenciaram foram: custo alternativo da terra, juros sobre o capital fixo, a mão-de-obra fixa, depreciação de veículo, equipamentos, utensílios e benfeitorias. O CT foi de R$ 1.664,49 enquanto a receita total do mel foi R$ 2.000,00, obtendo uma receita líquida do mel de R$ 335,31. O CVMe por kg do mel foi de R$ 0,73, e CFMe por kg do mel R$ 3,43, totalizando o CTMe por kg do mel em R$ 4,16. Os custos que mais influenciaram no CTMe por kg do mel foram os CF. A receita líquida obtida com o subproduto própolis foi de R$ 78,18, vindo aumentar a receita líquida do projeto, totalizando um saldo liquido de R$ 413,47.

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Sistemas de Produção Agropecuária - Ano 2008

do mel igual a R$ 2,84, totalizando o CTMe por kg do mel em R$ 3,77. Os custos que mais influenciaram no CTMe por kg do mel foram os CF. A receita líquida obtida com o subproduto própolis foi de R$ 390,80, vindo aumentar a receita líquida do projeto totalizando um saldo liquido de R$ 2.859,32.

Analisando-se o comportamento dos custos de produção do mel no período de um ano quando considerado uma escala de produção de 100 colméias observa-se um CVT de R$ 3.138,91, sendo que os itens que mais influenciaram neste custo foram a conservação e reparos de veículo, máquinas, equipamentos e benfeitorias, preços dos insumos em função das quantidades utilizadas e impostos variáveis (Tabela 4). O CFT foi de R$ 9.873,32 e os itens que mais influenciaram foram: mão-de-obra fixa, depreciação de veículo, equipamentos e utensílios e benfeitorias, juros sobre o capital fixo, seguro sobre o capital fixo. O CT foi de R$ 13.062,23enquanto a receita total do mel foi R$ 20.000,00, obtendo uma receita líquida do mel de R$ 6.937,77. O CVMe por kg do mel foi de R$ 0,80 e o CFMe por kg do mel foi de R$ 2,47, totalizando o CTMe por kg do mel em R$ 3,27. Os custos que mais influenciaram no CTMe por kg do mel foram os CF. A receita líquida obtida com a própolis foi de R$ 781,60, vindo aumentar a receita líquida do projeto totalizando um saldo líquido de R$ 7.719,37.

Quando a escala de produção considerada foi de 200 colméias o CVT, foi de R$ 5.764,36 (Tabela 4) e os itens que mais influenciaram neste custo foram: preços dos insumos em função das quantidades utilizadas, conservação e reparos de veículo, máquinas, equipamentos, e benfeitorias, e impostos variáveis. O CFT foi de R$ 16.687,29 sendo que os itens que mais influenciaram foram: mão-de-obra fixa, depreciação de veículo, equipamentos e utensílios, e benfeitorias, juros sobre o capital fixo e seguro sobre o capital fixo. O CT foi de R$ 22.451,65enquanto a receita total do mel foi R$ 40.000,00, obtendo uma receita líquida do mel de R$ 17.548,35. O CVMe por kg do mel foi de R$ 0,72, e CFMe por kg do mel igual a R$ 2,09, totalizando o CTMe por kg do mel em R$ 2,81. Os custos que mais influenciaram no CTMe por kg do mel foram os CF. A receita líquida obtida com a própolis foi de R$ 1.563,20, aumentando a receita líquida do projeto totalizando um saldo líquido de R$ 19.111,55.

O CVT, quando se adotou uma escala de produção de 400 colméias, foi de R$ 10.263,28, sendo que os itens que mais influenciaram neste custo foram: preços dos insumos em função das quantidades utilizadas, conservação e reparos de veículo, máquinas, equipamentos, e benfeitorias, impostos variáveis, e mão-de-obra temporária. O CFT foi de R$ 25.729,58, os itens que mais influenciaram foram: mão-de-obra fixa, depreciação de veículo, equipamentos e utensílios, e benfeitorias, juros sobre o capital fixo, seguro sobre o capital fixo. O CT foi de R$ 35.992,86enquanto a receita total do mel foi R$ 80.000,00, obtendo uma receita líquida do mel de R$ 44.007,14. O CVMe por kg do mel foi de R$ 0,64, e CFMe por kg do mel foi de R$ 1,61, totalizando o CTMe por kg do mel em R$ 2,25, os custos que mais influenciaram no CTMe por kg do mel foram os CF. A receita líquida obtida com o subproduto própolis foi de R$ 3.126,40, totalizando um saldo líquido de R$ 47.133,54 (Tabela 4).

Observa-se, a partir da análise dos custos de produção, que ocorre uma redução nos custos à medida que se aumenta a escala de produção. Isto se deve principalmente pela diluição do custo fixo nos projetos quando a escala de produção aumenta.

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entradas e as saídas de valores monetários necessários para o desenvolvimento do projeto, formando o fluxo de caixa anual, conforme Tabela 5, a seguir. Os valores apresentados são receitas e despesa anuais, sem constar o desembolso com reposição de máquinas, equipamentos e materiais que se fazem necessários ao decorrer do horizonte do projeto.

Os valores apresentados na Tabela 6 demonstram o fluxo de caixa necessário para produzir mel e própolis por ano em uma escala de produção de 400 colméias. Assim como para outras escalas de produção, observa-se que no ano zero, os saldos são negativos, sendo estes os valores necessários para iniciar, ou seja, investimento ou capital necessário para início da atividade, invertendo a partir do primeiro ano, sem problema para análise do VPL, que é líquido, pois leva em conta o saldo do fluxo que já é a diferença entre as entradas e saídas e, também o balanço entre as receitas futuras e o investimento. Ao final do horizonte dos projetos, em diferentes escalas de produção, o fluxo de caixa líquido aumentou com a receita obtida do valor residual das estruturas e equipamentos utilizados, o qual está relacionado com o valor e a vida útil das estruturas e equipamentos utilizados em cada escala considerada. Para calcular o VPL foi considerada a taxa de desconto de 6% ao ano. Os valores obtidos de VPL e TIR estão expressos na tabela 7.

Como pode ser observado para a escala de produção (A) com 10 colméias, considerando o investimento da implantação e manutenção da mata ciliar o VPL é negativo e a TIR é menor que 6%, ficando evidenciado a inviabilidade do investimento nesta escala de produção.

Para as escalas de produção com 50, 100, 200 e 400 colméias os VPL's são maiores que zero e a TIR maior que 6%, sendo que as escalas de 100, 200 e 400 colméias são mais atrativas.

O valor líquido obtido a uma taxa de desconto de 6% ao ano durante os 32 anos do horizonte dos projetos, demonstra ser mais viável investir o capital na atividade apícola nas escalas acima de 100 colméias, mesmo considerando o auto investimento na recomposição da mata ciliar, no qual o capital investido será melhor remunerado que se aplicado em poupança a uma taxa líquida de 6% ao ano. Sendo que se a análise do VPL do projeto fosse menor que zero o projeto seria inviável, quando for igual a zero considerando a taxa de atratividade tanto faria investir na atividade, ou aplicar em poupança, nas escalas acima de 50 colméias o VPL foi maior que zero o projeto apresenta uma viabilidade evidenciada sendo mais rentável aplicar no projeto considerando a taxa de atratividade estabelecida.

A TIR calculada conforme apresenta a Tabela 7, mostra o rendimento do conjunto do projeto com base no fluxo de entradas e saídas nas diferentes escalas. A TIR obtida não deve ser interpretada como a taxa de retorno sobre o investimento inicial, mas sim sobre o saldo do capital empatado no projeto, considerando a taxa de atratividade estabelecida de 6% ao ano no cálculo do VPL, a TIR encontrada é a taxa que torna o VPL zero (nulo).

Os dados demonstram que as escalas acima de 50 colméias são viáveis por ambos os critérios utilizados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Sistemas de Produção Agropecuária - Ano 2008

partir das informações levantadas, tendo como critério o Valor Presente Líquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR) pode-se concluir que atividade apícola realizada junto às áreas de mata ciliar, para um horizonte de 32 anos, mesmo considerando o custo de repovoamento da área de domínio ciliar da propriedade e até mesmo de propriedades adjacentes é viável, sendo que esta viabilidade se dá em escalas de produção a partir de 50 colméias.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CORRAL-VERDUGO, V. Determinantes psicológicos e situacionais do comportamento de conservação de água: um modelo estrutural. Estudos de Psicologia, Natal, v.8, n.2, p.245-252, 2003.

NEUMANN, P.S.; LOCH, C. Legislação ambiental, desenvolvimento rural e práticas agrícolas. Ciência Rural. Santa Maria, v.32, n.2, p.243-249, 2002.

NORONHA, J. F. Projetos agropecuários. São Paulo: Atlas, 1987.

SILVA, P. P. V. Sistemas agroflorestais para recuperação de matas ciliares em Piracicaba. Piracicaba, 2002. Dissertação (Mestrado) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, 2002.

WIESE, H. Novo Manual de Apicultura. Guaíba: Agropecuária, 1995.

Tabela 1- Resumo do orçamento das estruturas de produção para mel e própolis, para diferentes escalas de produção.

Valor Total (R$) Escala de produção (nº de colméias) Especificação

10 50 100 200 400

Material para colméias 1.107,50 4.671,50 9.810,00 18.647,00 37.445,00 Cobertura das colméias 55,21 220,93 429,86 863,72 1.662,72 Suporte das Colméias 65,86 278,83 306,07 981,34 2.163,40

Abastecimento de água 891,00

Edificações e veículo 3.600,00 20.200,00 21.400,00 23.200,00 32.600,00 Equipamentos 1.499,00 4.588,00 7.271,00 10.181,00 28.215,00 Ferramentas e Utensílios 695,45 1.064,45 1.195,95 1.574,45 1.822,95 Insumos 391,00 1.811,00 3.622,00 7.100,00 16.360,00 Implantação da mata ciliar 10.075,00 50.375,00 100.750,00 201.500,00 419.360,00

Subtotal 17.489,02 83.209,71 144.784,88 264.047,51 524.160,07

Terra nua 1 ha. 8.000,00 8.000,00 8.000,00 8.000,00 8.000,00

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Tabela 2 - Custo de implantação e condução por hectare de mata ciliar para um período de dois anos.

Especificação Unid. Quant.

Valor unitário (R$)

Valor total (R$)

Mudas de espécies nativas un. 1800 0,25 450,00 Esterco cama de frango/bovino kg 200 0,08 16,00 Calcário dolomítico kg 100 0,06 6,00 Estacas par condução un. 900 0,02 18,00 Hora máquinas h 3,5 70,00 245,00 Controle de formigas cortadeiras un. 8 5,00 40,00 Mão-de-obra de implantação h 160 2,00 320,00 Mão-de-obra para condução e manutenção

período de dois anos h 460 2,00 920,00

Total 2.015,00

Tabela 3 - Insumos utilizados nas diferentes escalas de produção de mel e própolis.

Insumos gerais Escalas de produção (nº de colméia)

INSUMOS GERAIS Escalas de produção (Número de colméia) 1

0 5 0

1 0 0

2 0 0

4 0 0

1 0

5 0

1 0 0

2 0 0

4 0 0

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Sistemas de Produção Agropecuária - Ano 2008

Tabela 4 - Custo de produção anual de mel e própolis, valores em (R$) para diferentes escalas de produção.

Valor Total (R$) Escala de produção (nº de colméias) DESCRIÇÃO

10 50 100 200 400 I – Custos Variáveis

Insumos 85,07 462,46 1.184,36 2.458,22 4.022,37 Conservação e Reparos 58,16 857,52 961,84 1.072,24 1.826,24 Conservação e Reparos de Benfeitorias 95,72 210,41 343,42 581,34 1.146,42 Impostos Variáveis 46,00 230,00 460,00 920,00 1.840,00 Assistência Técnica 4,78 30,61 49,79 82,24 139,90 Despesas Gerais 2,85 17,60 29,50 50,32 88,35 Mão-de-obra temporária 40,00 160,00 600,00 1.200,00

Custo Variável Total 292,58 1.848,60 3.188,91 5.764,36 10.263,28 II – Custos Fixos

Depreciação de veículo, equip. e utensílios

66,87 2.028,90 2.159,62 2.229,93 3.160,45

Depreciação de Benfeitorias 193,57 626,92 1.211,21 2.235,80 4.496,68 Juro Sobre o Capital Fixo 378,32 1.294,04 1.521,93 2.001,28 3.778,61 Custo Alternativo da Terra 480,00 480,00 480,00 480,00 480,00 Seguro Sobre o Capital Fixo 17,35 787,03 812,57 844,29 997,84 Taxas e Impostos Fixos 16,00 16,00 16,00 16,00 16,00 Mão-de-obra Fixa 220,00 450,00 3.672,00 8.880,00 12.800,00

Custo Fixo Total 1.372,11 5.682,88 9.873,32 16.687,29 25.729,58 Custo Variável Total (CVT) 292,58 1.848,60 3.188,91 5.764,36 10.263,28 Custo Fixo Total (CFT) 1.372,11 5.682,88 9.873,32 16.687,29 25.729,58 Custo Total (CT) 1.664,49 7.531,48 13.062,23 22.451,65 35.992,86 Receita Total do Mel 2.000,00 10.000,00 20.000,00 40.000,00 80.000,00 Custo Variável Médio por kg de Mel

(CVMe)

0,73 0,92 0,80 0,72 0,64

Custo Fixo Médio por kg de Mel (CFMe)

3,43 2,84 2,47 2,09 1,61

Custo Total Médio (CTMe) 4,16 3,77 3,27 2,81 2,25 Receita Líquida Total do Mel (RLT) 335,31 2.468,52 6.937,77 17.548,35 44.007,14 Receita Líquida Própolis (Sub

produto)

78,18 390,80 781,60 1.563,20 3.126,40

Saldo Líq. Anual do Proj. Mel + Própolis

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Tabela 5 - Composição do fluxo de caixa para escalas de produção com 10, 50, 100, 200 e 400 colméias.

DESCRIÇÃO Valor Total (R$) / Escala de produção (nº de colméias) A – ENTRADAS 10 50 100 200 400

Receitas com mel 2.000,00 10.000,00 20.000,00 40.000,00 80.000,00 Receitas com própolis 80,00 400,00 800,00 1.600,00 3.200,00

Total de Entradas Anuais 2.080,00 10.400,00 20.800,00 41.600,00 83.200,00

B–SAÍDAS

Insumos 85,07 462,46 1.184,36 2.458,22 4.022,37 Consertos e reparos 154,68 1.067,93 1.305,26 1.653,58 2.972,66 Impostos variáveis 46,00 230,00 460,00 920,00 1.840,00 Assistência técnica 4,78 30,61 49,79 82,24 139,90 Despesas gerais 2,85 17,60 29,50 50,32 88,35 Imposto fixo 16,00 16,00 160,00 16,00 16,00 Mão-de-obra temporária 16,00 600,00 1200,00 Mão-de-obra fixa 120,00 300,00 600,00 1.200,00 2.400,00 Remuneração de empresário 100,00 150,00 3.072,00 7.680,00 10.400,00

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Sistemas de Produção Agropecuária - Ano 2008

Tempo Entradas Valor Investimento Saídas Material de Montante Fluxo Ano Receitas Residual Operacional Reposição Liquido

0 - - 532.160,07 - - (532.160,07)

1 83.200,00 - - 23.079,28 - 60.120,72 2 83.200,00 - - 23.079,28 - 60.120,72 3 83.200,00 - - 23.079,28 - 60.120,72 4 83.200,00 - - 23.079,28 - 60.120,72 5 83.200,00 - - 23.079,28 - 60.120,72 6 83.200,00 - - 23.079,28 1.400,00 58.720,72 7 83.200,00 - - 23.079,28 - 60.120,72 8 83.200,00 - - 23.079,28 37.445,00 22.675,72 9 83.200,00 - - 23.079,28 - 60.120,72 10 83.200,00 - - 23.079,28 - 60.120,72 11 83.200,00 - - 23.079,28 - 60.120,72 12 83.200,00 - - 23.079,28 1.400,00 58.720,72 13 83.200,00 - - 23.079,28 - 60.120,72 14 83.200,00 - - 23.079,28 17.000,00 43.120,72 15 83.200,00 - - 23.079,28 - 60.120,72 16 83.200,00 - - 23.079,28 51.686,00 8.434,72 17 83.200,00 - - 23.079,28 16.631,20 43.489,52 18 83.200,00 - - 23.079,28 1.400,00 58.720,72 19 83.200,00 - - 23.079,28 - 60.120,72 20 83.200,00 - - 23.079,28 1.083,00 59.037,72 21 83.200,00 - - 23.079,28 - 60.120,72 22 83.200,00 - - 23.079,28 - 60.120,72 23 83.200,00 - - 23.079,28 - 60.120,72 24 83.200,00 - - 23.079,28 37.445,00 22.675,72 25 83.200,00 - - 23.079,28 - 60.120,72 26 83.200,00 - - 23.079,28 - 60.120,72 27 83.200,00 - - 23.079,28 - 60.120,72 28 83.200,00 - - 23.079,28 - 60.120,72 29 83.200,00 - - 23.079,28 - 60.120,72 30 83.200,00 - - 23.079,28 1.400,00 58.720,72 31 83.200,00 - - 23.079,28 - 60.120,72 32 83.200,00 50.960,83 - 23.079,28 - 111.081,55

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Tabela 7 - Resultados obtidos da análise econômica de diferentes escalas de produção de mel e própolis pelos critérios do valor presente líquido e taxa interna de retorno.

Número de colméias VPL (valor presente líquido) (R$)

TIR (taxa interna de retorno) (%)

10 - 4.480,65 4,53

50 9.366,97 6,90

100 23.286,47 7,32

200 74.874,59 8,37

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Sistemas de Produção Agropecuária - Ano 2008

EVOLUÇÃO DE SISTEMAS DE MANEJO DO SOLO E PRODUTIVIDADE AGROPECUÁRIA NO ESTADO DO PARANÁ

1 2

Nilvânia Aparecida de Mello & Paulo Cesar Conceição

1 Eng. Agrônoma, Prof . Dr. UTFPR (PB), e-mail: nilvania@utfpr.edu.bra 2 Eng. Agrônomo, Prof. Dr. UTFPR (DV), e-mail: paulocesar@utfpr.edu.br

INTRODUÇÃO

A sociedade atual vive um intenso debate sobre o futuro da humanidade, em especial, em relação à capacidade de produzir efetivamente alimentos capazes de superar o dilema da fome em muitos países; atender os pressupostos definidos como mínimos para um indivíduo viver com dignidade e preservar o equilíbrio natural do planeta. Muitas vezes, o avanço das tecnologias parece impor-nos processos que evidenciam capacidades produtivas aquém das necessárias para que possamos alimentar a todos. A produção agropecuária segue um modelo cujo primeiro objetivo é o capital, descuidando-se dos reflexos oriundos do uso deste ou daquele sistema de manejo de recursos naturais finitos. Nesse contexto, o presente capítulo visa abordar, de forma geral, um pouco da evolução dos sistemas de produção de alimentos e suas conseqüências em termos de manutenção das condições do planeta. De forma específica tem por escopo traçar um panorama da produção agropecuária no Estado do Paraná, desde o processo de colonização até os dias atuais. Como premissa ontológica propõe-se a estimular o debate da responsabilidade social do profissional envolvido com a área das ciências agrárias e apontar formas possíveis de eficientemente utilizar os recursos produtivos que nos são legados, produzindo alimentos com segurança e sem degradar o meio no qual habitamos, em especial o recurso finito solo.

UM POUCO DE HISTÓRIA

Euclides da Cunha juntou beleza e sabedoria quando escreveu a célebre frase em seu livro Sertões: O sertanejo é, antes de tudo, um forte. De fato, quem conhece a dureza do semi-árido nordestino, as características de seus solos e sua vegetação, têm a exata dimensão do quanto o sertanejo deve ser forte para resistir em tal ambiente. Da mesma forma, quem conhece a imensidão da campanha gaúcha, e imagina como deve ter sido defender suas fronteiras ao longo dos séculos XVII e XVIII, entende o que é o espírito gaúcho. Este preâmbulo serve para reforçar que o meio influencia o homem e a forma como este se constitui socialmente. Embora o ambiente e, portanto, o solo, seja determinante para a evolução social, outros fatores sociais e políticos também têm grande contribuição para a formação da sociedade, especialmente no que diz respeito ao uso do solo. Assim, para entender como se deu a ocupação, o uso do solo, os processos de degradação deste recurso natural e também os esforços para recuperá-lo, é preciso antes conhecer um pouco da história do local em questão. No caso do Estado do Paraná, o entendimento do uso, manejo e conservação do solo muitas vezes se sobrepõe a história do Estado, pois talvez em nenhum outro ente da federação seja tão evidente a miscigenação entre fatores políticos, sócio-culturais e ambientais.

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pinturas rupestres e diversos sítios arqueológicos desde o litoral até a barranca do rio Paraná. Trabalhos de reconstituição arqueológica que comprovam estes fatos foram conduzidos pelo Museu Paranaense (Museu..., 2008). O próprio nome do Estado “Paraná=parecido a um mar de pinheiros”, e das cidades mais antigas (Curitiba; “muito pinhão” e Paranaguá; “grande mar redondo”) é herança indígena. A entrada do colonizador europeu se deu apenas no século XVII, com a descoberta de jazidas de ouro na baixada litorânea. A primeira cidade fundada no Paraná foi Paranaguá, sua atividade era essencialmente extrativista e sua extensão ia até os campos de Curitiba, além da Serra do Mar. Esta fase, de extrativismo mineral foi muito curta no Paraná. Com o surgimento das jazidas de minérios e pedras preciosas na região das Minas Gerais, não era economicamente viável explorar as jazidas paranaenses. No entanto um novo mercado se abria, não apenas para o Paraná, mas para toda a região sul do Brasil colônia: como toda a mão de obra disponível em Minas Gerais e boa parte da mão de obra de São Paulo eram voltadas para o extrativismo do ouro, havia grande carência de gênero alimentício, principalmente de carne, nas regiões mineradoras. Por outro lado, as missões jesuíticas tinham sido destruídas no Rio Grande do Sul, e o gado que havia sido introduzido pelos jesuítas se reproduzido de forma livre, existindo extensos rebanhos naquele Estado. Uma atividade econômica viável passou a ser capturar gado no Rio Grande do Sul e levá-lo para ser abatido e consumido em São Paulo e Minas Gerais. Assim, muitas das terras existentes no Paraná passaram a servir de pontos de parada para as tropas que vinham do Rio Grande do Sul em direção a São Paulo e Minas Gerais.

Neste período apenas as regiões que serviam de caminho para os tropeiros eram ocupadas, todo interior do Estado era desabitado. Foi apenas da metade para o final do século XIX que o Paraná passou de fato a ser colonizado. A ocupação dos campos de Guarapuava se deu, portanto, no modelo “tradicional” com escravização dos índios e concessão das terras para famílias portuguesas. Uma vez estabelecido um núcleo nos campos de Guarapuava, passou-se para a ocupação dos campos de Palmas. Enquanto a ocupação do primeiro foi feita com base em expedições militares, para o segundo Império adotou um modelo diferente: a concessões de terras para duas empresas particulares, responsáveis pela concessão de terras aos colonos. Através destes artifícios, até a metade do século XIX o interior do Paraná estava oficialmente colonizado, mas faltava ainda a ocupação de fato das terras, já que as atividades predominantes ainda eram as fazendas de invernada e o extrativismo da erva-mate, que era exportada para Argentina e Chile.

Aqui merece destaque um fato importante, que marcou profundamente o uso do solo no Paraná: A província do Paraná foi criada em 1850, mesmo ano em que foi promulgada a Lei de Terras Brasileiras. Disto resultou, que como previsto na Lei, na província do Paraná a concessão e ocupação de terras passou por um processo legal, ainda que mínimo, visto que havia a necessidade de colonizar todo o interior do Estado. Na prática sabe-se que as exigências contidas na Lei apenas favoreciam cidadãos em total acordo com o império, mas de qualquer forma, a ocupação se deu através de via legal, e esta forma de proceder, com recursos a justiça e a lei, acabou por se tornar uma constante das questões relacionadas ao uso e ocupação do solo no Paraná.

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Estado recebeu principalmente alemães, ucranianos, poloneses e italianos. Em menor número, suíços, franceses, ingleses e russos e, já no século XX, chegaram os holandeses e japoneses. Inicialmente os imigrantes situaram-se em torno de Curitiba, com a continuidade da chegada de imigrantes (o Paraná assim como outros Estados do Sul do Brasil recebeu imigrantes europeus de forma rotineira entre os anos de 1850 a 1900) estes foram sendo direcionados para o interior do Estado, principalmente para região centro sul, onde atualmente encontram-se as cidades de Irati, Prudentópolis, Ivai, Mallet, etc. Assim surge uma nova combinação de fatores na história do uso e ocupação dos solos paranaenses: os imigrantes europeus, em sua grande maioria, eram descendentes de produtores rurais que viram suas terras serem exauridas pela sucessão familiar, e não pelo mau uso. Em outras palavras, a maior parte dos imigrantes foram forçados a migrar porque nos processos sucessórios, típicos da agricultura familiar, a mesma porção de terras vai sendo dividida entre os filhos, e depois entre os filhos dos filhos. Este era o motivo da imigração, e não a degradação da terra pelo uso contínuo. Quando estes agricultores chegaram ao Paraná, não era problema para eles o fato de, diante de tanta terra, a eles ser destinada uma pequena parcela (a Lei de Terras estabelecia critérios claros para possuir grande extensão de terras, e entre eles figurava ser português ou brasileiro descendente de portugueses). Mas mais tarde constitui-se grande problema o fato da terra recebida no Brasil ser cultivada nos mesmos moldes realizados na Europa: com o uso intensivo do arado.

FORMAÇÃO GEOLÓGICA, SOLOS E COLONIZAÇÃO DO PARANÁ O Paraná geologicamente é dividido em quatro regiões distintas: A planície litorânea, constituída principalmente por sedimentos oriundos da Serra do Mar e sedimentos marinhos, o primeiro planalto ou de Curitiba, formado por rochas sedimentares e metamórficas, o segundo planalto ou de Ponta Grossa, formando predominantemente por rochas sedimentares, e o terceiro planalto, ou de Guarapuava, formado majoritariamente por rochas ígneas basálticas. O primeiro planalto foi a primeira região a ser urbanizada no Paraná, de forma que a agricultura nele desenvolvido sempre foi voltada para o abastecimento dos núcleos urbanos. A planície litorânea, embora possua os aglomerados urbanos mais antigos do Estado, apresenta solos que dificultam o cultivo anual, tais como Neossolos quartzarênicos (Embrapa, 1984), utilizados inicialmente para criação de gado e atualmente para olericultura e extração de essências nativas. Já na bacia sedimentar de Curitiba destacam-se os Chernossolos (antigos Rubrozens), solos férteis largamente utilizados para olericultura. Outras ordens, como Espodossolos, Organossolos e Cambissolos também estão presentes. No segundo planalto predominam os solos formados sobre rochas sedimentares. Estes solos são de caráter bastante variável, em função da combinação do tipo de rocha e clima (Embrapa, 1984). Na região de Ponta Grossa, por exemplo, ocorrem desde Latossolos de textura média a arenosa até Cambissolos com horizonte A húmico. Já próximo a Irati, sobre o siltito da formação que leva o mesmo nome, surgem solos altamente suscetíveis a erosão, e portanto exigentes em manejo. O terceiro planalto é caracterizado pelo extenso derrame de basalto do Mesozóico, da formação Serra Geral, que da origem, principalmente aos Latossolos.

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encontravam-se ocupadas. Porém, na região sudoeste e oeste do Paraná havia apenas dois pólos distintos: Palmas, na região dos campos, e Foz do Iguaçu, que era apenas uma colônia militar. A colonização do sudoeste paranaense consiste uma das páginas mais belas da história do Paraná (Battisti, 2006).

O terceiro planalto apresenta uma composição de solos muito interessante: enquanto ao norte do Estado a condição climática (mais quente e úmida) proporcionou a formação de solos mais intemperizados e com relevo que permite a plena mecanização no sudoeste ocorrem solos mais rasos, em condições de relevo que muitas vezes não permitem a mecanização das atividades. É no noroeste do terceiro planalto que ocorre a mais extensa associação de Nitossolos e Latossolos Vermelhos, antigamente denominados de Terra-Roxa. Na mesma região existe também o afloramento do arenito Caiuá, que dá origem a solos extremamente frágeis. Já no sudoeste e oeste do Paraná, ainda sobre o terceiro planalto, ocorrem principalmente Latossolos, enquanto em alguns locais, sob relevo ondulado associado a clima mais frio, surgem Cambissolos e Neossolos associados principalmente aos Nitossolos.

Além do relevo, outro fator que dificultou a colonização do sudoeste foi a ausência de caminhos, além daqueles que haviam restado dos tropeiros, e a total dependência em relação a Curitiba, situada a cerca de 500 km do sudoeste do Paraná. Historicamente havia uma disputa entre Santa Catarina e Paraná sobre a soberania desta região. Os dois Estados alegavam que estas terras lhes pertenciam. Este embate ficou conhecido como Guerra do Contestado (1912-1916), e foi resolvida via mediação externa.

A colonização de boa parte do Estado do Paraná, como já citado, foi feita por companhias contratadas para este fim. A ausência e/ou distanciamento do governo em relação ao sudoeste acabou por transformá-lo numa espécie de terra sem lei. Havia inúmeros casos de posse ilegal, grilagem, expulsão de colonos e descendentes de indígenas pelos fazendeiros ou por posseiros mais fortes. Além disto, as companhias imobiliárias, herdeiras das companhias colonizadoras, grilavam terras de pequenos produtores, e através de ameaças e violência obrigava os mesmos a recomprarem suas próprias terras. Os jagunços das companhias imobiliárias torturavam, matavam, mutilavam, aterrorizavam, sendo que muitos destes fatos eram feitos com a conivência das autoridades locais e estaduais. Esta situação perdurou por quase quarenta anos, até tornar-se insustentável e dar origem a Revolta dos Posseiros, que eclodiu em 1957, quando os agricultores e moradores urbanos da região sudoeste se organizaram, invadiram as prefeituras e delegacias, e depois invadiram as sedes das companhias expulsando-as da região. Mais tarde os processos conduzidos na justiça legitimaram a ação dos agricultores. Este fato, associado ao relevo que não permitia a larga mecanização, fez com que no sudoeste do Paraná predominassem as pequenas propriedades, cerca de 80% possuem menos de 50 hectares. Trata-se talvez do único exemplo em que os pequenos venceram, tanto na via legal quanto nas vias de fato.

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se exauriram, forçando a entrada na região do planalto médio gaúcho, chamado de região das colônias novas. Estas colônias prosperaram por algum tempo, mas logo a degradação do solo, manejado com fogo e revolvimento, forçou a procura de novas terras. Estima-se que entre os anos de 1950 e 1960 cerca de 500.000 gaúchos deixaram o Estado do Rio Grande do Sul, muitos deles fixaram residência no sudoeste e oeste paranaense, dedicando-se primeiramente à remoção das matas de araucária, e posteriormente, à agricultura. Assim, o Estado do Paraná foi inteiramente colonizado, a vegetação nativa, principalmente do bioma mata de araucária (Araucária angustifólia) foi quase que totalmente suprimida, e o Paraná entrou numa nova etapa de sua história.

AGRICULTURA NO ESTADO DO PARANÁ

Perceba-se que, inicialmente, as famílias que possuíam ligação com o Império recebiam as terras férteis do norte do Estado, aptas para o plantio do café, principal produto de exportação da época, enquanto os imigrantes eram assentados na região dos solos oriundos de rochas sedimentares, principalmente arenitos e siltitos, no centro-sul do Estado. Em ambos os casos, o manejo do solo era o mesmo adotado nos países europeus, ou seja, baseava-se na eliminação da vegetação nativa e intenso revolvimento do solo antes do plantio.

No norte pioneiro, graças a fertilidade natural dos solos, o cultivo do café foi uma atividade economicamente viável praticamente até meados da década de 70. A área plantada com esta cultura, na década de 60, aproximou-se de 2 milhões de hectares e as cidades daquela região, como Londrina e Maringá, experimentaram um intenso ciclo de evolução, com a implantação de indústrias de transformação do produto primário e a criação de Universidades públicas e privadas. Foi somente com a grande geada de 1975 que este ciclo encerrou-se por definitivo. Após a geada, os solos exauridos por décadas de manejo inadequado não suportavam os cultivos anuais, e a reimplantação dos cafezais tornou-se uma atividade cara e de retorno lento, uma vez que a produção comercial começava apenas no terceiro ano. Assim, a área plantada com café decaiu de quase 2 milhões de hectares em 1967, para pouco mais de 150 mil hectares em 2000. A área deixada pelo café começou a ser ocupada pela soja, sempre em sistema convencional, mas a necessidade de altas doses de fertilizantes para viabilizar a produção tornou a atividade pouco rentável. Sobre os solos derivados do arenito Caiuá, no norte do estado, instalaram-se pastagens e o cultivo de cana de açúcar (Emater, 1998).

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A região sudoeste e oeste, após o ciclo extrativista da madeira, que perdurou até o final da década de 60, começou a receber intenso fluxo de imigrantes vindos do Rio Grande do Sul, e embora também existisse a agricultura familiar, a cultura da soja passou a ser adotada pelos pequenos agricultores, instalando um novo problema, o monocultivo. O sistema de manejo predominante continuava sendo o plantio convencional, fazendo com que a perda de solo por erosão hídrica atingisse valores alarmantes. Segundo SEAB (1994) entre 15 e 20 ton/ha de solo eram perdidos por ano devido aos processos erosivos. Porém, a elevada taxa de perda de solos não era diretamente correlacionada com a produção agrícola, devido a falta de estudos sistemáticos, ou seja, embora houvesse um contínuo empobrecimento do solo (SEAB, 1994), devido ao processo erosivo, isto não se refletia na produtividade agrícola, devido a crescente adoção de insumos (Muzilli, 2002).

Além disso, como em todo o resto do país, os anos setenta foram caracterizados pela dita revolução verde. Do ponto de vista do manejo dos solos o principal fator que passou a ser incentivado, via financiamentos governamentais, foi a mecanização dos processos de preparo do solo para o plantio e colheita. Como a maior parte das propriedades adotava a monocultura, o calendário de plantio e colheita ficava bastante restrito, de forma que muitas vezes o agricultor era obrigado a entrar na área sem as condições ideais, acelerando ainda mais o processo de degradação física do solo. Esta época coincide também com a explosão da cultura da soja como cultura voltada para o agronegócio. A área cultivada com soja na região sul do país passou de pouco mais de 1 milhão de hectares no início dos anos 70 para mais de 9 milhões ao final da referida década.

Assim, o Estado do Paraná chegou à década de oitenta com severos processos de degradação do solo, com a maior parte das áreas agrícolas sendo utilizadas para monocultura, acelerando sua depauperação e dando origem a um novo ciclo de descapitalização dos agricultores, forçando sua remoção para os centros urbanos ou a busca de novas terras nos estados do centro- oeste brasileiro.

MANEJO DO SOLO

A redução da matéria orgânica do solo, devido ao intenso revolvimento, associado à baixa taxa de cobertura e a ausência de práticas mecânicas de conservação permitiam que os processos erosivos fossem intensos, em especial no final da década de 70. Paradoxalmente, o que captou a atenção das autoridades sobre os problemas de manejo e conservação dos solos paranaenses não foi um fato diretamente relacionado às atividades agrícolas, mas sim uma grande obra da engenharia civil: a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu.

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foi, portanto a mola mestra para implantação de um amplo programa de recuperação e conservação de solos no Estado do Paraná.

Este programa, intitulado Programa de Manejo Integrado do Solo e Água, foi elaborado em várias etapas, e consistiu numa das ações de maior eficácia do ponto de vista de difusão/adoção de tecnologias na agricultura brasileira. Ele se baseou numa ação conjunta da pesquisa e da extensão, visando gerar e disseminar novas técnicas de manejo, adaptadas as condições de solo, clima e sistema fundiário das diversas regiões do Estado. Como unidade básica para o planejamento do uso e manejo do solo passou-se a adotar a microbacia hidrográfica e não mais os limites da propriedade ou gleba. As práticas mecânicas de controle de erosão passaram a ser implantadas dentro desta lógica, com adoção de terraços e não mais dos murunduns, adotados de forma emergencial até inicio dos anos oitenta (Rollof, 1996)

Quanto a fertilidade química, um amplo programa de distribuição de calcário foi a base do subprograma de manejo e conservação de solos em microbacias hidrográficas, enfatizando a necessidade de realização de análises do solo, e do balanceamento da adubação, baseada nos resultados de análises (Muzili, 2002). A pesquisa com adubos verdes e plantas de cobertura do solo introduziu novas espécies, destinadas para este fim, incentivando inclusive a produção comercial de sementes destas espécies (Calegari, 1995).

A readequação das estradas rurais também foi alvo do programa, sempre dentro do contexto de manejo integrado da microbacia, reduzindo os processos erosivos que ocorriam nos leitos de estradas mal locadas e facilitando o escoamento da produção agrícola. Destas quatro linhas programáticas surgiram inúmeras adaptações, que contemplavam as necessidades específicas de cada região e de cada sistema fundiário. Mas, principalmente, enfatizou-se que nenhuma prática isolada seria capaz de controlar o processo erosivo e suas conseqüências, de forma que o agricultor devia adotar todas, ou pelo menos o máximo possível destas medidas para, garantir a qualidade de seu solo e reduzir a emissão de sedimentos para os cursos hídricos.

A diversidade de solos e de sistemas produtivos existentes exigiu um grande esforço de adaptação das técnicas adotadas, o que deu origem a um novo programa, voltado para o desenvolvimento rural do Estado, intitulado Paraná Rural. Este programa considerava, além dos aspectos técnicos de manejo e conservação do solo, a lógica do sistema de produção também do ponto de vista do produtor rural, antevendo aspectos relacionados aos entraves tecnológicos, ao escoamento da produção e as necessidades de mercado. Este programa foi implantado em 2.740 microbacias, e envolvia agricultores, extensionistas, pesquisadores e professores de diversas universidades do Estado (Marques et al., 2001). As bases do programa Paraná Rural foram o aumento da cobertura do solo e do conteúdo de matéria orgânica, o controle da erosão através do aumento da infiltração da água no solo e a melhoria dos sistemas de produção como um todo, além da recuperação de ambientes ciliares e ripários (SEAB, 1994).

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significados adquiridos por parâmetros até então simples, como o pH e a densidade do solo, mas sobretudo era preciso torná-lo viável para qualquer contexto agrícola, o que em termos de sistema fundiário do Paraná significava encontrar um sistema que funcionasse adequadamente tanto em grandes propriedades totalmente mecanizadas quanto em pequenas propriedades baseadas apenas na tração animal (Darolt,1998).

AGRICULTURAS: TRADICIONAL, CONVENCIONAL E SUSTENTÁVEL O objetivo maior da agricultura, ao longo de toda a história da humanidade, é produzir alimentos. Todas as civilizações passaram por uma fase em que se praticava apenas a agricultura de subsistência, esta é a agricultura tradicional. A agricultura como geradora de divisas, como fonte do agronegócio, é muito recente na história da humanidade, até porque a possibilidade de transporte e comercialização de produtos agropecuários exige um nível tecnológico que só foi alcançado há pouco tempo (Hayami & Ruttan, 1985).

No contexto da agricultura de subsistência não há sentido no aumento da produção para gerar capital, a mesma área é cultivada somente enquanto mantiver seu potencial produtivo. Quando este se esgotar, uma nova área irá lhe substituir, de forma a continuar atendendo a demanda local. O modelo agrícola de diversos povos remanescentes de antigas civilizações, como os ameríndios, alguns povos africanos e australianos, é baseado neste princípio. A terra é usada enquanto fornecer os níveis de produção que supram a necessidade da comunidade, quando entrar em declínio, será substituída por um novo talhão, entrando em pousio até que seus atributos iniciais se recuperem e ela possa novamente entrar em uso.

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Tabela 1- Resumo do orçamento das estruturas de produção para mel e própolis, para diferentes  escalas de produção.
Tabela 3 - Insumos utilizados nas diferentes escalas de produção de mel e própolis.
Tabela 4 -  Custo de produção anual  de  mel e  própolis, valores  em (R$) para diferentes escalas  de produção.
Tabela 5 - Composição do fluxo de caixa para escalas de produção com 10, 50, 100, 200 e 400  colméias.
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