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ESCOLHA DA SOLUÇÃO NUTRITIVA

No documento SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA (páginas 48-50)

Diversas soluções nutritivas já foram propostas na literatura, com diferenças marcantes relacionadas às concentrações dos macronutrientes, já para os micronutrientes, estas são menores.

De maneira geral, segundo Barry (1996), as concentrações de nutrientes nas -1

soluções nutritivas apresentam-se nas seguintes faixas (mg.L ): N (70 – 250), P (15 - 80), K (150 – 400), Ca (70 – 200), Mg (15 – 80), S (20 – 200), Fe (0,8 – 6), Mn (0,5 – 2), B (0,1- 6), Cu (0,05 – 0,3), Zn (0,1 – 0,5) e Mo (0,05 – 0,15).

As soluções nutritivas que são recomendadas para o cultivo de alface estão na Tabela 2.

Tabela 2 - Composição química das soluções nutritivas recomendadas para o cultivo de alface.

Castellane & Araújo (1995) Furlani (1995) Componentes g.1000 Litros de solução g.1000 Litros de solução

Nitrato de Cálcio 950 1000

Monoamônio fosfato (MAP) - 150

Fosfato de potássio 272 - Cloreto de potássio - 150 Nitrato de potássio 900 600 Sulfato de magnésio 246 250 Cloreto de manganês - 1,17 Sulfato de manganês 1,70 - Sulfato de zinco 1,15 0,44 Sulfato de cobre 0,19 0,10 Ácido bórico 2,85 1,02 Molibdato de sódio 0,12 0,13

Ferro-EDTA* 1 litro 0,5 litro

*Em ambas soluções utilizar ferro-EDTA como fonte de ferro, obtido através da dissolução de 24,1g de sulfato de ferro em 400ml de água e 25,1g sódio-EDTA em 400ml de água quente (80ºC), misturando-se as duas soluções frias, completando o volume para 1,0 litro (Santos, 2000).

As formulações de nutrientes são desenvolvidas com o objetivo de atender as exigências nutricionais da cultura em conformidade em alguns casos, com a época do ano e com as condições climáticas do local. Pode dizer que ao comparar as formulações existentes, não existe aquela que seja única e melhor.

Para preparar a solução nutritiva deve-se definir a quantidade que deverá ser preparada, colocando-se água no reservatório. A seguir, são calculadas as quantidades de nutrientes a ser utilizado. Recomenda-se pesar separadamente cada nutriente, em balança de precisão, com cuidado para não errar na pesagem, colocando-se quantidades em excesso ou em menor quantidade, o que poderá causar prejuízos na produção.

Para adicionar os nutrientes na água, deve-se seguir determinada ordem de operações para evitar que ocorram reações entre os nutrientes, conforme apresentada abaixo:

a) Corrigir o pH se estiver fora dos padrões;

b) Adicionar a água, os macronutrientes sem cálcio (nitrato de magnésio, nitrato de potássio monoamôniofosfato);

c) Sais de cálcio (nitrato de cálcio);

d) Micronutrientes sem ferro (fontes de Mn, Zn, Cu, B, Mo); e) Fonte de ferro (Fe-EDTA (Etileno diamino tetra-acetato de sódio);

Sistemas de Produção Agropecuária - Ano 2008

f) Ajuste do pH;

g) Determinação da condutividade elétrica.

De acordo com Furlani et. al. (1999), alguns cuidados devem ser observados no preparo das soluções nutritivas: i) conhecer a qualidade da água, quanto as suas características químicas (quantidades de nutrientes e concentração salina) e microbiológicas (presença de coliformes fecais e patógenos). Se os teores de algum dos macro e micronutrientes forem maiores que 25% e 50% dos valores da fórmula adotada, respectivamente, as quantidades dos sais que fornecem esses nutrientes devem ser recalculadas; ii) observar a relação custo/benefício e solubilidade na escolha dos sais fertilizantes; iii) utilizar N na forma amoniacal (NH ) não mais do que 20% da 4 quantidade total de N na formulação; iv) evitar a mistura de solução concentrada de nitrato de cálcio com sulfatos e fosfatos, pois pode ocorrer a formação de compostos insolúveis (precipitados) como sulfato de cálcio e fosfato de cálcio. v) utilizar de preferência molibdato de amônio ou ácido molibdico, em vez do molibdato de sódio, pois este é muito alcalino e quando adicionado ao coquetel dos demais sais de micronutrientes pode ocasionar precipitações de alguns deles.

As soluções nutritivas não tem capacidade tampão, dessa forma o pH varia continuamente, não se mantendo dentro de uma faixa ideal, sendo toleradas variações na faixa de 4,5 a 7,5 sem problemas ao crescimento das plantas. No entanto, valores abaixo de 4,0 afetam a integridade das membranas celulares e superiores a 6,5 exigem atenção redobrada com possíveis sintomas de deficiência de Fe, P, B e Mn.

As variações de pH que ocorrem na solução nutritiva são reflexos da absorção diferenciada de cátions e ânions. Por exemplo, quando o N é fornecido na forma nítrica, a absorção de ânions é maior que de cátions ocorrendo elevação do pH. Por esta razão, recomenda-se o fornecimento de parte do N também na forma amoniacal (NH ), 4 tornando-se a solução mais tamponada (Furlani et al., 1999).

Recomenda-se manter a solução nutritiva equilibrada em cátions e ânions para que seja atendida a demanda da planta, que tentar manter o pH numa faixa estreita de valores através do uso de ácidos (sulfúricos, fosfórico, nítrico ou clorídrico) e/ou bases fortes (hidróxido de sódio, de potássio ou de amônio), para diminuir ou aumentar o pH do meio de crescimento. É importante salientar que o uso desses produtos deve ser feito com cuidado, pois podem causar queimaduras quando em contato com a pele e olhos do operador.

Quanto à concentração das soluções nutritivas, é importante observar que as formulações devem ser utilizadas integralmente (100%) durante a época fria do ano e com plantas já desenvolvidas (produção final). Nos estádios iniciais de crescimento, na fase de produção de mudas à demanda por nutrientes pela planta é baixa, recomenda-se a diluição da solução nutritiva em 50%. Para o período de verão, em razão das plantas absorverem mais água, e portanto mais nutrientes, recomenda-se utilizar a solução nutritiva diluída em 50% ou 75%.

Segundo Santos (2000), a pressão osmótica de uma solução nutritiva deve-se situar entre 0,5 e 1,0 atmosfera. Valores muito altos indicam excesso de sais na solução e podem causar sérios danos às raízes.

A alface não tolera temperaturas muito elevadas na solução nutritiva, sendo aquelas acima de 25ºC prejudicam o crescimento da planta e maior que 30ºC causam colapso total da planta. A temperatura ideal situa-se entre 18ºC e 24ºC no verão e entre

10 e 16ºC no inverno. Para evitar o aquecimento excessivo da solução nutritiva, Santos (2000) recomenda que o reservatório seja parcialmente enterrado ou em local abrigado da incidência dos raios solares e bem ventilado.

Com relação à oxigenação a solução nutritiva é importante que esta contenha certo teor de oxigênio, o qual será fornecido às raízes. Segundo Santos (2000) a

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solubilidade máxima de oxigênio na água é da ordem de 6,5 mg.L a 23ºC e de 5,2 mg.L 1

a 28ºC, indicando que o aumento da temperatura da solução nutritiva causa diminuição no teor de oxigênio dissolvido. Torna-se necessário que se disponha de algum mecanismo para garantir o arejamento da solução nutritiva, seja através de refluxo da moto-bomba, seja por queda no retorno ao reservatório ou pela adoção de outras técnicas de aeração como injeção de ar comprimido, sistema Venturi e borbulhadores.

Considerando-se que a absorção de nutrientes pelas plantas é seletiva em função da espécie e cultivar, a reposição dos nutrientes durante o desenvolvimento das plantas, sem afetar o balanço entre concentrações na solução nutritiva, sendo este o maior desafio dos produtores hidropônicos.

SOLUÇÕES CONCENTRADAS PARA O PREPARO

No documento SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA (páginas 48-50)