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Revista RecreArte 8 DIC07 - ISSN: Revista RecreArte 8 > I - Creatividad Básica: Investigación y Fundamentación. David de Prado Díez

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Revista RecreArte 8 > I - Creatividad Básica: Investigación y Fundamentación

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A capacidade de Criação envelhece? Questões que nos fazem pensar se tudo tem hora para acabar.

Maria Patrocínia Gonçalves Santos

Este artigo é baseado na dissertação de Mestrado pelo curso de Pós-graduação em Gerontologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Com o titulo de “A capacidade de criação envelhece? Questões que nos fazem pensar se tudo tem hora de acabar”, onde investigo se a criatividade – com foco na criatividade artística – é mais uma perda que se atribui a velhice.

Esta aproximação entre o estudo da criatividade e do envelhecimento foi uma tentativa para o alargamento e uma conseqüente flexibilização do conhecimento de ambas as áreas, disponibilizando novos horizontes do saber, com foco na criação artística na velhice. Questões como “a criatividade é uma qualidade do jovem”, “um artista, quando velho, só consegue se repetir”, me levaram a observar a produção de artistas que chegaram a velhice produzindo obras arrojadas e muitas vezes, desenvolvendo, trabalhos criativos e anômalos, em relação a tudo que fizeram antes.

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Vale ainda ressaltar que os livros de arte, em geral, pouca referência fazem ao envelhecimento dos artistas e suas obras finais. Esta fase da vida geralmente é diluída dentro da expressão de personalidade dos artistas, e as últimas obras ficam relegadas fora dos limites da arte, no terreno do documentário.

A criatividade é uma dimensão inerente ao ser humano, as potencialidades criativas, porém, só se darão a conhecer depois que a pessoa crescer, desenvolver-se e atingir sua maturidade, ou seja, só após os encontros com a vida. E é neste contexto que a sensibilidade e o potencial criador se revelarão, pois estão diretamente atrelados aos caminhos da vida, nos quais não existe atalho ou queima de etapas. 1

Assim, torna-se incompreensível o fato de ser tão incomum conjugar criatividade e velhice. A capacidade de criação costuma ser contemplada e considerada no jovem, desprezando, por conseguinte, a maturação do processo de criação. Quando se fala de criatividade, sempre vem em mente o arrojado, o jovem. Para isto também contribui a maioria das literaturas sobre criatividade que focam na sua maioria às crianças e aos jovens. Ostrower diz que a criatividade está ligada ao mito, de que criativo é o que é jovem, e vice-versa.

Como poderia um jovem de 18 anos, por mais talentoso e inteligente que fosse, já se ter encontrado enquanto ser humano? Saber quem ele é, e o que fazer porque interiormente ele o precisa fazer? Mal começou a viver como adulto. E aqueles que por acaso já tiveram 28 anos de idade? Sua vida já foi vivida? Nem se falando então do contra-senso de se valer da tecnologia moderna para prolongar a vida das pessoas, se de qualquer modo não se considera viver como um processo de criatividade continua.”(2002:138)

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Ostrower, ainda salienta que a criatividade não é reserva só dos artistas, também não é privilégio de determinada faixa etária ele esta presente da mesma maneira em todas as faces da vida.

Assim, inventa-se uma criatividade que se condensa, prioritariamente, no ser jovem, transferindo-se para a faixa da adolescência o clímax da produtividade humana e o significado das concretizações de vida, com o maior descaso pelas potencialidades humanas mais amplas. Ressuscita-se novamente a genialidade, só que dessa vez vestida com roupas jovens como parâmetro de atividade e resultados criativos. Dispensam-se os processos de crescimento e do amadurecimento, os processos de identificação da personalidade, dispensam-se os tempos internos como de menos, supérfluos e inúteis para a vida”.

(2002:138)

Na nossa sociedade no contexto cultural, o envelhecimento é negado como valor. E com isto perde está sociedade em consciência espiritual, que só os mais velhos podem atingir, e as dimensões humanas valorosas. Ainda citando Ostrower:

(..) o entusiasmo realista do jovem é uma coisa, será outra quando esse idealismo, na maturidade, se converter em generosidade e amplitude de compreensão (2002:138)

As idéias de que na passagem da vida humana tudo tem seu tempo que certas coisas são próprias da juventude e não para os estágios mais avançados da vida, são comuns na nossa cultura. Mas no campo artístico temos bons exemplos de que isto não é verdade.

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O analista Elliott2 ao estudar o desenvolvimento da criatividade nos artistas descobre na obra daqueles que continuam sua carreira além dos anos da juventude uma transformação. Descreve a passagem da criatividade de escaldante, “precipitada”, para criatividade elaborada, modificada, “esculpida”. E vê o aparecimento de um “conteúdo trágico e filosófico”, contrastando com as criações mais líricas do artista jovem” (2003:288)

A História da Arte é repleta de lindas histórias de vidas de grandes artistas longevos. Estes artistas que viveram muito e que preservaram até o final da vida a sua capacidade criativa deixam claro, entre outras coisas, as suas competências e não suas limitações, contestando assim estigmas negativos que se atribuem à velhice, como por exemplo “velho não aprende, não reflete, não escolhe”, entre tantos outros, pois tudo isto esta contido no ato de criar.

Para alguns artistas em particular, o tempo se apresenta na sua dimensão construtora, um tempo que matura, sazona, modela. Mas em outra dimensão, o tempo é agente de envelhecimento e de finitude, traduzidos por perdas, temor, doenças, rugas e exaustão. É o tempo dos homens, sob uma perspectiva não mítica, mas histórica. A velhice de um artista não está dissociada de sua obra. Pode estar ali traduzida; em uma cor nunca usada, em um contorno negro surpreendente, na produção quase compulsiva de desenhos ou no desafio de um novo material, ora por entender a maturidade e a velhice como decadência, ora como possibilidade de transformação.

Naturalmente que pode haver paralisia criativa em um velho artista, esta pode ter diferentes motivos: a própria história, o acúmulo de conhecimentos, como disse Beauvoir, e também a diminuição dos sentidos pela redução da visão, audição etc. Ou então fenômenos que, embora temporariamente, podem causar danos à produção criativa: a energia física e a própria capacidade sensorial que tendem a diminuir com a idade; situações anormais como doenças, morte de alguém próximo, ou mesmo problemas familiares, tendem a

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reduzir a capacidade de se entregar a desafios; frustrações recentes, críticas recebidas ou falta de reconhecimento costumam gerar clima destrutivo e falta de credibilidade no processo de criação. Mas nem sempre é assim; há muitas exceções, como salienta Beauvoir: “(...) o declínio fisiológico, a doença e a

propensão ao cansaço tornam o trabalho penoso. Mas certos velhos empenham-se com uma paixão heróica em continuar a luta”.3

Oliver Sacks observa, entretanto, que as doenças, as limitações e as deficiências podem ter papel paradoxal na vida de um ser humano, e podem revelar evoluções, formas de vida, que talvez nunca fossem vistas se o indivíduo não vivesse tais dificuldades.

Assim como é possível ficar horrorizado com a devastação causada por doenças ou distúrbios de desenvolvimento, por vezes também podemos vê-los como criativos – já que, se por um lado destroem caminhos precisos, certas maneiras de executarmos coisas, podem, por outro, forçar o sistema nervoso a buscar caminhos e maneiras

diferentes, forçá-lo a um inesperado crescimento e evolução.4

Assim foi com muitos artistas, vencerem suas dificuldades físicas e muitas de suas dores emocionais, para seguir criando, mostrando formas novas, buscando possibilidades e nos convidando a pensar

Este artigo tratou da criatividade com foco na criação artística, mas creio que a criatividade deverá ser muito estuda nos futuros trabalhos de Gerontologia. Pois acredito que ela pode ter um papel importante no envelhecimento. A criatividade responde o desejo de ir além do insólito, de surpreender-se., nasce indiferentemente em almas precoces ou senis. Vejo a criatividade em qualquer época da vida como substancial e uma forma de se manter sempre alerta contra o senso comum, contra as idéias herdadas e não questionadas, que apoderam das nossas cabeças insidiosamente e que induzem a uma preguiça intelectual.

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Simone BEAUVOIR, A Velhice, p.505 4

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Referências Bibliográficas

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