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Cad. Saúde Pública vol.14 número1

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Academic year: 2018

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O SUICÍDIO 31

Cad . Saúd e Púb l., Rio d e Jane iro , 14(1):7-34, jan-mar, 1998

Fo i extrem a m en te gra tifica n te e estim u la n te reler o m eu texto ap ós os cu id ad osos com en tá -rio s feito s p o r tã o seleto gru p o d e estu d io so s, q u e n ã o so m en te a p o n ta ra m a sp ecto s n ã o ab ord ad os p or m im , com o esclareceram p on tos n ão su ficien tem en te d esen volvid os n o en sa io. Reto m a r u m clá ssico é sem p re u m d esa fio. Jo sé Ma ch a d o Pa is (1996), a o escrever so -b re o cen ten á rio d e u m a o u tra o -b ra d e Du r-kh eim – As Regras d o M étod o Sociológico–,

co-m eco-m o ra d o h á d o is a n o s, p ergu n ta va , cita n d o Jea n -Mich el Berth elo t, se n ã o esta ría m o s a p articip ar d e u m ritu al trib al p róp rio d e even -tos com em orativos. Resp on d ia q u e talvez sim , talvez n ão. “Talvez sim , con sid eran d o qu e as co-m eco-m orações são n orco-m alco-m en t e u t iliz ad as p ara evoca ções d e ca rá t er m a is ou m en os rit u a líst i -co.”Porém , con tin u ava Pais, a releitu ra d o livro “talvez n os p erm ita ch egar à con clu são d e qu e o q u e com em ora m os n ã o se esgot a n o a t o d a co-m eco-m ora çã o”(Pa is, 1996:85-86). Esta verd a d e

ap lica-se, sem d ú vid a, à ob ra d e Du rkh eim qu e an alisei – O Su icíd io, n ão só n o sen tid o d e exaltar as su as virtu d es, com o tam b ém n o d e ap on -tar as su as d eficiên cias. Isto foi fortem en te re-con h ecid o p or tod os os com en tar istas, q u e se d eb ru çaram sob re o texto e sob re a ob ra n u m a leitu ra q u e va i m u ito a lém d a s a n á lises p o r m im realizad as. A rep resen tativid ad e d o gru p o d e esp ecia lista s e a form a eru d ita e d eta lh a d a d e ap resen tar as in form ações e acréscim os ao trab alh o reforçaram -m e a cren ça n a p ossib ili-d aili-d e ili-d e u m trab alh o acaili-d êm ico com p artilh a-d o. As lacu n as ap on taa-d as n o trab alh o origin al, com o n a form a com o foi an alisad o, evid en cia-ram qu e o tem a é atu al e ab erto à p esqu isa.

O p rof. Roosevelt, com su a exp eriên cia p si-ca n a lítisi-ca , ch a m a a a ten çã o p a ra o p ró p rio con ceito d e su icíd io, e d os lim ites d e u m a d efi-n ição p ositivista, qu e tem levad o a u m a “qu ase est a gn a çã o cria t iv a n os est u d os sob re o su icí-d io”. Ap on ta qu e, sen d o fen ôm en o ím p ar e en

-tretecid o n u m a com p lexa red e d e relações, n ão se elu cid a p o r u m ú n ico m éto d o. A m esm a id éia esta rá p resen te n a a b o rd a gem d a p ro f.a Elisa b eth , a o in seri-lo n o ca m p o m a is a m p lo d os p rocessos d e au tod estru ição; assim com o to rn o u -se referên cia n o co m en tá rio d a p ro f.a

O autor responde

The autho r re p lie s

Ceres, con clam an d o p ara u m a p ersp ectiva in -terd iscip lin ar p ara a com p reen são d e tão com -p lexa -p rob lem ática. Em realid ad e, é essa -p ers-p ectiva q u e acen tu a os lim ites d as ab ord agen s ep id em iológicas, p siqu iátricas, an trop ológicas e sociológicas qu an d o tom ad as em si m esm as, e q u e con d u zem o tem a a leitu ras tão p articu -lares. É claro q u e tod os recon h ecem o a p riori

sociológico assu m ido p elo au tor, m as qu e, ap ós cem an os, d eve ser recon sid erad o. E as recon -sid era çõ es serã o co n seq ü ên cia s d o s a va n ço s teó rico -m eto d o ló gico s d o s vá rio s ca m p o s d o con h ecim en to, com o, p or exem p lo, é colocad o p elo p rof. Castiel, em relação aos estu d os ep i-d em iológicos, ao ap on tar q u e os avan ços m e-to d o ló gico s, co m p u ta cio n a is e a m o d ela gem n ã o lin ea r d o s a n o s 90 ser ia m fu n d a m en ta is p ara a reavaliação d os estu d os ecológicos e re-visã o d a s a ssocia ções en tre va riá veis, em b ora já n os an os 70 Su sser ten h a citad o o estu d o d e Du rkh eim co m o exem p lo d e “con sist ên cia d e associações n a rep licação d e estu d os”.

Sen tse, len d o os com en tários, q u e, in d e-p en d en tem en te d o en foqu e m ais e-p articu lar d e cad a com en tarista, fru to d a reflexão gu iad a p ela p ró p ria esp ecia lid a d e q u e ca d a u m d esen -volve, h á p on tos com u n s, algu n s já m arcad os; m a s o q u e ch a m a a a ten çã o é q u e to d o s sen -tem a n ecessid ad e d e am p liar a q u estão, ressi-tu a n d o o su icíd io em d iversa s d im en sões q u e extra p o la m a p ro p o sta d u rkh eim ia n a . Nesse sen tid o, é o p o rtu n a a q u estã o a p o n ta d a p elo p rof. Roosevelt sob re os lim ites d as d efin ições d e su icíd io, a m orte e as fan tasias criad as a seu resp eito. Retom a, com extrem a p rop ried ad e, o q u e sem p re con stitu iu u m a fragilid ad e d os es-tu d o s so b re o su icíd io, o u seja , a im p recisã o n as d efin ições e su a con seq ü ên cia q u an d o ex-p ressa n as estatísticas. Os aex-p ortes trazid os ex-p elo com en tarista são p reciosos n o red im en sion a-m en to d o tea-m a; veja-se, p or exea-m p lo, q u an d o tom a o caso d os “h om icíd ios p recip itad os p elas vítim as”, ou d a en orm e con trib u ição d a p

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ca d e Picasso é p arad igm ática d os tem p os m o-d ern os, p ois o terror qu e estam p a, ao cap tar os h orrores d a gu erra em 1937, iria rep rod u zir-se, d e m a n eira s a s m a is d iversa s, a o lo n go d este sécu lo. Ma s n ã o b a sta exp o r o h o rro r à s gu erra s terra va d a s co tid ia n a m en te, e sim ten ta r en -co n tra r a lgu m ca m in h o p a ra q u e o h o m em reen co n tre-se co m o ser h u m a n iza d o e ético. Co n co rd o, sim , q u e o en fren ta m en to se fa ça tan to n o n ível in d ivid u al, com o estru tu ral e n a-d a teria a acrescen tar à p rofu n a-d a e sen tia-d a re-flexã o d a p ro f.aEliza b eth . In teressa n te é q u e Du rkh eim tam b ém se volta p ara a sistem atizaçã o d e su a s id éia s so b re o su icíd io n u m m o -m en to e-m q u e a Eu rop a p a ssa va p or en or-m es tra n sfo rm a çõ e s e co n ô m ica s e so cia is, cu ja s co n se q ü ê n cia s já se fa zia m n o ta r n a m o rb i-m o rta lid a d e d e u i-m a p o p u la çã o e xp o sta a o s a va n ços d o ca p ita lism o, q u e n ã o era m d esco-n h ecid os d o sociólogo, além d e ou tros acoesco-n te-cim en to s q u e tivera m fo rtes rep ercu ssõ es em su as au las e escritos, q u ais sejam a in stitu ição d o d ivó rcio (1884) e a im p la n ta çã o d a in stru -çã o la ica (1882). Co m o lem b ra a p ro f.aMa ria Cecília, o sécu lo XIX foi m arcad o p elas con se-q ü ên cia s d a Revo lu çã o In d u stria l, e a Du kh eim n ã o p a sso u d esp erceb id o q u e a s p o r-cen ta gen s d e su icíd io s esta va m cresr-cen d o d e form a regu lar. Assim , se, d e u m lad o, o p rojeto in telectu al d e Du rkh eim é o d e legitim ar a so -cio lo gia co m o ciên cia , estu d a n d o o su icíd io, com o retom a a p rof.aMaria Cecília, de ou tro la-do p ode ser visto com o decorrên cia de su a p ró-p ria id eo lo gia . Co m o escreve Zell (1986:303):

“Su a p róp ria a n sied a d e sob re o q u e ele sen t ia ser u m a crise con tem p orân ea en fraqu ecen d o a civ iliz a çã o eu rop éia p od e t er con scien t em en t e ou in con scien t em en t e m ob iliz a d o- o a in v est i-gar su icíd ios”.

Mu ito s sã o o s a sp ecto s co m en ta d o s e q u e m erecem a m in h a a ten çã o. Nem tod os n eces-sitam ser retom ad os, p ela p recisão com qu e fo-ra m ela b o fo-ra d o s. Ma s n ã o se p o d e d eixa r d e d estacar a p ertin ên cia d a ob servação d a p rof.a Ma ria Cecília , q u a n d o lem b ra q u e crítica s a o tra b a lh o d e Du rkh eim p ro ced em d o p ró p rio cam p o d as ciên cias sociais. Assim , a p ersp ecti-va co m p reen sivista critica O Su icíd ioq u a n d o

este m argin aliza o p ap el d o su jeito, d os sign ifi-cad os e d as in ten cion alid ad es. Não voltarei ao texto d e Dou glas (1970), b ásico p ara se en ten -d er o sign ifica-d o social -d o su icí-d io, m as o q u e m e p a rece fu n d a m en ta l é q u e, a o situ a r essa s q u estõ es, reco lo ca -se u m p o n to cen tra l n a o b ra d u rkh eim ia n a e q u e p erp a ssa , em esp e -cial, o estu d o d o su icíd io: a relação in d ivíd u o-socied ad e. “A sociologia d u rk h eim ian a”, n a ex-p ressão d e Pais (1996:96), “rep ou sa n u m a d

efin ição p ersoefin ificad a d o iefin d ivíd u o, ou seja, o iefin -d i v í -d u o é sem p re u m a gen t e so ci a li z a -d o e a s ‘leis socia is’ rep ou sa m n u m a ‘m ora lid a d e’ q u e ten d e a ad equ ar/su bord in ar o in d ivíd u o ao cor-p o d ou t rin a l d a socied a d e”.Ten tei m o stra r n o texto q u e Du rkh eim h a via a tin gid o co m d e -sem b a ra ço o d im en sio n a m en to b a sea d o em u m p a ra d igm a q u e en fa tiza va a s m a cro estru -tu ras sob re os fen ôm en os d e n ível m icro. Não h á d ú vid as, e con cord o p len am en te com as ob -servações d e m u itos d os com en taristas sob re a n ecessid a d e d e se rep en sa r a rela çã o, e, m a is a in d a , fa ço m in h a s a s p a la vra s d e Pa is (1996: 98), q u an d o escreve: “Se Du rk h eim h oje v ives

se, a su a Sociologia teria, p rovavelm en te d e en -fren t a r o ‘m it o d o in d iv íd u o’(Rivière & Piette,

1990:10) a p esa r d e – p a ra d ox o su p rem o – esse m ito ten tar p rom over a reciclagem d e u m a su b-jet iv id a d e a m ea ça d a p ela ‘h om ogen eiz a çã o social’. Será qu e n este p arad oxo assen ta, afin al, a coin cid ên cia d o ret orn o d o in d iv íd u o com a red escobert a d e Du rk h eim ?”. Mas, d e ou tro la-d o, o m e sm o a u to r n o s e n ca m in h a p a ra u m a o u tra fa ce d a q u e stã o, q u a n d o sa lie n ta q u e a sociologia con tem p orân ea ao “cen trar-se p refe-ren cia lm en t e n os p rob lem a s d a d esord em , d a s sin gu la rid a d es, d a s d isju n ções”(...) “relev a sse, a fin a l, d e u m a p reocu p a çã o la t en t e com a or-d em ? Ou v en or-d o o p rob lem a n u m a ou t ra p ers-p ect iv a : ers-p or q u e é q u e o ‘ret orn o d o in d iv íd u o’

(Tou rain e, 1984) coin cid e com a red escoberta d e Du rk h eim ?”(Pais, 1996:98).

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esclarecer e refin ar o seu en ten d im en to d o fe-n ôm efe-n o m oral. Neste m om efe-n to, segu fe-n d o Wall-work (1972:47), Du rkeh im ced e a referên cia aos sen tim en tos n atu rais e “su a ên fase n o Su icíd io, é cla ra m en t e sob re sen t im en t os ev oca d os p elo gru p o com o u m tod o (...) d e sen tim en tos d e vin -cu lação e ad erên cia, leald ad e e d evoção, am or e afeição evocad os p elas coletivid ad es”. Mais ain

-d a, tan to em O Su icíd io, com o ao tratar d a ed u -cação m oral, o au tor volta a su a aten ção p ara o fa to d e co m o a existên cia so cia l tra n sfo rm a a con d u ta.

Qu an to à d istrib u ição d os su icíd ios, algu n s d ad os são trazid os p elas p rof.asOn d in a e Maria Cecília , co m in teressa n tes co m en tá rio s. Em realid ad e, com o cita a p rof.aOn d in a, a Ch in a é o ú n ico p aís n o qu al a taxa m ais elevad a d e su icíd io é en tre as m u lh eres em zon as ru rais, sen -d o -d e 30,5/ 100.000 h ab., p ara to-d as as i-d a-d es, ch ega n d o a 50,0 p a ra a s m u lh eres d e 15 a 25 an os. A fim d e estab elecer com p arações, acres-cen to a lgu n s d a d o s so b re o su icíd io en tre a s m u lh eres, m o stra n d o q u e a Fra n ça tin h a , em m éd ia, n o p eríod o d e 1991 a 1994, 11,2/ 100.000 h a b.; em 1994, a Hu n gria tin h a 16,8; o Ja p ã o, 10,9; a Fin lân d ia, 11,8; a Su íça, 12,2; a Bu lgária, 9,7; em 1993, a Su écia tin h a 9,5 e a gra n d e m a io ria d o s d em a is p a íses co m va lo res a o red o r red e 4,0/ 100.000 h a b. Certa m en te, a s rela -ções en tre gên ero e su icíd io con tin u a m a m e-recer estu d os esp ecíficos.

Ou tro tem a p ertin en te é o d a a n om ia , res-sa lta d o em m u itos com en tá rios, e q u e n a b ri-lh an te an álise d e Heloísa Rod rigu es Fern an d es (1996:73) é o “legad o qu e Du rk h eim tran sm itiu a os h a b it a n t es d a m od ern id a d e p a ra q u e p u -d essem au to-refletir-se n u m a im agem qu e lh es d esse sen tid o”.E, com o acrescen ta a socióloga,

“é a ved ete d a Sociologia; freqü en ta, e com cres-cen t e in sist ên cia , a s in t erp ret a ções d e ou t ros cam p os teóricos com o, p or exem p lo, a p sican á-lise; assin a p resen ça qu ase d iária n a m íd ia e co-m eça a in vad ir a lin gu ageco-m d o cotid ian o”.Sem

d ú vid a, com o afirm a a socióloga,“a an om ia te-ria p assad o a ocu p ar o lu gar d e on d e foi d esalo-ja d a a a u t on om ia”.Nã o en tra rei n o s d iverso s asp ectos q u e assu m e o con ceito d e an om ia n a ob ra d e Du rkh eim , m as d evo d izer q u e, n o es-tu d o d o su icíd io, h á a n o m ia q u a n d o a s a çõ es d o s in d ivíd u o s n ã o sã o m a is re gu la d a s p o r n o rm a s cla ra s e co e rcit iva s. Alé m d isso, n a m ed id a em q u e os sistem as sociais torn am -se m a is co m p le xo s, m a is cre sce m a in d ivid u a lização, o desregram en to e, com o afirm a Fern an -d es (1996:76), “in d ica o relax am en to d a in scri-ção d a socied ad e n o p siqu ism o”.Nesse sen tid o,

o ca so d o s in d ígen a s cita d o p elo p ro f. Ro o se-velt é exem p lar e as reflexões d a p rof.aOn d in a

so b re o s im igra n tes sã o in q u ieta n tes; a refe-rên cia d o p rof. Castiel a resp eito d a p atologiza-çã o d o co rp o só cio -p o lítico n ã o p o d e ser es-q u ecid a, es-q u an d o, n a atu alid ad e, os elos d a so-ciab ilid ad e rom p em -se segu id am en te, em u m esp aço, q u e, com o an alisa a p rof.aElizab eth , é d om in ad o p or u m a ‘cu ltu ra tóxica’ d e extrem a violên cia.

Co n sid ero a go ra a q u estã o leva n ta d a co m tan ta eru d ição p elo p rof. Djalm a, n a q u al a ar-te, a h istó ria , a filo so fia e a ep istem o lo gia se cru zam ao ab ord ar o even to su icíd io, e u m ca-so p articu lar à h istória d este p aís – o d o p resi-d en te Vargas. O p rof. Djalm a cen traliza a qu es-tã o em to rn o d a teo ria a risto télica d e ca u sa , q u e n ã o tem sid o estra n h a a o s estu d io so s d a o b ra d e Du rkh eim , en tre eles Do u gla s (1970). Du rkh eim n ão m en cion a d iretam en te as con -cep ções aristotélicas d e cau salid ad e, e im p lici-ta m en te a ssu m e a s d istin ções d o filósofo gre-go, vigen tes n o sécu lo XIX, ou seja, qu e as ‘cau

-sas eficien tes’ eram as cau sasreais. No caso d o su icíd io, o in d ivíd u o d eve ser con sid erad o co-m o a ca u sa m a t eria, m a s so m en te o s fa to res

sã o ca u sa s eficien t eso u a s ca u sa s rea lm en t e a t iv a sd o su icíd io, o u , co m o sa lien ta Do u gla s (1970:349), “som en t e os fa t ores socia is p od em ser u sa d os p a ra d a r u m a ex p lica çã o cien t ífica d o su icíd io”. Mesm o co n sid era n d o q u e Du r-kh eim n ão trata d o su icíd io com o u m fen ôm e-n o observável(Dou glas, 1970:349), ou seja, em

seu ca rá ter in d ivid u a l, n ã o go sta ria d e d eixa r sem resp osta a p ergu n ta d o p rof. Dja lm a , q u e qu er sab er se, n o caso Vargas, p od e-se falar em su icíd io o u em h o m icíd io estr u tu ra l. Em m i-n h a op ii-n ião, o evei-n to d eve ser coi-n sid erad o com o su icíd io. Havia, cocom o se sab e, u com a con ju n -tu ra n acion al q u e, n aq u ele m om en to, forçava-o a ad forçava-otar u m a d efin içãforçava-o p ara sforçava-olu ciforçava-on ar a cri-se in stalad a. Com o o p róp rio Prof. Djalm a assi-n ala, “h averia várias p ossibilid ad es p ara o d es-fech o d a crise”;Vargas recorre ao su icíd io. Esta, a liá s, p a rece ter sid o u m a so lu çã o já co gita d a p or Vargas em d u as ocasiões, com o n arra Veríssim o (1963:715716). Em 1930, n o d ia 3 d e ou -tu b ro, q u a n d o govern a d o r d o Rio Gra n d e d o Su l, e em 1932, já Presid en te, em u m a su p osta con versa com u m correligion ário p olítico acer-ca d a Revolu ção Con stitu cion alista e d a p ossi-b ilid ad e d e ser exigid a a su a ren ú n cia.

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NUNES, E. D. 34

Cad . Saúd e Púb l., Rio d e Jane iro , 14(1):7-34, jan-mar, 1998 Referências

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