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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL MACHADO DE ASSIS FACULDADES INTEGRADAS MACHADO DE ASSIS CURSO DE DIREITO FREDERICO SASSI PIETCZAKI

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL MACHADO DE ASSIS FACULDADES INTEGRADAS MACHADO DE ASSIS

CURSO DE DIREITO

FREDERICO SASSI PIETCZAKI

APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA E SUA APLICABILIDADE NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

Santa Rosa/RS 2021

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FREDERICO SASSI PIETCZAKI

APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA E SUA APLICABILIDADE NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

Monografia apresentada às Faculdades Integradas Machado de Assis, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Ms. Ricieri Rafael Bazanella Dilkin

Santa Rosa/RS 2021

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FREDERICO SASSI PIETCZAKI

APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA E SUA APLICABILIDADE NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

TRABALHO DE CURSO

Monografia apresentada às Faculdades Integradas Machado de Assis, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Direito.

Banca Examinadora

___________________________________

Prof. Ms. Ricieri Rafael Bazanella Dilkin – Orientador

___________________________________

Prof. Ms. Niki Frantz

____________________________________

Ms. Gabriel Henrique Hartmann

Santa Rosa, 12 de julho de 2021.

Ricieri Dilkin (Jul 17, 2021 14:59 ADT)

Ricieri Dilkin

Niki Frantz (Jul 17, 2021 21:51 ADT)

Niki Frantz

Gabriel Henrique Hartmann (Jul 19, 2021 09:58 ADT)

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DEDICATAÓRIA

Dedico esta monografia a meus pais. Esta monografia é a prova de que todos seus investimentos e dedicações valeram a pena.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus que me deu forças para chegar até este momento. Sou grato também a minha família, minha mãe Maria Inês Sassi Pietczaki, meu pai Luiz Roberto Becker Pietczaki e meu irmão Euller Sassi Pietczaki que sempre estiveram ao meu lado ao longo nesta jornada.

Aos meus amigos e colegas pelo apoio em todo trajetória acadêmica e, por fim, ao meu orientador Prof. Ms. Ricieri Rafael Bazanella Dilkin, por aceitar conduzir este trabalho.

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“Ideias, e somente ideias podem iluminar a escuridão”. (LUDWIG VON MISES, s.d.).

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RESUMO

O debate sobre previdência e seguridade social tem ocorrido ao longo da história mundial após o surgimento do Estado moderno, sendo que, no Brasil, iniciou-se após o século XX e se tornou direito social previsto na Constituição Federal de 1988, regulado por diversas leis e decretos. A temática a cerca da aposentadoria por idade será o norte do estudo. A delimitação temática está pautada no estudo da aposentadoria híbrida, com foco na lei 11.718/2008, assim como as discussões jurídicas que dela se originam. A pesquisa se orienta pelo seguinte problema: a aposentadoria híbrida atingiu seu objetivo legal de equiparar os trabalhadores que migraram do campo para a cidade em virtude do êxodo rural, para com os demais segurados já acobertados no seio da proteção previdenciária e social estatal? O objetivo geral da pesquisa é investigar as seguintes mudanças sociais e previdenciárias ocorridas no Brasil nos últimos anos com foco nas mudanças legislativas previdenciárias, em destaque para a lei 8.213/91, lei 11.718/2008 e a EC 103/2019, que alterou as regras para a concessão do benefício previdenciário de aposentadoria híbrida. Considera-se relevante este estudo haja vista as crescentes mudanças sociais que ocorrem nos meios laborativos no Brasil, principalmente as associadas ao fenômeno do êxodo rural, que está sendo responsável pela baixa densidade demográfica e falta de empregos no meio rural brasileiro e seus reflexos no sistema previdenciário atual. A pesquisa é viável, uma vez que o acesso aos dados é condizente com a busca de informação, pois a fundamentação teórica encontra-se disponível ao estudo em meio de divulgação da área e da legislação vigente, tornando- se um recorte coerente para análise. Em relação à metodologia, a pesquisa tem natureza teórica, com fins descritivos, o tratamento de dados é considerado qualitativo e a forma de coleta de dados é realizada por meio indireto, através de materiais bibliográficos, doutrinas e legislações que contribuam para a elucidação do tema. O trabalho está organizado em três capítulos. No primeiro capítulo é apresentado um panorama histórico da previdência e seguridade social, conjuntamente com sua evolução legal no Brasil. O segundo capítulo versará sobre as leis 8.213/91 e 9876/99, com foco nos benefícios de aposentadoria por idade urbana e rural e suas respectivas particularidades legais. No terceiro e último capítulo tratar-se-á da aposentadoria híbrida, sua aplicabilidade jurídica, divergências jurisprudenciais e mudanças após a reforma da previdência e decretos vigentes atualmente. Por fim, conclui-se que a aposentadoria híbrida, atingiu seu objetivo legal e social de equiparar os trabalhadores que laboravam no meio rural e por consequência do êxodo rural, buscaram novas oportunidades em centros urbanos para com aqueles que já estavam sobre a proteção social e previdenciária garantida pelo ordenamento jurídico brasileiro.

Palavras chave: Previdência Social – Aposentadoria por idade – Aposentadoria híbrida.

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ABSTRACT

The debate on Social Security and social insurance has occurred throughout world history after the emergence of the modern state, and in Brazil, it started after the 20th century and became a social right provided for in the Federal Constitution of 1988, regulated by various laws and decrees. Retirement by age will be the main theme of this study. The thematic delimitation is based on the study of hybrid retirement, focusing on law 11.718/2008, as well as the legal discussions that originate from it.

The research is guided by the following problem: has the hybrid retirement reached its legal objective of equating workers who migrated from the countryside to the city as a result of the rural exodus, with other policyholders already covered by the state Social Security and social protection? The general objective of the research is to investigate the following social and Social Security changes that have taken place in Brazil in recent years with a focus on Social Security legislative changes, in particular the law 8.213/91, law 11.718/2008 and EC 2013/2019, which changed the rules for the granting of social security benefit of hybrid retirement. This study is considered relevant in view of the growing social changes that occur in the labor environment in Brazil, especially those associated with the phenomenon of rural exodus, which is responsible for the low demographic density and lack of jobs in the Brazilian rural environment and its effects on the current Social Security System. The research is viable, since access to data is consistent with the search for information, as the theoretical foundation is available for the study in means of disseminating the area and current legislation, becoming a coherent cutout for analysis. Regarding the methodology, the research is theoretical in nature, with descriptive purposes, the data processing is considered qualitative and the form of data collection is carried out indirectly, through bibliographic materials, doctrines and legislation that contribute to the elucidation of the theme. The work is organized into three chapters. The first chapter presents a historical overview of Social Security and social insurance, together with its legal evolution in Brazil. The second chapter will deal with laws 8.213/91 and 9876/99, focusing on retirement benefits for urban and rural age and their respective legal particularities. The third and last chapter will deal with hybrid retirement, its legal applicability, jurisprudential differences and changes after Social Security reform and decrees currently in effect.

Finally, it is concluded that the hybrid retirement, reached its legal and social objective of equating workers who worked in rural areas and, as a result of the rural exodus, sought new opportunities in urban centers for those who were already under the social and Social Security protection guaranteed by the Brazilian legal system.

Keywords: Social Security; Retirement by age; Hybrid retirement

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LISTA DE ABREVIAÇÕES, SIGLAS E SIMBOLOS.

Art. – Artigo

CNT – Conselho Nacional do Trabalho

DATAPREV- Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social Dec. – Decreto

DER – Data de entrada do Requerimento administrativo EC – Emenda Constitucional

FAPTR – Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural FUNABEM – Fundação Nacional do Bem Estar ao Menor

FUNRURAL – Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural IAP – Instituto de Aposentadoria e Pensão

IAPAS – Instituto de Administração da Previdência e Assistência Social INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social INPS – Instituto Nacional de Previdência Social

INSS – Instituto Nacional do Seguro Social

LBA – Fundação Legião Brasileira de Assistência LOPS – Lei Orgânica da Previdência Social

MPAS – Ministério de Previdência e Assistência Social Nº -Número

P. – Página

§ - Parágrafo

% - Por cento

PRORURAL – Programa de Assistência ao Trabalhador Rural RGPS – Regime Geral do Seguro Social

RGPP – Regime Próprio da Previdência Social RMI – Renda Mensal Inicial

SINPAS – Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social STF – Supremo Tribunal Federal

STJ – Superior Tribunal de Justiça

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TNU – Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais

TRF4 – Tribunal Regional Federal da 4ª Região

TRU4 – Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais da 4 ª Região.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 11 1 O SURGIMENTO DA PREVIDÊNCIA E PROTEÇÃO SOCIAL ESTATAL ... 14 1.1 A HISTÓRIA DO SISTEMA PREVIDENCIÁRIO CONTRIBUTIVO NO BRASIL - A LEI ELOY CHAVES E O INÍCIO DA PROTEÇÃO SOCIAL ESTATAL ... 16 1.2 O INÍCIO DO SISTEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL E PREVIDENCIÁRIO RURAL ... 22 1.3 A UNIFICAÇÃO DO SISTEMA DE SEGURIDADE SOCIAL ATRAVÉS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ... 25 2 A APOSENTADORIA POR IDADE URBANA A LUZ DA LEI 8.213/91 ... 30 2.1 A APOSENTADORIA POR IDADE RURAL APÓS A LEI 9876/99 ... 34 2.2 AS MUDANÇAS APÓS A REFORMA DE PREVIDÊNCIA – A NOVA APOSENTADORIA PROGRAMADA ... 38 3 A APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA ... 41 3.1 A EVOLUÇÃO JURISPRUDÊNCIAL DA CONCESSÃO DA APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA ... 45 3.2 A APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA APÓS A REFORMA DA PREVIDÊNCIA – EC nº 103/19. ... 50 3.3 A APLICABILIDADE DA APOSENTADORIA POR IDADE HÍBRIDA APÓS O DECRETO 10.410/20 ... 52 CONCLUSÃO ... 56 REFERÊNCIAS ... 60

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INTRODUÇÃO

A discussão a cerca da seguridade e da previdência social tem ocorrido com o passar da história, principalmente após o século XV, com o surgimento dos Estados Modernos. Desta feita, a temática da aposentadoria híbrida e sua aplicabilidade no ordenamento jurídico brasileiro será o norte do estudo, sendo que a delimitação temática abordará o surgimento do sistema de proteção e previdência social no mundo, a constitucionalização da seguridade e previdência social através da Constituição Federal de 1988, aposentadoria por idade após a lei 8.213/91 e os requisitos necessários para a concessão da aposentadoria híbrida a luz da EC nº 103/19. O intuito é, além da construção de um referencial teórico pertinente, investigar, em caráter de estudo, a aposentadoria híbrida.

A pergunta problema desta monografia interroga se a aposentadoria híbrida atingiu o objetivo legal de equiparar os trabalhadores que migraram do campo para a cidade em virtude do êxodo rural, para com os demais segurados já acobertados no seio da proteção previdenciária e social estatal?

O problema tem como hipótese que, através da lei 11.718 de 20 de junho de 2008 que modificou a lei 8.213/91, foi possível a aqueles segurados que antes se restavam excluídos da proteção previdenciária se enquadrar numa hipótese de aposentadoria, denominada aposentadoria programada híbrida, após a EC 103/19.

Logo, os segurados que tiveram que migrar para diferentes meios laborativos, isto é, do rural para o urbano ou vice versa, que preencherem os requisitos de carência e idade estabelecidos no artigo 19 da EC 103/19, poderão requerer o benefício.

O objetivo geral da presente pesquisa é investigar as seguintes mudanças sociais e previdenciárias ocorridas no Brasil nos últimos anos com foco para a lei 8.213/91, lei 11.718/2008 e a EC 103/2019, que alterou as regras para a concessão da aposentadoria programada. Sendo que, o presente trabalho visa expor os direitos previdenciários dos segurados que, no início de suas atividades laborais exerciam labor campesino, mas, em decorrência do êxodo rural ou outros fatores externos,

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migraram para o meio urbano em busca de oportunidades de emprego e renda. Logo, tendo em vista essa mudança social, os segurados que se enquadravam nessa realidade e pleiteavam pedidos de aposentadoria restaram-se excluídos da lei previdenciária até o ano de 2008, pois, na maioria dos casos, não alcançavam os requisitos para concessão da aposentadoria por idade rural e nem urbana.

Como objetivos específicos primeiramente será investigado a história do sistema de seguridade social e previdenciário estatal mundial, conjuntamente com a origem dos sistemas previdenciários urbanos e rurais brasileiros, dando ênfase a constitucionalização dos direitos sociais previdenciários através da Constituição Federal de 1988. Em seguida, serão estudadas as leis 8.213/91 e 9876/99 e os institutos das aposentadorias por idade urbana e rural a luz da emenda constitucional número 103 de 2019. Ao final, será abordada a temática da aposentadoria híbrida, a luz da lei 11.718/2008 e da EC nº 103/19, as divergências jurisprudenciais pertinentes sobre o tema e a aplicabilidade desta aposentadoria após o decreto 10.410/20.

Sendo assim, é de extrema importância para o meio acadêmico, informativa e sociedade em geral expor os requisitos legais para a concessão da aposentadoria híbrida para os segurados que possuem esse direito após a lei 11.718/2008 e as condições legais exigidas para ter acesso ao benefício, incluindo especialmente os novos entendimentos jurisprudenciais do TRF4, TNU e STJ a respeito da utilização do tempo remoto anterior a lei 8213/91 para fins de carência previdenciária.

Por ser um tema atual e pouco difundido no meio acadêmico, esta investigação busca incentivar novas pesquisas na área do direito previdenciário, além de poder contribuir com a temática da legalidade das regras de concessão dos benefícios sociais previdenciários atuais. Logo, a repercussão esperada por esta reflexão acerca da equidade dos benefícios previdenciários entre as populações urbanas e rurais a luz do princípio constitucional da universalidade é de extrema importância haja vista a crescente pressão social e econômica sobre o sistema previdenciário estatal brasileiro, oriunda do envelhecimento da população.

Em relação à metodologia, a presente pesquisa tem natureza teórica, com fins descritivos, o tratamento de dados é considerado qualitativo e a forma de coleta se deu por meio indireto, com caráter bibliográfico, respaldando-se no método de abordagem descritivo. Também, utiliza-se o método histórico pelo fato de que o estudo envolve a evolução do sistema de proteção social e previdenciário estatal. Os dados

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norteadores do presente trabalho foram colhidos por meio de materiais bibliográficos, doutrinas e legislações que contribuíram para a elucidação do tema.

O trabalho de curso está organizado em três capítulos. O primeiro será dividido em quatro seções. Em sua estrutura inicial, uma análise do início da previdência e seguridade social no mundo. Em seguida, será traçado um panorama do sistema de seguridade social no Brasil, com destaque para a lei Eloy Chaves. Após isso, haverá uma análise do início do sistema de proteção social rural no Brasil e as primeiras legislações sobre o tema Por fim, realizar-se-á uma análise sobre a unificação do sistema de previdência urbano e rural através da constitucionalização do direito à seguridade após a promulgação da Constituição Federal de 1988.

O segundo capítulo será dividido em três seções. A primeira, será destinada a analisar o benefício previdenciário de aposentadoria por idade urbana a luz da lei 8.213/91. Já na segunda seção, será tratado sobre o benefício da aposentadoria por idade rural, a luz da lei 9876/99. Ao final, será analisada a nova aposentadoria programada a luz da reforma da previdência – EC nº 103/19.

O terceiro capítulo seguirá a estrutura do segundo, em três seções. A primeira, destinada a análise da aposentadoria por idade híbrida e sua aplicabilidade no ordenamento jurídico brasileiro. Em seguida, será tratada da aposentadoria híbrida a luz da EC nº 103/19. Ao final, será analisado o benefício de aposentadoria híbrida a luz do decreto nº 10.410/20, a fim de considerar as alterações havidas no decreto 3048/99.

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1 O SURGIMENTO DA PREVIDÊNCIA E PROTEÇÃO SOCIAL ESTATAL

A partir do crescimento populacional elevado e a consolidação dos Estados de Direito no continente europeu após o século XV ocorreu à preocupação destes entes em proteger os cidadãos das necessidades sociais que poderiam lhes acometer durante o seu percurso de vida. Portanto, conforme preceitua Paulo Bonavides (2015) houve o desenvolvimento de técnicas que visavam proteger o ser humano da condição socioeconômica em que vivia.

É importante destacar que, a preocupação mundial do Estado para com a velhice e assistência social dos seus cidadãos surgiu somente no século XVI na Inglaterra através do Poor Relief Act (Lei dos Pobres, em 1601). (CASTRO e LAZZARI, 2014).

Já no século XVIII, através da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, os doutrinadores acima citados, afirmam que esta trouxe em seu texto que a seguridade social era um direito subjetivo, assegurado a todos. Após a industrialização da sociedade, ocorreram as primeiras evoluções de proteção social através do Estado, entendendo-se assim que a sociedade num todo deve ser solidária com seus integrantes.

A proteção estatal do indivíduo para com seus infortúnios ocorreu de forma mais branda apenas a partir do século XIX, a qual começou a se tornar importante dentro da ordem econômica e jurídica dos Estados. (CASTRO e LAZZARI, 2014).

Essa mudança de paradigma surgiu de uma necessidade dos Estados Modernos de prestarem assistência social para com os seus cidadãos, tendo em vista que muitos destes se encontravam em situação de extrema pobreza e desigualdade social.

A Seguridade Social não surgiu abruptamente, seja no mundo, seja no Brasil.

Ela originou-se na necessidade social de se estabelecer métodos de proteção contra os variados riscos ao ser humano. Em verdade, a elaboração de medidas para reduzir os efeitos das adversidades da vida, como fome, doença, velhice, etc. pode ser considerada como parte da própria teoria evolutiva de Darwin, na parte em que refere à capacidade de adaptação da raça humana para sobreviver. Segundo Ibrahim, “não seria exagero rotular esse comportamento de algo instintivo, já que até os animais têm hábito de guardar alimentos para dias mais difíceis. O que talvez nos separe das demais espécies é o grau de complexidade de nosso sistema protetivo”

(IBRAHIM, p.1, 2010).

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Já no século XIX, com a lei dos Seguros Sociais, que foi promulgada na Alemanha, surge então a Previdência Social, que assegurava os seguintes direitos: o seguro de doença, seguro de acidente de trabalho (1884) e seguro de incapacidade permanente e velhice (1889). (IBRAHIM, 1991).

Sobre o sistema previdenciário alemão, Ladenthin (2011, p.39) destaca que: “O sistema alemão de previdência social foi, sem dúvida, um marco histórico de proteção social no mundo”. Posteriormente, o Brasil viria a estabelecer um sistema de proteção social e previdenciária para com os seus cidadãos se baseando no já formalizado sistema alemão, conforme ilustra Tavares:

O primeiro modelo previdenciário brasileiro de proteção dos trabalhadores foi previsto por normas infraconstitucionais e derivou da experiência alemã baseada em regime gerenciado pelo Estado, com financiamento do poder público, dos empregadores e dos empregados, com o estabelecimento de um seguro-doença obrigatório, em 1883, por inspiração de Otto von Bismarck.

(TAVARES p.5, 2007).

A proteção social e previdenciária proposta por Bismark, no século XIX, era destinada apenas a trabalhadores que, de forma compulsória, deveriam verter contribuições a um sistema, este sistema era fiscalizado e normatizado pelo Estado, na qual fazia pequenos aportes de recursos. O financiamento do modelo social de Bismark se deva por empregados e empregadores. (BORGES, 2003).

Com o surgimento do Estado contemporâneo, a partir dos movimentos sociais desencadeados no século XIX e século XX, houve um processo lento e gradativo que objetivou modificar a atuação do Estado, devendo este assim interferir diretamente em relações privadas, surgindo assim a proteção na esfera trabalhista e social.

(CASTRO e LAZZARI, 2014).

Já, no século XX, surgiu a segunda corrente de proteção social, denominado Sistema Universal de Luta Contra a Pobreza, cujo o autor era Lord William Henry Beveridge. Este sistema propiciou a universalização da previdência Social na Grã- Bretanha, pois previa uma proteção social a toda a população e não apenas aos trabalhadores, propiciando assim inicialmente amplo sistema de saúde a proteção ao desemprego. (BORGES, 2003).

Desta forma, a proteção social passaria assim para além dos limites inicialmente estabelecidos pela primeira corrente de pensamento. Os Estados modernos passaram assim a englobar também outros direitos sociais em suas

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constituições, tais como: saúde, educação, previdência social, emprego, entre outros, nos dizeres de Borges:

A segunda corrente se formou a partir do trabalho de Beveridge, e, para ela, a proteção social deve se dar, não somente ao trabalhador, mas também de modo universal a todo cidadão, independentemente de qualquer contribuição para o sistema. Segundo esta corrente, a responsabilidade do Estado é maior, com o orçamento estatal financiando a proteção social dos cidadãos.

As propostas de Beveridge se desenvolveram de forma mais acentuada nos países nórdicos, especialmente na Suécia, na Noruega, na Finlândia, na Dinamarca e no Reino Unido. (BORGES p.32-33, 2003).

Contudo, após a segunda metade do século XX, coexistem dois modelos fundamentais de proteção social, estes sempre voltados ao ideal de solidariedade e com a intervenção do Estado no domínio econômico, conforme preceitua Luis Eduardo Afonso e Reynaldo Fernandes “Um sistema previdenciário cuja característica mais relevante seja a de funcionar como um seguro social pode ser designado como Bismarckiano. Um sistema que enfatize funções redistributivas, objetivando também a redução da pobreza pode ser qualificado como Beverigeano.” (AFONSO, Luís Eduardo; FERNANDES, Reynaldo. 2004, pg. 3).

1.1 A HISTÓRIA DO SISTEMA PREVIDENCIÁRIO CONTRIBUTIVO NO BRASIL - A LEI ELOY CHAVES E O INÍCIO DA PROTEÇÃO SOCIAL ESTATAL

Já no Brasil, destaca-se que, anteriormente a Lei Eloy Chaves (dec. 4682/23) existiam poucas previsões de socorros aos trabalhadores que atingiriam a velhice. A constituição do Império Brasileiro de 1824 apenas assegurou os socorros públicos, mas não se tratava de previdência social em específico. (SANTOS CARVALHO, 2016).

Merece destaque a Constituição de 1891, em seu artigo 75º, que dissertava sobre a aposentadoria por invalidez dos servidores públicos1. Portanto, a aposentadoria era restrita apenas a alguma pequena parcela da população e só seria concedida em casos de invalidez. Logo, conforme preceitua Castro e Lazzari em sua obra Manual de Direito Previdenciário:

1 Art. 75 - A aposentadoria só poderá ser dada aos funcionários públicos em caso de invalidez no serviço

da Nação.

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O peculiar em relação a tais aposentadorias é que não se poderia considera- las como verdadeiramente pertencentes a um regime previdenciário contributivo, já que os beneficiários não contribuíam durante o período de atividade. Vale dizer, as aposentadorias eram concedidas de forma graciosa pelo Estado. Assim, até então, não falava em previdência social no Brasil.

(CASTRO; LAZZARI, 2013, p.26).

Desta forma, ao analisar a Lei Eloy Chaves2, considerada o marco inicial da previdência social no Brasil, destaca-se que o seu art. 3º3 versa sobre o percentual de contribuição sobre o salário que os empregados e a empresa teriam que mensalmente depositar, e com este montante formariam um caixa destinado à aposentadoria e pensão de seus empregados. Este sistema seria adotado posteriormente pelos Institutos Previdenciários constituídos.

No Brasil, o marco Inicial da Previdência Social foi a lei Eloy Chaves (decreto 4.682, de 24.01.1923), que instituiu as Caixas de Aposentadoria e Pensões para os Ferroviários, assegurando-lhes os benefícios de aposentadoria por incapacidade permanente, aposentadoria por morte e assistência médica, tendo como beneficiários os empregados e diaristas que prestavam serviços de forma permanente nas empresas de estrada de ferro do pais. (LA BRADBURY, 2020, p.14).

Os caixas que continham as contribuições depositadas mensalmente eram administrados pelos empregados e pelos representantes das empresas. O controle do Estado estava presente apenas para correção de eventuais erros contratuais através do Conselho Nacional do Trabalho - CNT. (MEDEIROS, 2001).

2 Decreto nº 4682 de 24 de janeiro de 1923.

(...)

Crea, em cada uma das emprezas de estradas de ferro existentes no paiz, uma caixa de aposentadoria e pensões para os respectivos ernpregados.

3 Art. 3º Formarão os fundos da caixa a que se refere o art. 1º:

a) uma contribuição mensal dos empregados, correspondente a 3 % dos respectivos vencimentos;

b) uma contribuição annual da empreza, correspondente a 1 % de sua renda bruta:

c) a somma que produzir um augmento de 1 1/2 % sobre as tarifas da estrada do ferro;

d) as importancias das joias pagas pelos empregados na data da creação da caixa e pelos admittidos posteriormente, equivalentes a um mez de vencimentos e pagas em 24 prestações mensaes;

e) as importancias pagas pelos empregados correspondentes á differença no primeiro mez de vencimentos, quando promovidos ou augmentados de vencimentos, pagas tambem em 24 prestações mensaes;

f) o importe das sommas pagas a maior e não reclamadas pelo público dentro do prazo de um anno ; g) as multas que attinjam o público ou o pessoal;

h) as verbas sob rubrica de venda de papel velho e varreduras;

i) os donativos e legados feitos á, Caixa;

j) os juros dos fundos acumulados.

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Nesta esfera legal, na Lei Eloy Chaves estava disposto duas modalidades de aposentadoria dos empregados ferroviários: ordinária e por invalidez. Cada uma possuía diferentes requisitos, os quais quando preenchidos pelo empregado lhe oportunizava o direito ao benefício de aposentadoria. 4 (BRASIL, 1923).

Após a Lei Eloy Chaves, que havia sido o primeiro decreto que dissertava exclusivamente sobre aposentadoria no Brasil, isto é, instituiu um sistema contributivo, mas somente obrigatório para os empregados e empregadores das referidas empresas de ferrovias e não financiado pelo Estado como um todo, surgiram então, nos anos 1930, os Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAP). Conforme Maria A.C.

Santos (2016, p.39): “o aparelho previdenciário não seria mais organizado pelas empresas e sim pelos próprios institutos, estes organizados de forma mais ampla em categorias profissionais”.

Através da Constituição de 1934, em seu artigo 121, instituiu-se o sistema tríplice, que prevê o financiamento da previdência e proteção social de forma igualitária entre o Estado, trabalhadores e empresas, sistema este que permanece em vigor até os dias de hoje:

Art. 121 - A lei promoverá o amparo da produção e estabelecerá as condições do trabalho, na cidade e nos campos, tendo em vista a proteção social do trabalhador e os interesses econômicos do País.

§ 1º - A legislação do trabalho observará os seguintes preceitos, além de outros que colimem melhorar as condições do trabalhador:

h) assistência médica e sanitária ao trabalhador e à gestante, assegurando a esta descanso antes e depois do parto, sem prejuízo do salário e do emprego, e instituição de previdência, mediante contribuição igual da União, do empregador e do empregado, a favor da velhice, da invalidez, da maternidade e nos casos de acidentes de trabalho ou de morte. (BRASIL, 1934).

4 Art. 12. A aposentadoria ordinaria de que trata o artigo antecedente compete:

a) completa, ao empregado ou operario que tenha prestado, pelo menos, 30 annos de serviço e tenha 50 annos de idade;

b) com 25 % de reducção, ao empregado ou operario que, tendo prestado 30 annos de serviço, tenha menos de 50 annos de idade;

c) com tantos trinta avos quantos forem os annos de serviço até o maximo de 30, ao empregado ou operario que, tendo 60 ou mais annos de idade, tenha prestado 25 ou mais, até 30 annos de serviço.

Art. 13. A aposentadoria por invalidez compete, dentro das condições do art. 11, ao empregado que, depois de 10 annos de serviço, fôr declarado physica ou intellectualmente impossibilitado de continuar no exercicio de emprego, ou de outro compativel com a sua actividade habitual ou preparo intellectual.

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Portanto, nesta esfera, inicia-se no Brasil a Proteção Social, haja vista que a União (Estado) participava da contribuição juntamente com os empregadores e empregados a favor de suas aposentadorias. A proteção previdenciária após 1930 passou a ser prestada pelos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs), divididos estes em categorias profissionais.

O corporativismo burocrático norteou a formação da previdência pública na década. As CAP criadas a partir de 1923 (lei Eloy Chaves) foram transformadas em Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP), os quais reuniram em seis fundos específicos as contribuições previdenciárias de setores econômicos urbanos: i) ferroviários e servidores públicos; ii) marítimos; iii) bancários; iv) comerciários; v) industriários e; vi) funcionários de transportes e cargas.

(COSTA, p.15, 2005).

Posteriormente, a carta magna outorgada em 1937 trouxe a expressão “seguro social”, voltado apenas para a proteção à gestante, velhice, invalidez, e casos de acidente de trabalho. Os funcionários públicos tinham previsão constitucional previdenciária expressa no art. 156 da Constituição Federal de 1937, na qual lhes assegurava à aposentadoria compulsória, aposentadoria por invalidez, integral ou proporcional, além de licença para gestante de três meses. (TAVARES, 2007).

Sendo assim, nos dizeres de Tavares (2007), após a vigência da Constituição Federal de 1937, a previdência social se estruturou como seguro de natureza pública no Brasil, através dos institutos de aposentadoria e pensão, que eram divididos em categoriais profissionais e mantidos com parte de contribuição do Estado. A mudança do caráter previdenciário privado para o público se deu principalmente através de legislações infraconstitucionais.

O termo previdência social, em substituição ao seguro social, foi usado primeiramente na Constituição Federal de 1946, em seu art. 156, ao lado dos direitos dos trabalhadores. A proteção à gestante estava disposta como direito, bem como a assistência aos desempregados. Nesta constituição, garantiu-se a previdência, mediante contribuição do Estado (União), do empregador e do empregado, em favor da maternidade e contra as consequências da doença, da velhice, da invalidez e da morte. (TAVARES, 2007).

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O art. 157, inc. XVI da Constituição Federal de 19465, trouxe em seu texto que a previdência social deveria ter em vista a melhoria das condições dos trabalhadores.

Destaca-se ainda, o sistema tríplice de contribuição, na qual participavam a União, empregador e empregado. Nos dizeres de Pinto Martins (2008): ”O inciso XVI do art.

157 consagrava a previdência mediante contribuição da União, do empregador e do empregado, em prol da maternidade e para se remediar as consequências da velhice, da invalidez, da doença e da morte.”

Já na esfera global, tendo em vista o fim da Segunda Guerra Mundial e a luta dos Estados para com a paz mundial e a garantia dos direitos individuais e sociais a seus cidadãos, tem-se que ao analisar a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o seu art. 25º consagra a preocupação mundial dos Estados para com a velhice dos seus cidadãos, na qual o Brasil é signatário deste documento:

Art. 25º: 1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doença invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em

circunstâncias fora de seu controle.

2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais.

Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social. (ONU, 1946).

Nos anos seguintes no Brasil, até 1960, o sistema de administração dos fundos dos institutos de aposentadoria era o de capitalização. Contudo, este modelo deu lugar ao de repartição que vigora até hoje, pois suas reservas haviam diminuído drasticamente, dado a os gastos excessivos do período que fizeram com que o saldo previdenciário caísse de 87,4% da receita em 1923 para 16.7% em 1966. (SANTOS, 2009).

No entanto, de acordo com Wladir Novaes Martinez “a aposentadoria que os institutos previdenciários, que prestavam a assistência aos trabalhadores, passou por uma unificação, com a introdução da lei 3.807/1960 (Lei Orgânica da Previdência

5 Art 157 - A legislação do trabalho e a da previdência social obedecerão nos seguintes preceitos, além de outros que visem a melhoria da condição dos trabalhadores:

XVI - previdência, mediante contribuição da União, do empregador e do empregado, em favor da maternidade e contra as conseqüências da doença, da velhice, da invalidez e da morte;

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Social – LOPS) criando-se assim a aposentadoria por velhice urbana.” (NOVAES MARTINEZ, 2016, p. 15).

Através da lei 3.807/606, ampliaram-se os benefícios previdenciários no Brasil, instituindo-se assim o auxílio-natalidade, auxílio-funeral, auxílio-reclusão. Passaram assim a ser segurados todos aqueles que exercessem emprego ou atividade remunerada, com exceção aos servidores públicos da União, Estados e municípios.

(MARTINS, 2000).

Por oportuno, ao se analisar a legislação, tem-se que a lei 3.807/60 instituiu no Brasil a aposentadoria por invalidez (capítulo III), aposentadoria por velhice (capítulo IV), aposentadoria especial (capítulo V) e a aposentadoria por tempo de contribuição (capítulo VI). (BRASIL, 1960).

A aposentadoria por velhice, disposta no artigo 30º da lei orgânica a previdência social (3.807/60) era concedida ao segurado que, na data do requerimento, havia realizado mais de 60 (sessenta) contribuições mensais e completado 65 (sessenta e cinco) anos de idade se homem e 60 (sessenta) anos se mulher. A aposentadoria por velhice também poderia ser requerida pela empresa, quando o segurado tivesse completado 70 (setenta) anos de idade se homem e 65 (sessenta e cinco) anos se mulher. (BRASIL, 1960).

Para calcular o valor do benefício de aposentadoria por velhice era utilizado a mesma base de cálculo da aposentadoria por invalidez. Portanto, o valor do benefício era correspondente a 70% (setenta por cento) do “salário de benefício” acrescidos de 1% (um por cento) a cada grupo de 12 (doze) contribuições mensais realizados pelos segurados até o máximo de 30% (trinta por cento). (BRASIL, 1960).

A fonte de custeio dos benefícios previdenciários previstos na lei 3.807/60 estavam previstos no art. 69º do dispositivo legal. A contribuição do segurado era de 6% (seis por cento) a 8% (oito por cento) do salário de contribuição. A incidência da alíquota previdenciária não atingia importâncias superiores a cinco vezes o salário

6 Lei nº 3807 de 26 de agosto de 1960:

Dispõe sobre a Lei Orgânica da Previdência Social.

(...)

Art. 1º: A previdência social organizada na forma desta lei tem por fim assegurar aos seus beneficiários os meios indispensáveis de manutenção, por motivo de idade avançada, incapacidade, tempo de serviço, prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente, bem como a prestação de serviços que visem à proteção de sua saúde e concorram para o seu bem-estar.

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mínimo mensal de maior vigência no país. As empresas custeavam os benefícios com as mesmas alíquotas aplicadas aos segurados, assim como a União. (BRASIL, 1960).

Com a unificação dos Institutos de Aposentadoria e Pensão, surgiu então o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) através do decreto nº 72, de 21 de novembro de 19667, órgão este responsável pela concessão dos benefícios previdenciários requeridos. (BRASIL, 1966).

Em 1977, através da lei nº 6439/77 foi criado o SINPAS (Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social), na qual o Estado exercia controle direto através do Ministério de Previdência e Assistência Social – MPAS. A finalidade deste sistema era a concessão e manutenção de benefícios, custeio de atividades e programas e gestão administrativa e patrimonial. (BRASIL, 1977).

No SINPAS estavam integrados os seguintes órgãos governamentais: Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social – INAMPS, Fundação Legião Brasileira de Assistência (LBA), Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM), Empresa de processamento de Dados da Previdência Social (DATAPREV) e o Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social (IAPAS). (BRASIL, 1977).

1.2 O INÍCIO DO SISTEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL E PREVIDENCIÁRIO RURAL

A proteção previdenciária brasileira para com os trabalhadores rurais teve seus primeiros passos dados no ano de 1963, através da lei nº 4214/63 com a criação do Estatuto do Trabalhador Rural. Neste estatuto, restaram regulamentados os sindicatos rurais, a obrigatoriedade do pagamento do salário mínimo aos trabalhadores no campo e criou o Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural (FAPTR) que se chamaria posteriormente FUNRURAL. (BRUMER, 2002).

Contudo, os trabalhadores rurais ainda se restaram excluídos da proteção previdenciária estatal até 1971, quando então foi criado o PRORURAL (Programa de Assistência ao Trabalhador Rural) que era administrado FUNRURAL, através da lei complementar 11/1971:

7 Decreto - Lei nº 72 de 21 de novembro de 1966:

Artigo 1º: Os atuais Institutos de Aposentadoria e Pensões são unificados sob a denominação de Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).

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Art. 1º É instituído o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural (PRORURAL), nos termos da presente Lei Complementar.

§ 1º Ao Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural - FUNRURAL -, diretamente subordinado ao Ministro do Trabalho e Previdência Social e ao qual é atribuída personalidade jurídica de natureza autárquica, caberá a execução do Programa de Assistência ao Trabalhador Rural, na forma do que dispuser o Regulamento desta Lei Complementar.

§ 2º O FUNRURAL gozará em toda a sua plenitude, inclusive no que se refere a seus bens, serviços e ações, das regalias, privilégios e imunidades da União e terá por fôro o da sua sede, na Capital da República, ou o da Capital do Estado para os atos do âmbito dêste. (BRASIL, 1971).

Eram considerados trabalhadores rurais segundo a lei complementar nº 11 de 1971 “as pessoas físicas que prestam serviços de natureza rural a empregador, sob remuneração de qualquer espécie, o produtor ou proprietário, que, sem empregado, trabalhe individualmente ou em regime de economia familiar, assim entendido o trabalho dos membros da família indispensável à própria subsistência e exercido em condições de mútua dependência e colaboração”. (BRASIL, 1971).

O trabalhador rural é aquela pessoa que realiza atividades laborativas no meio campesino, isto é, planta, colhe, lavra e semeia a terra e seus frutos, sendo que através desses afazeres obtém renda para a sua sobrevivência e de sua família, não sendo necessário ter residência no meio rural.

De modo bem genérico, trabalhador rural é a pessoa que labora em atividade rural, chamado de rurícola, interiorano, campesino ou camponês, ele lavra a terra, semeia e colhe, ou simplesmente cata os frutos.

Presta serviços para si e para o seu, ou para empresa rural ou agroindústria, e nesse conceito técnico sem importar onde resida, mas preferencialmente no campo. (MARTINEZ NOVAES, p.25, 2019).

Logo, através da lei complementar nº 11 de 1971, iniciou-se a proteção previdenciária dos trabalhadores rurais, na qual abrangeria benefícios previdenciários específicos a este grupo dispostos na lei:

Art. 2º: O programa de Assistência ao Trabalhador Rural consistirá na prestação dos seguintes benefícios:

I – aposentadoria por velhice;

II – aposentadoria por invalidez;

III – pensão;

IV – auxílio funeral;

V – serviço de saúde;

VI – serviço social. (BRASIL, 1971).

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A aposentadoria por velhice rural, instituída pela lei nº 11 de 1971, era devida ao trabalhador rural que tivesse completado 65 (sessenta e cinco) anos de idade, não podendo ser devida a mais de um componente por unidade familiar. O valor do benefício previdenciário recebido pelo trabalhador era equivalente a 50% (cinquenta por cento) do salario mínimo de maior valor do país. (BRASIL, 1971).

O meio rural na época da instituição do benefício de aposentadoria por idade rural, isto é, 1971, possuía um índice baixo de expectativa de vida, em decorrência da falta de infraestrutura do campo. Soma-se a isso também o elevado requisito etário para ter acesso ao benefício – 65 (sessenta e cinco anos), sendo assim uma forma do Estado compensar o trabalhador rural pelos serviços prestados.

A expectativa de vida, em 1970, era aproximadamente de 50 anos de idade, ou seja, o benefício funcionava mais como uma compensação ao trabalhador rural de excepcional longevidade que como uma garantia de renda na aposentadoria. Somando-se a isso, a prestação de serviço limitava-se a apenas um membro da família, geralmente o chefe, excluindo dependentes e mulheres rurais. (ALBUQUERQUE MARANHÃO; RIBEIRA VIERA FILHO, p.13 2018).

A fonte de custeio os benefícios previdenciários constituídos pela lei complementar nº 11 de 1971, estava expressamente disposta no artigo 15º, prevendo uma contribuição de 2% (dois por cento) pela parte do produtor, percentual esse aplicado sobre o valor comercial dos produtos rurais e recolhida pelo adquirente, consignatário ou cooperativa sub-rogada ou ainda pelo produtor, quando ele próprio industrializava seus produtos (BRASIL, 1971).

A contrapartida do Estado com o custeio dos benefícios previdenciários legalmente previstos na lei nº 11 de 1971 eram feitos através do FUNRURAL, autarquia federal, com percentual de 2.4% (dois ponto quatro por cento) retirados sobre a folha das empresas. (BRASIL, 1971).

Assim, existiram na época (1971 – 1988) dois sistemas previdenciários de seguridade social, um rural e outro urbano, até a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil em 1998, que consolidou, em seu art. 194, o sistema de seguridade social no país, unificando os regimes previdenciários urbanos e rurais.

(BRASIL, 1988).

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1.3 A UNIFICAÇÃO DO SISTEMA DE SEGURIDADE SOCIAL ATRAVÉS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Após a promulgação da Constituição Federal de 1988, não era mais possível à criação de um tipo de benefício ou serviço exclusivo para os segurados urbanos, haja vista que os mesmos riscos sociais a que se submetem a população urbana podem ser vivenciados pela população rural. (LA BRADBURY, 2020)

Ocorreu assim, com a promulgação da Constituição Federal em 1988 à unificação da estrutura prestacional completa da previdência, saúde e assistência social, na qual gerou a definição atual de seguridade social.

Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

Parágrafo único. Compete ao poder público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:

II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; (BRASIL, 1988).

Desta feita, após a Constituição Federal de 1988, ocorreu à equidade de proteção previdenciária entre trabalhadores urbanos e rurais, o que proporcionou a ambos maiores segurança e desenvolvimento social. A previdência social está disposta na Constituição Federal, em seu capítulo II seção III, o qual compreende os artigos 201 ao 202º da carta magna federal, com seus respectivos incisos e parágrafos. Destaca-se também que a previdência social é vista, a partir da Constituição Federal de 1988, como um direito social do cidadão brasileiro, inserida no art. 6º8 do texto constitucional legal. (BRASIL, 1988).

Corroborando em tal sentindo, tem-se o seguinte conceito de Previdência Social:

[...] um instrumento estatal, específico de proteção das necessidades sociais, individuais e coletivas, sejam elas preventivas, reparadoras e recuperadoras, na medida e nas condições dispostas pelas normas e nos limites de sua capacidade financeira. (CORREIA; CORREIA, 2007, p. 17).

8 Contituição Federal de 1988:

(...)

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

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A interferência do Estado, através da criação de um sistema contributivo previdenciário igualitário, de filiação com caráter obrigatório, tem por objetivo assegurar a seus cidadãos o acesso, por meio do Instituto da previdência social, a os direitos sociais previdenciários constituídos através da Constituição Federal de 1988.

A previdência social protege necessidades decorrentes de contingências expressamente previstas na Constituição e na legislação infraconstitucional, mediante o pagamento de contribuições. Somente aquele que contribui tem direito subjetivo à prestação na hipótese de a ocorrência da contingência prevista em lei gerar a necessidade juridicamente protegida. (NOVAES, 2003, p. 169).

Os princípios inspiradores para a proteção previdenciária a qual a Constituição Federal de 1988 aborda são os da universalidade e uniformidade. Portanto, o objetivo central do sistema de previdenciário brasileiro após 1988 foi à máxima abrangência de cidadãos para o seio da proteção previdenciária estatal. No lado da uniformidade, têm-se que a fixação de um sistema de seguro social básico que deve ter regras, se não iguais, bastante próximas para toda a população. (TAVARES, 2007).

Para Fabio Camacho Dell`Amore Torres p.1, 2012: "os princípios constituem os fundamentos de um sistema de conhecimento. Os princípios da seguridade social orientam que as regras da seguridade social devem observar o primado do trabalho, o bem estar e a justiça social. Princípios estes, fixados no artigo 193 da Constituição Federal.”

O princípio norteador da Constituição Federal de 1988 e fundamento do Estado de Direito Brasileiro que está consagrado em seu art.1º inc. III 9 é princípio da dignidade da pessoa humana. O Direito previdenciário é um ramo do Direito Público que tem por objetivo a assistência as vidas humanas, logo, o princípio da dignidade da pessoa humana aplica-se integralmente ao mesmo, uma vez que visa dar condições básicas a existência e integridade do ser humano. (BRASIL, 1988).

9 Art. 1º: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

(...)

III - a dignidade da pessoa humana;

(28)

A pessoa humana, ser de direitos e deveres, tem sua dignidade assegurada pelo Estado resguardada por sua lei, tendo este último dever de lhe assegurar a proteção previdenciária e social, sem qualquer distinção entre os cidadãos.

A dignidade da pessoa humana é um valor espiritual e moral inerente a pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se em um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que apenas excepcionalmente possam ser feitas limitações aos exercícios dos direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos (MORAIS, 2004, p.52).

Haja vista que os benefícios previdenciários pagos pela Previdência Social possuem natureza alimentar, isto é, são voltados para o custeio de remédios, tratamentos médicos, alugueis e entre outras despesas essenciais de seus dependentes, a proteção ao Direito à Previdência Social está inteiramente relacionada com o Direito à vida, à saúde, à moradia, sendo estes indispensáveis para que se tenha dignidade. (LA BRADBURY, 2020).

A proteção previdenciária estatal está prevista no art. 201 da Constituição Federal de 1988, que traz o rol de benefícios que terá direito o segurado filiado a previdência social:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:

I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;

II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;

II - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;

IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;

V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º.

§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar.

§ 2º Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo.

§ 3º Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei.

§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei.

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§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência.

§ 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano.

§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições:

I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher;

II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.

§ 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior serão reduzidos em cinco anos, para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.

§ 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei.

§ 10. Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente do trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo regime geral de previdência social e pelo setor privado.

§ 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei.

§ 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão previdenciária para atender a trabalhadores de baixa renda e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencentes a famílias de baixa renda, garantindo- lhes acesso a benefícios de valor igual a um salário-mínimo.

§ 13. O sistema especial de inclusão previdenciária de que trata o § 12 deste artigo terá alíquotas e carências inferiores às vigentes para os demais segurados do regime geral de previdência social. (BRASIL, 1988).

Para a concretização dos direitos previdenciários constitucionais previstos, foi necessária a criação de dois regimes previdenciários distintos, o Regime Geral de Previdência Social e o Regime Próprio da Previdência Social, este último destinado especialmente aos servidores públicos. “O regime previdenciário é o conjunto de normas que regem sujeitos da relação jurídica previdenciária e disciplinam os requisitos para a concessão das prestações e dos benefícios previdenciários.” (LA BRADBURY, p.14, 2020).

Desta maneira, instituiu-se o Regime Geral de Previdência Social (RGPS), voltado para aquela parcela da população que exerce atividade privada urbana ou rural, sendo hoje o principal regime previdenciário nacional. A sua natureza é pública, obrigatória, contributiva e solidária, buscando a preservação do equilíbrio financeiro e atuarial. Este regime abrange todos os trabalhadores da iniciativa privada, quais sejam

(30)

o empregado doméstico, o contribuinte individual, o trabalhador avulso, o segurado especial e o segurado facultativo. (LA BRADBURY, 2020).

O RGPS possui um regime de repartição simples, de caráter solidário, na qual significa que as contribuições realizadas pelos trabalhadores ao sistema são revertidas em pagamento dos benefícios dos inativos, gerando automaticamente um pacto entre gerações, por conta que os segurados que estão trabalhando financiam os benefícios recebidos pelos aposentados e pensionistas. (LA BRADBURY, 2020).

Dado o caráter solidário do RGPS, alguns contribuirão sem ter direito a benefício previdenciário algum, como é o caso das sociedades empresárias, pois a proteção previdenciária estatal é destinada apenas as pessoas físicas e jurídicas. (LA BRADBURY, 2020).

Destaca-se o importante princípio do equilíbrio financeiro e atuarial previsto no art. 201, caput da Constituição Federal de 198810, que visa garantir a possibilidade de prestação social dos benefícios previdenciários vigentes, a partir do princípio da fonte de custeio. (BRASIL, 1988).

A fonte de custeio é a vedação constitucional criada pelo legislador impondo que nenhum benefício ou serviço do RGPS pode ser criado, majorado ou estendido, sem a correspondente fonte de custeio total. Como preceitua Leonardo Cacau Santos La Bradbury p. 53, 2020 “O princípio do equilíbrio financeiro e atuarial é importante para garantir a higidez econômica do sistema previdenciário, evitando que se torne deficitário, isto é, não gaste mais no pagamento dos benefícios e serviços da seguridade social do que no valor que é arrecadado para custeio”.

Portanto, após uma análise histórica da origem e evolução da proteção e previdência social no mundo e no Brasil, surge a incógnita acerca de como o Estado brasileiro regulamentou os novos direitos sociais previdenciários previstos após a Constituição Federal de 1988, temas estes que serão apresentados no próximo capítulo.

10 Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de Previdência Social, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a: (...).

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2 A APOSENTADORIA POR IDADE URBANA A LUZ DA LEI 8.213/91

Com a constitucionalização do acesso a previdência social como um direito de todo cidadão brasileiro filiado ao RGPS, restou-se necessário regulamentar os novos benefícios abrangidos pelo INSS – Instituto Nacional do Seguro Social, que surgiu da fusão do Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social (IAPAS) com o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), através do Dec. nº 99.350/90. (BRASIL, 1990).

Sendo assim, a lei 8.213/91, que dispõe sobre o Plano de Benefício da Previdência Social mudou radicalmente todos os conceitos sobre benefícios previdenciários anteriores a sua promulgação. Os beneficiários da Previdência Social, dispostos no art. 10 da lei 8.213/91, representam um gênero do qual há duas espécies beneficiárias: os segurados e os dependentes. (BRASIL, 1991).

Os segurados, segundo a lei, são as pessoas físicas que estão devidamente filiados ao RGPS, estando assim aptos a receber a proteção securitária. Os segurados não podem ser pessoa jurídicas, porquanto estas apenas contribuem para o sistema previdenciário, mas não são beneficiárias, pois não recebem benefício ou serviço previdenciário algum. Destaca-se que é plenamente possível que, simultaneamente, um segurado poderá também ser dependente, ao exemplo do caso de uma esposa que é dependente de seu marido e é empregada em uma empresa. (LA BRADBURY, 2020).

São caracterizados como dependentes aqueles que se enquadram nas condições do art. 16 da lei 8.213/91, isto é, não contribuem para o RGPS, portanto, não tem direito a todas as prestações previdenciárias, mas somente os serviços previdenciários. (LA BRADBURY, 2020).

Os dependentes são divididos em três classes distintas. A primeira está presente no inc. I do art. 16 da lei 8.213/91 e é composta: pelo cônjuge ou companheiro, bem como filho não emancipado, até 21 anos de idade ou invalido que tenha deficiência intelectual, mental ou deficiência grave. A segunda classe, disposta no inc. II do art. 16 da lei 8.213/91 é composta pelos pais do segurado. Já a terceira classe está presente no inc. III do art. 16 da lei 8.213/91, sendo esta composta: pelo irmão do segurado, não emancipado, até 21 anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual, mental ou deficiência grave. (BRASIL, 1991).

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Para ter acesso aos benefícios previdenciários previstos na lei 8.213/91, é preciso o segurado estar devidamente filiado ao RGPS. Este ato decorre de duas razões fáticas possíveis, que depende do tipo de enquadramento do segurado. Na primeira hipótese, a filiação ocorre automaticamente em razão do exercício de atividade remunerada, esta categoria é chamada de segurados obrigatórios. Na segunda hipótese ocorre a filiação em razão da vontade de realizar a sua inscrição no RGPS, que será formalizada com o pagamento da primeira inscrição. (LA BRADBURY, 2020).

O RGPS, conforme artigo 18, inc. I da lei 8.213/91, trouxe a tona um novo rol de benefícios previdenciários ao segurado filiado:

Art. 18. O Regime Geral de Previdência Social compreende as seguintes prestações, devidas inclusive em razão de eventos decorrentes de acidente do trabalho, expressas em benefícios e serviços:

I - quanto ao segurado:

a) aposentadoria por invalidez;

b) aposentadoria por idade;

c) aposentadoria por tempo de contribuição;

d) aposentadoria especial;

e) auxílio-doença;

f) salário-família;

g) salário-maternidade;

h) auxílio-acidente; (BRASIL, 1991).11

Observa que a aposentadoria por velhice, a partir da promulgação da lei 8.213/91 passou a ser chamada de aposentadoria por idade, dividindo-se em urbana e rural. (BRASIL, 1991)

A aposentadoria por idade urbana, segundo Segundo Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari na obra, Manual de Direito Previdenciário:

A denominação “aposentadoria por idade” surgiu com a Lei n. 8.213/91, conforme se observa do comentário de Sergio Pinto Martins: “No sistema anterior falava-se em aposentadoria por velhice. A expressão aposentadoria por idade surge com a Lei n. 8.213. A denominação utilizada atualmente é mais correta, pois o fato de a pessoa ter 60 ou 65 anos não quer dizer que seja velha. Há pessoas com essa idade que têm aparência de dez, vinte anos mais moça, além do que, a expectativa de vida das pessoas hoje tem atingido muito mais de 60 anos. Daí porque se falar em aposentadoria por idade, quando a pessoa atinge a idade especificada na lei”. (CASTRO; LAZZARI, 2014, p. 688/689).

11 Após a EC 103/19, os benefícios de aposentadoria por tempo de contribuição, aposentadoria por idade, aposentadoria por invalidez e auxílio-doença passaram a ser nomeados como: aposentadoria programada, aposentadoria por incapacidade permanente e auxílio por incapacidade temporária.

Referências

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