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Avaliação da acessibilidade, usabilidade e necessidades de modernização do sistema de itinerários acessíveis do Porto

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Avaliação da Acessibilidade, Usabilidade e

necessidades de modernização do Sistema de Itinerários

Acessíveis do Porto

Dissertação de Mestrado em Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade

Humanas

Andreia Filipa Martins Alves

Sob a orientação do Professor Doutor Francisco Alexandre F. Biscaia

Godinho e coorientação Arquiteta Lia Andreia Cristóvão Ferreira

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Avaliação da Acessibilidade, Usabilidade e

necessidades de modernização do Sistema de Itinerários

Acessíveis do Porto

Dissertação de Mestrado em Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade

Humanas

Andreia Filipa Martins Alves

Dissertação submetida à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade Humanas, elaborada sob a orientação do Professor Doutor Francisco Alexandre F. Biscaia Godinho, professor auxiliar da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e da coorientação da Arquiteta Lia Andreia Cristóvão Ferreira da Provedoria do Cidadão com Deficiência da Câmara do Porto.

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iii “Os que são loucos o suficiente para pensarem que podem mudar o mundo são os que o fazem” Steve Jobs

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iv

Resumo

Mais do que nunca o acesso à Internet é, hoje, fundamental para o desenvolvimento social, cultural, educacional e económico de qualquer nação. A internet tornou-se uma via essencial para obter e prestar informações e serviços, pelo que é particularmente importante que a interação com sítios web seja possível e que os conteúdos disponíveis possam ser compreendidos por todos.

O Sistema Itinerários Acessíveis (SIA) nasceu no âmbito da elaboração do Plano de Promoção de Acessibilidade para a Cidade do Porto, que teve como objetivo principal a construção de uma rede de uso do meio urbano acessível a qualquer cidadão, permitindo o exercício do direito à cidade independentemente da sua circunstância física. Todo o projeto foi desenvolvido tendo em conta a integração das tecnologias de informação, e por isso foi disponibilizada uma plataforma onde é possível que toda a população consulte essa informação.

A presente dissertação apresenta a avaliação da acessibilidade e usabilidade da plataforma SIA, a comparação com outras plataformas que sirvam o mesmo fim, e propõe linhas de orientação para a sua modernização.

Palavras-chave: Acessibilidade, Usabilidade, Sistemas de Informação Geográfica,

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v

Abstract

More than ever before, today Internet access is fundamental for the social, cultural, educational and economical development of any nation. Internet has become an essential way to obtain e provide information and services, so it is of major importance that the interaction with websites is possible and its contents available and understandable by everyone.

The System for Accessible Itineraries (SIA) was born within the Plan for Accessibility Promotion for the city of Porto, that had as its main goal to build a network of use of the urban environment accessible to any citizen, allowing everyone to exercise their right to use the city independently of their physical circumstances. All the project was developed in a way that would integrate with information technologies, and a platform was made available so that all the population could have access to that information.

This dissertation presents the accessibility and usability evaluation of the SIA platform, compares it with other platforms that share its objectives and proposes the parameters for its modernization.

Key words: Accessibility, Usability, Geographical Information Systems, Accessible

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vi

Agradecimentos

A realização deste estudo foi uma etapa muito importante na minha vida, quer a nível pessoal quer a nível profissional. Significa o fecho das etapas académicas e só foi possível através da presença, dedicação e apoio de algumas pessoas. Desta forma, não posso deixar de agradecer:

À Universidade de Trás os Montes e Alto Douro por me ter acolhido durante os últimos anos, bem como aos professores, mestres e doutores com quem tive a oportunidade de privar;

Aos meus orientadores, Professor Doutor Francisco Godinho e Arquiteta Lia Ferreira, pela orientação, apoio, motivação e disponibilidade;

À equipa da Provedoria dos Cidadãos com Deficiência da Câmara Municipal do Porto, ao Arquiteto João Pestana, à Arquiteta Ângela Ferreira, ao Engenheiro Luís Silva pela partilha de conhecimentos, disponibilidade e confiança que demonstraram ter neste trabalho;

Às delegações da ACAPO de Vila Real e Porto pela colaboração e apoio dados;

À minha família, em especial aos meus pais e ao meu irmão, pelo amor, apoio incondicional, força e confiança depositada nas minhas ideias e projetos;

Ao Edgar Batista e à sua família pelo amor, atenção, compreensão e apoio; À Andreia Matos, por todo o seu apoio, carinho, disponibilidade e amizade;

E por fim, a todos os meus amigos que estiveram presentes nesta fase e que se têm mostrado presentes em todas as fases da minha vida.

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vii

Índice

1. Introdução ... 1 1.1. Identificação do Problema ... 2 1.2. Objetivos ... 3 1.3. Organização ... 3

2. Da acessibilidade ao seu mapeamento ... 4

2.1. Acessibilidade ... 4

2.2. Acessibilidade Via Pública e Meio Edificado ... 5

2.3. Mapeamento da Acessibilidade da vida pública e meio edificado ... 6

3. Acessibilidade e Usabilidade de Sistemas de Mapeamento na Web ... 9

3.1. Acessibilidade de Conteúdos Web ... 9

3.1.1. Recomendações para a Acessibilidade do Conteúdo Web ... 16

3.1.2. Componentes interdependentes de acessibilidade na internet ... 21

3.2. Usabilidade de Interfaces Web ... 22

3.2.1. Métricas de usabilidade ... 23

3.2.2. Métodos de avaliação ... 25

3.3. Utilização dos Sistemas de Informação Geográfica ... 29

3.4. Exemplos de Plataformas com Sistemas de Mapeamento de Acessibilidade integrados ... 31

3.4.1. Portugal Acessível ... 31

3.4.2. WheelMap ... 44

3.4.3. Guia Turismo Acessível ... 59

3.4.4. SP Acessível ... 70

3.5. Conclusão ... 82

4. Caso de estudo – Sistemas de Itinerários Acessíveis ... 83

4.1. Sistema de Avaliação da Condição de Acessibilidade da Via Pública e do Meio Edificado utilizado no SIA ... 83

4.2. Caracterização da plataforma SIA ... 85

4.2.1. Estrutura e funcionalidades ... 85

(8)

viii

4.2.3. Interface ... 91

4.3. Avaliação da Acessibilidade ... 97

4.3.1. Descrição ... 97

4.3.2. Apresentação e análise dos resultados ... 98

4.4. Usabilidade: Avaliação Heurística ... 106

4.4.1. Descrição ... 106

4.4.2 Questionário de Avaliação Heurística ... 106

4.4.3. Avaliadores ... 107

4.4.4. Apresentação e análise dos resultados ... 107

4.5. Usabilidade: Avaliação com utilizadores com deficiência visual... 112

4.5.1. Caracterização da amostra de utilizadores ... 112

4.5.2. Descrição dos testes ... 115

4.5.3. Grelha de Teste com Utilizadores (Observação) ... 116

4.5.4. Questionário para avaliação da satisfação dos utilizadores ... 117

4.5.5. Apresentação e análise dos resultados ... 117

5. Conclusão e trabalho futuro ... 128

5.1. Conclusão ... 128

5.2. Trabalho futuro ... 132

Referências Bibliográficas ... 133

Anexos ... 137

Anexo 1 – Sistema de Avaliação da Condição de Acessibilidade de Equipamentos da plataforma Guia Turismo Acessível ... 137

Anexo 2 – Questionário de Avaliação Heurística ... 142

Anexo 3 – Grelha de Observação ... 151

Anexo 4 - Questionário para avaliação da satisfação dos utilizadores ... 153

Anexo 5 – Primeira avaliação de acessibilidade ... 154

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ix

Índice de figuras

Figura 1 - Exemplo de itinerário proposto ... 32

Figura 2 - Página Inicial da Plataforma Portugal Acessível ... 33

Figura 3 - Página Inicial com demostração dos conteúdos do separador “Quem Somos” ... 33

Figura 4 - Página Inicial com demostração dos conteúdos do separador “Ser Acessível” ... 34

Figura 5 - Página Inicial com demostração dos conteúdos do separador “Notícias” ... 34

Figura 6 - Página Informações Úteis ... 35

Figura 7 - Página Contactos ... 35

Figura 8 - Estrutura da plataforma Portugal Acessível ... 36

Figura 9 - Exemplo de pesquisa de um espaço em específico ... 37

Figura 10 - Exemplo de pesquisa por itinerários acessíveis no Porto ... 38

Figura 11 – Exemplo de localização na plataforma e de recomendações de acessibilidade .... 39

Figura 12 - Informação otimização da plataforma ... 40

Figura 13 - Estrutura da Página Inicial e das Páginas Secundárias da Plataforma Portugal Acessível ... 41

Figura 14 - Hiperligação do Menu Principal em estado Ativo ... 42

Figura 15 - Menu Principal e Menu Secundário da Página Inicial do WheelMap ... 46

Figura 16 - Página Projects ... 47

Figura 17 - Página News ... 48

Figura 18 - Página Press ... 49

Figura 19 - Página Contact ... 49

Figura 20 - Exemplo da adição de um novo lugar ... 50

Figura 21 - Exemplo de adição de um lugar (atribuição da condição de acessibilidade) ... 51

Figura 22 - Exemplo de adição de um lugar (atribuição de contactos) ... 51

Figura 23 - Exemplo de pesquisa ... 52

Figura 24 - Exemplo de pesquisa com filtros ... 52

Figura 25 - Exemplo de pesquisa com filtros ... 53

Figura 26 - Exemplo de pesquisa com filtros ... 53

Figura 27 - Estrutura da plataforma WheelMap ... 54

(10)

x

Figura 29 - Estrutura das Páginas Secundárias do WheelMap ... 56

Figura 30 – Formatação dos estados das hiperligações: (1) Estado normal, (2) Estado rollover, (3) Estado ativo ... 58

Figura 31 - Menu Secundário 1 da Página Principal da Plataforma Guia Turismo Acessível 59 Figura 32 - Página Inicial (Superior) e Página Inicial com contraste ativado (Inferior) ... 60

Figura 33 - Menu Principal ... 61

Figura 34 - Explorador de locais adaptados ... 61

Figura 35 - Lista da procura realizada ... 62

Figura 36 - Resultados da condição de acessibilidade para o equipamento escolhido ... 62

Figura 37 - Resultados de acessibilidade dos recursos para a deficiência auditiva para o equipamento pretendido ... 63

Figura 38 - Estrutura Plataforma Guia Turismo Acessível ... 64

Figura 39 - Recomendações de acessibilidade e usabilidade aplicadas à plataforma Guia Turismo Acessível ... 65

Figura 40 - Esquema representativo da estrutura de todas as páginas da plataforma Guia Turismo Acessível ... 66

Figura 41 - Fatores a ter em conta para a escolha do design de um site (sobretudo para a escolha de cores a utilizar) ... 67

Figura 42 - Exemplo da descrição dada para as hiperligações do Menu Principal ... 69

Figura 43 - Estrutura da Plataforma SP Acessível ... 72

Figura 44 - Página Inicial SP Acessível ... 73

Figura 45 - Página "Locais próximos" ... 73

Figura 46 - Menu Principal, com ícone de menu secundário destacado ... 74

Figura 47 - Menu Secundário com ícone do SP Acessível destacado ... 74

Figura 48 - Menu Secundário com informações sobre a conta do utilizador ... 74

Figura 49 - Ícone para funções ... 75

Figura 50 - Funções apresentadas pelo ícone ... 75

Figura 51 - Menu principal com o ícone "pesquiza filtrada" destacado ... 75

Figura 52 - Exemplo de pesquisa filtrada ... 76

Figura 53 - Ícone para traduzir o texto para língua gestual ... 76

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xi

Figura 55 - Menu disponível para a tradução ... 77

Figura 56 - Esquema representativo da estrutura de todas as páginas da plataforma SP Acessível ... 78

Figura 57 - Mapa da Condição da Acessibilidade da Via Pública e Equipamentos ... 85

Figura 59 - Página Inicial SIA ... 87

Figura 58 - Estrutura da Plataforma SIA ... 86

Figura 60 - Página Noticias ... 87

Figura 61 - Página Calcular Itinerário ... 88

Figura 62 - Página Consultar Mapa ... 90

Figura 63 - Página Edifícios Acessíveis ... 90

Figura 64 - Menu Principal apresentado nas diferentes páginas ... 91

Figura 65 - Rodapé da Plataforma SIA ... 92

Figura 66 - Esquema Página Inicial ... 93

Figura 67 - Estrutura das restantes páginas ... 93

Figura 68 - Hiperligação “Acesso 04. Cultura Património e Inclusão” em estado Rollover ... 95

Figura 69 - Hiperligação "Comunicação" em estado Normal ... 96

Figura 70 - Mapa de resultados obtidos pelo avaliador automático na 2.ª avaliação de acessibilidade ... 102

Figura 71 - Erro mostrado para o ponto de verificação 4.1.1 ... 102

Figura 72- Tabela de Snellen ... 113

Figura 73 - Exemplo de um itinerário, onde não é percetível qual é o ponto de origem e qual o ponto de destino ... 122

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xii

Índice de Gráficos

Gráfico 1- Resultados dos critérios em percentagem para a 1.ª fase de avaliação ... 99

Gráfico 2 - Resultados dos critérios em percentagem para a 2.ª fase de avaliação ... 103

Gráfico 3 - Distribuição do número de sub-heurísticas com problemas ... 107

Gráfico 4 - Distribuição das sub-heurísticas com e sem problemas ... 108

Gráfico 5 - Distribuição do grau de severidade dos problemas encontrados ... 109

Gráfico 6 – Resultados do questionário de satisfação no que diz respeito à classificação global da plataforma ... 126

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xiii

Índice de tabelas

Tabela 1 - Recomendações do W3C fornecidas pelo WCAG 2.0 ... 16

Tabela 2 - Características dos modelos de dados ... 29

Tabela 3 - Cores predominantes dos fundos das páginas da plataforma Portugal Acessível ... 41

Tabela 4 - Cores para o texto nas páginas da plataforma SIA ... 42

Tabela 5 - Cores das hiperligações do Menu Principal da plataforma Portugal Acessível para os 3 estados ... 42

Tabela 6 - Características do texto da plataforma Portugal Acessível ... 43

Tabela 7 - Escala da condição de acessibilidade ... 46

Tabela 8 - Cores predominantes dos Fundos da página principal (MAP) da plataforma WheelMap ... 57

Tabela 9 - Cores predominantes dos Fundos das páginas secundárias da plataforma WheelMap ... 57

Tabela 10 - Cores para o texto nas páginas da plataforma WheelMap ... 57

Tabela 11 - Cores das hiperligações do Menu Principal do WheelMap para os 3 estados ... 58

Tabela 12 - Características do texto plataforma WheelMap ... 58

Tabela 13 - Cores de fundo nas páginas da plataforma Guia Turismo Acessível ... 68

Tabela 14 - Cores para o texto nas páginas da plataforma Guia Turismo Acessível ... 68

Tabela 15 - Cores das hiperligações Embebidas e Associativas da Plataforma Guia Turismo Acessível para os 3 estados ... 68

Tabela 16 - Cores das hiperligações do Menu Principal da plataforma Guia Turismo Acessível para os 3 estados ... 69

Tabela 17 - Cores das hiperligações do Menu Secundário 1 da plataforma Guia Turismo Acessível para os 3 estados ... 69

Tabela 18 - Características do texto do Guia Turismo Acessível ... 70

Tabela 19 - Cores de fundo nas páginas da plataforma SP Acessível ... 78

Tabela 20 - Cores para o texto nas páginas da plataforma SP Acessível ... 78

Tabela 21 - Cores das hiperligações do Menu Principal da plataforma Guia Turismo Acessível para os 3 estados ... 79

Tabela 22 - Resumo dos aspetos positivos encontrados nos 4 exemplos de plataformas analisadas ... 81

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xiv Tabela 23 - Simbologia utilizada no mapa para identificar as questões da acessibilidade do

espaço público e do meio edificado ... 88

Tabela 24 - Cores predominantes nas páginas da plataforma SIA (Fundos) ... 94

Tabela 25 - Cores para o texto nas páginas da plataforma SIA ... 94

Tabela 26 - Cores das hiperligações do Menu Principal do SIA para os 3 estados ... 95

Tabela 27 - Cores das hiperligações das Noticias do SIA para os 3 estados ... 95

Tabela 28 - Características do texto do SIA ... 96

Tabela 29 - Resultados obtidos na 1.ª Avaliação de Acessibilidade ... 98

Tabela 30 - Pontos de verificação em não conformidade na 1.ª fase de avaliação de acessibilidade ... 99

Tabela 31 - Resultados obtidos na 2.ª fase da Avaliação de Acessibilidade ... 103

Tabela 32 - Pontos de verificação em não conformidade na 2.ª fase de avaliação de acessibilidade ... 104

Tabela 33 - Identificação dos problemas de grau de severidade 1 ... 109

Tabela 34 - Identificação dos problemas de grau de severidade 2 ... 110

Tabela 35 - Identificação dos problemas de grau de severidade 3 ... 110

Tabela 36 - Identificação dos problemas de grau de severidade 4 ... 111

Tabela 37 - Classificação da deficiência visual (adaptado do CID-10, OMS) ... 114

Tabela 38 - Caracterização da amostra ... 115

Tabela 39 - Informação sobre os utilizadores e o que utilizaram para a realização dos testes ... 116

Tabela 40 – Resultados eficácia: Conclusão ou não da tarefa por cada utilizador ... 118

Tabela 41 - Resultados eficácia: conclusão ou não da tarefa ... 119

Tabela 42 - Resultados eficácia: n.º de tentativas (recomeços e recuos) para a conclusão da tarefa ... 119

Tabela 43 – Resultados eficácia: Execução das tarefas por cada utilizador em segundos ... 120

Tabela 44 – Resultados do questionário de satisfação ... 124

Tabela 45 - Resultados do questionário de satisfação no que diz respeito à classificação global da plataforma ... 126

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xv

Siglas e Acrónimos

OMS Organização Mundial de Saúde SIA Sistema de itinerários Acessíveis WCAG Web Content Accessibility Guidelines ONU Organização das Nações Unidas ADA Americans with Disabilities Act NCAM National Center for Accessible Media

W3C World Wide Web

WAI Web Accessibility Initiative

INCNESI Iniciativa Nacional para os Cidadãos com Necessidades Especiais na Sociedade de Informação

UMIC Agência para a sociedade do conhecimento TIC Tecnologias de Informação e Comunicação PNPA Plano Nacional de Promoção da Acessibilidade ISO International Organization for Standardization

CNUDPD Convenção das Nações Unidas sobre os direitos das pessoas com deficiência

UE União Europeia

PNE Pessoas com necessidades especiais

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1

1. Introdução

A Acessibilidade “ surge como tributo imprescindível na sociedade permitindo que todos possam desfrutar das mesmas oportunidades, a saber: educação, trabalho, habitação, lazer, cultura e as novas tecnologias da informação e comunicação.” (Amengual, 1994).

Uma cidade acessível considera a cidadania e a qualificação dos espaços urbanos, procurando incluir todos, independentemente das suas aptidões físicas, mentais ou psicológicas, valorizando a própria cidade e tornando-a mais confortável, sustentável e competitiva (Gil & Rosa, 2014).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as viagens de curta duração devem ser realizadas, preferivelmente, a pé ou de bicicleta, pois possibilitam benefícios claros para a saúde humana através da realização de atividade física permanente.

A mobilidade está associada ao movimento e deslocação de pessoas, bens e serviços. Por esse motivo, as relações da mobilidade com o território e com as estruturas sociais são muito importantes. Vive-se, uma cultura de mobilidade, considerando-se a acessibilidade das cidades associada a uma melhoria de qualidade de vida, onde se coloca o peão no topo da hierarquia de acesso, como elemento central na mobilidade urbana.

Como novos paradigmas da mobilidade e acessibilidade no meio urbano, tem-se as novas exigências nas cidades de uma cultura de democratização da informação, a mobilidade e a acessibilidade a pessoas com mobilidade reduzida e o envelhecimento da população.

Os desenvolvimentos tecnológicos alcançados recentemente possibilitam a criação de recursos capazes de aumentar as possibilidades de autonomia de pessoas com deficiência, seja na sua habitação, nos cuidados pessoais, na comunicação, nas atividades desportivas, nas atividades profissionais, nas relações sociais e na mobilidade.

Os sistemas de informação são exemplos desses recursos, pois permitem reunir, guardar, processar e facultar informação importante para a sociedade, de modo a torna-la acessível e útil para aquelas que a desejam utilizar. Funcionam como um conjunto de meios e procedimentos cuja finalidade é assegurar que a informação útil necessária às diversas funções e atividades chegue ao público.

O Sistema de Itinerários Acessíveis (SIA) da Câmara Municipal do Porto é um bom exemplo de um sistema de informação, pois a plataforma contem informação sobre a acessibilidade da via pública e de edifícios públicos, permitindo o planeamento de trajetos,

(17)

2 tendo como base a informação sobre as características da via pública e dos equipamentos, no que diz respeito à acessibilidade e usabilidade dos mesmos.

Tão importante como a informação apresentada pelos sistemas de informação e/ou plataformas que facilitem a mobilidade de pessoas com mobilidade reduzida, é a forma como está é mostrada e disponibilizada aos utilizadores. É de extrema importância que durante a planificação e construção de plataformas e aplicações, se tenha presente os conceitos de acessibilidade, acessibilidade digital e usabilidade, por forma a garantir o acesso a estes, combatendo a discriminação e a info-exclusão.

Considerada uma importante característica de qualidade para sites e um dos fatores para promoção da inclusão digital, a acessibilidade web refere-se ao acesso, perceção, compreensão e interação com o componente web, representado pelo conjunto de páginas interligadas por links de hipertexto e pelas informações nelas contidas, com o máximo de autonomia possível (Ferreira, Santos, & Silveira, 2007).

Tornar os conteúdos da web acessíveis para pessoas com deficiência não é apenas uma tarefa técnica ligada a normas para a construção de sites. É, também, importante conhecer as necessidades, as habilidades e o comportamento dos utilizadores com deficiência. No entanto, durante a conceção de sites, ainda é rara a preocupação com o utilizador, uma vez que a conceção de sistemas muitas vezes prioriza as exigências da informática em detrimento das exigências do utilizador.

Com a presente dissertação pretende-se elaborar uma avaliação da acessibilidade e usabilidade da plataforma SIA. O objetivo da avaliação passa pela ponderação e verificação de eventual necessidade de modernização da plataforma, seja a nível de conteúdo ou a nível de estrutura. A avaliação será feita em três fases: avaliação da acessibilidade, avaliação heurística e testes a utilizadores com deficiência visual.

1.1. Identificação do Problema

Aquando da realização do estágio curricular na Câmara Municipal do Porto e, depois de explorar o SIA, foi possível constatar algumas dificuldades no uso da plataforma.

Posto isto, sentiu-se a necessidade de fazer uma avaliação mais aprofundada no que diz respeito à acessibilidade, à usabilidade e às necessidades de modernização da plataforma.

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3 Com a presente dissertação pretende-se perceber o porque das dificuldades dos utilizadores e posteriormente, elaborar um conjunto de linhas de orientação que permitam uma otimização da plataforma.

1.2. Objetivos

Através da proposta de avaliação da acessibilidade, usabilidade e modernização da plataforma SIA, pretende-se elaborar um conjunto de linhas de orientação que garantam a acessibilidade e usabilidade do SIA. Para tal, os objetivos definidos são:

 Avaliação da acessibilidade da plataforma tendo como base as diretivas WCAG 2.0;

 Avaliação heurística da plataforma;

 Testes com utilizadores;

 Comparação com outras plataformas que sirvam para o mesmo fim;

 Linhas de orientação para melhoria da plataforma.

1.3. Organização

No primeiro capítulo foi feita uma introdução ao trabalho realizado. Ainda neste capítulo foi descrito os objetivos e a organização da dissertação.

No segundo capítulo é apresentada uma revisão do estado da arte sobre acessibilidade e o seu mapeamento.

No terceiro capítulo é abordado o tema da acessibilidade e usabilidade de sistemas de mapeamento na web e, é feita a análise de 4 plataformas escolhidas a título de exemplo.

No quarto capítulo é apresentado o estudo de caso – sistemas de itinerários acessíveis onde é caracterizada a plataforma SIA, explicadas as três fases de avaliação, apresentados os resultados, e posterior análise.

No quinto e último capítulo, são apresentadas as conclusões retiradas deste estudo, linhas de orientação para a resolução dos problemas e sugestões a ter em conta para potenciar esta plataforma.

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4

2. Da acessibilidade ao seu mapeamento

2.1. Acessibilidade

Ao longo dos anos tem-se travado uma luta incessante pelos direitos e bem-estar de todos os cidadãos, através de ações que permitam mudanças sociais e que têm como objetivo principal a integração de qualquer pessoa, independentemente da sua condição física e das limitações que daí advêm. As pessoas com necessidades especiais têm o direito às mesmas oportunidades que as restantes, pois dão cidadãos válidos e capazes. É erróneo, partir do pressuposto que face à(s) sua(s) deficiência(s), estas pessoas serão incapazes de realizar as suas tarefas e/ou de adquirir novas habilidades intelectuais e sociais.

Em 1975, a acessibilidade foi considerada pela ONU um direito humano: “As pessoas deficientes têm o direito inerente de respeito por sua dignidade humana. As pessoas deficientes, qualquer que seja a origem, natureza e gravidade de suas deficiências, têm os mesmos direitos fundamentais que seus concidadãos da mesma idade, o que implica, antes de tudo, o direito de desfrutar de uma vida decente, tão normal e plena quanto possível” (ONU, 1975). No entanto, o grande marco para a Acessibilidade surgiu apenas em 1980, nos Estados Unidos da América (EUA), com a ADA - Americans with Disabilities Act. Foi nesse momento que se implementou uma lei civil que proíbe a discriminação de pessoas com incapacidade e promove a acessibilidade no trabalho, em edifícios e transportes públicos, em locais de utilização pública e nas telecomunicações (CERTIC*, 2010).

A acessibilidade surgiu assim, finalmente, na sociedade como um direito imprescindível e alienável. O imperativo da progressiva eliminação das barreiras, designadamente urbanísticas e arquitetónicas, que permita às pessoas com mobilidade reduzida o acesso a todos os sistemas e serviços da comunidade, criando condições para o exercício efetivo de uma cidadania plena; decorre de diversos preceitos da Constituição, quando proclama, designadamente, o principio da igualdade, o direito à qualidade de vida, à educação, à cultura e ciência e à fruição e criação cultural e, em especial, quando consagra os direitos dos cidadãos com deficiência. Decorre igualmente de orientações emanadas de diversas organizações internacionais em que o nosso país se encontra integrado, nomeadamente a Organização das Nações Unidas e suas agências especializadas; o Conselho da Europa e a União Europeia (Secretariado Nacional Para a Reabilitação e Integração, 1997).

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2.2. Acessibilidade Via Pública e Meio Edificado

Acessibilidade é uma característica do ambiente ou de um objeto que permite a qualquer pessoa estabelecer um relacionamento com esse ambiente ou objeto, e utilizá-los de uma forma amigável, cuidada e segura (Aragall, 2003). Torna-se em um conceito lato que significa a possibilidade de acesso a todas as pessoas ao meio edificado, à via pública, aos transportes, à cultura, à educação e às tecnologias de informação e comunicação, com o máximo possível de autonomia e de usabilidade. Garantir a acessibilidade ao meio envolvente, isto é, aos bens, serviços, produtos e equipamentos, é assegurar as condições para o exercício de cidadania e de autonomia a todas as pessoas (Instituto Nacional para a Reabilitação). Desta forma, tornando o edificado acessível e funcional, geram-se benefícios de ordem económica e social, permitindo o acesso de um maior número de pessoas a um maior número de atividades, expandido mercados e criando uma sociedade mais equilibrada e igualitária, baseada na não discriminação (Vaz, 2013).

Do quadro jurídico nacional importa salientar que o n.º 2 do artigo 71.º da constituição diz que, compete ao Estado a obrigação de tomar efetiva a realização dos direitos dos cidadãos com deficiência (Secretariado Nacional Para a Reabilitação e Integração, 1997).

A 22 de Maio de 1997, surgiu o decreto-lei 123/97 que torna obrigatória a adoção de normas técnicas básicas de eliminação de barreiras arquitetónicas em edifícios públicos, equipamentos coletivos e via pública para melhoria da acessibilidade das pessoas com mobilidade condicionada (Secretariado Nacional Para a Reabilitação e Integração, 1997).

Decorridos oito anos sobre a promulgação do Decreto-Lei nº. 123/97, aprovou-se em 2006, neste domínio, um novo diploma que define o regime da acessibilidade aos edifícios e estabelecimentos que recebem público, via pública e edifícios habitacionais, o qual faz parte de um conjunto mais vasto de instrumentos que o XVII Governo Constitucional pretende criar, visando a construção de um sistema global, coerente e ordenado em matéria de acessibilidades, suscetível de proporcionar às pessoas com mobilidade condicionada condições iguais às das restantes pessoas (Secretariado Nacional para Reabilitação e Integração, 2006). As razões que justificaram a revogação do Decreto-Lei n.º 123/97, de 22 de Maio, e a criação de um novo diploma em sua substituição prenderam-se, em primeiro lugar, com a constatação da insuficiência das soluções propostas por esse diploma. Pesem embora as melhorias significativas decorrentes da introdução do Decreto-Lei nº. 123/97, de 22 de Maio, as mentalidades continuavam sem sofrer alterações e a fraca eficácia sancionatória, que impunha, em larga medida, apenas coimas de baixo valor, fez que

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6 persistissem na sociedade portuguesa as desigualdades impostas pela existência de barreiras urbanísticas e arquitetónicas (Secretariado Nacional para Reabilitação e Integração, 2006).

Neste sentido, o decreto-lei 163/06 de 8 de Agosto usado na atualidade, visa, numa solução de continuidade com o anterior diploma, corrigir as imperfeições nele constatadas, melhorando os mecanismos fiscalizadores, dotando-os de uma maior eficácia sancionatória, aumentando os níveis de comunicação e de responsabilização dos diversos agentes envolvidos nestes procedimentos, bem como introduzir novas soluções, adequadas com a evolução técnica, social e legislativa entretanto verificada (Secretariado Nacional para Reabilitação e Integração, 2006). De entre as principais inovações introduzidas com o presente decreto-lei, é de referir, em primeiro lugar, o alargamento do âmbito de aplicação das normas técnicas de acessibilidades aos edifícios habitacionais, garantindo-se assim a mobilidade sem condicionamentos, quer nos espaços públicos, como já resultava do diploma anterior e o presente manteve, quer nos espaços privados (acessos às habitações e seus interiores) (Secretariado Nacional para Reabilitação e Integração, 2006). Espelhando a preocupação da eficácia da imposição de normas técnicas, que presidiu à elaboração deste decreto-lei, foram introduzidos diversos mecanismos que têm, no essencial, o intuito de evitar a entrada de novas edificações não acessíveis no parque edificado português. Visa-se impedir a realização de loteamentos e urbanizações e a construção de novas edificações que não cumpram os requisitos de acessibilidades estabelecidos no presente decreto-lei (Secretariado Nacional para Reabilitação e Integração, 2006).

Neste decreto-lei podem encontrar-se as normas técnicas para melhoria da acessibilidade das pessoas com mobilidade condicionada segundo as suas áreas de aplicação – via pública, e edifícios e estabelecimentos em geral, edifícios estabelecimentos e instalações com usos específicos e percurso acessível (Secretariado Nacional de Reabilitação e Integração da Pessoa com Deficiência, 2007).

2.3. Mapeamento da Acessibilidade da vida pública e meio edificado

As sucessivas medidas levadas a cabo nesta área até à criação do Decreto-Lei 163/2006, de 8 de Agosto, não tinham produzido modificações significativas no quadro existente, subsistindo, no edificado nacional, uma larga percentagem de edifícios, espaços e instalações que não satisfaziam as condições mínimas de acessibilidade e que colocavam limitações aos cidadãos que deles pretendiam, legitimamente, fruir.

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7 O Decreto-Lei 163/2006, de 8 de Agosto, procedeu à definição das condições de acessibilidade a satisfazer no projeto e na construção de espaços públicos, equipamentos coletivos e edifícios públicos, mas a grande novidade foi a introdução de requisitos de acessibilidade em edifícios de habitação.

Sabe-se, que há uma imensidão de barreiras, herdadas de décadas (e séculos) de desconhecimento ou descuido, e muitos hábitos e formas de fazer que geraram ainda mais barreiras. Tornar uma cidade acessível, é uma realidade que implica um esforço coordenado e a sustentação desse esforço deve ser mantida ao longo de várias décadas consecutivas, pois a intervenção é feita em vários tempos e, em vários domínios.

Percebe-se então, que é importante mobilizar a comunidade para a criação de uma cidade para todos, prevenindo a criação de novas barreiras e, ao mesmo tempo, promover a adaptação progressiva dos espaços e edifícios já existentes.

Através da experiência de todas as cidades, demonstra-se que se não existir um plano, é muito difícil ou impossível planear mudanças fundamentais, programar financiamentos, tirar partido de oportunidades e prevenir o agravamento da situação. Deve, por isso, ter-se uma visão das várias redes de infraestruturas (de percursos pedonais, equipamento municipais, transportes públicos, etc), bem como uma grande atenção ao detalhe, pois basta uma pequena barreira para que se corte essa rede acessível a todos.

Neste sentido tendo presente o conceito de acessibilidade e as necessidades de organização e de identificação dos problemas surgiram, os sistemas para mapeamento de acessibilidade. Estes sistemas de mapeamento permitem conhecer a situação da condição de acessibilidade de uma determinada área, relativamente à via pública e ao meio edificado. São uma mais valia para as entidades públicas ou privadas, porque lhes permitem planear ações que visem a melhoria e a adaptação do ambiente. No entanto, são as pessoas com deficiência que realmente saem beneficiadas com estes sistemas. Estas ferramentas asseguram orientação espacial, devidamente informada e personalizada, porque mais do que proporcionar uma melhor orientação em espaços e itinerários, proporcionam a informação da sua acessibilidade e usabilidade.

Existem dois tipos de mapeamento da acessibilidade. O mapeamento colaborativo e o mapeamento realizado por profissionais de acessibilidade:

Mapeamento colaborativo: O mapeamento colaborativo é realizado por utilizadores. Este tipo de mapeamento não tem um método completamente

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8 definido e rigoroso. A informação é recolhida através da opinião dos utilizadores de um determinado local e/ou itinerário ou através da resposta a questões elementares e gerais criadas pelos responsáveis pela gestão destes sistemas. Essas questões são do tipo: “Existe wc?”, “A wc é acessível?”, “Existe um percurso pedonal?” e “O percurso pedonal é acessível?”;

Mapeamento feito por profissionais em acessibilidade: Este tipo de mapeamento tem um método bastante rigoroso. Existe uma lista de critérios de acessibilidade, técnicos e detalhados, baseados na legislação em vigor, que ao serem analisados/avaliados permitem conhecer a condição da acessibilidade da via pública e do meio edificado envolvente. Estes critérios são do tipo: “O bordo superior do assento da sanita, está a uma altura de 0,45 m (± 0,01 m)?” e “Os passeios adjacentes a vias principais e vias distribuidoras têm uma largura livre igual ou superior aa 1,5 m?”.A informação recolhida por este método é, por isso, rigorosa e tem um alto nível de fiabilidade.

Os sistemas de mapeamento de acessibilidade estão disponíveis em sites. Através destes, existe a possibilidade de consultar a informação mapeada, a possibilidade de adicionar informação e, em alguns casos, as duas possibilidades referidas, pois depende do tipo de mapeamento que estamos a falar. Geralmente, os sites munidos do sistema de mapeamento colaborativo permitem consultar e adicionar informação, enquanto que os sites que contém sistemas de mapeamento feito por profissionais de acessibilidade apenas permitem a consulta de informação.

O ponto-chave da questão do mapeamento da acessibilidade deve ser a informação. Esta deve ser obtida por profissionais de acessibilidade de forma a que seja credível, fidedigna e com um elevado nível de rigor, pois caso contrário, os utilizadores podem ser colocados em perigo.

Porque o foco está na acessibilidade, faz todo o sentido que as plataformas onde estão disponibilizados estes sistemas, cumpram os requisitos de acessibilidade de conteúdos web e também os requisitos de usabilidade para interfaces.

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3. Acessibilidade e Usabilidade de Sistemas de Mapeamento na

Web

3.1. Acessibilidade de Conteúdos Web

Na atualidade e de acordo com o curso da evolução socioeconómica, a evolução tecnológica facilita o acesso à informação, bens e serviços e promove a integração social. A verdade é que a partir da ligação à internet através de um dispositivo de interface (computador, tablet e telemóvel) está garantido o acesso a um conjunto diversificado de conteúdos/informação, produtos e serviços disponíveis de acordo com os gostos e necessidades coletivas e individuais. Nesse sentido, torna-se fundamental assegurar a igualdade de circunstâncias, no que diz respeito ao acesso e usabilidade dessa informação, para que todos possam compreender os sítios web e “navegar” nesse universo digital, de forma correta, fácil e intuitiva. É fulcral incluir todos os cidadãos, sem exceções, nesse universo global e infinito, permitindo a mesma oportunidade de usufruto e potenciando benefícios e serviços disponíveis na internet. Todos devem poder participar na sociedade de forma plena e o mais autónoma possível. Cabe à sociedade, em geral, o papel de garantir esta autonomia e independência das pessoas com deficiência.

A acessibilidade digital é a “ flexibilidade do acesso a informação e interação dos utilizadores, que possuam algum tipo de deficiência ou necessidade especial, no que se refere aos mecanismos de navegação e apresentação das páginas, operação de softwares, hardwares, e adaptação de ambientes e situações.” (ONU, 2006)

O livro verde, aprovado em Abril de 1997, dizia que “as tecnologias da informação oferecem um grande potencial para que os cidadãos com deficiências físicas e mentais consigam uma melhor integração na sociedade” (Presidência do Conselho de Ministros, 1999).

Ao nível Europeu e Nacional têm sido feitos esforços no que diz respeito à criação de iniciativas, programas, planos e normas, inclusive a avaliação do desempenho e do intercâmbio de boas práticas entre os Estados Membros.

Desde 1996 que a National Center for Accessible Media (NCAM) dispõe de financiamento para apoio a projetos que tenham como objetivo promover a pesquisa de questões de acessibilidade web e consequentemente o desenvolvimento de soluções e estratégias para tornar o conteúdo acessível.

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10 A 7 de Abril de 1997, o World Wide Web Consortium (W3C) anunciou o lançamento da Web Accessibility Initiative (WAI) com o intuito de disseminar e consolidar a acessibilidade web para pessoas com deficiência. Esta iniciativa deu origem à criação de um gabinete responsável por várias atividades no domínio da tecnologia, investigação e educação, com especial atenção para as atividades relacionadas com o desenvolvimento de diretrizes de acessibilidade do conteúdo da Web, de agentes do utilizador (como é o caso dos browsers, dos leitores de ecrã, dos sistemas de varrimento) e de ferramentas de criação de conteúdo (W3C).

Em Portugal, de 3 de Dezembro (convencionado como dia Internacional das Pessoas com Deficiência) de 1998 a 30 de Janeiro de 1999, decorreu a Petição pela Acessibilidade da Internet Portuguesa, aprovada a 30 de Junho de 1999. Esta petição contou com apoio de 149 organizações, teve 8721 assinaturas individuais e teve como objetivo a adoção de regras de acessibilidade para cidadãos com necessidades especiais, o acesso à informação disponibilizada pela Administração Pública na Internet e simultaneamente a criação e adoção de um símbolo universal de acessibilidade. Foi a primeira petição, via Internet, dirigida a um Parlamento da Europa e a nível mundial. Foi, inclusive, a maior e mais eficaz campanha pela acessibilidade da Web (Godinho & Gouveia, 2012).

Tornava-se clara a necessidade de “assegurar que os cidadãos que requerem consideração especial, sejam eles portadores de qualquer deficiência, idosos ou acamados de longa duração, não fiquem excluídos dos benefícios da sociedade de informação”, e por outro lado, “estabelecer condições para que o desenvolvimento desta contribua inequivocamente para melhorar as condições de vida e bem-estar daqueles cidadãos”. Com esse objetivo e através da Resolução de Conselho de Ministros n.º96/99, foi criada a Iniciativa Nacional para os Cidadãos com Necessidades Especiais na Sociedade de Informação (INCNESI) e elaborado um documento orientador que propunha a implementação de um conjunto de 6 princípios:

 Os benefícios da sociedade da informação são para todos;

 Dar prioridade ao desenvolvimento de produtos e serviços para os cidadãos com necessidades especiais, em condições economicamente acessíveis;

 Promover a aplicação do conceito de “desenho universal”;

 Assegurar a investigação e o desenvolvimento de conhecimentos e competências para a integração dos cidadãos com necessidades especiais na sociedade da informação;

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 Dinamizar a cooperação entre os sectores público, privado e utilizadores para o desenvolvimento de produtos tecnologicamente avançados, adaptados aos cidadãos com necessidades especiais;

 Promover a consciencialização da sociedade para a inserção dos cidadãos com necessidades especiais.

Portugal tornou-se no primeiro país Europeu e o quarto a nível mundial (a seguir aos Estados Unidos da América, Canadá e Austrália) a regulamentar a adoção de regras de acessibilidade na conceção de sítios da Administração Pública, através da Resolução do Conselho de Ministros Nº 97/99, de forma a garantir a sua usabilidade a cidadãos com necessidades especiais, direta e indireta, na Internet. Tratando-se de uma medida que se inseria no plano de concretização da INCNESI, deu também sequência à recomendação e parecer da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias da Assembleia da República sobre a petição pela acessibilidade (que por sua vez, propugnava a adoção das medidas necessárias e adequadas a garantir a plena acessibilidade da informação disponível na Internet, a todos os cidadãos com necessidades especiais). As formas de organização e apresentação da informação facultada na Internet pelas Direcções-Gerais e serviços equiparados, bem como pelos institutos públicos nas suas diversas modalidades, deveriam ser escolhidas de forma a permitirem ou facilitarem o seu acesso pelos cidadãos com necessidades especiais. A acessibilidade referida deveria abranger, no mínimo, a informação relevante para a compreensão dos conteúdos e para a sua pesquisa. Para concretização dos objetivos, os organismos deveriam implementar formas de escrita e de apresentação das suas páginas na Internet que assegurassem que a sua leitura pudesse ser feita sem recurso à visão, a movimentos precisos, ações simultâneas ou a dispositivos apontadores (designadamente ratos de computador) e que a obtenção da informação e a respetiva pesquisa pudessem ser efetuadas através de interfaces auditivas, visuais ou tácteis. Os sítios da Internet, dos organismos abrangidos por esse diploma que satisfizessem os requisitos de acessibilidade nele referidos, deveriam indicá-lo de forma clara, através do símbolo a que reconhecidamente seja associada essa característica.

Passados 3 anos, pela resolução de Conselho de Ministros n.º135/2002, definiu-se o novo enquadramento institucional da atividade do Governo em matéria de sociedade da informação, governo eletrónico e inovação. Competia, então, à UMIC atuar no âmbito da participação dos cidadãos com necessidades especiais na sociedade da informação. Nesse

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12 contexto, considerou-se necessário proceder a uma reflexão e atualização da INCNESI, aprovada em 1999, através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 96/99, tendo em consideração:

 As prioridades do XV Governo Constitucional;

 A experiência e evolução resultantes das várias iniciativas nacionais e europeias nesta matéria;

 A inexistência de uma vertente operacional na INCNESI, que permitisse responder clara e rapidamente às necessidades nela identificadas;

 O facto de 2003 ser o Ano Europeu das Pessoas com Deficiência (Presidência do Conselho de Ministros, 2002).

Através do Conselho de Ministros n.º 110/2003 pretendeu-se a aprovação do Programa Nacional para a Participação dos Cidadãos com Necessidades Especiais na Sociedade da Informação e a revogação da Resolução de Conselho de Ministros n.º96/99, de 26 de Agosto (por já se encontrar desatualizado).

Em 2003, a UMIC elaborou, então, o Programa Nacional para a Participação dos Cidadãos com Necessidades Especiais na Sociedade da Informação, que se tornou no principal instrumento de coordenação estratégica e operacional das políticas do XV Governo Constitucional nesta matéria. Tratou-se de um documento com uma componente fortemente operacional, destacando-se a identificação de prioridades de atuação que congregavam ações e projetos para os cidadãos com necessidades especiais no contexto do desenvolvimento da sociedade da informação: acessibilidade; ajudas técnicas; legislação, regulação e normalização; ciência, inovação e redes de conhecimento; educação; trabalho; ações de sensibilização; cooperação com empresas, e cooperação internacional (Presidência do Conselho de Ministros, 2003). Este documento representou uma política ativa em prol de uma acessibilidade integral à sociedade da informação, organizando-a de maneira a permitir, aos cidadãos com necessidades especiais, o acesso (da forma mais independentemente e natural possível) aos benefícios que as tecnologias da sociedade da informação podem proporcionar. A prioridade 1 intitulou-se “Acessibilidade”, que através da ação 1.2 pretendia estabelecer um mecanismo para monitorização e receção de sugestões e reclamações sobre acessibilidade dos sítios internet e das tecnologias da informação e comunicação em geral, utilizadas em serviços da administração pública (Presidência do Conselho de Ministros, 2003). Tacitamente, isto resultou na franca melhoria da qualidade de vida de cidadãos com necessidades especiais.

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13 Já em 2007, a 17 de Janeiro, o Conselho de Ministros, através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 9/2007 aprovou o Plano Nacional de Promoção da Acessibilidade (PNPA). As medidas inseridas no PNPA tinham como objetivo possibilitar a este segmento populacional uma utilização plena de todos os espaços públicos e edificados, mas também dos transportes e das tecnologias de informação, que proporcionaria um aumento da qualidade de vida destes e a prevenção e eliminação de diversas formas de discriminação ou exclusão. Três anos volvidos, no 2.º semestre de 2010, foram definidas as medidas e ações concretas a desenvolver durante o período 2011 e 2015, indicando os respetivos prazos de concretização e respetivos promotores.

Será importante destacar o facto de que em 19 de Setembro de 2007, Portugal participou na Associação “Ambient Assisted Living”, constituída em Bruxelas, para gerir projetos europeus de I&D, na área da vida assistida por ambientes inteligentes apoiados nas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) que receberiam a comparticipação de fundos do programa quadro de Investigação da União Europeia. Portugal foi representado pela UMIC (Godinho & Gouveia, 2012). Ainda em 2007, a Comissão europeia preparou um balanço que deu origem a um relatório intitulado por “MeAC – Measuring Progresso of eAccessibility in Europe – Assessment of the Status of eAccessibility in Europe”. Nesse relatório podia ler-se que houve um progresso limitado no que diz respeito ao alcance das metas a atingir, na persecução da eAcessibilidade europeia, bem como que na Europa, um em cada três cidadãos tinha sido excluído do usufruto das oportunidades disponibilizadas pelas TIC. O impacto das implicações sociais e económicas foi enorme, uma vez que afetou todos os estados membros da Comissão Europeia (Comissão Europeia, 2007).

Com o intuito de contrariar os resultados pouco satisfatórios, Portugal, publicou a Resolução do Conselho de Ministros n.º155/2007 - Acessibilidade nos Sites do Governo e Serviços e Organismos da Administração Central. Através desta resolução, procurou impor-se um padrão que pudesse, de alguma forma, garantir, não apenas o mínimo de acessibilidade aos conteúdos, de acordo com as diretrizes definidas pelo W3C, mas também a acessibilidade aos sítios na Internet que impliquem a disponibilização de serviços transacionais eletronicamente. Esta medida inseriu-se no I Plano de Ação para a Integração das Pessoas com Deficiências ou Incapacidades, dando também execução ao PNPA (Presidência do Conselho de Ministros, 2007).

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14 Além das declarações de intenções que têm vindo a ser explicitadas nas resoluções dos conselhos de ministros, no ano de 2008 foram criadas normas internacionais ISO específicas para a ergonomia de interação humano-sistema, composta por partes: ISO 9241-20:2008 (diretivas de acessibilidade para equipamentos de tecnologias da informação/comunicação e serviços), 9241-171:2008 (diretivas sobre acessibilidade do software) e 9241-151:2008 (Orientações para interfaces de utilizadores da World Wide Web).

A ISO 9241-20:2008 contém diretrizes de acessibilidade para equipamentos de tecnologia da informação/comunicação e serviços e aplicam-se ao hardware e software. O seu objetivo é melhorar a acessibilidade dos equipamentos para utilização no trabalho, em casa e em ambientes móveis e públicos. Contém, também, recomendações gerais sobre:

 Gestão do desenvolvimento de equipamentos e serviços TIC acessíveis;

 Características do utilizador (visão, audição, fala, capacidades físicas, capacidades cognitivas);

 Características da tarefa;

 Características de equipamentos e serviços;

 Características ambientais (ISO, 2008).

As orientações para interfaces de utilizadores da World Wide Web estão disponíveis na parte 151 da ISO 9241: 2008. Estas orientações têm como objetivo o aumento da usabilidade. Nesse sentido, esta parte estabelece princípios de projeto detalhado para a conceção de sítios Web. A norma abrange cinco áreas:

 De alto nível de design decisões e desenho da estratégia;

Design de conteúdo;

 Componentes de navegação;

 Apresentação de conteúdo;

 Aspetos gerais do projeto (ISO, 2008).

A parte 171 da ISO 9241:2008 refere-se à orientação sobre acessibilidade do software. Esta norma visa designers de software e fornece orientação sobre a conceção do software para alcançar o mais alto nível de acessibilidade. Segue a definição de acessibilidade: “usabilidade de um produto, serviço, ambiente ou facilidade por pessoas com a mais ampla gama de capacidades". Os conteúdos principais são:

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 Fundamentação e benefícios de implementação da acessibilidade;

 Princípios para a conceção de software acessível;

 Fontes de variação em características do utilizador;

 Diretrizes e requisitos gerais, incluindo a compatibilidade com a tecnologia assistiva;

 Entradas, incluindo teclados e dispositivos apontadores;

 Saídas, incluindo visual, áudio e saídas tácteis;

Documentação on-line, "Ajuda" e serviços de apoio (ISO, 2008).

Mais recentemente, em dezembro de 2012, a Comissão Europeia estabeleceu características de acessibilidade normalizadas e obrigatórias de aplicação em todos os Estados Membros, a partir do final de 2015, para 12 tipos de sítios web. Estes requisitos de acessibilidade aplicam-se obrigatoriamente aos serviços públicos (segurança social e saúde), de procura de emprego, de inscrição em universidades e de emissão de documentos pessoais e certificados. Pode ainda ler-se no comunicado feito pela Comissão Europeia: “Os principais beneficiários da proposta hoje apresentada serão os 80 milhões de cidadãos europeus com deficiência e os 87 milhões de europeus com mais de 65 anos de idade. (…) As inovações desencadeadas pela proposta irão também melhorar a experiência de utilização da Internet para todos os internautas, graças a uma maior funcionalidade e aos custos mais baixos da oferta dessa funcionalidade. (…) Com um conjunto único de regras para a acessibilidade, os criadores poderão oferecer os seus produtos e serviços em toda a União Europeia sem custos ou complicações suplementares de adaptação. (…) Com a proposta de hoje, a Comissão põe em prática a Ação 64 da Agenda Digital para a Europa e o artigo 9.º da Convenção das Nações Unidas sobre os direitos das pessoas com deficiência (CNUDPD) ” (Comissão Europeia, 2012)

Em dezembro de 2015 a Comissão Europeia foi mais longe e propôs que fossem garantidos produtos e serviços mais acessíveis às pessoas com deficiência. Esta diretiva criou a abertura para a definição de uma lei europeia da acessibilidade que veio estabelecer requisitos comuns de acessibilidade a aplicar a produtos e serviços essenciais. Entre eles contam-se as caixas automáticas, e os serviços bancários, os computadores pessoais, os telefones e equipamentos de televisão, os serviços de telefonia e audiovisuais, os transportes, os livros eletrónicos e o comércio eletrónico (Comissão Europeia, 2015). A propósito desta

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16 lei, Marianne Thyssen, a comissária para o Emprego, dos Assuntos Sociais, as Competências e a Mobilidade dos trabalhadores, disse: “…a ausência de regras comuns a nível da UE não deve ser uma barreira ao comércio transfronteiriço de produtos e serviços acessíveis, Com esta lei, pretendemos aprofundar o mercado interno e utilizar o seu potencial em benefício das empresas e dos cidadãos com deficiência. Com efeito, todos podemos tirar partido das suas vantagens”. Pretendia-se que esta lei contribuísse para “reforçar a participação ativa na sociedade, designadamente nas áreas do ensino e do emprego, garantindo maior autonomia e mais oportunidades de mobilidade”, conforme comunicado de imprensa emitido pela Comissão Europeia (Comissão Europeia, 2015).

Os esforços continuaram e a prova disso é que a 3 de Maio de 2016, a Comissão Europeia, saudou o acordo para tornar mais acessíveis sítios web e aplicações móveis do setor público. Negociadores do Parlamento Europeu, do Conselho e da Comissão, acordaram as primeiras regras à escala da UE tendentes a tornar sítios web e aplicações móveis dos organismos do setor público mais acessíveis, em especial para as pessoas cegas, surdas ou com deficiência auditiva. Diz o comunicado: “O texto acordado da diretiva: abrange os sítios web e as aplicações móveis de organismos do setor público, com um número limitado de exceções; incide nas normas destinadas a tornar mais acessíveis os sítios web e as aplicações móveis (normas estas que preveem, por exemplo, que haja texto para imagens ou que os sítios possam ser pesquisados sem rato) e exige a monitorização regular e relatórios periódicos por parte dos Estados-Membros”. Este texto foi aprovado pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho, tendo entrado em vigor 20 dias após publicação no Jornal Oficial. Os Estados-Membros dispõem de 21 meses para transporem o texto para as respetivas ordens jurídicas nacionais (Comissão Europeia, 2016). Os novos sítios de Internet terão, depois, um ano para cumprir os requisitos de acessibilidade, enquanto os mais antigos terão dois anos. As aplicações móveis terão 33 meses para o fazer.

Como disse Andrus Ansip, vice-presidente responsável pela pasta Mercado Único Digital, “o acesso à Internet tem de ser uma realidade para todos” (Comissão Europeia, 2016).

3.1.1. Recomendações para a Acessibilidade do Conteúdo Web

A acessibilidade web pretende estudar a adaptação, quer dos conteúdos para a web, quer das tecnologias utilizadas para os produzir, de forma a permitir e facilitar a navegação e

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17 consulta a pessoas com necessidades especiais, alargando a capacidade de resposta de usabilidade ao maior número de pessoas possível. As tecnologias de apoio são utilizadas como ferramentas que promovem a independência dos utilizadores, ao permitirem executar tarefas que de outra forma seriam difíceis e em último caso, até impossíveis. Em relação à acessibilidade de conteúdos web, as tecnologias de apoio devem recolher a informação das páginas e apresentá-la aos utilizadores em vários modos (áudio, ampliação de texto, etc), e no caso de não ser possível, devem garantir pelo menos um dos modos (Neves, 2012).

A produção de conteúdos para a web tem aumentado exponencialmente nos últimos anos, tornando-se assim, indispensável assegurar que os conteúdos disponibilizados estejam acessíveis. Nesse sentido a acessibilidade web deve ter em atenção os seguintes parâmetros fundamentais:

 Do ponto de vista ético, o direito ao acesso à informação é fundamental e não deve ser impedido ou ser limitado a nenhum ser humano. Este aspeto tem um valor acrescido, tendo em conta que, ninguém está imune a sofrer de alguma incapacidade, quer por acidente, quer pelo desgaste físico provocado pelo aumento da idade, e quando isso acontece é importante que não existam barreiras no acesso à informação. Torna-se, portanto, capital prevenir a acessibilidade web para evitar o desajuste e exclusão social;

 Possibilitar o aumento significativo de clientes das empresas e o aumento dos lucros: o número de pessoas com incapacidades e com um papel ativo no consumo de bens e serviços é suficientemente grande para ser desprezado;

 Promover o aumento de competências: para que seja compreendido que o conceito de conteúdo acessível é necessário;

 Facilitar a indexação dos conteúdos pelos motores de busca;

 Favorecer a acessibilidade dos conteúdos face à tecnologia utilizada;

 Cumprir as leis já existentes no campo da acessibilidade (Neves, 2012).

Atualmente existem leis que regulamentam a acessibilidade dos conteúdos web em muitos países e Portugal faz parte dessa conjuntura. Em 1999, a legislação portuguesa passou a exigir que os sítios da administração pública cumprissem determinados requisitos de acessibilidade para pessoas com necessidades especiais, mas os requisitos não estavam definidos segundo normas específicas. A escassez de padrões de referência claros

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18 comprometeu significativamente a tarefa de dar continuidade à melhoria da acessibilidade. Contudo, através da aplicação desta legislação, Portugal tornou-se um dos países na União Europeia (UE) com melhores resultados de acessibilidade a sítios na Internet (Fórum para a Sociedade da Informação, 2011).

Segundo o Artigo 13.º da Constituição da Republica Portuguesa, em vigência desde 17 de Dezembro de 2011, todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei, não podendo ser beneficiados, prejudicados, privados de qualquer direito, ou mesmo, isentos de qualquer dever em razão da raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual (Pereira, Avaliação da Acessibilidade Web das Plataformas Eletrónicas de Contratação Pública em Portugal, 2010).

Para que os conteúdos web e as tecnologias de apoio estivessem em conformidade, foi necessário desenvolver aplicações informáticas de apoio ao diagnóstico de erros, que facilitassem o desenvolvimento e a manutenção de sítios web acessíveis, passando a integrar um conjunto de ferramentas informáticas de acessibilidade web, disponíveis mundialmente e de fácil utilização. As ferramentas mais conhecidas e utilizadas foram desenvolvidas e promovidas através da WAI do W3C (Fórum para a Sociedade da Informação, 2011).

O W3C agrupa vários grupos de trabalho, responsáveis pela elaboração de recomendações e outros documentos relacionados com os diferentes componentes de acessibilidade web, como: conteúdo web, ferramentas e standards de avaliação, formatos de relatório de testes, entre outros. Além disso, é responsável pela criação do documento denominado: “Diretrizes de Acessibilidade para o Conteúdo da Web”. Em 1999, foi lançada a versão 1.0 do documento. Contudo, com progresso das tecnologias web surgiu a necessidade de preparar uma nova versão, WCAG 2.0, com novas formas de desenvolvimento que tornam o conteúdo mais acessível, para o maior número de utilizadores possível, tenham ou não alguma incapacidade (Pereira, Avaliação da Acessibilidade Web das Plataformas Eletrónicas de Contratação Pública em Portugal, 2010).

A versão 2.0 que está em vigor desde dezembro de 2008, assenta em quatro princípios orientadores que traçam as diretrizes a satisfazer, de forma a certificar que os conteúdos sejam considerados acessíveis. Nesse sentido, o conteúdo deve ser:

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 Percetível - A informação e os componentes da interface de utilizador têm de ser apresentados aos utilizadores de formas percetíveis.

 Operável - Os componentes da interface de utilizador e a navegação têm de ser operáveis.

 Compreensível - A informação e a operação da interface de utilizador têm de ser compreensíveis.

 Robusto - O conteúdo tem de ser suficientemente robusto para ser interpretado, com precisão, por uma grande variedade de agentes de utilizador, incluindo tecnologias de apoio (Neves, 2012).

Existem doze diretrizes distribuídas pelos quatro princípios e cada uma delas possui vários critérios. Todos os critérios que são aplicáveis à página web em avaliação têm de ser verdadeiros para que esta esteja em conformidade com a diretriz à qual pertence (Neves, 2012).

Tabela 1 - Recomendações do W3C fornecidas pelo WCAG 2.0

Diretriz 1.1 - Fornecer alternativas em texto para qualquer conteúdo não textual permitindo, assim, que o mesmo possa ser alterado noutras formas mais adequadas à necessidade da pessoa, tais como impressão em caracteres ampliados, braille, fala, símbolos ou linguagem mais simples.

Diretriz 1.2 - Fornecer alternativas para multimédia baseada no tempo.

Diretriz 1.3 - Criar conteúdos que possam ser apresentados de diferentes maneiras (por ex., uma disposição mais simples) sem perder informação ou estrutura.

Diretriz 1.4 - Facilitar a audição e a visualização de conteúdos aos utilizadores, incluindo a separação do primeiro plano e do plano de fundo.

Diretriz 2.1 - Fazer com que toda a funcionalidade fique disponível a partir do teclado. Diretriz 2.2 -Fornecer tempo suficiente aos utilizadores para lerem e utilizarem o conteúdo. Diretriz 2.3 -Não criar conteúdo de uma forma conhecida por causar ataques epiléticos.

Diretriz 2.4 -Fornecer formas de ajudar os utilizadores a navegar, localizar conteúdos e determinar o local em que se encontram.

Diretriz 3.1 - Tornar o conteúdo de texto legível e compreensível.

Diretriz 3.2 -Fazer com que as páginas Web surjam e funcionem de forma previsível. Diretriz 3.3 - Ajudar os utilizadores a evitar e corrigir erros.

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20 Diretriz 4.1 - Maximizar a compatibilidade com atuais e futuros agentes de utilizador, incluindo tecnologias de apoio.

As diretrizes para a acessibilidade do conteúdo web, 1.0 e 2.0, são constituídas por pontos de verificação agrupados por níveis de prioridade, ou seja, de acordo com o nível de importância que possuem para os utilizadores dos conteúdos, implementados nas páginas web a que estão a aceder. Para estes pontos de verificação são então definidos três níveis de prioridades:

Prioridade Nível 1 – pontos que os criadores web têm de satisfazer na íntegra, caso contrário, estará comprometido o acesso ao conteúdo web a um ou mais grupos de utilizadores. A implementação destes pontos irá assegurar o conteúdo web acessível a determinados grupos de utilizadores;

Prioridade Nível 2 – pontos que os criadores web têm cumprir, caso contrário, serão sentidas grandes dificuldades em aceder ao conteúdo web, por parte de um ou mais grupos de utilizadores. A implementação destes pontos irá diminuir a intensidade ou mesmo eliminar grande parte das barreiras do acesso ao conteúdo web;

Prioridade Nível 3 – pontos que os criadores web têm de satisfazer, caso contrário, serão sentidas algumas dificuldades em aceder ao conteúdo web, por parte de um ou mais grupos de utilizadores. A implementação destes pontos irá melhorar o acesso ao conteúdo web por parte de todos os utilizadores (Neves, 2012).

O W3C define ainda três níveis de conformidade para os sítios web, sendo que cada nível é atingido através da verificação de um ou mais conjuntos de pontos de verificação. Como as WCAG 2.0 se baseiam nas WCAG 1.0, também elas possuem os mesmos níveis de conformidade. Os níveis de conformidade são apresentados por extenso no texto, de forma a serem entendidos quando passados a discurso sonoro. Os níveis enumerados são:

Nível de conformidade “A” – Sítio web que cumpre todos os pontos de verificação de prioridade 1;

Nível de conformidade “Duplo A” – Sítio web que cumpre todos os pontos de verificação de prioridade 1 e 2;

Imagem

Figura 3 - Página Inicial com demostração dos conteúdos do separador “Quem Somos”
Figura 5 - Página Inicial com demostração dos conteúdos do separador “Notícias”
Figura 9 - Exemplo de pesquisa de um espaço em específico
Figura 11 – Exemplo de localização na plataforma e de recomendações de acessibilidade
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Referências

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