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3. Acessibilidade e Usabilidade de Sistemas de Mapeamento na Web

3.1. Acessibilidade de Conteúdos Web

3.1.1. Recomendações para a Acessibilidade do Conteúdo Web

A acessibilidade web pretende estudar a adaptação, quer dos conteúdos para a web, quer das tecnologias utilizadas para os produzir, de forma a permitir e facilitar a navegação e

17 consulta a pessoas com necessidades especiais, alargando a capacidade de resposta de usabilidade ao maior número de pessoas possível. As tecnologias de apoio são utilizadas como ferramentas que promovem a independência dos utilizadores, ao permitirem executar tarefas que de outra forma seriam difíceis e em último caso, até impossíveis. Em relação à acessibilidade de conteúdos web, as tecnologias de apoio devem recolher a informação das páginas e apresentá-la aos utilizadores em vários modos (áudio, ampliação de texto, etc), e no caso de não ser possível, devem garantir pelo menos um dos modos (Neves, 2012).

A produção de conteúdos para a web tem aumentado exponencialmente nos últimos anos, tornando-se assim, indispensável assegurar que os conteúdos disponibilizados estejam acessíveis. Nesse sentido a acessibilidade web deve ter em atenção os seguintes parâmetros fundamentais:

 Do ponto de vista ético, o direito ao acesso à informação é fundamental e não deve ser impedido ou ser limitado a nenhum ser humano. Este aspeto tem um valor acrescido, tendo em conta que, ninguém está imune a sofrer de alguma incapacidade, quer por acidente, quer pelo desgaste físico provocado pelo aumento da idade, e quando isso acontece é importante que não existam barreiras no acesso à informação. Torna-se, portanto, capital prevenir a acessibilidade web para evitar o desajuste e exclusão social;

 Possibilitar o aumento significativo de clientes das empresas e o aumento dos lucros: o número de pessoas com incapacidades e com um papel ativo no consumo de bens e serviços é suficientemente grande para ser desprezado;

 Promover o aumento de competências: para que seja compreendido que o conceito de conteúdo acessível é necessário;

 Facilitar a indexação dos conteúdos pelos motores de busca;

 Favorecer a acessibilidade dos conteúdos face à tecnologia utilizada;

 Cumprir as leis já existentes no campo da acessibilidade (Neves, 2012).

Atualmente existem leis que regulamentam a acessibilidade dos conteúdos web em muitos países e Portugal faz parte dessa conjuntura. Em 1999, a legislação portuguesa passou a exigir que os sítios da administração pública cumprissem determinados requisitos de acessibilidade para pessoas com necessidades especiais, mas os requisitos não estavam definidos segundo normas específicas. A escassez de padrões de referência claros

18 comprometeu significativamente a tarefa de dar continuidade à melhoria da acessibilidade. Contudo, através da aplicação desta legislação, Portugal tornou-se um dos países na União Europeia (UE) com melhores resultados de acessibilidade a sítios na Internet (Fórum para a Sociedade da Informação, 2011).

Segundo o Artigo 13.º da Constituição da Republica Portuguesa, em vigência desde 17 de Dezembro de 2011, todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei, não podendo ser beneficiados, prejudicados, privados de qualquer direito, ou mesmo, isentos de qualquer dever em razão da raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual (Pereira, Avaliação da Acessibilidade Web das Plataformas Eletrónicas de Contratação Pública em Portugal, 2010).

Para que os conteúdos web e as tecnologias de apoio estivessem em conformidade, foi necessário desenvolver aplicações informáticas de apoio ao diagnóstico de erros, que facilitassem o desenvolvimento e a manutenção de sítios web acessíveis, passando a integrar um conjunto de ferramentas informáticas de acessibilidade web, disponíveis mundialmente e de fácil utilização. As ferramentas mais conhecidas e utilizadas foram desenvolvidas e promovidas através da WAI do W3C (Fórum para a Sociedade da Informação, 2011).

O W3C agrupa vários grupos de trabalho, responsáveis pela elaboração de recomendações e outros documentos relacionados com os diferentes componentes de acessibilidade web, como: conteúdo web, ferramentas e standards de avaliação, formatos de relatório de testes, entre outros. Além disso, é responsável pela criação do documento denominado: “Diretrizes de Acessibilidade para o Conteúdo da Web”. Em 1999, foi lançada a versão 1.0 do documento. Contudo, com progresso das tecnologias web surgiu a necessidade de preparar uma nova versão, WCAG 2.0, com novas formas de desenvolvimento que tornam o conteúdo mais acessível, para o maior número de utilizadores possível, tenham ou não alguma incapacidade (Pereira, Avaliação da Acessibilidade Web das Plataformas Eletrónicas de Contratação Pública em Portugal, 2010).

A versão 2.0 que está em vigor desde dezembro de 2008, assenta em quatro princípios orientadores que traçam as diretrizes a satisfazer, de forma a certificar que os conteúdos sejam considerados acessíveis. Nesse sentido, o conteúdo deve ser:

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 Percetível - A informação e os componentes da interface de utilizador têm de ser apresentados aos utilizadores de formas percetíveis.

 Operável - Os componentes da interface de utilizador e a navegação têm de ser operáveis.

 Compreensível - A informação e a operação da interface de utilizador têm de ser compreensíveis.

 Robusto - O conteúdo tem de ser suficientemente robusto para ser interpretado, com precisão, por uma grande variedade de agentes de utilizador, incluindo tecnologias de apoio (Neves, 2012).

Existem doze diretrizes distribuídas pelos quatro princípios e cada uma delas possui vários critérios. Todos os critérios que são aplicáveis à página web em avaliação têm de ser verdadeiros para que esta esteja em conformidade com a diretriz à qual pertence (Neves, 2012).

Tabela 1 - Recomendações do W3C fornecidas pelo WCAG 2.0

Diretriz 1.1 - Fornecer alternativas em texto para qualquer conteúdo não textual permitindo, assim, que o mesmo possa ser alterado noutras formas mais adequadas à necessidade da pessoa, tais como impressão em caracteres ampliados, braille, fala, símbolos ou linguagem mais simples.

Diretriz 1.2 - Fornecer alternativas para multimédia baseada no tempo.

Diretriz 1.3 - Criar conteúdos que possam ser apresentados de diferentes maneiras (por ex., uma disposição mais simples) sem perder informação ou estrutura.

Diretriz 1.4 - Facilitar a audição e a visualização de conteúdos aos utilizadores, incluindo a separação do primeiro plano e do plano de fundo.

Diretriz 2.1 - Fazer com que toda a funcionalidade fique disponível a partir do teclado. Diretriz 2.2 -Fornecer tempo suficiente aos utilizadores para lerem e utilizarem o conteúdo. Diretriz 2.3 -Não criar conteúdo de uma forma conhecida por causar ataques epiléticos.

Diretriz 2.4 -Fornecer formas de ajudar os utilizadores a navegar, localizar conteúdos e determinar o local em que se encontram.

Diretriz 3.1 - Tornar o conteúdo de texto legível e compreensível.

Diretriz 3.2 -Fazer com que as páginas Web surjam e funcionem de forma previsível. Diretriz 3.3 - Ajudar os utilizadores a evitar e corrigir erros.

20 Diretriz 4.1 - Maximizar a compatibilidade com atuais e futuros agentes de utilizador, incluindo tecnologias de apoio.

As diretrizes para a acessibilidade do conteúdo web, 1.0 e 2.0, são constituídas por pontos de verificação agrupados por níveis de prioridade, ou seja, de acordo com o nível de importância que possuem para os utilizadores dos conteúdos, implementados nas páginas web a que estão a aceder. Para estes pontos de verificação são então definidos três níveis de prioridades:

Prioridade Nível 1 – pontos que os criadores web têm de satisfazer na íntegra, caso contrário, estará comprometido o acesso ao conteúdo web a um ou mais grupos de utilizadores. A implementação destes pontos irá assegurar o conteúdo web acessível a determinados grupos de utilizadores;

Prioridade Nível 2 – pontos que os criadores web têm cumprir, caso contrário, serão sentidas grandes dificuldades em aceder ao conteúdo web, por parte de um ou mais grupos de utilizadores. A implementação destes pontos irá diminuir a intensidade ou mesmo eliminar grande parte das barreiras do acesso ao conteúdo web;

Prioridade Nível 3 – pontos que os criadores web têm de satisfazer, caso contrário, serão sentidas algumas dificuldades em aceder ao conteúdo web, por parte de um ou mais grupos de utilizadores. A implementação destes pontos irá melhorar o acesso ao conteúdo web por parte de todos os utilizadores (Neves, 2012).

O W3C define ainda três níveis de conformidade para os sítios web, sendo que cada nível é atingido através da verificação de um ou mais conjuntos de pontos de verificação. Como as WCAG 2.0 se baseiam nas WCAG 1.0, também elas possuem os mesmos níveis de conformidade. Os níveis de conformidade são apresentados por extenso no texto, de forma a serem entendidos quando passados a discurso sonoro. Os níveis enumerados são:

Nível de conformidade “A” – Sítio web que cumpre todos os pontos de verificação de prioridade 1;

Nível de conformidade “Duplo A” – Sítio web que cumpre todos os pontos de verificação de prioridade 1 e 2;

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Nível de conformidade “Triplo A” – Sítio web que cumpre todos os pontos de verificação de prioridade 1, 2 e 3 (Pereira, Avaliação da Acessibilidade Web das Plataformas Eletrónicas de Contratação Pública em Portugal, 2010).