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Guia para o desenvolvimento de materiais instrucionais acessíveis: considerações sobre o público cego

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Academic year: 2021

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BACHARELADO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

ANNIE CAROLINE FERRAZ

GUIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE MATERIAIS INSTRUCIONAIS ACESSÍVEIS:

CONSIDERAÇÕES SOBRE O PÚBLICO CEGO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

CURITIBA 2015

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GUIA PARA O DESENVOLVIMENTO DE MATERIAIS INSTRUCIONAIS ACESSÍVEIS:

CONSIDERAÇÕES SOBRE O PÚBLICO CEGO

Trabalho de Conclusão de Curso do curso de Bacharelado em Sistemas de Informação da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Orientadora:

___________________________ Profa. Dra. Marília Abrahão Amaral.

CURITIBA 2015

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LISTA DE FIGURAS ... 5 LISTA DE TABELAS ... 6 1 INTRODUÇÃO ... 7 1.1 TEMA ... 8 1.2 OBJETIVO GERAL ... 8 1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 8 1.4 MOTIVAÇÃO... 9 1.5 JUSTIFICATIVA ... 9 1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO... 10 2 METODOLOGIA ... 11

2.1 REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA ... 12

2.1.1 Seleção dos Artigos ... 13

2.1.2 Classificação e Análise dos Resultados ... 14

3 REFERENCIAL TEÓRICO ... 17

3.1 AVALIAÇÃO POR USUÁRIO ... 17

3.2 SOFTWARES LEITORES DE TELA ... 18

3.2.1 JAWS ... 18

3.3 ACESSIBILIDADE ... 19

3.4 RECOMENDAÇÕES DE ACESSIBILIDADE MICROSOFT ... 22

3.5 TUTORIAIS DE ACESSIBILIDADE ADOBE ... 23

3.6 ACESSIBILIDADE NA ESCOLA ... 23

3.7 TRABALHOS CORRELATOS ... 26

3.7.1 Improving the accessibility of line graphs in multimodal documents . 26 3.7.2 Projeto D4ALL: acesso e manipulação de diagramas por pessoas com deficiência visual ... 27

3.7.3 Online Learning: Designing for All Users ... 28

3.7.4 Design guidelines of a tool to help blind authors independently format their word documents... 29

3.7.5 Guidelines are only half of the story: accessibility problems encountered by blind users on the web ... 29

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5 RESULTADOS ... 36

5.1 AVALIAÇÃO DO MATERIAL ADAPTADO ... 36

5.2 UTILIZAÇÃO DAS RECOMENDAÇÕES NO MATERIAL ADAPTADO E DESCRIÇÃO NO GUIA ... 41

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 49

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 51

APÊNDICE A – MATERIAL ADAPTADO ... 55

APÊNDICE B – GUIA PRODUZIDO A PARTIR DAS RECOMENDAÇÕES VALIDADAS ... 59

APÊNDICE C – LISTA DE ARTIGOS SELECIONADOS NA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA ... 69

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: (a) Layout padrão de uma página HTML do material didático; (b) Material adaptado em relevo e com indicativos em Braille, com cores fortes para ser usado também por pessoas com baixa visão e (c) Código-fonte que gera o layout-padrão da página HTML (ANDRADE, FERNANDES; 2013). ... 25 Figura 2: Material instrucional sobre portas lógicas (ANDRADE, FERNANDES; 2013). ... 26 Figura 3. Resumo de apontamentos do primeiro avaliador sobre o material original. ... 36 Figura 4. Resumo de apontamentos do segundo avaliador sobre o material original. ... 37 Figura 5. Resumo de apontamentos do terceiro avaliador sobre o material original. ... 37 Figura 6. Resumo dos apontamentos do quarto avaliador sobre o material original. ... 38 Figura 7. Resumo de apontamentos do primeiro avaliador sobre o material adaptado. ... 39 Figura 8. Resumo de apontamentos do segundo avaliador sobre o material adaptado. ... 39 Figura 9. Resumo de apontamentos do terceiro avaliador sobre o material adaptado. ... 40 Figura 10. Resumo de apontamentos do quarto avaliador sobre o material adaptado. ... 40 Figura 11. Tabela original apresentada no material de avaliação: a tabela está em formato imagem e no texto alternativo consta apenas o nome “lista css.jpg”. ... 42 Figura 12. Tabela do material adaptado com uma parte do conteúdo selecionada. ... 43 Figura 13. Imagem com as opções de estilo marcadas, ilustrando um passo a passo disponibilizado no guia. ... 43 Figura 14. Sequência de passos disponibilizada no Guia para a criação de tabelas acessíveis. ... 44 Figura 15. (a) Imagem disponibilizada no material original com o texto alternativo “creative.jpg”. (b) Imagem do material adaptado indicando o significado da imagem e o que os símbolos representam... 45 Figura 16. Uma imagem disponibilizada no guia que ilustra o passo a passo realizado para inserir texto alternativo em imagens. ... 46 Figura 17. Passo a passo para utilização de Estilos em documentos novos e documentos já existentes. ... 47 Figura 18. Estrutura do Guia ... 48

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Total de artigos classificados por grupo. ... 15 Tabela 2. Faixa etária dos avaliadores. ... 34 Tabela 3. Formação dos Avaliadores. ... 34 Tabela 4: Relação de problemas encontrados e quantidade de vezes que um

mesmo problema foi relatado. ... 38

Tabela 5: Relação entre problemas encontrados após aplicação das

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1 INTRODUÇÃO

A inclusão de pessoas com deficiência nas escolas é um direito garantido na Constituição de 1988 e que está sendo reafirmado no Projeto de Lei nº 8.035-B de 2010, ampliando a discussão sobre o tema (SILVA, 2010). Com esses direitos garantidos, vem a necessidade da acessibilidade para pessoas com deficiência não somente na estrutura física da escola, mas também aos materiais de ensino, sejam eles físicos ou digitais.

Pode-se dizer que a acessibilidade significa ser acessível, algo que se pode facilmente chegar, ou aquilo que está ao alcance (GIL, 2006). Muitas vezes para a inclusão no ensino há a necessidade de adaptação de materiais instrucionais visando diminuir ou eliminar possíveis dificuldades para os alunos tornando-os acessíveis tanto para pessoas com deficiência ou não. Essas adaptações são voltadas ao entendimento de todos os alunos de maneira uniforme.

NAPNE/SIEP (2009) expõe que é difícil deixar um conteúdo acessível para pessoas com algum tipo de deficiência visual ou cegueira, visto que cada pessoa tem a sua particularidade e que isto deve ser levado em consideração na confecção do material.

O estudo realizado por Fassbinder e Fassbinder (2013) mostra que as principais barreiras enfrentadas com materiais instrucionais disponibilizados pelos professores são relacionadas ao formato de imagens e documentos digitais. Várias foram as citações de alunos deficientes visuais sobre documentos fora do padrão (Fassbinder e Fassbinder, 2013), imagens sem texto alternativo ou mal descritas. Há reclamações também sobre documentos com conteúdo textual que são disponibilizados em formato imagem, impedindo a leitura pela ferramenta de leitor de tela.

Silva et al. (2010) ressaltam que conteúdos de natureza gráfica (diagramas por exemplo) são parcialmente ou totalmente inacessíveis para pessoas cegas quando usado o meio digital. Ferramentas leitoras de tela podem auxiliar o deficiente visual na leitura de um documento, mas para os recursos gráficos essas ferramentas dependem dos mesmos terem um texto alternativo, que muitas vezes é falho ou inexistente, impossibilitando a sua compreensão.

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Diante desse contexto, este trabalho tem a intenção de consolidar e comparar recomendações para a criação de materiais instrucionais digitais acessíveis para pessoas cegas (deficientes visuais totais), validá-las e então confeccionar um guia com as mesmas.

Neste capítulo são apresentados conteúdos referentes ao tema proposto. Foi apresentada uma breve introdução do assunto e serão apresentados o tema de pesquisa, os objetivos geral e específicos, além da justificativa e a motivação que levaram ao desenvolvimento deste trabalho.

1.1 TEMA

Como apoiar o desenvolvimento de materiais instrucionais digitais acessíveis para cegos.

1.2 OBJETIVO GERAL

O objetivo geral deste trabalho é a criação de um guia para apoiar o desenvolvimento de materiais instrucionais digitais acessíveis para cegos.

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Realizar, com busca na literatura, uma revisão sistemática sobre recomendações (ou regras) de acessibilidade para cegos no desenvolvimento de materiais instrucionais digitais;

 Comparar e consolidar as recomendações pesquisadas;  Aplicar essas regras em um material instrucional digital;

 Validar as recomendações por meio do material com o público alvo;  Publicar um guia com as recomendações validadas para apoiar o

desenvolvimento de materiais;

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1.4 MOTIVAÇÃO

Cada vez mais as formas de expressão estão se valendo de recursos visuais para expressar o seu conteúdo, o que faz com que pessoas com deficiência visual tenham mais dificuldade no seu dia a dia e principalmente ao estudar. Para minimizar essa dificuldade pode-se dispor de algumas regras já na criação de documentos que simplificam e traduzem os recursos visuais de forma que o leitor possa compreender todos os detalhes apresentados, independentemente de ser cego ou não.

Pode-se perceber que apesar de muitas dessas regras serem bastante simples e não exigirem muitas modificações, elas são ignoradas na concepção de materiais e quando usadas podem não atender a necessidade da pessoa cega, o que motivou a escolha deste tema.

1.5 JUSTIFICATIVA

O princípio da educação inclusiva é oferecer condições e oportunidades iguais a todas as pessoas, contando com o apoio individual necessário (CONGRESSO NACIONAL, 1988). Segundo Mantoan (2004) a inclusão necessita de uma mudança de perspectiva, abrangendo não somente os alunos com deficiência ou dificuldade de aprender, mas todos os que estão a sua volta. Camargo (2011) diz que a escola deve elaborar e organizar materiais pedagógicos que eliminem ou reduzam as dificuldades no aprendizado e na participação de alunos com necessidades educacionais especiais. A inclusão só é possível se o professor se sentir envolvido e comprometido com o processo de inclusão e efetivação na escola.

Andrade e Fernandes (2013) ressaltam que mesmo no ensino a distância existe a necessidade de se produzir material apropriado para alunos com deficiência, visto que muitas vídeo-aula e outros materiais disponibilizados nos meios digitais são criados pelos professores sem levar em consideração possíveis limitações físicas dos alunos.

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1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

No próximo capítulo será abordada a metodologia com que este trabalho foi realizado. Na sequência, serão expostos os requisitos de acessibilidade para cegos e recomendações atuais que podem ser encontradas na literatura para a criação de materiais instrucionais digitais acessíveis para cegos.

Além disso, serão apresentados dados sobre escolas que já fazem materiais instrucionais acessíveis e como é o processo de criação desses materiais. Na sequência serão apresentadas algumas empresas que disponibilizam software para a criação de documentos digitais e guias para usar essas ferramentas pensando na acessibilidade.

No capítulo 4 será então apresentado o desenvolvimento deste trabalho e a seguir os resultados com a avaliação do material adaptado e a criação do guia a partir das recomendações validadas.

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2 METODOLOGIA

Para essa pesquisa, a metodologia de pesquisa científica se apropriou das seguintes classificações de tipo de pesquisa: natureza, forma de abordagem, objetivos e procedimentos (Gil, 2007; Lakatos, 1991).

Quanto à natureza da pesquisa, essa é uma pesquisa aplicada, pois aborda conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos no âmbito da acessibilidade para cegos.

Quanto a forma de abordagem a pesquisa é qualitativa, já que tem como um de seus objetivos coletar as impressões de sujeitos representantes do público alvo com relação aos materiais gerados.

Quanto aos objetivos, a pesquisa é classificada como exploratória e explicativa. No primeiro caso, por ser uma pesquisa que objetiva a maior familiaridade com o problema, envolvendo levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a compreensão. Também explicativa por que visa identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência das questões de acessibilidade propostas.

Quanto aos procedimentos, essa pesquisa envolveu pesquisa bibliográfica e levantamento. O primeiro procedimento, referente à pesquisa bibliográfica, foi realizado com consulta às referências da área. Além disso, para organizar e estruturar o processo foi realizada uma revisão sistemática da literatura, que será descrita na seção 2.1 desse capítulo.

A partir dessa revisão sistemática, foi realizada a separação e consolidação de recomendações mais apontadas na literatura. Essas recomendações foram então aplicadas a um documento instrucional digital, que já esteja disponível em repositório virtual de uma universidade pública.

O segundo procedimento, levantamento, é adotado quando a pesquisa envolve a interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Neste caso a expectativa foi realizar entrevistas com pelo menos 3 sujeitos que fariam a avaliação do material gerado. Esse número mínimo de sujeitos foi baseado na avaliação por usuário de Nielsen (1997) que será explicado no próximo capítulo.

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A técnica de prospecção dos sujeitos participantes utilizada foi a “bola de neve” ou snowball. Essa técnica é utilizada em estudos socioculturais que envolvem pesquisa de campo em comunidades específicas, o que será o caso do processo de avaliação aqui proposto. A técnica utiliza uma amostra não probabilística em que o participante inicial do estudo indica um novo participante, que por sua vez, indica outro participante e assim sucessivamente, até que seja alcançado o objetivo proposto.

A avaliação foi realizada em duas etapas: aplicação do documento instrucional sem a aplicação das regras selecionadas e então a aplicação do mesmo material alterado utilizando as recomendações.

Com as recomendações validadas foi confeccionado um guia para apoiar o desenvolvimento de materiais instrucionais digitais acessíveis para cegos.

Nas próximas seções será apresentada a revisão sistemática da literatura realizada na base da ACM e os resultados obtidos com a análise dessa revisão a partir de questões de pesquisa.

2.1 REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA

Segundo Kitchenham (2004) uma revisão sistemática da literatura é uma maneira de identificar, avaliar e interpretar todas as pesquisas relevantes disponíveis em um tema de pesquisa. Essa revisão pode ser utilizada para identificar lacunas na área pesquisada, podendo sugerir mais áreas para atuação ou fornecer uma base para mais pesquisas.

Para realizar a revisão, devem ser definidas questões de pesquisa e o método que será usado – definição de bases de dados onde o tema pode ser encontrado e palavras-chaves que resultem em artigos do tema pesquisado, por exemplo. Depois devem ser definidos critérios de inclusão e exclusão para a seleção dos artigos (KITCHENHAM, 2004).

Nesta seção é apresentada uma revisão sistemática da literatura realizada na base da ACM5 - escolhida pela quantidade de artigos relacionados ao tema em uma busca genérica em comparação a outras bases -; visando responder as seguintes questões:

5http://dl.acm.org

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- Quantas pesquisas sugerem a adoção de materiais digitais como maneira de melhorar a acessibilidade;

- Quantas pesquisas propõem a criação de uma nova recomendação para a criação de documentos acessíveis para cegos;

- Quantas pesquisas propõem a utilização de uma recomendação existente;

- É proposto algum guia de recomendações;

- Quantas pesquisas validam seus resultados com pessoas cegas.

As questões foram propostas com base no tema central da pesquisa e na metodologia para a realização de revisões sistemáticas abordada por Kitchenham (2004). Segundo a metodologia deve-se propor palavras-chaves e critérios de inclusão e exclusão como explicado na seção anterior.

Para essa revisão foram definidas como palavras-chaves acessibilidade, acessível e blind accessibility.

2.1.1 Seleção dos Artigos

A seleção dos artigos foi realizada considerando todos os artigos publicados no período de 2009 a 2014 encontrados com as palavras-chaves na base da ACM. A partir desses artigos foram selecionados artigos que em seu título tivessem uma ou mais das palavras-chaves pesquisadas e, em seguida, pela leitura do resumo das obras foi realizado um filtro nos artigos.

Como critério de exclusão foi considerado o tema acessibilidade para cegos, sendo excluídos os trabalhos que não estivessem se referindo a acessibilidade para cegos. Também foram excluídos artigos derivados das mesmas pesquisas, mas com anos de publicações diferentes.

Para a inclusão de artigos foram considerados os que estivessem abordando recomendações para acessibilidade de cegos em ambiente digital, mesmo que não fossem recomendações para criação de materiais instrucionais. Também foram incluídos artigos abordando a criação de novos softwares voltados a tornar materiais instrucionais digitais acessíveis, como ferramentas para imagens gráficas e fórmulas matemáticas.

Na seleção inicial com as palavras-chaves a pesquisa resultou em 1008 artigos. Após a leitura inicial chegou-se a um total de 97 artigos, que ao se utilizar

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os critérios de inclusão e exclusão, o número decresceu para 48 artigos para leitura e análise. A listagem com os 48 artigos estão no Apêndice C deste trabalho.

Os artigos selecionados possuem foco em vários objetivos diferentes: há artigos que apresentam estudos a partir de políticas para inclusão, estudos de métodos de avaliação para pessoas com alguma deficiência visual, estudos de apresentações não-visuais, aprendizado colaborativo para pessoas cegas, acesso de pessoas com alguma deficiência visual em conteúdos científicos, entre outras coisas.

De forma mais semelhante a este trabalho, há também artigos que propõem ferramentas que possam ajudar na tradução de um elemento visual para uma descrição textual, como em diagramas, gráficos, mapas, tabelas; que exploram guias principalmente para avaliação de conteúdos web e estudos voltados ao ensino de pessoas cegas. Alguns desses trabalhos são apresentados no Capítulo 3.

2.1.2 Classificação e Análise dos Resultados

Para responder as questões de pesquisa, os artigos foram agrupados de acordo com o seu conteúdo, podendo um mesmo elemento ser agrupado em mais de um grupo dependendo do seu conteúdo. Os grupos foram criados de forma a responder afirmativamente a questão de pesquisa, por exemplo, na questão “Quantas pesquisas sugerem a adoção de materiais digitais como maneira de melhorar a acessibilidade” foram incluídos artigos que sugeriam a adoção de materiais digitais.

Artigos que propunham novas ferramentas (software de autoria) para tornar acessível uma parte do conteúdo de materiais digitais ou mesmo todo o conteúdo foram classificados como artigo que propõe uma nova recomendação, visto que não é algo disponível anteriormente ao trabalho realizado; e artigos que propunham ferramentas já existentes no mercado classificadas como artigo que propõe recomendações já existentes. Ambos artigos podem se encaixar em outros grupos também, dependendo sempre do conteúdo.

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Após a classificação dos artigos em grupos, pôde-se responder às questões de pesquisa mais facilmente. A Tabela 1 dispõe a classificação dos artigos de acordo com seu conteúdo.

Questão Total

Propõem a adoção de materiais digitais 39

Propõem o uso de uma nova recomendação para acessibilidade 29

Propõem o uso de recomendações existentes 22

Propõem a criação de um guia de acessibilidade 6

Validam seus resultados com usuários cegos 28

Total de Artigos Avaliados 48

Tabela 1: Total de artigos classificados por grupo.

Para a questão “Quantas pesquisas sugerem a adoção de materiais digitais como maneira de melhorar a acessibilidade” foram encontrados 39 artigos dentre os selecionados. Vários artigos, embora questionassem a acessibilidade de materiais digitais quando feitos sem pensar em acessibilidade, indicavam que materiais digitais são em geral mais acessíveis que materiais físicos e, mesmo quando não são acessíveis, podem ser modificados mais facilmente.

Como resposta para a questão “Quantas pesquisas propõem a criação de uma nova recomendação para a criação de documentos acessíveis para cegos” foram encontrados 29 artigos, sendo que neste número estão contabilizados também artigos que propunham softwares de autoria, como explicado anteriormente. Interessante perceber que este número foi maior que a reposta da questão “Quantas pesquisas propõe a utilização de uma recomendação existente” – 22 artigos.

Já para a questão “É proposto algum guia de recomendações” o número foi menor, apenas 6 artigos sugeriam a criação de um guia de recomendações, embora o número de artigos que propõem uma nova recomendação sugerir a necessidade de um guia para reunir toda essa informação.

Na questão “Quantas pesquisas validam seus resultados com pessoas cegas” foi obtido o número de 28 artigos.

Uma característica interessante dos artigos analisados foi a avaliação com pessoas cegas: trabalhos em que a avaliação foi realizada com pessoas

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cegas obtiveram resultados mais concretos e expressivos que os artigos que estudavam primeiramente a acessibilidade para cegos e não realizavam a avaliação. Alguns artigos analisavam o processo de desenvolvimento de software/material acessível e, nestes, a avaliação não foi com cegos, mas com o público alvo, obtendo também resultados expressivos.

No próximo Capítulo serão apresentados alguns artigos que se encaixaram nas classificações acima, bem como o referencial teórico utilizado para este trabalho.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo apresenta conceitos fundamentais para o desenvolvimento dessa pesquisa, tais como acessibilidade, recomendações proprietárias, acessibilidade na escola, avaliação por usuário, softwares leitores de tela e trabalhos correlatos à presente pesquisa.

3.1 AVALIAÇÃO POR USUÁRIO

Segundo Nielsen (1997) Teste de Usuário realizado com usuários reais é o mais fundamental teste de princípios de usabilidade e é, em certo sentido, insubstituível, uma vez que fornece informação direta sobre como o usuário utiliza um determinado sistema e quais são seus problemas exatos com o que está sendo testado.

A usabilidade é um atributo de qualidade que avalia quão fáceis interfaces de usuários são para usar. Os princípios de usabilidade são definidos por cinco componentes de qualidade (NIELSEN, 2012):

 Capacidade de aprendizado: quão fácil é para os usuários realizarem uma tarefa na primeira vez que interagem com um sistema;

 Eficiência: após os usuários entender a concepção do sistema, qual a rapidez com que podem realizar uma tarefa;

 Capacidade de memorização: após um período sem usar um sistema, quão facilmente retoma suas atividades;

 Erros: quantos erros os usuários realizam, quão graves são esses erros e qual a facilidade para o usuário se recuperar deste erro;  Satisfação: quão agradável é usar o design.

As três regras principais de testes com usuários são (NIELSEN, 1997):  Obter usuários reais;

 Colocá-los para realizar tarefas reais durante o teste;  Não interferir enquanto o usuário estiver realizando o teste.

Como apresentado em Nielsen e Molich (1990), com um número entre 1 e 5 avaliadores os resultados encontrados crescem rapidamente, mas a partir de 5 o número de problemas encontrados começa a não ser significativo, não sendo

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indicado gastar mais tempo e recursos do projeto com este tipo de avaliação com mais de 5 especialistas. Um número entre 3 e 5 avaliadores consegue encontrar uma proporção elevada dos problemas de usabilidade, em torno de 80% dos problemas (NIELSEN, MOLICH, 1990; NIELSEN, 1992).

3.2 SOFTWARES LEITORES DE TELA

Nesta seção será apresentado o que são softwares leitores de tela e, mais especificamente, o software JAWS, que foi utilizado no desenvolvimento da pesquisa, durante a avaliação. Esse software foi escolhido para a avaliação pois é o software com que os avaliadores já possuem familiaridade de uso.

Segundo Fassbinder e Fassbinder (2013) os leitores de tela são aplicativos para fazer a leitura de elementos textuais via sintetizador de voz e que é uma das tecnologias assistivas mais utilizada atualmente. Silva et al. (2010) complementam dizendo que o leitor de tela converte esses elementos textuais em áudio utilizando um sintetizador de voz.

Em imagens, como diagramas, o leitor de tela está limitado a descrições alternativas em formato texto quando disponíveis em livros-texto ou em notas de aula de um professor (SILVA et al., 2010).

3.2.1 JAWS

NAPNE/SIEP (2009) apresenta o JAWS como um software “usado por deficientes visuais que permite ao usuário trabalhar com diferentes versões do sistema operacional Windows e com seus aplicativos, é utilizado também para acessar conteúdo web (se o site for estruturado corretamente e bem organizado)”.

Segundo a Freedom Scientific (2015), o JAWS – Job Access With Speech – fornece tanto saída em áudio como em Braille, sendo um dos mais populares leitores de tela no mundo e desenvolvido para usuários de computadores cuja perda de visão impede de ver o conteúdo da tela ou a navegação com um mouse. O JAWS para Windows é desenvolvido há 20 anos e está em sua décima sétima versão. Um mesmo usuário pode ter várias versões instaladas em sua máquina, pois suas versões são compatíveis entre si. Ainda possui um sistema

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de ajuda inteligente que informa dicas, teclas de atalho e opções em função do aplicativo aberto (FREEDOM SCIENTIFIC, 2015).

3.3 ACESSIBILIDADE

Nesta seção são revisados alguns temas pertinentes dentro do conceito de acessibilidade, focando na acessibilidade para cegos e nas recomendações para a criação de documentos digitais.

Segundo Gil (2006) acessibilidade é a qualidade de algo ser acessível, ser alcançado facilmente ou que pode-se chegar facilmente. Mais especificamente é a

condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA..., 2004).

Diante destes conceitos, Brasil (2011) diz que o computador e a Internet são de grande ajuda na inclusão de pessoas com deficiência e que o mesmo promove autonomia e independência.

No entanto, há algumas particularidades que devem ser levadas em consideração quando uma pessoa com deficiência vai utilizar um computador, como, por exemplo, o uso do mesmo sem o monitor e o mouse no caso de pessoas com cegueira. No caso dessas particularidades as tecnologias assistivas, como os softwares leitores de tela, podem minimizar as barreiras apoiando o usuário na realização de suas atividades (BRASIL, 2011).

Apesar das tecnologias assistivas diminuírem muito as barreiras no uso de um computador, somente o uso delas não garantem a acessibilidade (BRASIL, 2011), é necessário que o software ou o conteúdo que está sendo acessado tenha sido criado de forma a extinguir as barreiras, seguindo algumas regras ou padrões.

Para determinar essas regras, há algumas instituições que disponibilizam guias, recomendações e/ou manuais, como a W3C (World Wide Web

Consortium) e o Governo Federal do Brasil, que determinam regras para a

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acessíveis, há bastante pesquisa com propostas de recomendações, porém não há consolidação das mesmas em um único lugar e estas ficam dispersas.

O WCAG (Web Content Accessibility Guidelines), organizado pela W3C, traz recomendações sobre o desenvolvimento de páginas web de modo que a mesma seja acessível a um maior número de pessoas com deficiência, incluindo cegueira e baixa visão, surdez e baixa audição, dificuldades de aprendizagem, entre outros (W3C, 2014). Algumas dessas recomendações podem ser utilizadas tanto em páginas web como em documentos digitais ou qualquer conteúdo em mídia digital como, por exemplo, fazer com que todas as funcionalidades sejam acessíveis a partir do teclado.

O WCAG está disponível tanto na versão 1.0 quanto 2.0, mas a W3C recomenda que para atualizações de sites ou novos conteúdos sejam criados levando em consideração o WCAG 2.0, que utiliza declarações testáveis para critérios de sucesso que não dependem de tecnologias específicas para serem implementadas. Para apoiar no entendimento do WCAG 2.0 podem ser consultados os documentos “Uma Visão Geral sobre as Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web”, “Compreendendo as WCAG 2.0” e “Técnicas para as WCAG 2.0” (W3C, 2014).

As recomendações apontadas no WCAG 2.0 estão divididas em 4 princípios (W3C, 2014):

 Perceptível – que lista recomendações para que todo o conteúdo presente em uma página web possa ser percebido pelo usuário, independente da forma que ele está acessando este conteúdo;  Operável – com recomendações que permitam ao usuário utilizar

todas as funções disponíveis na página web e compreender onde está determinado conteúdo (por exemplo estrutura de menus e submenus);

 Compreensível – para que o usuário possa entender o que está acessando (figuras com texto alternativo por exemplo) e possa evitar e corrigir erros;

 Robusto – com recomendações para que um mesmo site possa ser utilizado com várias tecnologias, inclusive de apoio, atuais e futuras.

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O Governo Federal do Brasil também disponibiliza um conjunto de regras que devem ser seguidas por todos os sites do governo, o eMAG (Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico). A primeira versão do eMAG foi disponibilizada em 2005 e, atualmente, está na versão 3.1. Este documento leva em consideração a contribuição de especialistas, novas pesquisas relacionadas à acessibilidade na web e o próprio WCAG 2.0, citado anteriormente (BRASIL, 2011).

Assim como no WCAG, há algumas recomendações que podem ser utilizadas tanto para web como para documentos digitais, por exemplo: “Ordenar de forma lógica e intuitiva a leitura e a tabulação”. O eMAG também é dividido em várias seções (BRASIL, 2011):

 O processo para desenvolver um sítio acessível, com indicações de padrões web e recomendações de acessibilidade, além da avaliação de acessibilidade em um site;

 Recomendações de acessibilidade: com indicações para marcações em sites, para o comportamento dos objetos em uma página, para a disponibilização do conteúdo ou informação em uma página, apresentação e contraste do site, acessibilidade em itens de multimídia e formulários;

 Elementos padronizados de acessibilidade digital no Governo Federal: com indicações de teclas de atalho e outros itens que devem se comportar da mesma forma em todos os sites do Governo.

Ambos WCAG e eMAG podem ser facilmente encontrados e baixados da Internet. O WCAG 2.0 possui tradução autorizada para o português europeu, sendo encontrado também em outras línguas. No portal do governo eletrônico também é disponibilizada uma ferramenta para validar a acessibilidade de sites de acordo com as recomendações do eMAG.

Nas próximas seções serão apresentadas algumas recomendações para documentos digitais disponibilizadas pela Microsoft e pela Adobe.

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3.4 RECOMENDAÇÕES DE ACESSIBILIDADE MICROSOFT

A Microsoft disponibiliza vários tutoriais e guias para acessibilidade (ou facilidades de uso) para uso em suas ferramentas. Esses tutoriais podem ser acessados através da página de acessibilidade da Microsoft6.

Além dos tutoriais, podem ser encontradas novidades em projetos que visam melhorar a acessibilidade (como alguns projetos participantes do Imagine Cup), artigos e um canal de ajuda. Há instruções sobre como configurar várias versões do Windows para que o mesmo disponibilize mais opções de acessibilidade para ver, ouvir e usar o computador, permitindo a personalização de configurações.

Para a acessibilidade em documentos digitais, é possível encontrar algumas dicas que permitem escrever um documento pensando em todos. Algumas dessas dicas são (MICROSOFT CORPORATION, 2014):

 Adicionar texto alternativo a todas as imagens de um documento, verificando se o texto é conciso, não precisa ser visualizado com a imagem para fazer sentido e não inclui formatação em negrito ou itálico;

 Evitar tamanhos de fonte com tamanho menor que 10 pontos;  Evitar usar cores de fontes pálidas ou claras (como o azul claro)

em planos de fundo claros (como o amarelo suave) que podem dificultar a leitura para algumas pessoas;

 Use texto de hiperlinks que sejam significativos;

 Inclua linhas de cabeçalho nas colunas de tabelas, além de adicionar texto alternativo a tabela;

 Use níveis de título em uma ordem lógica (por exemplo, título de nível 2 são subtítulos dentro de um título de nível 1), o que garante melhor visualização e que ferramentas leitoras de tela leiam os títulos de forma adequada ao entendimento.

No site também são disponibilizadas instruções para usar o verificador de acessibilidade disponibilizado nas ferramentas da Microsoft como o Word e Excel.

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3.5 TUTORIAIS DE ACESSIBILIDADE ADOBE

A Adobe também disponibiliza guias e tutorias para a acessibilidade em documentos no formato PDF (Portable Document Format). Esses guias podem ser acessados a partir da página de ajuda da Adobe7. De forma geral, é orientado que a acessibilidade seja pensada antes de se transformar um documento em PDF, mas mesmo depois da conversão pode-se fazer alguns ajustes, como (ADOBE, 2014):

 Salvar como texto acessível para uma impressora Braille;  Comandos para tornar a leitura do PDF mais acessível;  Configurar alternativas no teclado para ações do mouse;

 Recursos de refluxo para apresentar texto de PDF em tipo grande, ou texto em várias colunas em uma única coluna fácil de ler;  Conversão de PDFs não marcados em PDFs marcados;

 Capacidade de adicionar textos a páginas digitalizadas para melhorar a acessibilidade.

Assim como a Microsoft, a Adobe também disponibiliza um verificador de acessibilidade para ser usado em suas ferramentas, bem como um tutorial de como utilizar o verificador (ADOBE, 2014).

O próximo capítulo apresentará algumas escolas que estão trabalhando para que o conceito de acessibilidade seja totalmente aplicado, tanto no seu ambiente físico, quanto no ambiente virtual e na criação de materiais instrucionais.

3.6 ACESSIBILIDADE NA ESCOLA

Neste capítulo são apresentadas algumas escolas que trabalham mais arduamente para que o termo “escola acessível” seja vivido em seu ambiente. Será abordado também como essas escolas estão implantando essa ideia e quais são as mudanças que estão realizando.

(24)

Segundo Mantoan (2004) escola acessível é a que tem uma proposta de organização do sistema educacional que considere as necessidades de todos os alunos e em função dessas necessidades que ela é estruturada. Essas escolas atendem as diferenças sem discriminar ou ter a necessidade de trabalhar a parte com alguns alunos, o que é para um é para todos.

Neste sentido, a mudança tem de vir não somente do sistema, mas também das pessoas para que a mudança aconteça. Os professores tem que pensar as suas aulas de forma a poder ministrá-las tanto para uma pessoa com deficiência auditiva, cega, cadeirante ou qualquer outra (MANTOAN, 2004), um trabalho que pode ser facilitado se houver um guia com recomendações para a criação de materiais de ensino, uma das propostas desta monografia.

Um exemplo de escola em questão de materiais instrucionais acessíveis é o Centro de Ciências e Educação Superior à Distância do Estado do Rio de Janeiro (CEDERJ), um consórcio de universidades públicas federais e estaduais. Este consórcio criou uma tutoria voltada apenas para o desenvolvimento de materiais acessíveis, buscando a inclusão de pessoas cegas, com baixa visão ou daltonismo (ANDRADE, FERNANDES, 2013).

No polo CEDERJ de Belford Roxo (RJ) são criados e adaptados materiais instrucionais acessíveis, observando as necessidades de cada aluno: são livros físicos impressos em Braille, livros digitais com tabelas e imagens adaptadas para ter o nível certo de descrição, materiais táteis quando o assunto requer imagens para o entendimento, vídeo-aulas mais detalhadas ou transformadas para áudio-aulas. Na Figura 1 é apresentado um exemplo de material tátil produzido na universidade para representar qual é o resultado de execução de um determinado código HTML. O material foi criado usando papelão e barbantes, com escrita em Braille e em cores fortes, podendo ser utilizado tanto por pessoas cegas, como pessoas com daltonismo ou baixa visão (ANDRADE, FERNANDES; 2013).

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Figura 1: (a) Layout padrão de uma página HTML do material didático; (b)

Material adaptado em relevo e com indicativos em Braille, com cores fortes para ser usado também por pessoas com baixa visão e (c) Código-fonte que

gera o layout-padrão da página HTML (ANDRADE, FERNANDES; 2013). Outro exemplo de material criado pela universidade é o apresentado na Figura 2: um modelo de portas lógicas confeccionado com barbante, escrita em Braille e cores fortes, para que os alunos possam compreender quais as formas de cada porta lógica quando for projetar um circuito (ANDRADE, FERNANDES; 2013).

É ressaltado que a adaptação e disponibilização dos materiais por si só não garante a acessibilidade. A universidade disponibiliza tutores físicos e virtuais para acompanhar cada aluno e responder as suas dúvidas, ficando a critério do mesmo a adaptação de mais materiais ou disponibilização de materiais diferentes para que o aluno tenha um aprendizado verdadeiro (ANDRADE, FERNANDES; 2013).

Há algumas escolas que utilizaram da adaptação de materiais para garantir a acessibilidade quando um aluno cego ingressa na mesma. É o caso da Universidade Federal do Paraná que produziu materiais adaptados para um aluno do curso de Ciências da Computação. A Universidade Federal de Santa Maria também tem um núcleo de apoio com diversas atividades voltadas para a produção de material acessível para alunos com necessidades educacionais

(26)

especiais, mas não tem uma orientação institucional voltada a inclusão, estando em uma fase inicial do processo de inclusão (PACHECO, COSTAS, 2005).

Figura 2: Material instrucional sobre portas lógicas (ANDRADE, FERNANDES;

2013).

Na próxima seção serão apresentados os trabalhos correlatos. 3.7 TRABALHOS CORRELATOS

Nas próximas seções são apresentados alguns trabalhos que visam melhorar a acessibilidade em documentos ou em materiais didáticos. Pela sua semelhança e relevância com este trabalho, as seções foram organizadas com os nomes dos artigos. Cada seção contém um resumo com os principais pontos de cada trabalho.

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O artigo “Improving the accessibility of line graphs in multimodal documents” apresenta um estudo sobre a acessibilidade de gráficos em linha em documentos da mídia popular (jornais, revistas, etc). No estudo é desenvolvida uma ferramenta para criar legendas textuais com o conteúdo apresentado nos gráficos (GREENBACKER et. al., 2012).

O desafio do projeto é conseguir representar a informação expressa no gráfico de forma que a informação seja compreensível sem a visualização do gráfico e de forma coerente para quem está ouvindo a representação. Além disso, a forma como os gráficos são apresentadas nas mídias populares, como um conteúdo a mais ao texto escrito, diferente de textos científicos onde o gráfico representa visualmente os dados do texto, faz com que a ordem de apresentação da legenda do gráfico também seja importante (GREENBACKER et. al., 2012).

Por exemplo, para um usuário cego que está lendo uma matéria com o uso do leitor de tela, a ferramenta deve apresentar a legenda do gráfico na posição onde o seu conteúdo fique mais claro para o usuário. Na ferramenta proposta no artigo, o texto é analisado para ver onde o conteúdo do gráfico melhor se encaixa e então a legenda do mesmo é apresentada logo em seguida ao parágrafo escolhido (GREENBACKER et. al., 2012).

3.7.2 Projeto D4ALL: acesso e manipulação de diagramas por pessoas com deficiência visual

O artigo comenta sobre os resultados parciais obtidos com o Projeto D4ALL (PANSANATO et al, 2012), um projeto voltado para a acessibilidade de diagramas para cegos. Neste projeto foi desenvolvida uma ferramenta que faz a transcrição de diagramas UML criados em editores comerciais em tabelas que podem ser utilizadas com leitores de tela por meio do uso de XML (Extensible

Markup Language) e XMI (XML Metadata Interchange). A ferramenta também

possibilita a navegação entre os componentes do diagrama (PANSANATO et al, 2012).

O projeto propôs o uso da ferramenta digital como forma de opção às impressoras Braille e de alto-relevo que geralmente tem alto custo e não estão disponíveis para todos que dela necessitam e como uma forma de um usuário cego poder criar ele mesmo o seu diagrama UML (PANSANATO et al, 2012).

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3.7.3 Online Learning: Designing for All Users

O artigo “Online Learning: Designing for All Users” apresenta um estudo sobre a aplicação das leis norte-americanas e padrões de acessibilidade web, mais especificamente o WCAG, no ambiente de aprendizado online para educação à distância (EAD) (POORE-PARISEAU, 2010).

É comentado sobre as implicações da qualidade de acesso dos materiais de aula disponibilizados pelas faculdades de ensino a distância e como a acessibilidade desses materiais pode influenciar no aprendizado de cada aluno, mesmo que sem deficiência (um aluno cansado, por exemplo). O autor ressalta que quanto melhor a acessibilidade de um curso, maior o interesse do aluno e, por consequência, o aprendizado do mesmo, aumentando a capacitação deste para o mercado de trabalho e diminuindo a quantidade de pessoas que dependem de recursos do governo (POORE-PARISEAU, 2010).

O autor aborda sobre o nível de conhecimento dos fornecedores de tecnologias de informação acerca de padrões e guias de acessibilidade, relatando que muitas vezes o projeto só irá validar a acessibilidade no fim de todo o desenvolvimento e descobrir que deveria ter sido desenvolvido pensando em acessibilidade desde o começo do projeto. O custo, o esforço e o prazo, segundo o autor, serão maiores em projetos pensados com acessibilidade, mas os benefícios que eles trarão serão muito maiores do que não acessíveis (POORE-PARISEAU, 2010).

É comentado também sobre a necessidade de retrabalho em cima de materiais de aula não pensados com acessibilidade: é necessário refazê-los com modificações para que atendam a todos os públicos, custando ainda mais às empresas. O autor comenta sobre a necessidade dos professores passarem por um curso de acessibilidade para já disponibilizar seus materiais de aula acessíveis a todos os públicos, como o curso que está sendo desenvolvido pela BlackBoard (POORE-PARISEAU, 2010).

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3.7.4 Design guidelines of a tool to help blind authors independently format their word documents

O artigo “Design guidelines of a tool to help blind authors independently format their word documents” propõe uma ferramenta para ajudar autores cegos a formatar seus documentos de texto sem precisar de ajuda de outras pessoas. Na pesquisa foram realizados testes quanto ao que é esperado de um documento bem formatado e quanto às dificuldades enfrentadas por usuários cegos para formatar seus documentos (MORALES et. al., 2013).

A partir dessas duas verificações, foram desenvolvidas regras que uma ferramenta para auxiliar a formatação deveria obedecer e foi construído um protótipo baseado nessas regras. O protótipo, na forma de um plugin para o Microsoft Word, foi então validado por usuários cegos com diferentes leitores de tela e chegou-se a conclusão de que era necessário dar mais autonomia ao usuário de escolher quando uma formatação pode ou não ser feita e mais configurações como voz diferente do usado para o conteúdo escrito entre outros (MORALES et. al., 2013).

3.7.5 Guidelines are only half of the story: accessibility problems encountered by blind users on the web

No artigo “Guidelines are only half of the story: accessibility problems encountered by blind users on the web” são realizadas validações de sites web com usuários cegos para verificar a aderência dos mesmos ao WCAG (Web

Content Accessibility Guidelines) 1.0 E 2.0. Alguns dos sites verificados já eram

considerados dentro dos padrões propostos por meio da verificação feita por ferramentas de testes automatizados (POWER et. al., 2012).

Ao realizar a verificação com usuários cegos foi percebido que apenas definir guias não é o suficiente, que mesmo nos sites que diziam ter aplicado as regras definidas, havia muito erro de interpretação da regra ou mesmo aplicação

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errada, o que causava a inacessibilidade. Mesmo em sites considerados Nível AAA por ferramentas, quando testado pelos usuários não tinham um nível adequado de acessibilidade (POWER et. al., 2012).

Os autores concordam que mesmo que um site seja desenvolvido utilizando guias para ser mais acessível, ele deve ser testado com usuários com deficiência para garantir a acessibilidade (POWER et. al., 2012).

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4 DESENVOLVIMENTO

Esse capítulo apresenta o processo de adaptação de um material didático disponível em um repositório de universidade pública e a avaliação deste material com pessoas cegas.

4.1 SELEÇÃO E ADAPTAÇÃO DE MATERIAL

A seleção do material didático foi realizada utilizando o repositório Arcaz8 do Departamento de Informática da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Este repositório conta com vários recursos educacionais abertos, que podem ser utilizados pela comunidade acadêmica.

Dentre os vários materiais desse repositório, foi selecionado um material da “Oficina de HTML e CSS”9, que tem como objetivo repassar os conceitos básicos de HTML e CSS e disponibilizar tags que pudessem ser utilizadas nessas linguagens. O material contém imagens, logotipos, títulos e subtítulos em níveis diferentes, tabelas com as tags, conteúdo textual e referências com links. Esse material foi escolhido pelo seu tamanho e variedade de itens. A seleção foi pensada para não ser desgastante para o usuário que fosse realizar a avaliação e ainda possuir várias características diferentes que pudessem ser avaliadas sem que fosse necessário alterar o material original já na primeira avaliação.

A escolha foi baseada também considerando o maior número de reclamações de usuários cegos citadas por Fassbinder e Fassbinder (2013) e por Silva et al. (2010) e que foram apresentadas no início deste documento.

A partir deste recurso foi então elaborado um segundo documento sem alterar o objetivo do mesmo, apenas aplicando as recomendações consolidadas anteriormente e que e possuíam elementos da recomendação no material. Por exemplo, foram aplicadas recomendações referentes à organização de títulos, mas não foram aplicadas recomendações referentes à fórmulas matemáticas, pois o documento não possuía fórmulas.

As recomendações aplicadas fazem referência à:

8 http://arcaz.dainf.ct.utfpr.edu.br/

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 Organização de títulos, consolidada a partir das regras dispostas nos Critérios de Sucesso 1.3.1 e 2.4.10 do WCAG 2.0, na Recomendação 1.3 do eMAG - ambos dispõem sobre a disposição de cabeçalhos em HTML, para respeitar os níveis hierárquicos e facilitar a navegação -, nas dicas e artigos Microsoft, que discorrem sobre usar estilos para definir títulos e colocá-los na ordem correta se acordo com o texto; e nos tutorias da Adobe, que apresentam marcas que podem ser usadas em um documento PDF para facilitar a navegação;

 Disposição de imagens em documentos e disponibilização de texto alternativo à imagens, aplicadas a partir das regras disponíveis na Recomendação 3.6 do eMAG e no Tutorial “O uso correto do texto alternativo”10, um material de apoio ao eMAG; nos artigos da Microsoft que apresentam definições não somente para figuras, mas também para gráficos e outras elementos; no Critério de Sucesso 1.1.1 do WCAG 2.0 e nos Tutoriais da Adobe, em que também diz ser possível utilizar marcar para disponibilizar um texto alternativo;

 Disponibilização de conteúdo textual com texto efetivamente, também encontrado nos materiais da Microsoft e da Adobe;  Formatos/disposição de tabelas no documento, encontrados nas

dicas Microsoft que abrangem o formato simples de tabelas e especificação de linhas significativas através de estilos; nas Recomendações 3.9 e 3.10 do eMAG e no Critério de Sucesso 1.3.1 do WCAG 2.0.

Dessas recomendações, todas foram avaliadas no material adaptado, conforme será apresentado nas próximas Seções, e como todas foram bem avaliadas foram transcritas para o guia.

10 Disponível em: http://governoeletronico.gov.br/acoes-e-projetos/e-MAG/material-de-apoio

(33)

4.2 PERFIL DOS AVALIADORES

Por meio da técnica snowball, explicitada anteriormente, participaram da avaliação dos materiais quatro pessoas cegas. Inicialmente foi realizada uma entrevista com os avaliadores para traçar o perfil de cada um, que será apresentado a seguir.

Foram realizadas duas entrevistas com cada avaliador para que todos eles realizassem primeiro a avaliação do material original e somente quando todos terminassem, fosse feita a avaliação do material adaptado, visando não influenciar a opinião de um com a opinião do outro, já que todos eram conhecidos.

A primeira entrevista, um pouco mais longa, teve duração de 50 minutos à uma hora e 15 minutos aproximadamente e auxiliou a traçar o perfil do avaliador e realizar a avaliação do material original. Nesta entrevista foi conversado sobre a sua formação acadêmica, a sua idade, as suas preferências quanto a materiais para instrução, há quanto tempo já utilizava o computador com mais frequência no seu dia a dia e a sua impressão sobre o material validado.

Para essa primeira entrevista, foi comentado que o material a ser avaliado era utilizado em uma oficina em uma universidade pública, sendo um documento que eles poderiam acessar para estudar se quisessem e que provavelmente iriam precisar caso viessem a estudar um curso de computação nesta universidade. Foi pedido então para que a pessoa lesse o documento e contasse a sua impressão: se seria um material que ele conseguiria utilizar para seu estudo sem a ajuda de outra pessoa ou se teria algo que poderia ser mudado ou melhorado no documento que facilitaria o entendimento.

Na segunda entrevista, que foi realizada com um intervalo de aproximadamente uma semana da primeira, os avaliadores já conheciam o conteúdo do documento e a entrevista levou menos tempo: cerca de 30 minutos. Da mesma forma que a primeira entrevista, os avaliadores foram incentivados a expressar sua opinião e dizer o que poderia ser melhorado nele. Ao todo foram utilizadas quatro semanas para a realização de todas as entrevistas, respeitando sempre o horário disponível dos avaliadores.

(34)

Com relação a idade, um dos avaliadores estava abaixo dos 30 anos, dois tinham idade entre 30 e 40 anos e um estava com mais de 60 anos. Todos eles trabalhavam utilizando o computador de segunda a sexta-feira e o utilizavam também para o lazer. A Tabela 2 apresenta a faixa etária dos avaliadores.

FAIXA ETÁRIA DOS AVALIDORES

Abaixo dos 30 anos 1 avaliador

Entre 30 e 40 anos 2 avaliadores

Acima de 60 anos 1 avaliador

Tabela 2. Faixa etária dos avaliadores.

Foi perguntado também sua opinião quanto aos materiais instrucionais disponíveis nas escolas. Todos comentaram sobre suas experiências em Faculdades ou Universidades, em que para eles houve bastante dificuldade no acesso a materiais. Foram relatados casos em que eram disponibilizados materiais digitais, mas estes não eram feitos pensando na acessibilidade. Foi comentado que muitas vezes não se conseguia alguém que ajudasse na adaptação do material, tendo que pedir que um colega explicasse o que estava no mesmo. Em alguns casos sequer existiam materiais para alunos cegos, apenas materiais impressos sem que a instituição disponibilizasse o conteúdo em Braille ou de forma digital

Todos os avaliadores passaram por cursos em faculdades privadas, sendo que dois já haviam terminado o curso, um por ensino a distância e um no ensino presencial; e dois estavam cursando também no ensino a distância. A Tabela 3 apresenta a formação dos avaliadores.

Graduação dos Avaliadores em Universidades Privadas Cursos Completos - 2 avaliadores com graduação completa

- Um na modalidade presencial e um por EAD

Cursos em

Andamento

- 2 avaliadores cursando graduação - Ambos na modalidade EAD

- Um chegou a iniciar graduação presencial, mas desistiu por não conseguir acompanhar o conteúdo

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Um dos entrevistados comentou que começou a cursar um curso presencial e acabou por desistir pois não conseguia acompanhar os exercícios passados apenas com o material que era disponibilizado. Agora estava fazendo um curso a distância, em que o maioria dos materiais já eram disponibilizados de forma digital, mas quando não entendia algum conteúdo tinha ainda mais dificuldade com os professores pois os mesmos não entendiam suas necessidades.

Foi conversado também sobre as preferências de cada um em relação a materiais tanto para estudo quanto no dia a dia, se preferiam materiais impressos em Braille ou materiais digitais. Três dos entrevistados disseram preferir utilizar materiais digitais pela facilidade e praticidade do uso, além de poder utilizar em equipamentos fáceis de carregar, como ler um documento em pdf no celular, diferentemente de textos impressos em Braille que ocupam muito espaço.

Um dentre esses três, comentou que a leitura em Braille possibilita uma melhor interpretação do texto lido e que se conhece a grafia das palavras já durante a leitura, sem ser necessário voltar e executar comandos adicionais. Também comentou que no caso de documentos com palavras em mais de um idioma, como é comum em documentos de informática, o Braille possibilita que o leitor já leia a palavra com a pronúncia que ele conhece, ao passo que um leitor de tela iria ler conforme o idioma selecionado pelo usuário, muitas vezes atrapalhando o entendimento do texto. Ainda assim, este avaliador prefere materiais digitais.

O outro avaliador comentou que sente uma grande diferença ao ler em Braille e ouvir uma leitura com um sintetizador de voz. Para ele, a leitura em Braille é sua preferência, sendo muito mais gratificante e melhor aproveitada. No entanto, ele sente muita dificuldade em encontrar materiais em Braille atualmente e tem alguns problemas com o volume e a não praticidade dos materiais em Braille, então acaba utilizando mais materiais em meio digital.

(36)

5 RESULTADOS

Neste capítulo serão apresentados os resultados do presente trabalho. Serão disponibilizados dados de como foi fazer a adaptação do material utilizado para a avaliação, quais foram as dificuldades na adaptação e como foi produzir o guia com as recomendações validadas.

5.1 AVALIAÇÃO DO MATERIAL ADAPTADO

Todos os avaliadores utilizaram para a avaliação o software leitor de tela JAWS, com as mesmas configurações. Primeiramente foi passado o documento original, para que os avaliadores o lessem e apontassem o que não estivesse claro ou que pudesse ser melhorado no documento. Não houveram perguntas fechadas nesta etapa para não influenciar as respostas e percepções dos avaliadores.

O primeiro avaliador entrevistado comentou apenas que havia algumas imagens que ele não sabia o que eram. Durante a relato dele, foi perguntado se as tags que haviam sido disponibilizadas em tabela estavam acessíveis, o que ele respondeu que não havia tags e nem tabelas. Quanto ao conteúdo textual, para ele havia alguns títulos que não tinham nenhum texto na sequência ou que o texto não fazia sentido como explicação do título. A Figura 3 mostra os apontamentos do primeiro avaliador.

Figura 3. Resumo de apontamentos do primeiro avaliador sobre o material

original.

O segundo avaliador inicialmente já reclamou que havia tabelas que estavam como imagens e que não era possível saber o seu conteúdo. Segundo ele “existem várias tabelas, mas elas estão como imagem, então o software

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apenas indica que há uma tabela e coloca JPG, mas não tenho como saber qual o conteúdo da tabela”. Ele comentou que o sintetizador dizia haver uma “logo pet” no início do documento, mas que ele achava que estava errado pois o material não fazia referência a animais e que havia mais uma imagem que não entendia o que era. Foi perguntado se essa imagem era no início ou fim do documento e a resposta foi no início do documento, que não haviam imagens ao fim. A Figura 4 apresenta os apontamentos do segundo avaliador.

Figura 4. Resumo de apontamentos do segundo avaliador sobre o material

original.

O terceiro avaliador também relatou que existiam tabelas como imagens sem nenhuma descrição dos dados e imagens também sem descrição. O avaliador foi além, pensando em uma aula utilizando este material e, apesar de ser um material auxiliar de aula, para ele é necessário que sejam inseridos mais textos introduzindo e explicando o conteúdo. Segundo ele, caso um aluno faltasse a esta aula, não conseguiria acompanhar o que foi passado. O avaliador também reclamou em relação as referências, que não possuíam descrição do conteúdo que seria apresentado por cada material na referência, apenas o seu nome. A Figura 5 apresenta os apontamentos do terceiro avaliador.

Figura 5. Resumo de apontamentos do terceiro avaliador sobre o material

original.

O último avaliador comentou que existe uma estrutura de títulos no documento, mas que ela não parece estar obedecendo uma estrutura hierárquica. Ele comentou também sobre figuras no documento que não tinham

(38)

descrição, apenas o nome da figura, que uma das figuras era lida como “lista” e que a referência dizia ser uma tabela, mas que nenhum dado era lido de fato. A Figura 6 apresenta os apontamentos do quarto avaliador.

Figura 6. Resumo dos apontamentos do quarto avaliador sobre o material

original.

Foi constatado que nenhum dos avaliadores comentou haver imagens ao final do conteúdo. Na Tabela 4 serão apresentados os problemas identificados por eles e a quantidade de problemas encontrados.

Descrição do problema encontrado Qtde de relatos sobre o problema Falta de descrição em imagens ou descrição

errada

4

Problema com encadeamento de títulos 2

Conteúdo ilegível em tabelas 3

Falta de descrição em tabelas 3

Falta de explicação ao conteúdo 1

Falta de descrição das referências 1

Não encontrou todos os conteúdos disponíveis 4

Tabela 4: Relação de problemas encontrados e quantidade de vezes que um

mesmo problema foi relatado.

Após essa leitura do material original por todos os avaliadores foi disponibilizado o material adaptado para a leitura, que pode ser encontrado no Apêndice A deste documento. Como o material havia sido alterado antes da avaliação do material original, o relato dos avaliadores não influenciou na aplicação de uma ou mais recomendações. Quando os avaliadores receberam este material, foram informados de que era o mesmo documento com pequenas alterações e solicitado que eles avaliassem da mesma forma, indicando qualquer ponto que não estivesse claro ou que pudesse ser melhorado.

(39)

O primeiro avaliador a ler este material adaptado se mostrou bastante satisfeito com as alterações, relatando que conseguiu compreender melhor a estrutura do documento e qual era a relação das imagens com o texto apresentado. Ele se disse bastante satisfeito também com a estrutura das tabelas, que já conseguia identificar qual era o tamanho da mesma em linhas e colunas antes de começar a leitura e que isso facilitava para saber em que célula ele estava. A Figura 7 apresenta os apontamentos do primeiro avaliador.

Figura 7. Resumo de apontamentos do primeiro avaliador sobre o material

adaptado.

O segundo avaliador se mostrou bastante satisfeito, comentou que acreditava ter lido todo o conteúdo do documento desta vez e, apesar de ser um conteúdo técnico, a estrutura facilitava a compreensão. Segundo ele, “o documento está totalmente acessível. Pelo menos com o software leitor de tela que utilizei, não senti nenhuma dificuldade, está tudo em texto e as tabelas estão perfeitamente acessíveis também”. A Figura 8 apresenta os apontamentos do segundo avaliador.

Figura 8. Resumo de apontamentos do segundo avaliador sobre o material

adaptado.

O terceiro avaliador comentou que conseguia ler a tabela mas que sua estrutura ainda podia ser melhorada para que o sintetizador falasse em que linha e coluna estava posicionada cada célula por onde o mouse passava,

(40)

relacionando-o com o cabeçalho da coluna. Ele comentou que apesar da tabela já estar com rótulos, precisava voltar ao cabeçalho para saber em qual coluna estava, sem que a informação fosse conseguida rapidamente. O avaliador também comentou sobre a estrutura do texto, que após ter as imagens alinhadas ficou mais fácil saber o que cada uma estava tratando e acreditava que a ordem que estava sendo lida a imagem era a correta. A Figura 9 apresenta os apontamentos do terceiro avaliador.

Figura 9. Resumo de apontamentos do terceiro avaliador sobre o material

adaptado.

O último usuário comentou que o documento em si estava muito melhor, ele agora conseguia entender o relacionamento entre os títulos e as figuras e tabelas disponíveis no material. Apesar disso, disse que gostaria de ter mais explicações sobre os links de referências, que diziam apenas os dados básicos do link, mas nada sobre o conteúdo disponibilizado nele. A Figura 10 apresenta os apontamentos do quarto avaliador.

Figura 10. Resumo de apontamentos do quarto avaliador sobre o material

adaptado.

Após a avaliação do material adaptado e entrevista com os avaliadores, foi verificado se realmente todos os itens tinham sido percebidos e se os avaliadores conseguiam localizá-los no documento, o que aconteceu rapidamente e de forma satisfatória com todos os usuários. Na avaliação do material original esta verificação não foi feita para que os avaliadores não

(41)

ficassem procurando os itens perguntados no material adaptado, para não influenciar sua opinião.

Problemas encontrados após adaptação

Qtde de relatos sobre o problema

Estrutura da tabela 1

Falta de descrição das referências 1

Tabela 5: Relação entre problemas encontrados após aplicação das

recomendações e a quantidade de vezes que o problema foi relatado.

Em todos os itens em que foram aplicados recomendações percebeu-se uma melhora na satisfação do avaliador, em entender o que era aquele conteúdo e na possibilidade de interagir com este item, como nas tabelas e nos títulos. Todos os avaliadores comentaram que conseguiriam utilizar este material adaptado como parte de uma aula, mesmo com os itens a ser melhorados que foram comentados por dois avaliadores (estrutura da tabela para localizar o cursor em relação aos rótulos e a descrição das referências), o que não seria totalmente possível com o material original.

A Tabela 5 mostra a quantidade de problemas relatados após a adaptação do material. Comparando a quantidade de relatos de problemas no documento original (18) com o relato de problemas no material adaptado (apenas 2), percebe-se que houve uma diminuição de quase 90% de problemas quando aplicado algumas recomendações de acessibilidade ao conteúdo.

5.2 UTILIZAÇÃO DAS RECOMENDAÇÕES NO MATERIAL ADAPTADO E DESCRIÇÃO NO GUIA

O material original utilizado foi extraído do repositório Arcaz tanto no formato PDF, utilizado nas validações, como no formato texto para poder ser alterado mais facilmente. Já no primeiro momento da adaptação foi necessário recriar todas as tabelas disponibilizadas no documento, visto que estavam em formato imagem.

A tabela original está apresentada na Figura 11. Nesta Figura, aparece o comentário “lista css.jpg”, pois a tabela estava no formato imagem - como

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indicado anteriormente – e no texto alternativo da figura estava este comentário com o nome da imagem. Neste caso não havia como o leitor de tela navegar pelo conteúdo da tabela e não havia uma descrição correta para os dados.

Figura 11. Tabela original apresentada no material de avaliação: a tabela está

em formato imagem e no texto alternativo consta apenas o nome “lista css.jpg”.

Para a tabela de códigos básicos HTML, o mesmo problema acontecia: a mesma estava em formato imagem e como texto alternativo constava “lista html.jpg”. No material adaptado, todas as tabelas foram colocadas no formato texto, dessa forma é possível navegar entre as células e voltar várias vezes em um determinado ponto, o que mesmo com um texto alternativo seria mais trabalhoso. Dessa forma também é possível copiar cada dado da tabela isoladamente, selecioná-los e interagir mesmo no formato pdf, o que não é possível em uma imagem. A Figura 12 apresenta a tabela do material adaptado com uma parte do conteúdo selecionado - a mesma tabela em formato texto pode ser encontrada no Apêndice A. O texto alternativo que era apresentado na tabela original não é mais apresentado já que não é uma imagem.

É interessante observar que mesmo após a alteração o aspecto visual da tabela foi pouco modificado. Para uma pessoa vidente a mudança é mínima. Na adaptação da tabela também foram marcadas algumas opções de estilo para facilitar a interpretação da mesma, como a tabela possui linhas de cabeçalho, o que é avisado durante a leitura com um leitor de tela.

No guia criado, tanto a indicação de disponibilizar a tabela em formato texto como marcar opções de estilo que façam sentido no contexto da tabela

(43)

foram indicadas e disponibilizados o passo a passo para essas alterações. A Figura 13 mostra uma das imagens disponibilizadas no guia, contendo as opções de estilo marcadas ilustrando um passo a passo.

Figura 12. Tabela do material adaptado com uma parte do conteúdo

selecionada.

Figura 13. Imagem com as opções de estilo marcadas, ilustrando um passo a

passo disponibilizado no guia.

A Figura 14 mostra a sequência de passos disponibilizada no Guia para a criação de tabelas acessíveis. Pode-se perceber que são poucos os passos necessários, mesmo considerando várias regras consolidadas. Para mais detalhes sobre o passo a passo apresentado pode ser consultado o Guia que está disponível integralmente no Apêndice B.

Estas tabelas, assim como todas as alterações realizadas, foram feitas utilizando o Microsoft Word visando simplificar ao máximo como as alterações seriam feitas e fazer com que o entendimento de como desenvolver essas alterações fosse melhorado, já pensando na criação do guia.

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