Faculdade de Filosoia, Letras e Ciências Humanas
Departamento de Letras Modernas
Luciana Carvalho Fonseca
“Eu quero cesárea!” ou “Just cut it out!”:
Análise Críica do Discurso de relatos de parto normal após
cesárea de mulheres brasileiras e estadunidenses à luz da
Linguísica de Corpus
“Eu quero cesárea!” ou “Just cut it out!”:
Análise Críica do Discurso de relatos de parto normal após
cesárea de mulheres brasileiras e estadunidenses à luz da
Linguísica de Corpus
Tese apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Estudos
Linguísicos e Literários em Inglês do
Departamento de Letras Modernas
da Faculdade de Filosoia, Letras e
Ciências Humanas da Universidade
de São Paulo para obtenção do
ítulo de Doutora em Letras.
Orientadora: Profa. Dra. Stella
Esther Ortweiler Tagnin
desde que citada a fonte.
Catalogação na Publicação Serviço de Biblioteca e Documentação
Faculdade de Filosoia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo
Fonseca, Luciana Carvalho
FF676” “Eu quero cesárea!” ou “Just cut it out!”: Análise Críica do Discurso de relatos de parto normal após cesárea de mulheres brasileiras e estadunidenses à luz da Linguísica de Corpus / Luciana Carvalho Fonseca ; orientadora Stella E. O. Tagnin. - São Paulo, 2014.
470 f.
Tese (Doutorado)- Faculdade de Filosoia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
Departamento de Letras Modernas. Área de concentração: Estudos Linguísicos e Literários em Inglês.
Título
: “Eu quero cesárea!” ou
“Just cut it out!”
: Análise Críica do Discurso de relatos de
parto normal após cesárea de mulheres brasileiras e estadunidenses à luz da Linguísica de
Corpus
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísicos e Literários
em Inglês do Departamento de Letras Modernas da Faculdade de Filosoia, Letras e
Ciências Humanas da Universidade de São Paulo para obtenção do ítulo de Doutora
em Letras.
Aprovado em: ______________________________________
Banca Examinadora
Prof. Dr. ___________________________________________________________________________
Insituição: _________________________________________________________________________
Assinatura: ____________________________
Prof. Dr. ___________________________________________________________________________
Insituição: _________________________________________________________________________
Assinatura: _____________________________
Prof. Dr. ___________________________________________________________________________
Insituição: _________________________________________________________________________
Assinatura: _____________________________
Prof. Dr. ___________________________________________________________________________
Insituição: _________________________________________________________________________
Assinatura: _____________________________
Prof. Dr. ___________________________________________________________________________
Insituição: _________________________________________________________________________
A todas as mulheres que contam seus partos.
À Adelir Carmem Lemos de Góes,
arrancada de sua casa em trabalho de parto,
por ordem da jusiça, e submeida a uma cesárea
contra sua vontade em 31 de março de 2014
parto (s.m.) ato ou efeito de parir
1 Rubrica: obstetrícia. conjunto de fenômenos mecânicos e isiológicos que levam
à expulsão do feto e seus anexos do corpo da mãe; parturição
2 Derivação: senido igurado. trabalho, tarefa ger. exausiva e diícil, e quase
sempre resultante de uma anterior elaboração Ex.: sua tese foi produto de um p.
Grande Dicionário Houaiss Beta da Língua Portuguesa
Agradeço imensamente à minha orientadora, Professora Stella Tagnin, pela presença constante, pela amizade irme, pela orientação impecável e pelas cobranças devidas. Obrigada, principalmente, por me orientar com o mesmo proissionalismo e dedicação todas as vezes que mudei o tema do corpus de pesquisa. Todas as falhas são de minha inteira responsabilidade.
A Ingrid Orlandi e Jamilly Alvino pela contribuição na coleta do corpus e marcação dos relatos usados neste estudo.
Às amigas Luciana Benai, que também contribuiu com a revisão, Joana Junqueira e Raquel Marques pelas trocas intelectuais sobre assuntos femininos e de vida.
Aos amigos queridos que literamente me doularam em momentos diíceis e cruciais da tese, Mara Sobreira (in memoriam), Érica Rocha, Rebeca Amadei e João Henrique Guimarães.
No nome da parteira Ana Crisina Duarte, que de tanto aivismo que faz e parto que acompanha apa-rece como palavra-chave do Corpus de relatos de mulheres brasileiras, agradeço a todas as parteiras, aivistas e cyberaivistas.
No nome do médico-parteiro Jorge Kuhn, agradeço a todos os médicos que lutam diariamente pela humanização do nascimento e protagonismo feminino e se orgulham de ‘não fazer nada’ na hora do parto.
A Elaine Miragaia pelos relatos do signiicaivo e inspirador Projeto 31 em 31, à Juliana Campanella por me relatar seu parto na Austrália e à Júlia Weischtordt por responder todas as minhas dúvidas sobre o parto na Inglaterra.
Ao Professor John Milton, por sempre me desaiar – seja pelo verbo ou pelo exemplo – e me colocar fora da caixinha.
À Professora Anna Maria Grammaico Garmagnani, pelas valiosas contribuições na banca de qualiicação.
À Professora Elizabeth Harkort de La Taille, por me abrir horizontes e inspirações.
Aos amigos Camila Bogéa, pela tradução do resumo em espanhol castelhano e espanhol catalão, David Coles, pela tradução do resumo em inglês, e Patricia Tagnin pela diagramação.
A duas mulheres admiráveis, Alvani Moreira Alves e Roseméia Sena de Araújo, por me fazerem com-preender a dimensão do apoio e suporte que a maternidade requer. Sou uma mãe muito melhor por causa de vocês. Obrigada mil vezes.
A minha avó, Eroildes Silva de Carvalho, 96, professora de história por 50 anos, que desde que me entendo por gente, é avessa à nostalgia. Pelo menos três de suas sábias falas sempre ecoaram em mim:
Eu? Saudade do passado? Deus me livre! Hoje em dia é muito melhor. Naquele tempo, a gente não podia fazer nada.
Parto? Tive os quatro em casa com D. Fininha, parteira. Quando estava na hora, a gente chamava, ela vinha. Nasceu muita criança nas mãos de Fininha. O médico só era chamado se precisasse. Muitas vezes era ele que perguntava para ela o que fazer ou só aparecia no dia seguinte.
Carro apertado é que canta!
A meus sogros, Maria Crisina de Senzi Zancul, pelo interesse genuíno no potencial desta pesquisa, e Almir Zancul, a ambos, pela acolhida e presença na vida de meus ilhos.
A meus pais, Maria Amélia Carvalho Fonseca e Sérgio Eduardo Abud Fonseca, e a meu irmão, Sérgio Eduardo (Duda) Carvalho Fonseca, pois toda vez que duvidei da minha capacidade de realizar algo que desejava, venci o medo por saber o quanto vocês acreditam em mim.
A meus três amores, Eduardo de Senzi Zancul, Henrique Fonseca Zancul e Bruno Fonseca Zancul, por estarem comigo nos momentos mais incríveis da minha vida. Com vocês, percebo, diariamente, que a vida nos dá asas.
Kyanja Lee, Larissa Moris Hernandes, Laura, Laurie, Leícia Barbosa, Lexi, Lily, Lindsey, Lisa, Liz, Louise, Louise, Luana, Lucy, Luiza, Mamfour, Marci, Marcia Fernandes, Maria, Mariana, Mel Rimmer, Melek, Melina, Melissa, Melissa, Michelle, Michelle, Miranda, Mirian Kedma, Molly, Aline Marins, Katherine, Mônica Rodriguez, Nikki, Noni, Pam, Patrícia Alsina, Patrícia, Polly, Rachel Crawley, Rachel, Randee, Raquel, Rebeca Celes, Rebecca Reynolds, Renneta, Riley, Roberta, Rosana Araújo, Sara Dusso, Sarah Fuerstenau, Sarah, Sarah, Sarah, Sarah, Sarah, Shanamah, Shell, Sherena, Sonia, Sylvana Karla, Tania, Tai Sabadini, Taiana Dutra, Tessie Marcondes, Thaís, Therese, Tonya, Vanessa, Vanessa Pangaio, Vicki, Viviane Coentro, Vivienne, Vyckie Kent, Yael e Zoe.
Achei que não conseguiria. A [médica] me perguntou se eu queria anestesia e eu respondi, ainda brincando: não, quero cesárea!
Camila Abreu, autora do relato BRA_026 (VBA1C)
Eu falei para ele [marido] que se eu falasse em cesárea era para ele desconsiderar e foi isso que ele fez!
Larissa Moris Hernandes, autora do relato BRA_001 (VBA3C)
A dor era tanta que comecei a chamar cesarista de meu nêgo. O médico cesarista, outrora crápula, virou um cara bacana, um sujeito sangue bom, um cara cheio de suingue.
Roberta, autora do relato BRA_048 (VBA1C)
I cried that I was afraid that I would never feel the urge to push, told them to just take me in and cut him out, yelled that I couldn’t do it, and felt like such a pansy! I was surprised to be so quick to start saying things like that so early. I knew it
was an emoional marker for transiion, but couldn’t believe how true the words
felt!
Bekah, autora do relato EUA_101 (VBA1C)
Uh Oh, I thought. Here comes the scary bit where I start waning an epidural, a c-secion and decapitaion.
Jane Bishop, autora do relato UK_103 (VB5A2C)
My obstetrician arrived shortly ater, and I screamed at him as he walked in JUST CUT IT OUT, he pated me, told me not to be silly and that I was doing ine by myself.
Anônima, autora do relato AU_017 (VBA1C)
Dei pii e depois morri de vergonha, rs. Pedia anestesia, pedia cesárea. Ainda bem que escolhi a equipe certa! Tenho certeza que qualquer outra equipe teria me operado.
RESUMO
No Brasil, a maioria absoluta das primíparas, deseja parto normal logo que engravida, porém, em mais da metade dos casos, os nascimentos são cirúrgicos. O fenômeno da falta de correspondência entre o desejado e o efei-vamente alcançado não é exclusividade das mulheres brasileiras, mas ocorre em vários países do ocidente. Por meio da Análise Críica do Discurso (ACD) de relatos de parto normal após cesárea (relatos de VBAC, do inglês,
vaginal birth ater c-secion) à luz da Linguísica de Corpus (LC), buscamos elucidar o problema social entre a falta de correspondência entre o ipo de experiência desejada e a experiência obida. O discurso dos relatos de VBAC nos parece ser o discurso ideal para desvelar os elementos dessa falta de correspondência, pois abordam tanto a experiência da cesárea anterior indesejada e, em regra, mal indicada, como a do parto desejado e alcançado. O recorte teórico-metodológico adotado reúne a ACD (Fairclough, 1989, 1992; Chouliaraki & Fairclough, 1999; Fairclough, 2003); a LC (Stubbs, 1993, McEnery & Wilson, 1997 e 2003, Tognini-Bonelli, 2001) e a Análise Críica do Discurso Baseada em Corpus (Baker et al 2008; Baker, 2013; Baker & McEnery, 2005; Flowerdew, 2014). Para o estudo, foi compilado um corpus eletrônico em inglês e português. O corpus é composto por textos escritos pelas mulheres que passaram pela experiência de VBAC e não inclui textos mediados (entrevistas e relatos escritos por terceiros não foram incluídos). O Corpus BRABA (Corpus eletrônico de relatos de parto de mulheres brasileiras, estadunidenses, britânicas e australianas) se divide, respecivamente, em quatro subcorpora: Corpus BRA (93 relatos, 250 807 palavras), Corpus EUA (101 relatos, 225 736 palavras), Corpus UK (97 relatos, 92 197 palavras) e Corpus AU (92 relatos, 200 639 palavras. Os primeiros dois subcorpora – Corpus BRA e Corpus EUA – foram sele-cionados para esta pesquisa que pretende invesigar como as idenidades e a experiência do nascimento são re-presentadas nos relatos de mulheres brasileiras e americanas e por meio dessa invesigação chegar a elementos que elucidem o problema social. O processamento eletrônico valeu-se do programa AntConc 3.4.0w (Anthony, 2012) e das ferramentas da LC (listas de frequência, lista de palavras-chave, linhas de concordância, padrões lexicais, etc.). A análise foi direcionada pelas palavras-chave que correspondem aos sujeitos envolvidos e pelos colocados mais estaisicamente relevantes dessas palavras. No Corpus BRA, foram analisadas: ‘eu’ (colocados:
desisto, renasci, mamava); ‘bebê’ (encaixado, morrer/morresse, sexo, baimentos, alto); ‘marido’ (companheiro, apoiou, cortou); ‘doula’ (amada, obstetriz, querida, presença); ‘médico’ (fofa/foinha, mudar/mudei, cesarista, gi-necologista, humanizada); ‘anestesista’; ‘enfermeira’ (obstétrica/obstetra, cadê, soro, chamar); ‘parteira’ (liguei/ ligar, doula, casa); ‘obstetriz’ (doula, toque). No Corpus EUA: ‘I’ (wish, protested, lamented); ‘baby’ (pound, girl, boy); midwife (ceriied, asst/assistant, student, assist); ‘doula’ (hired, friend, called); ‘nurse’ (praciioner, tells,
triage); ‘doctor’ (oice, seen, comes); ‘anesthesiologist’; ‘husband’ (poor, run, children). A análise permiiu que fosse elucidado o problema social em ambas as sociedades e fossem reveladas diferenças discursivas e culturais. A falta de correspondência entre a experiência desejada e a alcançada é representada como tendo sido causada pela sucessão de eventos disintos. Contudo, em ambos os corpora, as experiências são representadas e a autoi-denidade e as iautoi-denidades construídas discursivamente sob a égide dos traços da modernidade, marcadamente, em relação à relexividade exercida ideologicamente. Porém, a relexividade é operada, não só como um modo de sustentar, mas principalmente como forma de transformar as relações de dominação.
ABSTRACT
In Brazil the vast majority of primiparous women, on discovering that they are pregnant, hope to have normal deliveries. However, in over half of such cases surgical deliveries ensue. This mismatch between what pregnant women desire and what they actually experience is not exclusive to Brazil, but takes place in several Western countries. Through Corpus Linguisics (CL)-based Criical Discourse Analysis (CDA) of vaginal birth ater c-secion (VBAC) stories we seek to shed light on the social problem of a mismatch between the desired experience and the actual experience. VBAC stories seemed to us the ideal discourse for revealing elements of this mismatch, since they address both the experience of an unwanted (and usually wrongly indicated) prior C-secion and that of the desired, and achieved, delivery. The theoreical-methodological approach we have adopted brings togeth-er CDA (Fairclough, 1989, 1992; Chouliaraki & Fairclough, 1999; Fairclough, 2003); CL (Stubbs, 1993, McEntogeth-ery & Wilson, 1997 e 2003, Tognini-Bonelli, 2001), and Corpus-based Criical Discourse Analysis (Baker et al 2008; Baker, 2013; Baker & McEnery, 2005; Flowerdew, 2014). An electronic corpus was compiled in English and Portu-guese for this study. The corpus is made up of texts writen by women who have experienced VBAC and includes no mediated texts (i.e. interviews and third-party reports). The BRABA Corpus (Corpus of the birth stories of Brazilian, American, Briish and Australian women) encompasses four subcorpora respecively: Corpus BRA (93 stories, 250,807 words), Corpus USA (101 stories, 225,736 words), Corpus UK (97 stories, 92,197 words), and Corpus AU (92 stories, 200,639 words. The irst two of these subcorpora—Corpus BRA and Corpus USA—were chosen for this study, which invesigates how ideniies and birth experiences are represented in the accounts of Brazilian and American women, and thus through this invesigaion uncovers elements that will shed light on the selected social problem. The computer processing used AntConc 3.4.0w (Anthony, 2012) and CL tools (frequency lists, keyword lists, concordance lines, etc.). Analysis was guided by keywords corresponding to the people men-ioned in the stories and by the most staisically signiicant collocates of these keywords. From Corpus BRA the words were: ‘eu’ (collocates: desisto, renasci, mamava); ‘bebê’ (encaixado, morrer/morresse, sexo, baimentos, alto); ‘marido’ (companheiro, apoiou, cortou); ‘doula’ (amada, obstetriz, querida, presença); ‘médico’ (fofa/fof-inha, mudar/mudei, cesarista, ginecologista, humanizada); ‘anestesista’; ‘enfermeira’ (obstétrica/obstetra, cadê, soro, chamar); ‘parteira’ (liguei/ligar, doula, casa); ‘obstetriz’ (doula, toque). From Corpus USA: ‘I’ (wish, protest-ed, lamented); ‘baby’ (pound, girl, boy); midwife (ceriied, asst/assistant, student, assist); ‘doula’ (hired, friend, called); ‘nurse’ (praciioner, tells, triage); ‘doctor’ (oice, seen, comes); ‘anesthesiologist’; ‘husband’ (poor, run, children). Analysis enabled this social problem to be laid bare in both socieies, revealing discourse and cultural similariies and diferences. The mismatch between the desired and the experienced outcomes is represented as having been caused by a succession of discrete events. In both corpora, experiences are represented, and self-idenity and other ideniies are notably constructed in discourse under the aegis of features of modernity, above all, under relexivity, which, in the discourses of VBAC stories takes place through ‘empowerment’, under-stood as self-actualizaion through newly gathered knowledge and ensuing courses of acion/measures (Giddens, 2002).
RESUMEN
En Brasil, la mayoría absoluta de primíparas desea parto vaginal tan pronto se descubre embarazada, pero, en más de la mitad de los casos, los nacimientos son quirúrgicos. El fenómeno de la falta de correspondencia entre lo deseado y lo efecivamente alcanzado no es exclusividad de las mujeres brasileñas, pero ocurre en varios países del occidente. Por medio del Análisis Críico del Discurso (ACD) de relatos del parto vaginal tras cesárea (relatos de VBAC, del inglés, vaginal birth ater c-secion) a la luz de la Lingüísica de Corpus (LC), buscamos elucidar el problema social entre la falta de correspondencia entre el ipo de experiencia deseada y la experiencia conse-guida. El discurso de los relatos de VBAC nos parece el discurso ideal para desvelar los elementos de dicha falta de correspondencia, puesto que tratan tanto de la experiencia de la cesárea anterior no deseada y, como regla, no adecuadamente indicada, como la del parto deseado y alcanzado. El recorte teórico-metodológico adoptado reúne el ACD (Fairclough, 1989, 1992; Chouliaraki & Fairclough, 1999; Fairclough, 2003); la LC (Stubbs, 1993, McEnery & Wilson, 1997 y 2003, Tognini-Bonelli, 2001) y el Análisis Críico del Discurso Basado en Corpus (Baker et al 2008; Baker, 2013; Baker & McEnery, 2005; Flowerdew, 2014). Para el estudio, fue recopilado un corpus electrónico en inglés y portugués. El corpus está compuesto de textos escritos por mujeres que pasaron por la experiencia de VBAC y no incluye textos mediados (no se incluyeron entrevistas y relatos escritos por terceros). El Corpus BRABA (Corpus electrónico de relatos de parto de mujeres brasileñas, estadunidenses, británicas y aus-tralianas) se divide, respecivamente, en cuatro subcorpora: Corpus BRA (93 relatos, 250 807 palabras), Corpus EUA (101 relatos, 225 736 palabras), Corpus UK (97 relatos, 92 197 palabras) y Corpus AU (92 relatos, 200 639 palabras. Los dos primeros subcorpora – Corpus BRA y Corpus EUA – fueron seleccionados para esta invesigación que pretende invesigar como las idenidades y la experiencia del nacimiento están representadas en los relatos de mujeres brasileñas y americanas y por medio de esta invesigación llegar a elementos que eluciden el proble-ma social. El procesamiento electrónico se realizó por medio del prograproble-ma AntConc 3.4.0w (Anthony, 2012) y con las herramientas de la LC (listas de frecuencia, lista de palabras clave, líneas de concordancia, etc.). El análisis se condujo por las palabras clave correspondientes a los sujetos involucrados y por los colocados estadísicamente más relevantes de esas palabras. En el Corpus BRA, se analizaron: ‘eu’ (colocados: desisto, renasci, mamava); ‘bebê’ (encaixado, morrer/morresse, sexo, baimentos, alto); ‘marido’ (companheiro, apoiou, cortou); ‘doula’ (amada, obstetriz, querida, presença); ‘médico’ (fofa/foinha, mudar/mudei, cesarista, ginecologista, humani-zada); ‘anestesista’; ‘enfermeira’ (obstétrica/obstetra, cadê, soro, chamar); ‘parteira’ (liguei/ligar, doula, casa); ‘obstetriz’ (doula, toque). En el Corpus EUA: ‘I’ (wish, protested, lamented); ‘baby’ (pound, girl, boy); midwife
(ceriied, asst/assistant, student, assist); ‘doula’ (hired, friend, called); ‘nurse’ (praciioner, tells, triage); ‘doctor’
(oice, seen, comes); ‘anesthesiologist’; ‘husband’ (poor, run, children). El análisis permiió elucidar el problema social en ambas sociedades y revelar diferencias discursivas y culturales. La falta de correspondencia entre la ex-periencia de nacimiento deseada y la alcanzada se representa como la consecuencia de una sucesión de eventos disintos. En ambos corpora, las experiencias son representadas y la autoidenidad y las idenidades construidas bajo la égida de los trazos de la modernidad, sobretodo en lo que se reiere a la relexividad que, en el discurso de los relatos de VBAC se ejerce por el apoderamiento que, según Giddens (2002), corresponde a reformular las convicciones a raíz del nuevo conocimiento adquirido y la consecuente adopción de medidas y toma de acción.
RESUM
Al Brasil, la majoria absoluta de les primípares, desitja un part normal després de quedar-se embarassada; tot i això, en més de la meitat dels casos, els naixements són quirúrgics. El fenomen de la falta de correspondència entre allò desitjat i allò inalment aconseguit no és exclusivitat de les dones brasileres, sinó que succeeix en diver-sos païdiver-sos d’occident. Mitjançant l’Anàlisi Críica del Discurs (ACD) de relats de part normal després d’una cesària (relats de VBAC, de l’anglès, vaginal birth ater c-secion) a la llum de la Lingüísica de Corpus (LC), busquem elucidar el problema social entre la falta de correspondència entre el ipus d’experiència desitjada i l’experiència obinguda. El discurs dels relats de VBAC ens sembla ser el discurs ideal per a desvetllar els elements d’aquesta manca de correspondència, ja que tracten tant de l’experiència de la cesària anterior no desitjada i, per regla, mal indicada, com la del part desitjat i aconseguit. El retall teòric-metodològic adoptat reuneix l’ACD (Fairclough, 1989, 1992; Chouliaraki & Fairclough, 1999; Fairclough, 2003); la LC (Stubbs, 1993, McEnery & Wilson, 1997 i 2003, Tognini-Bonelli, 2001) i l’Anàlisi Críica del Discurs basada en Corpus (Baker et al 2008; Baker, 2013; Baker & McEnery, 2005; Flowerdew, 2014). Per a l’estudi es va compilar un corpus electrònic en anglès i portuguès. El corpus està composat de textos escrits per les dones que van passar per l’experiència de VBAC i no inclou textos amb intermediaris (no s’han inclòs entrevistes i relats escrits per tercers). El Corpus BRABA (Corpus electrònic de relats de part de dones brasileres, nord-americanes, britàniques i australianes) es divideix, respecivament, en quatre subcorpora: Corpus BRA (93 relats, 250 807 paraules), Corpus EUA (101 relats, 225 736 paraules), Corpus UK (97 relats, 92 197 paraules) i Corpus AU (92 relats, 200 639 paraules). Els primers dos subcorpora – Corpus BRA
i Corpus EUA – van ser seleccionats per a aquesta invesigació que té com a objeciu invesigar com les idenitats i l’experiència del naixement son representats en els relats de dones brasileres i nord-americanes i, mitjançant aquesta invesigació, arribar a elements que elucidin el problema social. El processament electrònic es va valer del programa AntConc 3.4Ow (Anthony, 2012) i de les eines de la LC (llistes de freqüència, llista de paraules clau, línies de concordança, etc.). L’anàlisi va ser dirigida per les paraules clau que corresponen als subjectes implicats i pels col·locats més estadísicament i rellevants d’aquestes paraules. En el Corpus BRA, van ser analitzades: “jo” (col·locats: desisteixo, vaig renéixer, mamava); “nadó” (encaixat, morir/morís, sexe, batecs, alt); “marit” (com-pany, va recolzar, va tallar); “part” (esimada, llevadora, volguda, presència); “metge” (maco/bufó, canviar/vaig canviar, cesarista, ginecòleg, humanitzada); “anestesista”; “infermera” (obstètric/obstetra, on, sèrum, trucar); “llevadora” (vaig trucar/trucar, part, casa); “obstetra” (part, toc). En el Corpus EUA: ‘I’ (wish, protested, lamen-ted); ‘baby’ (pound, girl, boy); midwife (ceriied, asst/assistant, student, assist); ‘doula’ (hired, friend, called); ‘nurse’ (praciioner, tells, triage); ‘doctor’ (oice, seen, comes); ‘anesthesiologist’; ‘husband’ (poor, run, children). L’anàlisi va permetre que fos elucidat el problema social en ambdues societats i fossin desvetllades semblances i diferencies discursives i culturals. La falta de correspondència entre l’experiència de naixement desitjada i acon-seguida és representada per haver estat causada per la successió de de diferents esdeveniments. En ambdós corpora, les experiències son representades i l’auto-idenitat i les idenitats construïdes sota l’ègida dels trets de
la modernitat, sobretot, en relació a la relexivitat que, en el discurs dels relats de VBAC, es exercida per el apode-rament que, segons Giddens (2002), correspon a la reformulació de les conviccions a parir del nou coneixement adquirit y la conseqüent presa de mesures/acció.
ACD Análise Críica do Discurso
ACOG American Congress of Obstetricians and Gynecologists
CBA2C C-secion Birth Ater 2 C-secions, Cesárea após duas cesáreas
Guia Guia dos direitos da gestante e do bebê
HBAC Home Birth Ater C-secion, Parto Domiciliar Após Cesárea LC Linguísica de Corpus
MBE Medicina Baseada em Evidências MS Ministério da Saúde
oc. ocorrências
OMS, WHO Organização Mundial da Saúde PM Polícia Militar
RCOG Royal College of Obstetricians and Gynaecologists
SINASC Sistema de Informações de Nascidos Vivos SUS Sistema Único de Saúde
TOLAC Trial of labor ater cesearean delivery
VBAC Vaginal Birth Ater C-Secion, Parto Vaginal Após Cesárea VBA1C ou VBAC1 Parto Vaginal Após 1 Cesárea
VBA2C ou VBAC2 Parto Vaginal Após 2 Cesáreas VBA3C ou VBAC3 Parto Vaginal Após 3 Cesáreas VBA4C ou VBAC4 Parto Vaginal Após 4 Cesáreas
chars. caracteres > ‘no contexto de’
Tabela 01. Extraído de Fairclough (2003, p. 209). _________________________________________________________67
Tabela 02. Total de nascidos vivos no município de São Paulo até outubro de 2013 (SINASC, 2014) ________________129
Tabela 03. Total de nascidos vivos por mães residentes no município de São Paulo por ipo de parto segundo hospital ou maternidade pariculares (SINASC, 2014) _____________________________________________________130
Tabela 04. Total de NV por mães residentes MSP por ipo de parto segundo hospital ou maternidade pariculares (SINASC, 2014) 130
Tabela 05. Total de nascidos vivos por mães residentes no município de São Paulo por ipo de parto e cor (SINASC, 2014). _
131
Tabela 06. Total de nascidos vivos por mães residentes no município de São Paulo por ipo de parto, cor e 12 anos escolaridade (SINASC, 2014). _______________________________________________________________131
Tabela 07. Total de nascidos vivos por mães residentes no município de São Paulo por ipo de parto, cor e 1 a 3 anos de escolaridade (SINASC, 2014). _______________________________________________________________132
Tabela 08. Taxa de cesárea por escolaridade (BEMFAM, 1997) _____________________________________________132
Tabela 09. Total de nascidos vivos no Hospital Maternidade Santa Joana por peso ao nascer em 2011 (SINASC, 2014) _156
Tabela 10. Parte da planilha com informações dos relatos do Corpus BRABA. __________________________________162
Tabela 11. Número de textos do Corpus BRABA por subcorpus. _____________________________________________163
Tabela 12. Síntese das informações e achados obidos durante a fase de familiarização com o Corpus BRABA. _______193
Tabela 13. Subcorpora do Corpus BRABA por número de textos, número de palavras e formas do Corpus BRABA. ____194
Tabela 14. Lista das 25 palavras mais frequentes no Corpus BRABA. _________________________________________195
Tabela 15. Listas das 25 palavras de conteúdo mais frequentes dos subcorpora do Corpus BRABA. _________________196
Tabela 16. Corpora de referência adotados _____________________________________________________________197
Tabela 17. Primeiras 25 palavras-chave do Corpus BRA (ordem, frequência, chavicidade) ________________________199
Tabela 18. Primeiras 25 palavras-chave do Corpus EUA (ordem, frequência, chavicidade) ________________________200
Tabela 19. Primeiras 25 palavras-chave do Corpus UK (ordem, frequência, chavicidade) _________________________201
Tabela 20. Primeiras 25 palavras-chave do Corpus AU (ordem, frequência, chavicidade) _________________________202
Tabela 21. Palavras-chave do Corpus BRA e do Corpus EUA (ordem, frequência, chavicidade). ____________________203
Tabela 22. Primeiro recorte de seleção das palavras-chave para análise. _____________________________________205
Tabela 23. Palavras-chave selecionadas para análise. _____________________________________________________206
Tabela 24. Palavras-chave analisadas no Corpus BRA. _____________________________________________________209
Tabela 25. Palavras-chave analisadas no Corpus EUA._____________________________________________________307
Tabela 26. Discurso pedagógico no relato EUA_002 ______________________________________________________319
Tabela 27. Listas de colocados para midwife, doula e nurse. _______________________________________________367
Texto 01. Quadrinho reirado de Souza (2014) ____________________________________________________ 85
Texto 02. Ego Globo. Angélica deixa maternidade no Rio com Eva no colo: ‘Missão cumprida’ (Tecidio, 2012) _______ 89
Texto 03. Jornal do Brasil. Angélica marca data do parto de Eva (Ramalho, 2012) ___________________________ 89
Texto 04. Caras Digital. Mamãe de primeira viagem, Ana Hickmann fala sobre a amamentação (Caras Digital, 2014, 10 de março) _________________________________________________________________________ 90
Texto 05. Ego Globo. ‘Parto de Juliana Paes foi cesariana pois bebê é enorme’, diz médica (Ego Rio, 2013) _________ 91
Texto 06. Caras Uol. Juliana Paes e outras famosas izeram cesariana. Veja os beneícios e riscos (Camargo, 2014, 25 de março) _________________________________________________________________________ 92
Texto 07. Caras Uol. Juliana Paes e outras famosas izeram cesariana. Veja os beneícios e riscos (Camargo, 2014, 25 de março) _________________________________________________________________________ 93
Texto 08. ISTOÉ Gente. A chegada de Olívia (Gabriella & Costa, 2010) ___________________________________ 93
Texto 09. Ego Globo. ‘Eles estão superfelizes’, conta empresária de Grazi Massafera (Guterres, 2012) ____________ 93
Texto 10. Ego Globo. Nascem as ilhas gêmeas da atriz Giovanna Antonelli (Tecidio, 2010) _____________________ 93
Texto 11. Ego Globo. ‘Parto de Juliana Paes foi cesariana pois bebê é enorme’, diz médica (Ego Rio, 2013) _________ 94
Texto 12. Veja Rio. Parir é uma festa (Knoplech, 2012) ______________________________________________ 94
Texto 13. Veja Rio, Parir é uma festa (Knoplech, 2012) ______________________________________________ 95
Texto 14. Site da Perinatal, Projeto Nascer (2014) __________________________________________________ 97
Texto 15. O Renascimento do Parto – O Filme, Página do Facebook, 2014. ________________________________ 98
Texto 16. Folha de São Paulo. Gata, eu não quero ver a sua xota (Bernardi, 2014, 21 de abril) __________________ 98
Texto 17. G1 Globo. Policiais militares fazem parto na Praça da Sé, em SP (G1 Globo, 2014) ___________________ 100
Texto 18. Página do site do Deputado Roberto Lucena (2012, 6 de junho)________________________________ 101
Texto 19. Istoé Gente. Gisele versão mamãe (Zaramella, 2010) _______________________________________ 102
Texto 20. Istoé Gente, Gisele versão mamãe (Zaramella, 2010) _______________________________________ 102
Texto 21. G1 Globo, ‘Meu Parto foi na banheira e nem um pouco dolorido’, conta Gisele Bündchen (G1 Globo, 2010) 103
Texto 22. Istoé Gente, Gisele versão mamãe (Zaramella, 2010) _______________________________________ 103
Texto 23. IstoÉ Gente, A chegada dos gêmeos (Rodrigues, 2008) ______________________________________ 104
Texto 24. IstoÉ Gente, A chegada dos gêmeos (Rodrigues, 2008) ______________________________________ 104
Texto 25. IstoÉ Gente, Fernanda Lima Mulher Maravilha (Honor, 2009) _________________________________ 105
Texto 26. Logomarca Rede Cegonha (Departamento de Atenção Básica, 2014) ____________________________ 107
Texto 27. Logomarca e imagens veiculadas pela Rede Cegonha (Departamento de Atenção Básica, 2014) ________ 108
Texto 28. Guia dos Direitos da Gestante e do Bebê (Ministério da Saúde, 2011, p. 4) ________________________ 110
Texto 29. Guia dos Direitos da Gestante e do Bebê (Ministério da Saúde, 2011, p. 5) ________________________ 110
Texto 30. Guia dos Direitos da Gestante e do Bebê (Ministério da Saúde, 2011, p. 30) _______________________ 111
Texto 31. Guia dos Direitos da Gestante e do Bebê (Ministério da Saúde, 2011, p. 27) _______________________ 111
Texto 32. Guia dos Direitos da Gestante e do Bebê (Ministério da Saúde, 2011, p. 28) _______________________ 112
Texto 33. Guia dos Direitos da Gestante e do Bebê (Ministério da Saúde, 2011, p. 51) _______________________ 112
Texto 34. Guia dos Direitos da Gestante e do Bebê (Ministério da Saúde, 2011, p. 52) _______________________ 113
Texto 35. Guia dos Direitos da Gestante e do Bebê (Ministério da Saúde, 2011, p. 40) _______________________ 114
Grupo panletospartohumanizado@yahoogrupos.com.br ___________________________________ 119
Texto 39. Colagem produzida pela pesquisadora no papel de aivista em apoio à marcha pela humanização do parto e divulgada em rede social Facebook (Carvalho, 2013, 18 de junho) ______________________________ 119
Texto 40. Cartaz promovendo curso de doulas publicada em Blog da doula Gisele Leal. Ilustração de Anne Pires (Mulheres Empoderadas, 2014) ______________________________________________________________ 120
Texto 41. Convite para exposição de fotos (Parto do Principio, 2014) ___________________________________ 120
Texto 42. Guia dos Direitos da Gestante e do Bebê (MS, 2011, p. 47) ___________________________________ 123
Texto 43. Guia dos Direitos da Gestante e do Bebê (MS, 2011, p. 51) ___________________________________ 123
Texto 44. Guia dos Direitos da Gestante e do Bebê (MS, 2011, p. 52) ___________________________________ 124
Texto 45. Guia dos Direitos da Gestante e do Bebê (MS, 2011, p. 67) ___________________________________ 124
Texto 46. Compilação de falas do Grupo Dignidade Médica, composto por estudantes e proissionais da medicina. Falas compiladas e disponíveis em peril público no Facebook, 2014. _______________________________ 143
Texto 47. The Guardian. Mais mulheres deveriam dar à luz em casa, recomenda estudo. (Campbell, 2014, 13 de maio) _
144
Texto 48. Portal Saúde web, Santa Joana investe R$100 milhões e constrói novo prédio (Dávila, 2011, 8 de novembro)155
Texto 49. Depoimento de Mariana Moraes na página da rede social Facebook de O Renascimento do Parto, 2014. __ 213
Texto 50. Comentário contendo o discurso ‘menos mãe’, no portal Babycenter (2014)_______________________ 218
Texto 51. Relato de parto de Anônima de Natal (Sena, 2014, 14 de julho) ________________________________ 238
Texto 52. Trecho do relato de parto normal após duas cesáreas escrito pelo pai de Teresa, Pedro Fonseca (2014), autor do Blog Do Seu Pai. __________________________________________________________________ 238
Texto 53. Publicação da midwife Darlene Dorries-Scrivner ironizando a reportagem da ABC News (2014, 25 de feveriro) em que um casal se diz ‘traumaizado’ por não ter contado com a presença de médico/enfermeira no parto. Segundo Dorries-Scrivner, quando o pai recebe o bebê, ela considera o trabalho dela bem feito. _______ 245
Texto 54. A importância da Doula no parto e no nascimento do bebê (Pamplona, s.d.) ______________________ 251
Texto 55. Trecho do Guia da Gestante e do Bebê (MS, 2011, p. 46) ____________________________________ 252
Texto 56. Doula é desnecessária, diz dirigente de conselho de Medicina do Rio. (FSP, 2014, 26 de janeiro) _________ 255
Texto 57. Texto: Noícia da Rádio Brasil (RBA, 2013, 31 de janeiro) ____________________________________ 255
Texto 58. A necessidade das doulas (Jones, 2014) _________________________________________________ 256
Texto 59. Relato de cesárea de Fabymit (2010, 23 de agosto). ________________________________________ 265
Texto 60. Relato de cesárea ‘Cesariana: quando o médico manda’ (Baby Center, s/d) _______________________ 302
Texto 61. Resposta do Dr. Sálvio à paciente Branca que reclama de dor. _________________________________ 327
Texto 62. Our Paients Deserve our Paience, ACOG (2014) __________________________________________ 335
Texto 63. Abaixo assinado promovido pela rede ICAN contra proibição de VBACs em um hospital nos Estados Unidos 342
Texto 64. Trecho da reportagem do New York Times sobre o caso Rinat Dray (Hartcollis, 2014). ________________ 343
Texto 65. Declaração de Jennifer Goodall a NAPW (2014). ___________________________________________ 344
Texto 66. Trecho de Maternal Decision Making, Ethics and the Law. ACOG (2005) __________________________ 345 Texto 67. Break the Silence Photo Project (Improving Birth, 2014, 5 de agosto). ___________________________ 359
Texto 68. Trecho do relato de Anônima de Natal (Sena, 2014, 14 de julho) _______________________________ 359
Texto 69. Post da página do Facebook da parteira americana Ina May Gaskin (2014, 3 de maio) ________________ 375
2014, 15 de maio). ________________________________________________________________ 398
Figura 01. Figura: Gráico reirado de Fiocruz (2014) ________________________________________________ 79
Figura 02. Figura: Gráico reirado de Fiocruz (2014) ________________________________________________ 80
Figura 03. Fotos do relato do parto da Luciana Benai (Benai & Min, 2011) ______________________________ 121
Figura 04. Resultado da enquete Como você gostaria que fosse o parto do seu ilho?, realizada pelo programa Encontro
com Fáima Bernardes, Rede Globo, em abril 2014. ________________________________________ 133
Figura 05. Rede social Facebook, comentário público, 2014. __________________________________________ 142
Figura 06. Composição de Maíra Libertad Soligo Takemoto, publicação do grupo “Cesárea? Não, obrigada.”, Facebook (23/10/2013) ____________________________________________________________________ 145
Figura 07. Composição de Maíra Libertad Soligo Takemoto, publicação do grupo “Cesárea? Não, obrigada.”, Facebook, 2013. 145
Figura 08. Quadro de nascimentos da Pro Matre Paulista, publicada em peril público na rede social Facebook, 2014. 154
Figura 09. Amostra de cabeçalho e marcações em texto do Corpus BRABA. _______________________________ 162
Figura 10. Diretório de relatos de parto de mulheres australianas. _____________________________________ 163
Figura 11. Ferramenta Concordance do sotware AntConc. __________________________________________ 165
Figura 12. Ferramenta Concordance do sotware AntConc. Resultados ordenados a parir das palavras à esquerda. __ 165
Figura 13. Ferramenta Concordance do sotware AntConc. Resultados ordenados a parir das palavras à direita. ____ 166
Figura 14. Ferramenta File View do AntConc. Em destaque o elemento ‘parto’ toda vez que ocorre no texto BRA_024. 167
Figura 15. Ferramenta Concordance do AntConc. Em destaque o elemento ‘queria um parto’ toda vez que ocorre no
corpus Brasil. ____________________________________________________________________ 167
Figura 16. Ferramenta Concordance do AntConc. Em destaque o elemento ‘parto*’ toda vez que ocorre no corpus Brasil, ordenado pelo elemento central seguido da primeira e segunda palavras à direita. __________________ 168
Figura 17. Wildcards do AntConc para oimizar buscas. _____________________________________________ 168
Figura 18. Busca por ‘part’ na ferramenta Concordance. _____________________________________________ 169
Figura 19. Busca por ‘Part’, usando a opção Case na ferramenta Concordance do AntConc. ____________________ 169
Figura 20. Busca pela expressão \bpar[b-z]*?\b, usando a opção Regex na ferramenta Concordance do AntConc. ___ 170
Figura 21. Busca por adjeivos sinonímicos usando as opções avançadas da ferramenta Concordance do AntConc. ___ 171
Figura 22. Busca avançada do AntConc por palavras especíicas no cotexto de ‘médic*’. ______________________ 171
Figura 23. Resultados para expressão de busca ‘médic*|doutor*|dr*|gineco|ginecologista|obstetra|go’ na ferramenta
Concordance. ___________________________________________________________________ 172
Figura 24. Resultados para expressão de busca:
‘cesárea|cesaria|cesária|cesarea|cezarea|cezaria|cezárea|cezária|cirurgia’ na Ferramenta Concordance Plot
do AntConc. ____________________________________________________________________ 173
Figura 25. Resultados para visualização do cotexto a parir da Ferramenta Concordance Plot. __________________ 173
Figura 26. Busca por ‘doula’ na ferramenta File View do AntConc. ______________________________________ 174
Figura 27. Padrões de ‘marido’ mais palavras à direita extraídos a parir da ferramenta Clusters/N-grams. _________ 175
Figura 30. Linhas de concordância para o padrão ‘marido me’. ________________________________________ 176
Figura 31. Padrões para ‘consegu*’ diferenciando maiúsculas de minúsculas, na ferramenta Clusters. ____________ 177
Figura 32. Parte da lista de N-gramas do subcorpus Brasil no AntConc. __________________________________ 177
Figura 33. Colocados de ‘parto’ na ferramenta Collocates. ___________________________________________ 178
Figura 34. Linhas de concordância para a colocação ‘parto roubado’.____________________________________ 179
Figura 35. Linhas de concordância para ‘roubado’. _________________________________________________ 179
Figura 36. Lista de palavras mais frequentes no corpus segundo a ferramenta Wordlist. ______________________ 180
Figura 37. Lista de palavras ordenadas pela terminação ‘-mente’. ______________________________________ 180
Figura 38. Lista de palavras em caixa alta e caixa baixa, em ordem alfabéica. _____________________________ 181
Figura 39. Lista de palavras de palavras selecionadas (‘parto’, ‘plano’ e ‘relato), em ordem alfabéica. ____________ 182
Figura 40. Lista de palavras de palavras-chave em ordem de chavicidade. ________________________________ 183
Figura 41. Lista de palavras-chave. ____________________________________________________________ 184
Figura 42. Palavras-chave ordenadas por terminação: ‘ri’, ‘pari’, ‘abri’, ‘descobri’, ‘preferi’, ‘sofri’, ‘corri’, sorri’, ‘permii’, ‘seni’, ‘desisi’, ‘insisi’, ‘consegui’, ‘resolvi’ etc. ____________________________________________ 185
Figura 43. Página de origem dos relatos do Corpus BRA. _____________________________________________ 189
Figura 44. Etapas básicas para análise. _________________________________________________________ 206
Figura 45. Etapas dinâmicas de análise. _________________________________________________________ 207
Figura 46. Exibição gráica das ocorrências de ‘eu’ nos textos do Corpus BRA. _____________________________ 210
Figura 47. Linhas de concordância para ‘eu * eu ’: _________________________________________________ 211
Figura 48. Lista de colocados de ‘eu’. ___________________________________________________________ 215
Figura 49. Linhas de concordância para ‘BEBÊ’. ___________________________________________________ 221
Figura 50. Colocados de ‘BEBÊ’. ______________________________________________________________ 222
Figura 51. Linhas de concordância para BEBÊ morrer/morresse. _______________________________________ 225
Figura 52. Linhas de concordância para ‘bebês’ ordenados à esquerda. __________________________________ 232
Figura 53. Linhas de concordância para ‘bebês’ ordenados à direita. ____________________________________ 234
Figura 54. Colocados de ‘MARIDO’. ____________________________________________________________ 236
Figura 55. Linhas de concordância para ‘apoiou’ colocado de MARIDO. __________________________________ 237
Figura 56. Linhas de concordância para ‘cortou’ como colocado de ‘MARIDO’. _____________________________ 239 Figura 57. Dispersão gráica de MARIDO. _______________________________________________________ 242
Figura 58. ‘Doula’ no Concordance Plot _________________________________________________________ 247
Figura 59. Colocados de ‘doula’. ______________________________________________________________ 249
Figura 60. Linhas de concordância para ‘fof*’. ____________________________________________________ 261
Figura 64. Palavrões no Corpus BRA. ___________________________________________________________ 277
Figura 65. Colocados de ‘enfermeira’. __________________________________________________________ 284
Figura 66. Colocados de ‘parteira’. ____________________________________________________________ 296
Figura 67. Colocados de obstetriz. ____________________________________________________________ 300
Figura 68. Linhas de concordância para ‘novo toque/outro toque/mais um toque’.__________________________ 303
Figura 69. Exibição gráica das ocorrências de ‘I’ nos textos do Corpus BRA. _______________________________ 308
Figura 70. Ocorrência de ‘I’ em posição inicial do enunciado na voz passiva (27 oc.) _________________________ 309
Figura 71. Clusters para ‘i * i ’. _______________________________________________________________ 310
Figura 72. Linhas de concordância de ‘I knew I’ (46 oc.). _____________________________________________ 311
Figura 73. Linhas de concordância de ‘I think I’ (47 oc.). _____________________________________________ 315
Figura 74. Colocados de ‘baby’. ______________________________________________________________ 328
Figura 75. Linhas de concordância para ‘like a/like an/just like’. ________________________________________ 331
Figura 76. Colocados de ‘midwife’ ____________________________________________________________ 340
Figura 77. Linhas de concordância para ‘midwife’ ‘ceriied’. __________________________________________ 341
Figura 78. A experiência do parto em superlaivos. Linhas de concordância para ‘the most’. ___________________ 347
Figura 79. Colocados de ‘doula’, com destaque para os analisados. _____________________________________ 353
Figura 80. Linhas de concordância de ‘doula > friend’. ______________________________________________ 356
Figura 81. Linhas de concordância de ‘doula > called’. ______________________________________________ 357
Figura 82. Lista de colocados de nurse com destaque para os colocados analisados. _________________________ 361
Figura 83. Colocados de DOCTOR com destaque para os analisados. ____________________________________ 369
Figura 84. Linhas de concordância para ‘anesthesiologist’ ___________________________________________ 378
Figura 85. Lista de colocados para DOCTORS. _____________________________________________________ 383
Figura 86. Colocados de HUSBAND ____________________________________________________________ 391
Gráico 01. Síntese da análise de ‘eu*eu’. ________________________________________________________ 214
Gráico 02. Síntese da análise de ‘eu’ ‘desisto’ na construção da idenidade, discurso e experiência da mulher. ______ 216
Gráico 03. Síntese da análise de ‘eu’ ‘desisto’ na construção da idenidade, discurso e experiência do marido. ______ 217
Gráico 04. Síntese da análise de ‘eu’ ‘renasci’. ____________________________________________________ 219
Gráico 05. Síntese da análise de ‘eu’ ‘mamava. ___________________________________________________ 220
Gráico 06. Síntese da análise de ‘bebê’ ‘alto’ e ‘baixo’. ______________________________________________ 224
Gráico 07. Síntese da análise de ‘alto’. __________________________________________________________ 225
Gráico 08. Síntese da análise de ‘bebê’ e ‘morrer/morresse’. __________________________________________ 228
Gráico 09. Síntese da análise de ‘bebê’ ‘baimentos’. _______________________________________________ 230
Gráico 10. Síntese da análise de ‘bebê’ ‘sexo’. ____________________________________________________ 231
Gráico 11. Síntese da análise de ‘bebês’. ________________________________________________________ 235
Gráico 12. Síntese da análise de ‘marido’ ‘companheiro’. ____________________________________________ 237
Gráico 13. Síntese da análise de ‘marido’ e ‘apoiou’. ________________________________________________ 239
Gráico 14. Síntese da análise das idenidades em ‘marido’ e ‘cortou’/ ‘cordão’. _____________________________ 241
Gráico 15. Síntese da análise dos discursos e da representação do evento em ‘marido’ e ‘cortou’/ ‘cordão’. ________ 241
Gráico 16. Atributos de ‘MARIDO’ _____________________________________________________________ 243
Gráico 17. Processos de ‘MARIDO’ ____________________________________________________________ 244
Gráico 18. Outros serviços/aividades/funções atribuídos às doulas no Corpus BRA. _________________________ 251
Gráico 19. Discursos em que a doula é representada como fundamental. ________________________________ 253
Gráico 20. Representação de doula nos discursos médico-intervencionista, médico-humanizado e relatos de parto. __ 259
Gráico 21. Síntese da análise de ‘doula’. ________________________________________________________ 259
Gráico 22. Gráico. Síntese da análise para MÉDICO FOFO: mulher e médico. ______________________________ 264
Gráico 23. Gráico. Síntese da análise para MÉDICO FOFO: cesárea e episiotomia. __________________________ 264
Gráico 24. Síntese da análise MÉDICO ‘cesarista’. __________________________________________________ 266
Gráico 25. Gráico. Síntese da análise dos elementos das idenidades em MÉDICO terror*. ____________________ 269
Gráico 26. Gráico. Síntese da análise dos elementos do discurso em MÉDICO terror*. _______________________ 269
Gráico 27. Gráico. Síntese da análise dos elementos do discurso em MÉDICO ultrassom. _____________________ 271
Gráico 28. Gráico. Síntese da análise dos elementos ‘MÉDICO’ ‘humanizad*’. _____________________________ 275
Gráico 29. Síntese da análise das marcas idenitárias de mulher em ‘anestesista’ ___________________________ 280
Gráico 30. Síntese da análise das marcas idenitárias de médico em ‘anestesista’. ___________________________ 280
Gráico 31. Síntese da análise da representação dos discursos e do evento em ‘anestesista’. ____________________ 281
Gráico 32. Síntese da análise ‘enfermeira’ ‘obstétrica/obstetra’. _______________________________________ 288
Gráico 36. Síntese da análise de ‘parteira’. _______________________________________________________ 299
Gráico 37. Síntese da análise de ‘I knew I’: idenidade. ______________________________________________ 313
Gráico 38. Síntese da análise de ‘I knew I’: discursos e evento _________________________________________ 313
Gráico 39. Síntese da análise de ‘I think I’. _______________________________________________________ 316
Gráico 40. Síntese da análise de ‘I > wish’ do ponto de vista da narradora: idenidade da mulher. _______________ 319
Gráico 41. Síntese da análise de ‘I > wish’: discurso dos relatos e representação do nascimento pela mulher. _______ 320
Gráico 42. Síntese da análise de ‘I > wish’ da idenidade de midwife e médico. _____________________________ 320
Gráico 43. Síntese da análise de ‘I > protested’ . ___________________________________________________ 322
Gráico 44. Síntese da análise das idenidades em ‘I > lamented’ . ______________________________________ 323
Gráico 45. Síntese da análise dos discursos em ‘I > lamented’ . ________________________________________ 323
Gráico 46. Síntese da análise de ‘baby’ com os colocados ‘pound’ e ‘girl’: idenidade. ________________________ 330
Gráico 47. Síntese da análise de ‘baby’ com os colocados ‘pound’ e ‘girl’: discurso e evento ___________________ 330
Gráico 48. Síntese dos elementos da análise de ‘Baby > boy’. _________________________________________ 339
Gráico 49. Síntese dos elementos de análise em ‘midwife’: idenidade ___________________________________ 349
Gráico 50. Síntese dos elementos de análise em ‘midwife’: evento. _____________________________________ 349
Gráico 51. Síntese da representação das idenidades em ‘doula’: idenidades _____________________________ 360
Gráico 52. Síntese da representação dos discursos e do evento nascimento em ‘doula’: discurso e evento._________ 360
Gráico 53. Síntese da análise de ‘nurse’. ________________________________________________________ 366
Gráico 54. Síntese dos aspectos idenitários da análise de ‘Doctor’. _____________________________________ 377
Gráico 55. Síntese dos discursos e da representação do parto da análise de ‘Doctor’. ________________________ 377
Introdução ...41
1. Recorte Teórico-Metodológico e Objeto de Estudo ... 49
1.1. Análise Críica do Discurso ______________________________________________________ 49 Intertextualidade ... 53 Ideologia ... 55 Hegemonia ... 56 Modernidade tardia e modernidade líquida ... 57
1.2. Linguísica de Corpus ___________________________________________________________ 61
1.3. Análise do Discurso Baseada em Corpus ___________________________________________ 64
Etapas metodológicas da pesquisa ...66
1.4. Relatos de parto: histórico e relevância ____________________________________________ 69 Deinição de relato de parto ... 75
2. A seleção do problema social...77
3. As representações do nascimento ... 83
3.1. A representação do nascimento na icção: imagens inculcadas _________________________ 84
3.2. A representação do nascimento dos ilhos de pessoas famosas: maternidade líquida _______ 88
3.3. A representação do nascimento vaginal pela mídia: coisa de pobre e de übermodel________ 99
3.4. A representação do nascimento na saúde pública: um iro no pé ______________________ 106
3.5. A representação do nascimento no movimento pela humanização do parto: parir é poder _ 115 4. O contexto do nascimento no Brasil e seus paradoxos ...127
4.1. O paradoxo da escolaridade: educação mais renda é igual a cesárea ___________________ 129
4.2. O paradoxo da escolha: seja feita a sua vontade ____________________________________ 133
4.3. O paradoxo do discurso médico: jusiicaivas médicas nada cieníicas _________________ 135 4.3.1. As mulheres preferem cesáreas ...136
4.3.2. O parto normal resulta em perda do desempenho sexual ...140
4.3.3. A cesariana é mais segura para o feto ...141
4.3.4. Parto normal é coisa de índio. ...142
4.3.5. Uma vez cesárea sempre cesárea ...146
4.4. O paradoxo terminológico: a ciência, o corpo da mulher e as operações do discurso ______ 149
4.5. O paradoxo do baixo peso ao nascer: prematuros fabricados _________________________ 153 5. O Corpus BRABA: corpus de relatos de parto normal após cesárea de mulheres brasileiras,
estadunidenses, britânicas e australianas ... 159
5.1. Compilação do corpus de relatos de parto _________________________________________ 159 5.1.1. Subcorpus em português ...160
5.1.2. Subcorpora em inglês ...160
5.2. Tratamento dos textos ________________________________________________________ 161
5.3. Antconc ____________________________________________________________________ 164
5.3.1. Linhas de concordância (Concordance Tool) ...164
5.3.5. Colocação (Collocates Tool) ... 178 5.3.6. Lista de palavras (Word List) ... 179 5.3.7. Lista de palavras-chave (Keyword list)... 182
6. Pré-Análise do Corpus BRABA ... 187
6.1. Fase de pré-análise do corpus ___________________________________________________ 187 6.1.1 Corpus de relatos de mulheres brasileiras (Corpus BRA) ... 188 6.1.2 Corpus de relatos de mulheres estadunidenses (Corpus EUA) ... 190 6.1.3 Corpus de relatos de mulheres britânicas (Corpus UK) ... 190 6.1.4 Corpus de relatos de mulheres australianas (Corpus AU) ... 192
6.2. O Corpus BRABA: lista de palavras e palavras-chave _________________________________ 194 6.2.1 Lista de palavras ... 194 6.2.2 Lista de palavras-chave ... 197
6.3. Reinamento das palavras-chave e etapas de análise ________________________________ 203
7. Análise do Corpus BRA ... 209
7.1. ‘eu’ ________________________________________________________________________ 209 Eu > desisto ... 215 Eu > renasci ...217
Eu > mamava ... 219
7.2. ‘bebê’ ______________________________________________________________________ 221
Bebê > encaixado ...222
Bebê > bebê alto ...223
Bebê > morresse, morrer ... 225 Bebê > bebê morrer > morrer ...227
Bebê > baimentos ... 228 Bebê > baimentos do bebê > baimentos ... 229 Bebê > sexo ...230
Bebê > bebês...232
7.3. ‘marido’ ____________________________________________________________________ 235 Marido > companheiro ...236
Marido > apoiou ...237
Marido > marido cortou ... 239 Marido > cordão ... 239
7.4. ‘doula’ _____________________________________________________________________ 246
Doula > ‘como doula’ ... 248 Doula > ‘tornar doula’ ... 248 Doula > querida / amada ... 249 Doula > obstetriz ... 250 Doula > ‘a presença de uma doula’ ... 252
7.5. ‘médico’ ____________________________________________________________________ 259 Médico > foinha, foinho, fofa ...261
Médico > ex ...263
Médico > cesarista ...264
Médico > humanizado ...273
Médico > anestesista ...276
Médico > médicos ... 281 Médico > médicos > eles ... 281
7.6. ‘enfermeira’ _________________________________________________________________ 284 Enfermeira > enfermeira obstétrica (7 oc.) / enfermeira obstetra (20 oc.) ...285 Enfermeira > cadê, chamar ... 288 Enfermeira > soro ... 290 Enfermeira > enfermeiras ... 292
7.7. ‘parteira’ ___________________________________________________________________ 295 Parteira > liguei, ligar ... 296 Parteira > doula ... 297 Parteira > casa ... 297
7.8. ‘obstetriz’ ___________________________________________________________________ 299 Obstetriz > doula ...300
Obstetriz > toque ...301 Toque ...303
8. Análise Corpus EUA...307
8.1. ‘I’ ________________________________________________________________________ 307
I > I knew I ...310
I > I think I ...314
I > wish ...317
I > protested ...320
I > lamented ...322
Expleivos escabrosos ... 325
8.2. ‘baby’ ______________________________________________________________________ 327
Baby > pound ... 328
Baby > girl ... 329 Metáforas e símiles ...331
Baby > boy ...334
8.3. ‘midwife’ ___________________________________________________________________ 340
Midwife > ceriied ...340
Midwife > assistant/asst/assist ...346
Midwife > student ... 348
8.4. ‘doula’ _____________________________________________________________________ 352
Doula > hired ... 353 Doula > friend ... 355 Doula > called ... 356
8.5. ‘nurse’ _____________________________________________________________________ 361
Nurse > praciioner ...362
Nurse > tells ...363
Nurse > triage ...363
8.6. ‘doctor’ _____________________________________________________________________ 368
Doctor > seen ... 369
Doctor > oice ...371
Doctors > pracice ... 383 Doctors > nurses ... 386 Doctors > most ... 387
8.7. ‘husband’ ___________________________________________________________________ 390 Husband > poor ... 391 Husband > run ... 392 Husband > children ... 393
Bed e Bath ... 394 Agradecimentos ... 398
Considerações inais ... 405 Referências bibliográicas ... 415
APÊNDICE 1 – Textos do Corpus BRA ______________________________________________________ 435
APÊNDICE 2 – Textos do Corpus EUA ______________________________________________________ 439
APÊNDICE 3 – Textos do Corpus UK _______________________________________________________ 443
APÊNDICE 4 – Textos do Corpus AU _______________________________________________________ 447
APÊNDICE 5 – Fonte dos textos do Corpus BRA _____________________________________________ 451
APÊNDICE 6 – Fonte dos textos do Corpus EUA _____________________________________________ 457
ANEXO 1 – Gêneros hibridizados _________________________________________________________ 463
Introdução
É evidente que quanto maior a agressividade de uma sociedade e a sua capacidade de destruir vidas, mais invasivos são os rituais e crenças culturais no período do nas-cimento. [...] Por que 10 por cento de cesáreas em Amsterdã e 801 por cento em São
Paulo2?(Odent, 2004, p. 56).
Costumo lembrar perfeitamente da primeira vez que ouvi certas palavras e expressões ao longo da mi-nha vida. Foi assim com naïve, ‘novação de dívida’,awry e tantas outras. Com ‘relato de parto’ não foi diferente. Ouvi pela primeira vez do meu obstetra. Até então, não atentara para o fato de que ‘relatos de parto’ pudessem ser considerados uma práica social e, como tal, corresponder a um modo de ser (esilo), um modo de agir (gênero) e um modo de representar (discurso).
O primeiro relato de parto que ouvi foi o de uma ex-paciente do meu ex-ginecologista-obstetra. Incon-formada com tantas respostas evasivas durante as consultas de pré-natal e levemente intrigada com as reiteradas vezes que o médico chamara o meu parto de dele (“Nos meus partos,...”), pedi para conver-sar com alguma mulher que ele houvesse assisido em um parto normal. Pela secretária, recebi nome e número, liguei. Depois de um longuíssimo e detalhado relato, aliviada, agradeci, para, nos úlimos segundos antes de desligar, perceber que o tal parto inha sido 18 anos atrás. A palavra é awry.
Antes da consulta mensal seguinte, ouvi um segundo relato. Esse, em segunda mão. Uma amiga falava do parto de uma amiga dela e no meio da conversa proferiu ‘doula3’. O sininho da palavra nova tocou.
Pesquisei o termo e descobri diversos arigos cieníicos sobre as vantagens de ter uma doula. De volta ao consultório, perguntei ao médico atrás da mesa o que ele achava dessa possibilidade. Revirando os olhos, controlou-se e educadamente me disse que se eu izesse questão “é claro” que eu poderia ter uma, mas que ele achava que eu iria “gastar dinheiro à toa” e que não passava de “uma grande bes-teira”. Pensei: “Como assim?”, “E os estudos cieníicos comprovando que a mulher acompanhada por uma doula tem 20 por cento mais chances de ter um parto normal?”, “Que a mulher acompanhada por doula tem maior índice de saisfação no parto?”, “Que a mulher acompanhada por uma doula tem me-nos chances de sofrer intervenções desnecessárias?”, “Aliás, o que são intervenções desnecessárias?”, “Tem médico que faz intervenção desnecessária?”. Ressigniiquei naïve e mudei de médico.
Por indicação da doula-da-amiga-da-minha-amiga, fui parar no consultório sem mesa de um obstetra humanizado que, após me informar, logo na primeira consulta, que no parto ele não fazia nada, quem faz tudo é a mulher (“Mas ele cobra para não fazer nada?!”),me incumbiu não só de ler relatos de parto, mas também de ouvi-los diretamente de outras mulheres em locais como o GAMA (Grupo de
1 80% se refere à taxa na rede paricular.
2 “It is noiceable that the greater the need a society has to develop aggression and the ability to destroy life,
the more intrusive the rituals and cultural beliefs are in the period around birth. […] ‘Why 10 per cent
cae-sarean rates in Amsterdam and 80 per cent in São Paulo?”. As traduções de citações de obras consultadas em inglês são de minha autoria.