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A Arvore de Dinheiro - Guia Par - Jurandir Sell Macedo Jr

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Academic year: 2021

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Jurandir Sell Macedo Jr.

A Árvore do Dinheiro

Florianópolis

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Editora | Insular Edição | Editora Bookess

Proj eto Gráfico | Caroline da Silva Magnus Capa | Hanne Giaciani

Revisão | Em ília Chagas e Letícia Teston

Editora Insular | Rodovia João Paulo, 226, Florianópolis - SC, CEP 88030-300

M141a Macedo Junior, Jurandir Sell

A árvore do dinheiro / Jurandir Sell Macedo Junior – Florianópolis: Insular, 2013.

208 p. : il.

ISBN 978-85-7474-678-4

1. Finanças pessoais. 2. Poupança e investim ento. 3. Segurança financeira. I. Título.

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A Celina minha amiga e meu amor, com quem compartilho a fascinante tarefa de educar Júlia e Gustavo, razão maior de meu viver.

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Agradecim entos

Inúm eras pessoas contribuíram em m inha vida e form ação e a cada um a delas tenho m uito a agradecer. Contudo, aqui, agradeço de form a especial:

Minha m ãe, que, viúva aos 27 anos, com três filhos para criar, soube tom ar a sábia decisão de investir todos os seus parcos recursos na educação, e que, m esm o na adversidade, soube construir um a fam ília feliz, da qual m e orgulho de fazer parte.

Celina, m inha esposa e am iga, e nossos am ados filhos, Júlia e Gustavo, por tudo que m e ensinam em nosso prazeroso dia a dia.

A j ornalista Natacha Am aral que m e m otivou a transform ar m inhas aulas de Finanças Pessoais neste livro. A com petente j ornalista Em ilia Chagas, com a qual tenho o tido o prazer de trabalhar nos últim os cinco anos – não sei o que seria m inha vida sem este apoio. A equipe do IEF: Letícia, Vitor e Júlia, que com seu vigor e entusiasm o de estudantes m e renovam a cada dia.

Toda a equipe da Expo Money, verdadeira fam ília que tem cruzado o Brasil difundindo a educação financeira nos últim os dez anos.

O Banco do Brasil, onde m antive um a coluna sem anal por quatro anos e o Banco Itaú, onde venho trabalhando nos últim os três anos no program a Uso Consciente do Dinheiro, que tem gerado conteúdo de alta qualidade disponibilizado gratuitam ente para clientes e não clientes. Não poderia deixar de m encionar a equipe da Superintendência de Sustentabilidade, com posta por Denise T. Hills, Maria Eugenia Sosa Taborda, Ana Ly gia Leite e Paula Baggio Arruda e tam bém a Martin Iglesias, Fernando Foz Macedo e Geraldo Soares, entre tantos outros. Muito m e orgulho desta tarefa que m e possibilita difundir educação financeira de qualidade e sem custo para todos os brasileiros.

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Apresentação

Quando Jurandir Macedo m e convidou para escrever apresentação do livro "A Árvore do Dinheiro", não dem orei m ais do que um segundo para aceitar. Foi um enorm e orgulho participar deste livro que é um clássico das finanças pessoais no Brasil.

Apesar de o seu nom e ser Árvore, entendo que o livro é tam bém um a sem ente, por ter sido para m uitos o prim eiro contato com o m undo das finanças pessoais e tam bém por ter incentivado m uitos outros a escreverem sobre o assunto. Vale lem brar que o livro é inspirado no único curso de finanças pessoais de um a universidade federal brasileira, a UFSC, e que deu origem à coleção Expom oney , da qual tenho tam bém a honra de participar.

O livro "A Árvore do dinheiro" é tam bém um reflexo fiel do seu autor. Um a pessoa extrem ante sim ples, m as com profundos conhecim entos em diversas áreas e que consegue adaptar a sua linguagem com habilidade quase incom um . É com a m esm a naturalidade com que Jurandir participa de rodas de discussão com os m aiores experts do m ercado financeiro, com cientistas pesquisadores da área econôm ica ou psicológica, com executivos de em presas e com pessoas com uns, que pedem sua aj uda para resolver questões sim ples vinculadas ao seu dia a dia financeiro.

É im portante destacar que o livro reúne conhecim entos de Jurandir na área das finanças com portam entais obtidos através do seu doutorado no assunto e seu pós-doutorado em Psicologia Cognitiva, além daqueles obtidos com sua longa experiência em Finanças Pessoais. Lem brando ainda que Jurandir foi um dos fundadores do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF), que é detentor dos direitos da m arca CFPR no Brasil.

O livro aborda praticam ente todos os pontos relevantes para um a pessoa tom ar suas decisões financeiras, desde os m ais sim ples até os m ais com plexos, que, por sua vez, são tratados com um a linguagem extrem am ente adequada a qualquer pessoa.

Tenho certeza que o leitor poderá aproveitar-se da m ente de um a das m aiores autoridades em finanças no Brasil e terá o m esm o prazer que eu tenho toda vez que tenho oportunidade de trocar ideias com m eu grande am igo Jurandir. Mas, acim a de tudo, tenho certeza que este livro aj udará o leitor tirar excelentes frutos da sua vida financeira.

Martin Iglesias Gerente de Educação para Investidores do Itaú Unibanco

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Prefácio

O m ercado financeiro é bastante dinâm ico e constantem ente sofre alterações, o que m otivou esta nova edição. Instituições m udaram de nom e, outras foram criadas ou deixaram de existir. A Bovespa, por exem plo, deixou de ser um a sociedade civil sem fins lucrativos e atualm ente é um a em presa de capital aberto, a BM& F Bovespa S.A.

Porém , m ais do que m udanças form ais, tivem os um a significativa m udança na estrutura de j uros do Brasil. Quando do lançam ento da prim eira edição, era possível obter um a rentabilidade excelente correndo poucos riscos com prando Letras Financeiras do Tesouro, títulos públicos federais pós-fixados, corrigidos pela taxa Selic. Atualm ente, quem não quiser correr riscos vai obter retornos m uito baixos, algum as vezes até perdendo para a inflação. A época da rentabilidade elevada sem riscos passou.

Entretanto, m ais do que retratar m udanças, o que esta nova edição perm ite é avaliar o que não m udou. Felizm ente o fundam ental do livro continua intacto. As estratégias recom endadas foram exaustivam ente testadas pelas euforias e crises pelas quais passam os.

Não precisei m udar um a linha sequer das estratégias de investim entos recom endadas. Desde a prim eira edição sugeri investim entos constantes e diversificados. Para provar que esta estratégia é a m elhor para a renda variável, acrescentei m ais seis anos nas pesquisas de investim entos constantes na bolsa de valores e traçam os m ais quatro cenários diferentes. Torna-se m ais forte a ideia de que a m elhor form a de investir em ações é destinar um valor fixo m ensal para um a carteira diversificada de investim entos.

Tam bém acrescentei um a pesquisa sobre balanceam ento de carteiras entre CDI e Ibovespa, na qual m ais um a vez com provei a vantagem da diversificação. Continuo com as m esm as recom endações de investim entos, diversificação e investim entos constantes. O que m udou é que cada vez há m ais dados para com provar esta tese.

Falando em diversificação, na época da prim eira edição tínham os apenas um fundo de gestão passiva negociado na

bolsa, os ETFs. Atualm ente o pioneiro PIBB11 j á faz parte de um segm ento com 14 fundos – e, ao que tudo indica, outros logo irão surgir.

Tenho a convicção de que novas crises certam ente virão, bem com o longos períodos de bonança. Para o investidor individual ter sucesso na bolsa de valores em qualquer desses cenários, basta investir aos poucos. E som ente aquela parcela da poupança destinada ao longo prazo. Melhor ainda se investir para a aposentadoria.

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passaram poucos anos do lançam ento do livro, constantem ente tenho recebido contatos de leitores que j á com eçam a colher os frutos das suas árvores do dinheiro. Espero que dentro de alguns anos sej a você, caro leitor, a colher os seus m erecidos frutos.

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Introdução

Este livro é resultado de longo processo de m aturação pessoal e profissional, que teve início na década de 1980. No com eço de m inha carreira, trabalhei m uito com cursos de m ercado de capitais. Contando som ente as palestras feitas para gerentes de bancos, foram m ais de 3 m il horas de aula, em m ais de 100 cursos m inistrados.

Essa experiência propiciou um a série de contatos com m ilhares de alunos que, em sua m aioria, conheciam m uito bem o m ercado financeiro e sabiam m anipular ferram entas de controle de orçam ento. No entanto, esses m esm os profissionais afirm avam ter enorm es dificuldades para controlar suas finanças pessoais.

Por que pessoas capacitadas em adm inistrar e aconselhar seus clientes em questões financeiras não conseguiam controlar as próprias finanças? Essa dúvida inicial, que m e desafiava e atorm entava, certam ente foi o que m e conduziu a este livro.

No final dos anos 90, Louis iniciava os prim eiros esforços para trazer ao Brasil a profissão Planej ador Financeiro Pessoal. Tive a oportunidade de participar das prim eiras conversas que originaram o Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF). Dentro desse escopo, preparei um a pequena palestra sobre Finanças Pessoais que com ecei a m inistrar para alguns alunos de universidades e para alguns funcionários de em presas. Era um a palestra sim ples e dedicada a apenas alguns aspectos form ais do controle de orçam ento, porém , as perguntas que surgiam da plateia com eçavam a m ostrar que existiam aspectos m ais profundos da relação das pessoas com o dinheiro e que afetavam suas vidas financeiras.

Após um a palestra m inistrada em Curitiba, recebi um

e-m ail que m e causou enorm e espanto. O texto era o seguinte: “Jurandir, parabéns pela palestra. Ela m e fez trocar um a BMW por um a bicicleta.” Sim ples assim , nada m ais! Respondi agradecendo os parabéns, m as dizendo que estava preocupado, pois achava que o havia influenciado a fazer um péssim o negócio. Pedi então que ele m e explicasse m elhor o que havia acontecido.

Na resposta, o rem etente identificou-se com o gerente com ercial de um a grande em presa im obiliária. Ele explicou que gastava quase duas horas todos os dias para ir e voltar de casa para o trabalho. Esse tem po em trânsito estava prej udicando sua qualidade de vida e ele pensava em com prar um carro novo para tornar o traj eto m ais agradável. O que ele ouviu na palestra não só o dissuadiu da decisão, com o o fez negociar com a em presa um horário de trabalho de turno único, de seis horas, e com prar um a bicicleta para pedalar com o filho durante as m anhãs.

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O depoim ento m e despertou um a onda de pânico. Com o eu poderia interferir de form a tão significativa na vida de um a pessoa? E se não desse certo e ele perdesse o em prego? Com o ficaria?

Esse episódio, e talvez a proxim idade de m eus 40 anos, desencadearam enorm e m udança em m inha própria vida. Resolvi suspender diversos cursos que j á estavam vendidos e, no início de 2000, entrei para um program a de doutorado disposto a m e aprofundar no estudo das Finanças Pessoais.

Após quatro anos de estudos, no Brasil e no Canadá, concluí m inha tese na área de Finanças Com portam entais. Trata-se de um a nova área de estudos das finanças iniciada por dois psicólogos: Am os Tversky e Daniel Kahnem an, que investigam o com portam ento dos tom adores de decisão a partir de um a abordagem da psicologia cognitiva. Além dos estudos de Finanças Com portam entais, dediquei-m e ao estudo das Finanças Pessoais e da Psicologia Cognitiva.

Isso m e fez perceber que a questão das finanças das pessoas passa por esferas m uito m ais profundas do que o aspecto form al. Aprendi que nossas decisões financeiras não são corticais e racionais, conform e havia aprendido na econom ia neoclássica. Descobri que nossas estruturas infracorticais afetam nossas decisões e podem fazer com que o m ais preparado diretor financeiro de um a grande em presa tenha dificuldades em adm inistrar o orçam ento de sua casa.

Após esse período de estudos e descobertas, voltei a m inistrar aulas na Universidade Federal de Santa Catarina, onde im plantei a prim eira disciplina de Finanças Pessoais em um a universidade brasileira. Essa disciplina se destina aos alunos de todos os cursos da universidade e, desde então, vem sendo m inistrada para salas lotadas de j ovens interessados em aprender com o gerenciar suas finanças pessoais.

Montei palestras e cursos que foram dados em em presas, universidades, associações profissionais e nas diversas edições da Expo Money ao longo de seis anos. Os inúm eros debates, perguntas, críticas e sugestões originados durante aulas, palestras, cursos e em ails encam inhados pelos leitores da m inha coluna no Banco do Brasil aj udaram a consolidar os conceitos expostos neste livro, porém , m ais do que consolidar conceitos, tam bém geravam questionam entos pessoais.

Tais questionam entos im pulsionaram m ais um período de estudos iniciados em 2009, quando fiquei um ano no Laboratório de Psicologia Cognitiva da Universidade Livre de Bruxelas (ULB) em um estágio de pós-doutorado. Daquela experiência nasceu o livro Finanças Com portam entais, que lancei com os professores José Junça de Morais e Régine Kolinsky , am bos da ULB.

Logo após voltar da Bélgica, com ecei a trabalhar no program a Uso Consciente do Dinheiro do Banco Itaú. Já são m ais de dois anos escrevendo artigos, gravando program as, fazendo eventos e palestras por todo o Brasil, sem pre contando com a valiosa colaboração da equipe do Instituto de Educação Financeira e em especial

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da j ornalista Em ília Chagas. Tenho aprendido m uito com este trabalho no Itaú e sinto m uito orgulho pelo resultado do que vem sendo feito pela equipe de Sustentabilidade do banco.

Tam bém não posso deixar de m encionar o resultado da atividade de conselheiro financeiro pessoal que desenvolvi j unto ao Instituto de Educação Financeira. Um conselheiro de finanças pessoais trabalha por m eio de consultas nas quais pessoas e fam ílias expõem e discutem seus problem as financeiros com a m ediação de um profissional capacitado via certificação CFP™1. Essa atividade m e proporcionou grande am adurecim ento profissional, que certam ente foi im portante na consecução deste trabalho.

Este livro tom ou a form a atual após m uita insistência de um a ex-aluna de Finanças Pessoais da Universidade Federal de Santa Catarina, a j ornalista Natacha Am aral. Para concretizar seu Trabalho de Conclusão de Curso, Natacha conseguiu m e convencer a esquecer o j eito acadêm ico de escrever e a ter coragem de m e lançar em um form ato novo com o este guia – para a alegria do leitor e (talvez) o desespero de m eus colegas professores.

Pretendo levar você, leitor, a refletir por m eio de exem plos, situações e im pressões colhidos em m eus estudos e em m inha vida prática. Você verá que este é um livro sim ples, m as que está distante do sim plism o. Espero que as ideias apresentadas aqui o estim ulem a com eçar a cultivar a sua árvore do dinheiro e a lidar bem com suas finanças por toda a vida.

Sinceramente, Jurandir Sell Macedo Jr.

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CAPÍTULO 1

Com portam ento Financeiro

Entenda sua relação com o dinheiro e saiba com o usá-lo com sabedoria para conquistar m ais qualidade de vida

“Às vezes é preciso estar em silêncio para ser ouvido.”

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Conhece a ti m esm o

Este livro irá aj udá-lo a fazer um bom orçam ento fam iliar e a entender m elhor o m ercado financeiro, m as tão im portante quanto aprender o aspecto prático da gestão de seu dinheiro é com preender sua relação pessoal com ele.

Isso se dá porque nenhum a orientação financeira é m ilagrosa o suficiente – se é que existe algum a do tipo – para torná-lo bem -sucedido, caso você m esm o não entenda o padrão de com portam ento que m ove seus desej os, consum os, gastos e obj etivos.

Por isso, neste prim eiro capítulo, farem os um voo rasante sobre o tem a Com portam ento. O obj etivo é instigá-lo a pensar e a ter um olhar m ais aguçado sobre assuntos relativos a dinheiro.

› Qual é a diferença entre desej ar e querer? › O que é ser rico?

› Dinheiro traz felicidade? › Sou consum ista? › Tem po é dinheiro?

Assim com o ocorre em vários aspectos da vida, ter certa m edida de autoconhecim ento tam bém pode ser ferram enta útil na adm inistração das finanças pessoais. Dessa form a, pegando em prestado algum as palavras da filosofia grega, sugerim os: conheça a si m esm o – e seu com portam ento financeiro!

“A humanidade é produto do desejo e não da necessidade.”

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Você quer o que desej a?

A m aior parte das pessoas sente vontade de com prar após dar um passeio no shopping ou num a loj a de interesse. O m esm o pode acontecer, por exem plo, quando se vê um recém -lançado aparelho eletrônico, o carro zero do vizinho ou a roupa nova da am iga.

A ciência explica que é natural do ser hum ano ter desej os. Mas há grande diferença entre desej ar e querer. Nosso cérebro é com posto de quatro sistem as distintos. Três deles são parte do m odelo proposto pelo neurocientista Paul D. MacLean: o com plexo reptiliano, o sistem a lím bico e o sistem a neocortical. O prim eiro controla as atividades responsáveis pela sobrevivência, com o a respiração. O segundo controla as em oções e o terceiro, o raciocínio. O quarto sistem a é o cérebro m oral, possivelm ente localizado na ínsula, que é responsável pelos nossos j ulgam entos e escolhas m orais.

O desej o se origina no sistem a lím bico, a parte do cérebro responsável pela form ação das em oções. Já a transform ação do desej ar em querer ocorre no córtex, local onde as decisões racionais são processadas. Conclusão: desej ar é um a ação irracional; querer é racional.

Assim , antes de adquirir algo, pense se realm ente quer ou se apenas desej a o obj eto. Questione se você está consciente das responsabilidades que a aquisição lhe trará. Além disso, analise se o que você quer não é algo diferente do obj eto que está com prando. A publicidade hoj e faz de tudo para que você transform e seus desej os não só num sim ples querer, m as em verdadeira necessidade. Tom e cuidado, é fácil cair nessa arm adilha.

Um a brincadeira

Vam os supor que, em um sábado com um , você estej a passeando com seu cônj uge no shopping e passe por você aquela atriz fam osa ou aquele artista que você adora. O que acontece? Se você for com o a m aioria das pessoas, irá desej á-la ou desej á-lo no m esm o instante.

Agora, suponha que surpreendentem ente, naquele dia, o artista ou a atriz retribua seus olhares de desej o. O que você faz? Arrisca a relação com seu cônj uge em nom e desse desej o?

Muitos dirão que não, pois consideram que as consequências de transform ar esse desej o em realidade seriam m uito com plicadas. Aí está a diferença entre DESEJAR e QUERER.

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Em sum a, as pessoas não controlam seus desej os, porque eles podem nascer nas estruturas infracorticais do cérebro. Entretanto, quando se processa racionalm ente essa em oção, pesando a decisão em term os de perdas e ganhos, pode-se escolher não satisfazer o desej o.

Im agine: quantas vezes, ao passear pelo shopping, você vê um a bela roupa ou um aparelho eletrônico da m oda e satisfaz o desej o de possuí-lo sem pensar nas consequências desse ato para sua saúde financeira?

Desej ar obj etos de consum o é extrem am ente com um – e desej ar faz bem . Pense que, se não fossem nossos desej os, ainda estaríam os vivendo nas cavernas. O progresso é produto do desej o, e não de nossas necessidades.

Então, não se pode sim plesm ente reprim ir os desej os. O que se deve é pensar m uito antes de transform ar desej ar em querer. Retom arem os esse assunto ao longo do livro.

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Ser rico aj uda a ser feliz?

Um a pesquisa da Universidade de Princeton com 450 m il am ericanos, realizada pelo econom ista Angus Deaton e pelo psicólogo Daniel Kahnem an, constatou que dinheiro está ligado à felicidade das pessoas até o lim ite de 75 m il dólares por ano. Acim a disso, o aum ento da renda não traz im pacto no bem -estar em ocional.

Ainda assim , a m aioria das pessoas desej a ser rica porque acredita que enriquecer é encontrar a felicidade. Na verdade, se refletirm os a fundo sobre a questão, verem os que a relação entre felicidade e riqueza é falsa.

Essa relação ocupa filósofos e econom istas há séculos. Os pensadores ilum inistas, por exem plo, acreditavam na existência de um a equação harm ônica entre o progresso (que seria a riqueza) e a felicidade.

Desse pressuposto surgiu a ideia de que, com o aum ento da riqueza m aterial, as pessoas podem aum entar seu grau de felicidade. Por m ais que se conteste essa afirm ação, ela j á está entranhada no DNA de nossa sociedade.

Um estudo diz que, quando a renda de um a fam ília cresce em até cerca de 3.500 dólares ao ano, a relação entre aum ento de renda e de felicidade é m uito forte. Por esse m otivo, existem m ais pessoas que se declaram felizes em países ricos do que em países extrem am ente pobres. Quando a renda aum enta entre 3.500 dólares e 12 m il dólares ao ano, a relação entre renda e felicidade é positiva, porém um pouco m ais baixa. Entre 12 m il dólares e 70 m il dólares a relação continua a existir, m as é bastante baixa. A partir de 70 m il dólares anuais, a relação entre dinheiro e felicidade é inexistente. Alguns estudos consideram este valor um pouco m enor, em torno de 50 m il dólares.

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RENDA

A quantidade de dinheiro recebida durante certo tem po, em troca de trabalho ou serviços ou com o lucro de investim entos financeiros.

Mas por que é que, depois de acum ular bens m ateriais e realizações, a tendência é esquecer que tudo foi resultado de conquistas nem sem pre fáceis? Os filósofos estoicos consideravam que se as pessoas não controlassem os desej os, j am ais conseguiriam alcançar a felicidade.

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realm ente é possível adquirir. Não é à toa que certos m ilionários, depois de m uito acum ular, passam a encarar o status e o conforto com o um dado da natureza. Assim , torna-se fácil sentir-se insatisfeito e induzido a buscar sem pre m ais bens para ser feliz.

Na prática

Pode ser que você ou seus pais ainda se lem brem do prim eiro televisor que a fam ília adquiriu. Certam ente, foram vários dias

de felicidade. A chegada da prim eira televisão colorida, m uito tem po depois, tam bém trouxe alegria a várias fam ílias. Entretanto, hoj e os pais não conseguem fazer com que seus filhos fiquem alegres sim plesm ente por terem um televisor em casa. Para eles, isso é norm al, pois todos os seus am igos e conhecidos tam bém têm o aparelho. É que, com o passar do tem po, o padrão de consum o m uda.

Ideal ilum inista

Felicidade deriva da satisfação dos desej os. Mensagem :

Libere os desej os e realize-os! Ideal estoico:

Felicidade provém do controle dos desej os. Mensagem :

Liberte-se da tirania dos desej os!

É possível fazer um paralelo entre os pensam entos ilum inistas e estoicos com dois outros m ovim entos da história m undial. Os hippies, na década de 1970, pregavam que a felicidade era um am or e um a cabana – e a cabana ainda era supérflua. Não deixa de ser o ideal estoico.

Já nos anos 80, a geração y uppie estava no auge e pregava que ser feliz era obter o m elhor de tudo que o dinheiro pudesse com prar. É a m ais recente tradução do ideal ilum inista.

E para você, o que é ser feliz? Você acha que ser feliz é ser rico? Vale a pena avaliar o que é ser rico para você, o que realm ente lhe proporciona felicidade e até que ponto o dinheiro pode contribuir para isso.

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Lidar com a felicidade pode ser tão difícil quanto enfrentar a infelicidade.

O que o deixa m ais contente: com prar um carro ou brincar com seus filhos? Viaj ar ou aj udar pessoas que precisam ?

Aproveite agora e tire um m om ento para refletir. Preencha o quadro abaixo com as atividades que costum am deixá-lo feliz.

Atividades que melhoram meu humor:

1._________________________________________________

2._________________________________________________

3._________________________________________________

4._________________________________________________

5._________________________________________________

6._________________________________________________

7._________________________________________________

Vej a o que a m aioria das pessoas responde sobre o que m elhora o hum or

delas:

(21)

Conversar

com os

amigos e

com a

família

51%

63%

Escutar

música

52%

55%

Rezar ou

meditar

38%

51%

Ajudar

pessoas

necessitadas

38%

45%

Tomar

banho

35%

47%

Brincar com

animais de

estimação

30%

38%

(22)

Fazer

exercícios

30%

24%

Sair com

amigos

27%

29%

Fonte: Revista Tim e.

Pare um pouco, pegue lápis e papel e escreva um a lista com as coisas que, para você, fazem a vida valer a pena. Reflita por alguns m om entos sobre cada item da lista. Será que você tem direcionado tem po e dedicação suficientes para eles? Será que você precisa de m uito dinheiro para realizá-los?

Agora observe o que as pessoas respondem quando perguntadas pela revista Tim e sobre as coisas que lhes fazem m ais felizes:

Q UAIS SÃO OS MAIORES MOTIVOS PARA LHE FAZER FELIZ?

Relacionamento com os

filhos ou crianças

77%

Amizades 76%

Caridade 75%

Relacionamento com

marido/esposa ou 73%

(23)

namorado(a)

Grau de controle sobre sua

vida e seu futuro

66%

Coisas que você faz em seu

tempo livre

64%

Relacionamento com os

pais

63%

Religião 62%

Fonte: Revista Tim e.

Você percebeu que, das atividades m ais citadas, a m aioria requer pouco ou, em alguns casos, até m esm o nenhum gasto? É lógico que não podem os viver hoj e sem dinheiro, m as, antes de acreditar cegam ente que ser rico e consum ir é sem pre o m elhor cam inho para a felicidade, tenha um a visão m ais crítica desse senso com um .

A sociedade precisa produzir e, para isso, dem anda cada vez m ais trabalho das pessoas. Para fazer isso, no passado, utilizaram -se m uitos artifícios, até m esm o a tortura física. Mesm o assim , j am ais se conseguiu fazer com que as pessoas trabalhassem tanto quanto atualm ente.

Sem dúvida a sensação de ser útil e produtivo é forte com ponente da felicidade, m as o elevado percentual de pessoas estressadas e infelizes com sua qualidade de vida sugere

que m uita gente foi longe dem ais. Vej a se isso não aconteceu com você. Tam bém é bom refletir que existem dúvidas acerca de o dinheiro trazer felicidade. Mas é bastante certo que a falta de dinheiro traz, sim , infelicidade. Preocupações com contas para pagar, dívidas e prestações são capazes de tirar o sono e a qualidade de vida de m uita gente.

(24)

Na prática | O QUE É SER RICO

Certa vez um consultor financeiro perguntou a um agricultor o que era ser rico. Ele prontam ente respondeu que, quando era criança, achava que ser rico era com er carne todos os dias. Já que, no presente, o agricultor ganhava o suficiente para não sofrer restrições alim entares, ele podia se considerar rico.

É possível que m uitas pessoas discordem da definição de riqueza do agricultor. Para saber o que é ser rico para você, pergunte-se:

› Quais são m eus obj etivos? › Quanto dinheiro quero ter?

› Quando irei m e considerar um a pessoa rica?

Se você não tiver ideia definida sobre o que é ser rico, não saberá aonde quer chegar e nunca estará satisfeito. É por esse m otivo que, para algum as pessoas, a viagem nunca term ina. Elas sem pre irão querer ganhar m ais por não saberem quanto é o suficiente.

Muito pior que não se preocupar com dinheiro é gastar a vida toda procurando acum ular. O dinheiro deve ser um m eio, e não um fim .

Um a form a m ais precisa de m edir seu nível de riqueza é fazer-se a seguinte pergunta: “Quanto tem po m ais?”. A resposta será o núm ero de m eses ou anos que você levará para acum ular quantia suficiente para sustentar seus gastos sem precisar trabalhar m ais.

Q uando seu patrimônio puder sustentar o estilo de vida que almeja, você será rico.

Caso real

Um executivo, funcionário de um a em presa m ultinacional, tinha um salário de R$ 50 m il por m ês. Por ter acum ulado poupança de R$ 400 m il, ele se considerava rico. A em presa em que ele trabalhava passou por um problem a financeiro e o dem itiu. O patrim ônio que ele havia guardado foi suficiente para sustentar seu padrão de vida por exatos oito m eses. Depois desse tem po, ele teve que vender a cobertura financiada em que m orava e seu casam ento tam bém não resistiu à crise.

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Q uanto mais simples for o estilo de vida que você almeja, mais fácil será enriquecer.

(26)

Investigando a felicidade

“Dinheiro não traz felicidade”, diz o ditado. Mas não tão popular quanto esse ditado é o conceito que ele transm ite. No fundo, as pessoas sem pre ficam em dúvida quanto à capacidade de o dinheiro conquistar a felicidade. Investigarem os o que alguns estudos práticos de especialistas na área de saúde m ental falam sobre o assunto.

Um a das hipóteses que tenta explicar a felicidade afirm a que esse sentim ento seria um truque da natureza, a fim de perpetuar a espécie hum ana. A lógica do pensam ento é que, quando fazem os algo que aum enta nossa chance de sobrevivência ou procriação, nos sentim os felizes. É exem plos disso a alegria que as pessoas sentem quando se apaixonam , com eçam um relacionam ento ou sim plesm ente quando com em um a boa m acarronada e bebem vinho.

Desde a Antiguidade, a m aior parte dos tratados e pesquisas sobre a influência das em oções na saúde averiguavam os efeitos que os sentim entos negativos com o angústia, raiva e tristeza causam no organism o. Som ente na década de 1980 surgiu um a corrente que percorre o cam inho contrário, investigando as raízes da felicidade.

Um dos principais representantes do m ovim ento psicologia positiva é o Dr. Martin Seligm an, professor da Universidade da Pensilvânia, Estados Unidos, que lidou com pacientes deprim idos por quase 30 anos e resolveu inverter o curso de seus estudos. Seligm an concluiu que a felicidade é resultado de três coisas: prazer, engaj am ento e significado. O significado pode ser traduzido com o senso de contribuição som ado à ideia de que podem os transcender nossa existência.

PSICOLOG IA POSITIVA

Cam po da psicologia que visa determ inar o peso das em oções boas no equilíbrio físico e m ental.

Prazer é o m ais fácil de definir e entender. Aqui estão incluídas atividades com o com er, beber, fazer sexo, conversar com um am igo, tom ar banho de m ar ou um a ducha quente em um dia de inverno. Aqui o dinheiro é m uito poderoso. Os gastos que se tem com essas atividades geralm ente não são m uito elevados e o resultado costum a ser bastante positivo. Muitas pessoas se tornam infelizes porque se esquecem desses pequenos prazeres da vida. Quando perguntadas sobre o que lhes gera prazer, algum as não sabem responder e acabam dizendo que é o trabalho. Se isso está acontecendo com você, fique alerta.

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Engaj am ento significa sentir-se absorvido pelo que se faz. Trata-se da capacidade de envolvim ento entre a pessoa e sua vida. Engaj am ento é gostar da vida, am ar e ser am ado pela fam ília, pelos am igos, gostar do trabalho e saber que ele faz bem à sociedade. Enfim , engaj am ento é ter am or por viver. Aqui o dinheiro j á perde seu poder. Se você pensa que será am ado pela quantidade de dinheiro que tem , cuidado!

Contribuição é o que sentim os quando percebem os que nossa vida e o que produzim os contribuem para a sociedade com o um todo. Quando isso não acontece, sofrem os. É o que m otiva voluntários a trabalhar sem qualquer rem uneração ou o que faz profissionais aceitarem condições de trabalho pouco favoráveis desde que possam contribuir com a hum anidade.

Transcendência é nossa tentativa de ir além da vida. Nós, hum anos, adquirim os a capacidade de proj etar o futuro e, quando o proj etam os, não nos conform am os com o fato de que nossa vida é finita. Então, precisam os de um propósito para nossas vidas, algo que dê a ideia de que m esm o m orrendo, continuarem os a viver. Transcender refere-se a essa sensação de que a vida faz parte de algo m aior. Para m uitos, é a religião que resolve esta angústia. Para outros, a filosofia aj uda. Alguns dão significado às suas vidas constituindo um a fam ília, outros o fazem ao construir um a em presa, ao se dedicar a um a causa coletiva ou ao desenvolver a ciência. Neste aspecto, ter dinheiro não aj uda em nada.

Para alcançar a felicidade você pode comprar prazer, mas dificilmente o dinheiro trará engajamento ou significado à sua vida.

Muito antes de Seligm an, o psicólogo Abraham Maslow sugeriu que os m otivos hum anos para a conquista da felicidade podem ser organizados segundo um a hierarquia sem elhante, que ficou conhecida com o a Pirâm ide de Maslow.

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Na base da pirâm ide estão as necessidades m ais básicas das pessoas; as m ais com plexas são colocadas nas partes superiores. Maslow é criticado por outros pesquisadores por ter afirm ado em seus estudos que as pessoas só teriam os desej os superiores quando satisfizessem os desej os da base da pirâm ide.

Sabe-se hoj e que m esm o um indivíduo que não pode saciar a própria fom e tem necessidade de autorrespeito e autorrealização – bem com o todas as outras

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pessoas.

As teorias de Seligm an e de Maslow guardam sem elhanças entre si e podem ser relacionadas. Obtem os prazer ao resolver nossas necessidades fisiológicas e grande parte das nossas necessidades de segurança. Quando dorm im os em um a casa que nos protege das intem péries e dos perigos do m undo, sentim os prazer. Quando tom am os um bom banho, fazem os um a refeição quando tem os fom e ou nam oram os, sentim os prazer.

“Sentir que não temos atenção decepciona necessariamente os mais ardentes desejos da natureza humana.”

ADAM SMITH, PAI DA ECONOMIA MODERNA.

Neste nível, ter dinheiro aj uda m uito. Pode-se conseguir prazer em troca de dinheiro, até m esm o sexo. Segurança tam bém pode ser com prada. Quando ficam os doentes, podem os ter proteção de m édicos e enferm eiras m ediante um pagam ento.

O segundo ponto gerador de felicidade apontado por Seligm an é o engaj am ento. Ele se relaciona com as necessidades de am or e pertinência e a necessidade de estim a, apontada por Maslow. Nós, hum anos, tem os enorm e necessidade de pertencer a um grupo. E, para nos sentirm os realm ente pertinentes a um grupo, precisam os sentir que som os am ados, ou sej a, precisam os ser respeitados e nos respeitar.

Pessoas realm ente engaj adas são aquelas que gostam da vida que têm . Gostam dos diversos papéis que desem penham . Se um a pessoa gosta e sente que é adm irada por sua fam ília e por seus am igos, ela tem m ais chances de ser feliz. Se ela é respeitada em seu trabalho e sente que este trabalho tem im portância e contribui para aquilo que são seus valores, ela tende a ser engaj ada. Pessoas engaj adas costum am ser am adas por seus pares.

Assim , chegam os à conclusão que o dinheiro é pouco eficiente para nos trazer engaj am ento. Não é que ele não aj ude, ele aj uda sim , m as geralm ente em um a proporção m uito m enor do que o esforço que tem os que fazer para ganhá-lo.

Lem bre-se: o m aior presente que você pode dar para aqueles que realm ente o am am é estar presente.

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Finalm ente, para significar sua vida, o dinheiro não aj uda em nada. Dinheiro aj uda na busca da felicidade, m as não a garante. Muitas pessoas gastam tanto tem po na busca do dinheiro que perdem o tem po para aproveitar o que realm ente as faz felizes.

Agora vej a que elem entos da pirâm ide da felicidade o dinheiro pode adquirir. Ter dinheiro aj uda m uito a atender os prazeres fisiológicos e tam bém a ter segurança . Com o dinheiro você com pra com ida, veste-se, paga um plano de saúde, com pra um a casa, faz reservas para situações de em ergência.

Mas será que ter prazer, sem atender as dem ais necessidades, traz felicidade? Já vim os que não. Da m esm a form a, dificilm ente o dinheiro im prim irá significado ou trará realização à vida de alguém .

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Consum o, status e felicidade

Dinheiro aj uda a ter engaj am ento, a satisfazer as necessidades de am or, de estim a? Pode o dinheiro fazer você sentir que pertence a alguém ou a algum grupo? Bem , pelo m enos, pode fazer parecer que sim .

Tom e o exem plo dos adolescentes que, se não tiverem um tênis de determ inada m arca ou se não carregarem consigo seus gadgets, não sentirão que pertencem ao grupo de am igos.

Já os adultos sabem que isso não passa de besteira. Será que sabem m esm o? Muitas pessoas adquirem carros im portados quando, na verdade, o que querem m esm o é ganhar respeito de seus colegas de trabalho ou de sua fam ília. Outros j ogam golfe achando que, assim , terão m ais am igos. Mas terão de fato?

Há pessoas que querem ficar ricas para consum ir porque acreditam que fazer isso as torna estim adas pela sociedade e lhes dá o prazer de pertencerem a um grupo. Assim , talvez você se sinta tentado tam bém a com prar um carro, usar certas m arcas, fazer alguns luxos ou frequentar determ inados clubes – tudo para satisfazer sua necessidade de am or e estim a social, m esm o que aqueles obj etos em si nem sej am tão im portantes para você.

A fórm ula que passa na m ente é: SUCESSO = CONSUMO = STATUS. Na sociedade capitalista m eritocrática, a estim a ou o “am or” da sociedade é distribuído àqueles que têm sucesso. Isso ocorre porque atribuir status é um a das form as que as sociedades têm para direcionar os esforços de seus indivíduos e, tam bém , para que estes dediquem sua vida a fazer aquilo que beneficiará a sociedade.

Nas sociedades em guerra, os cavaleiros ou guerreiros tinham status social, m uito m ais do que os nobres. É com preensível que, em um a sociedade que busca o progresso econôm ico e o acúm ulo, as pessoas que geram riqueza sej am as que ganham m aior status.

Em nossa organização social, o status é circunscrito a um grupo. Por exem plo, um a m ulher que tiver status na fam ília sendo um a m ãe exem plar não elevará, com isso, seu status no trabalho caso sej a considerada um a funcionária m edíocre. Um hom em pode ter m uito status em seu grupo de am igos, m as não ser respeitado pela fam ília.

Isso nem sem pre foi assim . No passado, em sociedades m enos fragm entadas que a atual, o indivíduo que fosse um bom pai de fam ília e um bom m em bro da com unidade poderia até ser um funcionário não m uito brilhante e, ainda assim , seria respeitado pelos colegas. Porém , na sociedade atual, o status é circunscrito a determ inados grupos sociais, por isso tem os m últiplos status.

É im portante notar tam bém que o status é um a m edida relativa. Ele nasce da com paração. Alguém só tem status se com parado a outros que não o têm ou que

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têm m enos. E essa com paração é sem pre lateral, o que quer dizer que você se confronta com seus pares – os colegas de trabalho, os am igos, os vizinhos ou a própria fam ília. Você se com para com seu irm ão, e não com seu avô.

Isso quer dizer que se o seu nível de riqueza aum entar j unto com o da sociedade inteira, você sentirá com o se não tivesse saído do lugar. Essa característica explica por que a felicidade não cresce na m esm a proporção em que aum enta o nível de riqueza da sociedade.

Mas será que status é felicidade? Por quanto tem po? Pense nos m otivos que fazem você querer ter m ais dinheiro e analise se isso é para investir em seus valores e trazer satisfação pessoal ou apenas para agradar a outros. Conquistar status é um a j ornada dura e com resultados m uito passageiros. Além disso, pessoas que dedicam m uito esforço para conseguir status costum am perceber, em dado m om ento, que tanta dedicação não valeu a pena, o que gera frustração, na m aioria dos casos.

Caso real

Preocupada com suas dívidas, um a senhora procurou um planej ador financeiro para com eçar a organizar e planej ar sua vida financeira. Seu saldo devedor estava em R$ 100 m il e seu principal gasto era com roupas que reconhecia nem usar. Quando perguntada sobre o m otivo pelo qual com prava tanto, não sabia responder. Quando refletiu sobre o assunto, ela se deu conta de que a única razão que a fazia voltar sem pre às loj as era as pessoas parecerem gostar dela. Ela com prava com pulsivam ente para sentir-se bem tratada e para ver suas “am igas”, as vendedoras das loj as.

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Mas será que as pessoas conseguem abrir m ão de lutar por status? Não parece que isso sej a possível. Um a alternativa é o que se cham a de arena estratégica de status. Delim ite m uito bem onde você quer ter status elevado e lute para m elhorar a form a com o o grupo eleito o enxerga. Se a fam ília e o trabalho são as arenas estratégicas m ais im portantes, você não pode dedicar m ais tem po à associação de ex-alunos da escola do que a seus filhos.

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Um hom em pode com prar um carro novo para ser respeitado e adm irado pelos colegas ou para cham ar a atenção da nam orada. Se esse autom óvel for financiado, ele estará, na verdade, buscando o status com um obj eto que pertence a um banco, e não a ele.

Na Europa é com um que as pessoas ricas adquiram obj etos de luxo apenas com o rendim ento de seu capital. Som ente com a renda que provém de seus investim entos é que os m ilionários nesses países com pram determ inados artigos, com o carros potentes e bolsas de grife, que têm preço exorbitante.

No Brasil é com um presenciarm os situações de pessoas que se endividam para com prar roupas, carros e j oias que não condizem com seus ganhos m ensais. É im portante frisar que você deve tom ar cuidado ao adquirir obj etos de luxo com o dinheiro que é fruto de seu trabalho. Até porque o trabalho dem anda tem po, que é o bem m ais precioso.

Tempo = Vida

Atualm ente, dizer que não tem os tem po confere grande status. Estar com a agenda cheia, ser incapaz de desfrutar da com panhia dos am igos e m esm o da fam ília nos fins de sem ana – tudo isso dá status.

Caso real

Um j ovem dentista certa vez relatou a seu consultor financeiro que, em bora tivesse alguns períodos da sem ana livres, não cogitava ir ao cinem a em um a quinta-feira à tarde. Ele sentia vergonha de não estar com a agenda com pletam ente ocupada em todos os períodos do dia e tem ia ser visto por algum conhecido desfrutando de lazer em vez de estar trabalhando. Não soa com o contrassenso?

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Vida Sim ples - um cam inho interessante

Nadando contra a forte m aré atual de consum ism o, vem crescendo nos últim os anos um m ovim ento que prega o retorno à vida sim ples. Após constatar que a corrida para o consum o não entrega o que prom ete, a m ilionária am ericana Elaine St. Jam es criou o m ovim ento Sim ple Life (term o inglês que significa Vida Sim ples). De acordo com esse m ovim ento, consum ir em si não é algo ruim , e o atual estágio de desenvolvim ento da sociedade é positivo, j á que perm ite inúm eros avanços nos níveis de conforto m aterial, saúde, educação, cultura e lazer.

Por outro lado, o Sim ple Life reconhece que não podem os querer tudo. Por isso, incentiva as pessoas a fazer um consum o consciente, o que significa dizer que é necessário m anter os desej os sob controle e ter bom -senso antes de convertê-los em necessidade.

O m elhor consum o é aquele que contribui para sua qualidade de vida e, ao m esm o tem po, não prej udica a com unidade à sua volta. Essa ideologia é, no m ínim o, convidativa a um exercício interessante que você pode fazer toda vez que tiver vontade de sair disparando o cartão de crédito.

Antes de gastar, pergunte-se se o item que você desej a consum ir vale a quantidade de vida que você precisa despender para com prá-lo. Pegue seu salário e faça a conta. Divida o que ganha cada m ês por suas horas de trabalho. Depois calcule quanto certo obj eto de seu desej o custa em term os de horas. Em seguida, analise se está disposto a trabalhar a quantia de horas que a satisfação do desej o exigirá de você.

Na prática

Recebo R$ 2 m il líquidos por m ês por um trabalho de 40 horas sem anais. Num m ês com quatro sem anas com pletas, trabalharei 160 horas (40 x 4). Isso significa que m eu salário por hora é R$ 12,50 (2.000/160). Passando perto de um a vitrine, vi um a linda bolsa por R$ 220. Devo com prar? Fazendo as contas: vou precisar trabalhar cerca de 17 horas para adquirir esse obj eto. Pergunte-se: “vale a pena, para m im , trabalhar dois dias inteiros a fim de satisfazer esse desej o?”

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No site www.itau.com .br/usoconsciente você pode acessar o sim ulador “calculadora custo—hora”, que perm ite avaliar quantas horas você precisaria trabalhar por m ês para com prar cada produto que desej a.

É verdade que tem po pode ser em pregado para ganhar dinheiro, m as não se esqueça de que tem po tam bém é vida e vale m uito m ais do que qualquer riqueza. Pessoas que se dedicam dem asiadam ente a suas carreiras devem tom ar cuidado. Isso pode ser apenas um m otivo para preencher outros vazios existenciais. Se o trabalho é o centro da sua vida, saiba que m uitas pessoas costum am se arrepender dessa atitude em algum m om ento.

Aprenda a cultivar prazeres de baixo custo e que não se esgotam m aterialm ente, com o a arte, a m úsica e a leitura. Tam bém não se deixe tom ar pela neurose do pauperism o – a vida foi concebida para ser bem vivida e não para a autoflagelação.

Procure ensinar os filhos a gostarem de coisas que podem ser feitas sem despender m uito dinheiro. Muitos pais chegam ao final da sem ana tão cansados que o único lazer que conseguem ter com os filhos é ir a um shopping center. Assim , os j ovens aprendem que um passeio no shopping é sinônim o de diversão.

Que tal program ar um lanche no parque ou brincar com algum j ogo de que eles gostem ? Ou, ainda, cham ar os filhos para a cozinha e ensiná-los que fazer pizza ou sovar um a m assa de pão tam bém pode ser divertido? Tente fazer isso e vej a se eles ficam tão ou m ais contentes do que com um dia de enorm es gastos no shopping. Mas atenção: com ece logo, pois, um a vez que estiverem viciados em consum o, será difícil alterar o com portam ento.

Com frequência, gastamos dinheiro que não temos para comprar coisas que não nos interessam só para impressionar pessoas de quem não gostamos.

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CAPÍTULO 2

Planej am ento Financeiro

Organize suas finanças e descubra com o poupar para alcançar seus obj etivos

Cantiga da Cigarra

De que vale um tesouro Junto às flores do arrebol? Q uem quiser que junte todo o ouro

Eu prefiro a luz do sol

JOÃO DE BARRO (BRAGUINHA), COMPOSITOR DE MPB

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Quem é você nessa história?

Por m ais m oderno que possa parecer, o conceito de planej am ento financeiro é questão discutida há bem m ais tem po do que im aginam os. Quem j á não ouviu falar na alegre cigarra que cantarolava pela floresta durante o verão enquanto a form iga diligente aproveitava para trabalhar duro e acum ular com ida para o inverno rigoroso?

Com a fábula A cigarra e a form iga, o escritor francês Jean de La Fontaine levantou, j á no século XVII, um a questão intrigante até hoj e: ser previdente e trabalhar de m odo árduo, pensando sem pre no futuro, ou viver o m om ento presente e curtir a vida sem se preocupar com o am anhã?

A m itologia grega tam bém faz sua versão do dilem a “previdente versus im prudente”. Segundo um a das lendas, Prom eteu e Epim eteu eram irm ãos. O prim eiro pensava antes de agir, e o segundo agia antes de pensar.

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Prom eteu era hom em prudente, m as, segundo o m ito, Zeus lhe im pusera um castigo. Seu fígado era com ido por um a águia todos os dias e se reconstituía durante a noite – um suplício que se repetia diariam ente. Podem os dizer que, assim , a m itologia retrata o castigo do previdente. As preocupações com o futuro, representadas pelo fígado, tiravam o prazer de sua existência.

Já Epim eteu era o oposto do irm ão, se precipitava em agir sem levar em conta as consequências. A m itologia diz que Epim eteu casou-se com Pandora, a prim eira m ulher. Ao nascer, ela recebeu dos deuses um a caixa contendo todas as virtudes do m undo e sua única obrigação era nunca abri-la. Um a vez casada com Epim eteu, Pandora abriu a caixa, deixando escapar todas as qualidades que estavam dentro dela, exceto um a: a esperança.

Essa história dos antigos gregos nos instiga a pensar: será que devem os nos com portar na vida com o Prom eteu ou com o Epim eteu? Devem os ser previdentes e suportar as agruras de sofrer por antecipação ou devem os nos encher de esperança e acreditar que, no futuro, tudo se resolverá?

Os im previdentes adoram apontar a m á sorte daqueles que se preocupam m uito com o futuro e acabam m orrendo antes de poderem aproveitar suas poupanças. Esquecem -se, porém , de apontar seus inúm eros colegas que, “por azar”, ficam velhos e pobres, com o cigarras que penam no inverno da vida.

Será que não existe m eio-term o entre Prom eteu e Epim eteu? Entre a cigarra e a form iga?

Acreditam os que você pode facilm ente poupar e ser previdente sem deixar de aproveitar a vida. Pode dosar trabalho e lazer sem prej udicar seu desem penho profissional. O m odo com o fazer isso é o que vam os considerar neste capítulo.

O segredo é poupar nos gastos que não contribuem para sua qualidade de vida e fazer um bom planejamento financeiro.

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O segredo é o planej am ento

Planej am ento financeiro é o processo de gerenciar seu dinheiro com o obj etivo de atingir a satisfação pessoal. Perm ite que você controle sua situação financeira para atender necessidades e alcançar obj etivos no decorrer da vida. Inclui program ação de orçam ento, racionalização de gastos e otim ização de investim entos.

Um bom planej am ento pode fazer m ais por seu futuro do que m uitos anos de trabalho e, em geral, é o diferencial entre sonhadores e realizadores. Mesm o um aventureiro que pretende dar a volta ao m undo tom ando caronas deve ter, no m ínim o, um plano para fazer seu desej o dar certo.

O planej am ento não visa apenas ao sucesso m aterial, m as tam bém pessoal e profissional. Pessoas m uito endividadas perdem oportunidades na carreira por não poder correr riscos.

Se você for organizado com suas finanças e fizer reservas, poderá trabalhar tam bém porque quer, e não som ente porque precisa. Terá m ais chances de enriquecer seu currículo com trabalhos no exterior, se esse for seu obj etivo. Tam bém poderá se dar ao luxo de passar algum a tem porada sem trabalhar, só estudando, por exem plo.

Planejar possibilita que você assuma as rédeas de sua vida e guie-a para o caminho que mais o agradar.

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Por que devo planej ar?

Com o planej am ento, você passa a gastar de acordo com suas possibilidades e pode com eçar a poupar tam bém . É claro que ninguém gosta de controlar os gastos, m as é im portante saber que todas as pessoas têm gastos controlados – se não é pela vontade, é pela im possibilidade de crédito.

É falsa a afirm ação de que alguém pode gastar m ais do que ganha. A partir do m om ento em que essa pessoa passar a possuir dívidas superiores a seus ganhos, ela deixará de ter crédito e ficará im possibilitada de consum ir ainda m ais. Um a vez esgotado o lim ite do crédito, a pessoa tem que devolver o valor e, ainda, pagar os j uros decorrentes.

Crédito sem planej am ento é fonte de futuras dores de cabeça, m as pegar dinheiro em prestado nem sem pre é um problem a. Quando utilizam os o crédito de form a planej ada podem os m elhorar nossa vida e até econom izar. É o caso de alguém que com pra a casa própria e consegue deixar de pagar aluguel ou de alguém que substitui a velha geladeira por um a nova, m ais econôm ica, e que, m esm o pagando j uros de um financiam ento, consegue econom izar.

Há m uitos casos tam bém em que o crédito nos aj uda a realizar um sonho ou nos apoia em um a em ergência. No m ercado existem vários tipos de crédito, cada um indicado para um a situação específica. O cham ado cheque especial é um exem plo: ele serve para nos apoiar em um a em ergência. Só que com o é m uito caro, assim que o problem a é resolvido é necessário cobrir o em préstim o com as reservas ou com outro crédito m ais barato, com o o consignado.

Lem bre-se: por trás de todo devedor existe um credor que ganha o j uro pago. E você prefere ser qual dos dois no j ogo econôm ico: um pagador de j uros ou um ganhador de j uros?

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Um passo após o outro

O planej am ento financeiro deve funcionar com o um m apa de navegação para a vida financeira. Mostra onde você está, aonde quer chegar e que cam inhos percorrer para ser bem -sucedido. Assim , para com eçar essa j ornada, leia e siga os seis passos:

JUROS

É o rendim ento do dinheiro em prestado e representa o custo de sua posse. Rem uneração destinada a pagar ao capitalista o serviço que presta ao devedor.

A HORA É AGORA

Um erro que a m aioria das pessoas com ete é fazer o planej am ento financeiro som ente quando está endividada. Nessa situação, o planej am ento necessariam ente im plica cortes e gera situação de desgaste fam iliar.

O ideal é fazer o planej am ento financeiro quando estam os sem problem as. Quando a situação não é de crise, o plano visa redirecionar os gastos para aquilo que realm ente pode m elhorar sua vida.

E o investim ento para o futuro é apenas um dos itens que aj udam a fazer isso acontecer. Investir perm ite ter tranquilidade e paz de espírito, m as, ao m esm o tem po, tam bém faz bem planej ar para fazer sobrar dinheiro para um a viagem , para a com pra da casa, para a troca do carro...

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1. Determ ine sua situação financeira atual 2. Defina seus obj etivos

3. Crie m etas de curto prazo para cada obj etivo 4. Avalie a m elhor form a de atingir suas m etas 5. Coloque em prática seu plano de ação 6. Revise as estratégias.

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1º PASSO

DETERMINE SUA SITUAÇÃO FINANCEIRA ATUAL

Faça um levantam ento de tudo o que tem e coloque na ponta do lápis suas receitas e despesas m ensais.

1.1 Balanço Patrim onial

Faça um a tabela com duas colunas e liste todos os seus ativos e passivos. Depois, faça a conta ativos m enos passivos para obter o valor de seu patrim ônio líquido, com o m ostra o exem plo a seguir:

ATIVOS

PASSIVOS

Bens

Dívidas

Dinheiro

vivo

R$

...

Empréstimo

imobiliário

Conta-corrente

R$

...

Financiamento

de carro

Caderneta de

poupança

R$

...

Empréstimo

bancário

Fundos de

investimentos

R$

...

Dívidas em

lojas

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Ações

R$

...

Dívidas com

particulares

Participação

em empresas

R$

...

Cartão de

crédito

Clubes de

investimentos

R$

...

Cheques

especiais

Planos de

previdência

R$

...

R$

...

R$

...

Títulos

públicos

R$

...

TOTAL DO

PASSIVO

Debêntures

R$

...

(47)

Outros ativos

financeiros

R$

...

Patrimônio Líquido

O quanto eu tenho

de fato

Veículos

R$

...

Casa própria

R$

...

Ativos –

passivos

Casa de

praia

R$

...

Sítio

R$

...

Outros

imóveis

R$

...

TOTAL

R$

...

ATIVOS - PASSIVOS = Patrim ônio Líquido Meus bens e direitos Minhas dívidas O que sobrou R$...R$...R$...

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ATIVOS

Direitos e bens adquiridos

PASSIVOS

Deveres ou dívidas contraídas

Na prática | ATIVO OU PASSIVO?

Na contabilidade tradicional, um ativo é todo bem ou direito que um a pessoa possui. Contudo, para o autor am ericano Robert Kiy osaki, os ativos que geram despesas são, na verdade, passivos ou falsos ativos. Entram na lista dos falsos ativos a sua casa, o barco, o sítio e todos os outros bens que tiram dinheiro do seu bolso. Claro que, quando você coloca seu barco ou casa para alugar, e passa a gerar receita, logo se torna um ativo. Independentem ente da classificação que você der a seus bens, o im portante é com eçar a adquirir e m anter aqueles ativos que não geram m ais contas a pagar, m as que deem dinheiro para você, com o investim entos em títulos e ações, por exem plo.

Ao contrário do que Kiy osaki defende em sua teoria, um a casa pode ser considerada um ativo, pois perm ite que o proprietário deixe de pagar aluguel – o que, na prática, é um a renda. Mas se essa casa for im ensa e m uito m aior do que as necessidades do dono, ela vai gerar m uito m ais custos do que o necessário.

“Um ativo é algo que põe dinheiro em meu bolso e um passivo é algo que tira dinheiro de meu bolso.”

ROBERT KIYOSAKI.

Vam os tentar novam ente, seguindo Kiy osaki?

Depois que fizer o balanço patrim onial, vej a se você está no verm elho. Se esse for o caso, confira as perguntas que deve responder para encontrar um a form a de sair da situação.

(49)

Na prática | LIQUIDEZ DOS ATIVOS

Um apartam ento é considerado um ativo porque representa investim ento do proprietário. Ainda assim , um im óvel é um ativo de baixa liquidez . Isso significa que, para converter seu valor novam ente em dinheiro, é necessário um prazo m aior. Se você decide vender sua casa, por exem plo, terá que esperar para conseguir um com prador disposto a pagar o valor que desej a.

Já um carro é considerado um ativo de m édia liquidez. Afinal, com parado com a venda de um im óvel, levará m enos tem po para conseguir um com prador, em bora o negócio possa levar alguns dias ou sem anas. De tem pos em tem pos, é im portante observar, principalm ente, se a valorização de todos os seus ativos está acim a das taxas de inflação, um dos principais agentes de corrosão do patrim ônio.

1.2 Orçam ento fam iliar

Após realizar o levantam ento de patrim ônio, a próxim a etapa é descobrir para onde vai o seu dinheiro. Para isso, elabore um orçam ento fam iliar, que nada m ais é do que um plano de gastos e poupança. Com ece “fazendo um film e” de suas receitas e despesas durante o m ês.

Mesm o que isso pareça tarefa um tanto desagradável, elaborar um orçam ento é necessário porque todo m undo tem gastos controlados. Se você não tiver dom ínio sobre seu fluxo de caixa, ficará desorganizado financeiram ente. Pessoas que não têm dom ínio sobre suas receitas e despesas norm alm ente cedem esse controle a outra pessoa.

Em geral, quem controla o orçam ento dos desorganizados é o gerente do banco. Ele concede crédito até o valor de quatro ou cinco vezes a receita m ensal do cliente. Quando a dívida atinge esse lim ite, ele diz ao proprietário da conta que o crédito acabou. Nesse estágio, a pessoa entrega quase 20% do que ganha para pagar j uros. Se deixar que isso aconteça com você, acabará se tornando m ais um escravo do sistem a financeiro.

Mas, antes de culpar o banco, saiba que essas instituições nada m ais fazem do que tom ar dinheiro em prestado de quem poupa e em prestar para quem deve. Além do m ais, os bancos pertencem a m ilhares de pessoas, que são os acionistas dos bancos. Se você acha que os bancos ganham m uito, com pre as ações de um banco. No Capítulo 6, vam os ver com o é sim ples.

FLUXO DE CAIXA Entradas e saídas de capital.

(50)

Organizar as contas tam bém m ostra a real dim ensão de sua saúde financeira e quais são seus hábitos de consum o. Possibilita que você dim inua seus gastos ao cortar desperdícios e pagam ento de j uros e poupe para investir em você. Ao colocar tudo no papel, você pode ter um a agradável surpresa e descobrir que tem m ais dinheiro do que im agina.

Para com eçar um orçam ento, descubra, prim eiro, o valor total de sua renda. Depois, faça um a estim ativa de seus gastos. Discrim ine as despesas que você tem todo m ês (fixas) e as despesas eventuais (variáveis). Ou então, se preferir, divida seus gastos por categorias, com o m oradia, alim entação, transporte, saúde, educação, lazer/inform ação e gastos futuros. Vej a, a seguir, um m odelo sim plificado.

CONTROLE DE ORÇAMENTO FAMILIAR

RECEITAS

Salários

Receitas extraordinárias

Subtotal

R$...

R$...

R$...

DESPESAS

MORADIA

Aluguel/impostos

Condomínio/prestação da

casa

R$...

R$...

R$...

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Conta de luz/água/gás

Telefone

Consertos/manutenção

R$...

R$...

ALIMENTAÇÃO

Supermercado

Feira/sacolão

R$...

R$...

TRANSPORTE

Prestação do carro/seguro

Combustíveis/estacionamento

Impostos

Ônibus/metrô/trem

R$...

R$...

R$...

R$...

SAÚDE

Plano de saúde

Médicos/dentistas

Farmácia

R$...

R$...

R$...

EDUCAÇÃO

Mensalidades escolares

R$...

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Cursos extras –

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Despesas total)

O balanço é como um foto, que registra um momento da sua vida. O fluxo de caixa é como um filme do que está acontecendo nas suas finanças.

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Por que não?

Vej a as desculpas m ais com uns que as pessoas dão para não controlar o orçam ento.

Meu m arido ou m inha esposa não colabora Não tenho tem po

Não sei com o fazer um orçam ento Não preciso controlar m eus gastos

Com o vim os no início do capítulo, é com um que as pessoas com ecem a organizar seus orçam entos dom ésticos som ente em tem pos de crise financeira. Em geral, essas anotações são abandonadas em um canto da casa assim que a situação da fam ília m elhora.

Não deixe para com eçar a organizar suas finanças quando estiver no verm elho. Relacione esse seu obj etivo de organizar-se a algum a coisa boa, da qual toda a fam ília possa tirar proveito. Que tal com eçar a anotar os gastos e poupar para as férias ou para um a viagem ?

Você sabia?

Poucos brasileiros têm o hábito de colocar no papel suas receitas e despesas. Em geral, as pessoas da classe m édia, quando solicitadas a dizerem para onde vai o salário, só conseguem se lem brar de aproxim adam ente 80% daquilo que gastam , ou sej a, não conseguem discrim inar cerca de 20% de suas despesas. Quando as pessoas com eçam a anotar os gastos, j á costum am reduzi-los em cerca de 12%. Isso acontece porque o ato de anotar faz você pensar duas vezes antes de gastar.

É norm al acabar esquecendo algum item de despesa nessa lista. São os fam osos gastos extras. É aquele estacionam ento no shopping, o cafezinho na padaria no fim de tarde ou a entrada do cinem a. Em geral, você deixa de anotá-los porque, separadam ente, não têm m uito peso, em bora façam diferença no final do m ês. Um a dica: faça um a listinha separada dos gastos pequenos durante um a ou m ais sem anas e os acrescente a seu controle de orçam ento no fim do m ês.

Esses pequenos gastos nem sem pre devem ser cortados do orçam ento. Eles m uitas vezes são fundam entais para m anter a saúde em ocional. O que você

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precisa cortar são os gastos com os itens com m enor custo—benefício – aqueles que não geram qualidade de vida na m esm a proporção do trabalho que você despende para poder com prá-los.

Se você não tiver tem po para seu nam orado ou para sua nam orada, acabará sozinho. Com o dinheiro, funciona do m esm o j eito. Lem bre-se: o dinheiro é um “ser” carente, e vai para a m ão de quem cuida bem dele. Se você não fizer isso, outro fará.

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Com o você está?

Depois de detalhar todo seu orçam ento, calcule a diferença entre receitas e despesas e vej a qual é a sua situação.

Sinal verde | RECEITAS MAIORES QUE DESPESAS

Parabéns! Você faz parte de um a m inoria. Aproveite para investir o dinheiro que sobra no fim do m ês! Porém , lem bre-se: gastar m enos do que ganha é poupar, m as só poupar não resolve. Você precisa investir bem o seu dinheiro. Os próxim os capítulos deste livro trazem as inform ações de que você precisa para com eçar a m ultiplicar sua poupança.

Sinal am arelo | RECEITAS IGUAIS A DESPESAS

Fique atento. Procure form as de fazer sobrar e com ece a rever seu orçam ento.

Sinal verm elho | RECEITAS MENORES QUE DESPESAS

Atenção! Você gosta de viver perigosam ente. Tom e m edidas urgentes para deixar de pagar j uros e saia j á do verm elho.

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Hora dos aj ustes

Se você estiver no sinal am arelo ou verm elho, precisará m exer nos gastos. Prim eiro, converse com sua fam ília e vej a se há desperdício em contas com o luz, água ou telefone. Analise tam bém se vocês gastam dem ais em viagens, restaurantes, roupas e cinem a. Elim ine com pletam ente tudo aquilo que não contribui para sua qualidade de vida. Entre esses gastos está o pagam ento de j uros, que corrói sua renda e seu patrim ônio.

Tom e um cuidado especial com os gastos que você faz para obter status. Com o vim os, status é um a form a de respeito da sociedade para com seus indivíduos. Porém , o verdadeiro status advém daquilo que som os e não daquilo que tem os. Lógico que, se você tem um carro m uito caro, um escritório belíssim o e se veste com roupas de grife, as pessoas tendem a tratá-lo m elhor. Tente com preender quais as consequências para sua vida em gastar m uito tem po tentando ganhar dinheiro para com prar esses sím bolos exteriores de riqueza.

Referências

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