R e v is t a d a S o c ie d a d e B r a s ile ir a d e M e d i c in a T r o p ic a l 2 1 ( 2 ) : 77, A b r -J u n , 1 9 8 8 .
C O M U N IC A Ç Ã O
O C Ã O C O M O M O D E L O E X P E R IM E N T A L P A R A O
E S T U D O D A H IS T Ó R IA N A T U R A L D A
D O E N Ç A D E C H A G A S
W. L. Tafuri, M. de Lana, E. Chiari, M.V. Caliari, E.A. Bambirra, V.H.
Rios-Leite e A. J. A Barbosa
A té o m om ento, a história natural da doença de Chagas, experimental e humana, não se completou, pois são inúm eros o s fatores p atogen éticos a serem ainda com preendidos, n o p ressu posto de que, d esse m od o, se p o ssa chegar a um esclarecim en to das form as anato-m oclínicas da doença. C o anato-m o n eanato-m tod o s os fatores p atogenéticos podem ser estudados diretam ente no hom em , tem -se procurado exaustivam ente um m o d elo experim ental que reproduzisse com fidelidade as form as anatom oclín icas observadas n o hom em , esp e cialm ente, a form a cardíaca fibrosante grave evolutiva e /o u form a d igestiva (m egasôfago e m egacolo). P elo fato de não se poder extrapolar d ad os, n o sentido de se fazer'u m a b o a correlação d o s dados experim entais com o que acon tece na in fecção hum ana, até o m om en to, na v a sta literatura pertinente ao assunto n ão se encontrou o m od elo ideal.
A o que parece, dentre tod os os anim ais p esq ui sados até agora (cam undongos, coelh os, ratos, cobaias, prim atas), o cã o seria o m o d elo m ais próxim o do alm ejado, p ois, d esen vo lve adequadam ente a fase aguda e indeterm inada em tudo sem elh an te àquela observada no hom em .
T o d av ia a fase crônica da doen ça n este anim al, evolu in do para a form a cardíaca grave, fibrosante, co m sinais e sintom as da IC C e com alterações eletrocardiográficas bem co m o a form a d igestiva, ainda não foi suficientem ente padronizada, ou seja, aproxim ando-se o m ais p ossível daquela observada no h om em .
A p ó s 8 an os de experim entos com cã es de raça
pura (P in cher) e cã es bastardos jo ve n s in ocu lados intraperitonealm ente com inócu lo b aix o das cep as C olom biana e B eren ice 7 8 , o n o sso grupo d e p esqui sadores pode dizer que o cã o p arece ser o m od elo adequado para o estudo d a história natural da d oen ça de C h agas que m ais se aproxim a d a d o hom em , p ois preenche todos os requisitos estab elecid os p elo C om itê de D o e n ç a s de C hagas do Program a E sp ecia l de Treinam ento e P esq u isa de D o en ça s Parasitárias da O M S .
D e fato, cã es por n ó s u tilizad os com os referidos in ócu los perm item o isolam en to do parasito ao longo da in fecção (4 cã es por ex. tem xen o p ositivo d ep ois de
8 anos de infecção); apresentam reações sorológicas p ositivas (IM direta, Ig G e IgA ) indicativas da p ersistên cia da infecção; apresentam m an ifestações clín icas da d oen ça (4 cã es até agora m ostraram sinais da IC C e um teve m orte súbita, com quadro anato m opatológico com p atível com a cardiopatia crônica fibrosante, com p resença de esca sso s parasitos evi d en ciados p elo P A P ); d esen vo lvem a cardiopatia grave evolu tiva, co m tod os o s elem en tos p atológicos, em tudo sem elhante a cardite crônica h u m ana(epicar-dite, endocarana(epicar-dite, m iocarana(epicar-dite, fibrose, ganglionite, periganglionite, etc.) e in duzem resp osta im une contra tecid o do h osped eiro (A c antineurônios e antimús-cu los evid en ciad os p ela IM ).
A té o m om en to, n ão foram observadas altera çõ es m acro e m icroscóp icas, n o tubo d igestivo, com p atíveis com as d escritas na form a d igestiva da doença.
D epartam ento de C iências Biológicas da U niversidade F e d eral de O uro P reto
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