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Potencialidades e limitações no trabalho em parceria

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Envelhecimento activo. Um novo paradigma

Potencialidades e limitações no trabalho em

parceria

Tiago Carrilho

Edição electrónica URL: http://journals.openedition.org/sociologico/1700 DOI: 10.4000/sociologico.1700 ISSN: 2182-7427 Editora

CICS.NOVA - Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Universidade Nova de Lisboa Edição impressa

Data de publição: 1 Janeiro 2007 Paginação: 117-125

ISSN: 0872-8380

Refêrencia eletrónica

Tiago Carrilho, « Potencialidades e limitações no trabalho em parceria », Forum Sociológico [Online], 17 | 2007, posto online no dia 01 janeiro 2007, consultado o 05 maio 2019. URL : http://

journals.openedition.org/sociologico/1700 ; DOI : 10.4000/sociologico.1700

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Sociológico

POTENCI ALI DADES E LI MI TAÇÕES NO TRABALHO EM PARCERI A

Tiago Carrilho

Univer sidade Aber t a, Pr ofessor Auxiliar ( t car r ilho@univ- ab.pt )

Resumo

O t rabalho em par cer ia r evela pot encialidades que induzem a pr oxim idade de act or es, ou sej a, cult ura de par cer ia, visão sist ém ica da r ealidade e visão t er r it or ial das acções. Obser vam - se igualm ent e lim it ações iner ent es à concepção da par cer ia, à cult ura or ganizacional e ao am bient e ext er no a est e t ipo de pr ocessos. Est as for m as de acção conj unt a induzem um a det er m inada com binação de r ecur sos e r espect iva pr odução de r esult ados em t er m os de sust ent abilidade dos pr oj ect os, abor dagem de cidadania e ar t iculação de acções de inser ção e inclusão.

Pa la v r a s- ch a v e : Par cer ia; I nt egração Social; Pr om oção do Em pr ego.

Abstract

Abst ract : Par t ner ship w or k r eveals pot ent ials t hat generat e agent «pr oxim it y», such as t he par t -ner ship cult ur e, syst em ic view s of r ealit y and a t er r it or ial appr oach t o act ion. We can also obser ve lim it at ions t hat ar e inher ent t o par t ner ship const r uct ion, or ganisat ion cult ur e and par t ner ship ex-t er nal conex-t exex-t . These specifi c j oinex-t acex-t ions pr om oex-t e, ex-t o a cer ex-t ain degr ee, com binaex-t ions of r esour ces and it s consequent out com es like pr oj ect sust ainabilit y, cit izenship appr oach and ar t iculat ion of inser t ion and inclusion int er vent ions.

Ke y w or ds: Par t ner ship; Social I nt egrat ion; Em ploym ent Pr om ot ion

I nt r odução

Con sider a- se a par cer ia com o o pr ocesso at ravés do qual dois ou m ais act or es se r elacionam com base em pressupost os- chave que t êm t radução na dinâm ica de det er m inado pr oj ect o ( Car r ilho, 2006: 283) .

Na p r im eir a com p on en t e d o con ceit o, os

pressupost os- chave correspondem ao que est á

sub-j acent e à realidade concret a da parceria em t erm os de int ervenção, ist o é, const it uem elem ent os- base na relação ent re act ores que possibilit am a negociação e art iculação de diferent es int eresses com vist a à defi -nição e concr et ização de obj ect ivos, t ar efas, r esul-t ados e pr ocessos de avaliação. Os pr essuposesul-t os-- chave na r elação ent r e act or es dizem r espeit o à nat ur eza diver sa dos par ceir os ( confor m e o t ipo, ár eas de t rabalho, m ot ivações, obj ect ivos, peso fi nanceir o…) , ao t rabalho conj unt o apoiado na deli-m it ação geogr áfi ca e na delideli-m it ação por pr oj ect o, e à pr edisposição para negociar e agir na base da

m udança. A est a pr edisposição e à nat ur eza dos act or es colect ivos est á associada um a “ cult ura” de parceria específi ca a cada um a das inst it uições e res-pect ivos r epr esent ant es envolvidos no pr oj ect o.

Os agent es envolvidos est abelecem r elações com a int enção de int er vir no local at ravés da con-cepção e desenvolvim ent o de pr oj ect os. Assim , a r elação ent r e act or es, na base de pr essupost os-chave, t em t radução pr át ica na int er venção cuj a

din âm ica con sist e n a in t er acção dos segu in t es

elem ent os:

Clarifi cação e defi nição de obj ect ivos de cada inst it uição, do pr oj ect o e dos obj ect ivos e m et as específi cas;

Desenvolvim ent o do diagnóst ico;

Defi nição e concr et ização de t ar efas que possibilit am o alcance dos obj ect ivos com base na disponibilização e part ilha de recursos hum anos, fi nanceir os e m at er iais;

Defi nição e aplicação da avaliação de r esul-t ados e pr ocessos.

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Sociológico

lidades da par cer ia; 2) Lim it ações da par cer ia, e 3) Result ados dos pr ocessos de par cer ia.

Pot encialidades da par cer ia

Na análise das pot encialidades associadas à parceria, t em os a preocupação de salient ar dois aspect os: condições subj acent es a t odo o processo ( quadro 1) e funcionam ent o da parceria para a ut i-lização de recursos ( quadro 2) .

Desenvolvimento de uma cultura de parceria

No desenvolvim ent o de um a cult ura de parceria, a inst it uição- parceira não é considerada um concor-r ent e ou m esm o que, em ceconcor-r t a m edida, o sej a, não const it ui um fact or det er m inant e m as secundár io. Por pr incípio, não se visa nem a disput a de espaço geográfi co e social de int ervenção, nem a disput a de recursos fi nanceiros m as sim a sua obt enção at ravés do esfor ço conj unt o de candidat ura a pr ogram as com unit ár ios ou nacionais.

O a ct o r - p a r cei r o n ã o é co n si d er a d o u m “ est ranho”, pois im por t a conhecer a sua nat ur eza. Pr essupõe se um a pr edisposição para ouvir e com -pr eender ( apelo à em pat ia) , a-pr eender -pr oblem as, lim it ações, capacidades e agir em confor m idade com est e conhecim ent o.

( falt a de clar ifi cação de funções de cada gr upo e/ ou t rabalhador, fraca aut onom ia dos t écnicos pot en-cialm ent e m em br os de par cer ias) .

Visão sistémica e complexa da realidade

A par cer ia incor pora um a nova v isão do co-nhecim ent o e da ciência com a adopção do pa-radigm a da com plex idade. Recu sa- se a an álise isolada das par t es e a r elação causa- efeit o uní-v oca em cont ex t os at em porais. Ex ist e um a opção t endencial pela análise sist ém ica, bem com o pela ex plicação causal com base em m últ iplas det er m i-nações e r efer ida a um cont ex t o espaço- t em poral específi co.

I ncorporando est a nova visão do conhecim ent o e da ciência, a par cer ia sur ge com o um a das vias de enriquecim ent o da t eoria at ravés da em piria. No diagnóst ico part ilhado, a com plexidade do real induz o cruzam ent o de diferent es perspect ivas académ icas, pondo em debat e elem ent os adquir idos por cada disciplina ( conceit os, r elações t eór icas, pr incípios m et odológicos, aplicação de m et odologias quant i-t ai-t ivas e/ ou qualii-t ai-t ivas) e culi-t uras insi-t ii-t ucionais diver sas ( gest ão de r ecur sos hum anos, liderança, form as de t rabalho, hierarquias) . No desenrolar das acções, a m ediação apr oxim a t écnicos e agent es concret os para relat ivizar a “ dist ância” ent re a t eoria Qu a dr o 1  Pot encialidades das par cer ias em t er m os das condições subj acent es a t odo o pr ocesso

Pot encialidades I deias- chave

Desenvolvim ent o de um a cult ura de par cer ia

Pr edisposição para com pr eender e apr eender pr oblem as, lim it ações e capaci-dades das inst it uições- par ceiras;

Predisposição para agir em conform idade com est e conhecim ent o com o int uit o de ident ifi car e desenvolver siner gias e int er esses em com um .

Visão sist ém ica e com plexa da r ealidade

Par cer ia com o um a das vias de enr iquecim ent o da t eor ia at ravés da em pir ia, com base no diagnóst ico par t ilhado, no desenvolvim ent o das acções e na par t ilha de infor m ações.

Visão t er r it or ial das acções

Trabalho com base em pr oj ect os delim it ados geografi cam ent e e por gr upos-alvo;

As int er venções pr ocuram apr oxim ar- se do quot idiano e dos pr oblem as dos indivíduos, r efor çando assim a sua ident idade local.

Podem exist ir, à par t ida, aspect os em com um e os pont os diver gent es podem deixar de o ser no fut ur o. A cult ura de par cer ia im plica um a pr edispo-sição pragm át ica para conhecer t odas as inst it uições em conj unt o, com o int uit o de descobr ir possibi-lidades de siner gia, nom eadam ent e em t or no da par t ilha de r ecur sos, da ar t iculação de t ar efas e da com pat ibilização de obj ect ivos.

Em função da pr edisposição para conhecer os out r os act or es, a inst it uição- par ceira pr ocura adapt ar- se t irando part ido do conhecim ent o sobre os seus pr ópr ios pr oblem as or ganizat ivos e inst it ucio-nais, a diversos níveis: t ipo de liderança ( aut orit ária,

e a prát ica ( Georis, 1992: 22) e a própria int ervenção apr ofunda o diagnóst ico inicial: “ a exper iência do Pr ogram a Pobr eza I I I ensinou- nos quão invisíveis são algum as necessidades, m as t am bém , fr equen-t em enequen-t e, quão invisíveis são as pessoas em siequen-t uação de car ência.” ( Rodr igues, 1996: 31)

A part ilha de inform ações pode verifi car- se num cir cuit o “ nor m al” ( infor m ação quant it at iva, quali-t aquali-t iva, secquali-t or ial, nor m aquali-t iva) e sobr e as acquali-t ividades t radicionais de cada par ceir o ( obj ect ivos, t ar efas, recursos fi nanceiros, grupos- alvo habit uais, proces-sos de avaliação) , sendo essencial na fase prelim inar para um aum ent o da confi ança e conhecim ent o

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Sociológico m út uos e para um diagnóst ico m ais r ico. A m esm a

sit uação se aplica no decor r er do pr ocesso “ [ …] os par t icipant es t or naram - se m ais aguer r idos na confr ont ação dos pr oblem as e cr iaram - se noções colect ivas do que const i-t uir iam r esposi-t as adequadas. Um benefício evident e dest e pr ocesso foi a int r odução de m udanças nas organizações dos próprios par-ceir os.” ( Rodr igues e St oer, 1998: 52)

Est a visão sist ém ica da r ealidade or igina um princípio fundam ent al da parceria: a nat ureza com -plexa do problem a im plica um a acção int erdisciplinar e int er inst it ucional um a vez que “ [ …] a par cer ia é a expressão inst it ucional do caráct er m ult idim ensional dos pr oblem as.” ( Cost a, 1998: viii) .

Visão territorial das acções

Sob a per spect iva sect or ial pr evalece a apli-cação de um conj unt o de nor m as iner ent es a um sect or ( ex: Minist ério) , relat ivam ent e independent e da ár ea geogr áfi ca de act uação, das cat egor ias específi cas das populações- alvo e dos pr oj ect os concr et os. Sob a m esm a lógica, considera- se que o act or é hom ogéneo, não t em um a ligação ident i-t ária ao local onde vive. Os aci-t ores locais não esi-t ão capacit ados para gerirem os seus próprios recursos e, assim , não sat isfazem as suas necessidades de for m a m inim am ent e aut ónom a.

cases w h er e socio- econ om ic an d cu lt u r al char act er ist ics ar e such t hat t he act ion has is ow n ident it y and w hen t he local populat ion has st r ong t ies t o it s ar ea and a st r ong sense of belonging. ” ( Est iv il et al. , 1994: 13)

No espaço vivido ( Fr ém ont , 1980) , quer os agent es par ceir os, quer os gr upos- alvo, r evelam j uízos valorat ivos afect ivos e racionais na apreensão do espaço em que se relacionam . Est a vivência est á, igualm ent e, iner ent e à int er venção que envolve am bos os t ipos de act or es: as pr eocupações de cidadania e int egração social elevam o sent im ent o de per t ença a det er m inado “ lugar ”.

A v isão t er r it or ial das acções im plica ainda a con sid er ação d a r ealid ad e con cr et a em q u e v iv em os indiv íduos. As int er v enções pr ocuram apr oxim ar- se do quot idiano das pessoas ( Lopes, 1995: 276) , focando a at enção nos seus pr oblem as espaç t em porais específi cos, com base em pr o-j ect os delim it ados.

Eficiência dos projectos

A efi ciência relaciona recursos com result ados. Um processo é efi cient e se os result ados esperados são at ingidos com m enos recursos, ou se os m esm os r ecur sos per m it em at ingir m elhor es r esult ados.

Par t e- se do pr incípio que sem dinâm icas de par cer ia os m esm os r ecur sos ut ilizados por vár ios agent es de for m a disper sa ( apenas no seu cam po

Qu a dr o 2  Pot encialidades da par cer ia no funcionam ent o para a ut ilização de r ecur sos

Pot encialidades I deias- chave

Efi ciência dos pr oj ect os

Par t e- se do pr incípio que sem dinâm icas de par cer ia os m esm os r ecur sos ut ilizados por vár ios agent es de for m a disper sa ( apenas no seu cam po de acção habit ual) geram , event ualm ent e, pior es r esult ados do que se for em ut ilizados de for m a conj unt a.

Dest ecnicização do t rabalho conj unt o

Valor ização das com pet ências r elacionais no t rabalho conj unt o;

Ut ilização da «t ecnicidade» de for m a aber t a, visando o est abelecim ent o de um a linguagem com um adapt ada aos obj ect ivos do pr oj ect o.

Avaliação par t ilhada

Elem ent o pr incipal do m ovim ent o r et r oact ivo da dinâm ica;

Pr incípios: «m edição» e com paração da efi ciência e da efi cácia, não apenas de nat ur eza económ ica; avaliações fr equent es e em conj unt o; par t ilha de infor m ações; aut onom ia.

Sob a per spect iva t er r it or ial, as acções desen-volvem - se com base num pr oj ect o “ concr et o” e “ m uit o lim it ado” ( Geor is, 1992: 23) e no âm bit o de um a ár ea geogr áfi ca delim it ada e de gr upos- alvo a ela pert encent es. Na condução das acções procura- se t irar part ido da ident idade local que envolve parceiros e populações- alvo:

“ [ …] t he furt her you go dow n t he t errit orial scale … , t he gr eat er t he r eal inv olv em ent of t he v ar ious par t ner s is … especially in t hose

de acção habit ual) geram , event ualm ent e, pior es r esult ados do que se for em ut ilizados de for m a conj unt a. Por exem plo, a ut ilização não par t ilhada de recursos logíst icos difi cult a o seu uso para out ras act ividades. Nout ra vert ent e, os esforços de form a-ção podem cent rar- se em cont eúdos program át icos desaj ust ados face aos r ecur sos hum anos de cada inst it uição.

Em pr ocessos de par cer ia, os m esm os r ecur-sos podem pr oduzir m elhor es r esult ados do que se for em ut ilizados por cada inst it uição de per si.

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Sociológico

ser desenvolvido nas inst alações de um cent r o de em pr ego ou da segurança social, enquant o que a for m ação pr át ica pode ser pr oduzida nas secções em pr esar iais on de os f or m an dos t êm con t act o dir ect o com as infraest r ut uras t écnicas. Se houver um a cor r ect a defi nição de funções, os r ecur sos hum anos não são ut ilizados a t em po int eir o para um a só t ar efa; por exem plo, o t rabalho conj unt o e ar t iculado de acom panham ent o desde a selecção at é ao pós- est ágio pode proporcionar um a ut ilização m ais efi cient e dos recursos em presariais ( t écnico de r ecur sos hum anos e t écnico especialist a) , públicos ( t écnico de em pr ego e assist ent e social) e associa-t ivos ( anim ador social) ; o conassocia-t ribuassocia-t o, em associa-t erm os de “ know- how”, dos t écnicos especialist as t orna, even-t ualm eneven-t e, m ais efi cieneven-t e a defi nição de pr ogram as e cont eúdos específi cos, pr ogram a de est ágio e condições t écnicas de int egração pós- est ágio.

Destecnicização do trabalho conjunto

Na especialização de com pet ências, cada pr o-fi ssional det ém conhecim ent os especío-fi cos a um a ár ea disciplinar em t er m os concep t uais, t eór icos e t écnicos e, sim ult aneam ent e, aplica habit ualm ent e os seus conhecim ent os na observação e acção sobre um a det er m inada dim ensão da r ealidade.

A dest ecnicização do t rabalho conj unt o assum e duas form as. A perspect iva int erdisciplinar adopt ada exige aos t écnicos, prim eiro, a valorização das com -pet ências relacionais no t rabalho conj unt o, ou sej a, o “ saber est ar ” apr oxim a os indivíduos na base da com ponent e afect iva- pessoal das int eracções; em segundo lugar, exige a cada t écnico a ut ilização da sua “ t ecnicidade” de for m a aber t a, visando o est a-belecim ent o de um a linguagem com um adapt ada aos desafi os efect ivos em t er m os, por exem plo, das necessidades socioeconóm icas por sat isfazer, do t rabalho com grupos- alvo específi cos, do t ipo de avaliação exigida ou da event ual r efor m ulação das at r ibuições de cada t écnico. Segundo Rodr igues e St oer, a linguagem com um facilit a a dinâm ica da par-ceria prom ovendo a com unicação inform al e regular ent r e par ceir os ( Rodr igues e St oer, 1998: 53) .

As t écnicas não const it uem um obj ect ivo em si que se “ im por t a” ou “ im põe” do ext er ior. Na cr ia-ção de “ zonas de int er disciplinar idade”, a at enia-ção cent ra- se não nas t écnicas m as nos princípios orien-t adores, grupos-alvo, obj ecorien-t ivos com uns e proj ecorien-t os a lançar. Os esforços de art iculação exigem capacidade de negociação ent re diferent es t écnicos para at ingir obj ect ivos específi cos via t ar efas concer t adas.

A d est ecn icização d o t r ab alh o con j u n t o e a capacidade de negociação facilit am o m elhor conhecim ent o m út uo e um a m aior per sonalização na relação ent re t écnicos. Assim , as m et odologias e

com uns e da ut ilização de r ecur sos para conduzir t ar efas concr et as ligadas a obj ect ivos específi cos. Para cada pr oj ect o r essalt am quest ões com o, quais as cont r ibuições disciplinar es a considerar ou quais as for m as de t rabalho conj unt o m ais adequadas ao pr oj ect o.

Avaliação partilhada

A avaliação par t ilhada const it ui o elem ent o pr incipal do m ovim ent o r et r oact ivo da dinâm ica. A avaliação de r esult ados é r ealizada em função do processo desencadeado, ist o é, em função das fases da dinâm ica ant er ior es à avaliação ( diagnóst ico inicial, obj ect ivos e t ar efas) . Podem os dist inguir dois t ipos de r et r oacção:

Ref o r m u l ação d o en q u ad r am en t o - b ase ( obj ect ivos do pr oj ect o) . A clar ifi cação e defi nição de obj ect ivos com uns const it ui o t ronco cent ral da dinâm ica de parceria que decorre, com o vim os, dos pressupost os- chave na relação ent re act ores. Se a reform ulação do enquadram ent o- base acont ece est ão em causa obj ect ivos cent rais do proj ect o o que pode result ar na event ual anulação da parceria e recom eço do processo desde o início; Refor m ulação da int er venção pr opr iam ent e dit a ( diagnóst ico, obj ect ivos específi cos e t ar efas cor r espondent es) . Por pr incípio, a avaliação dá or igem a um a r efor m ulação, m esm o que r est r it a, de alguns dest es ele-m ent os; as pr ópr ias t ar efas podeele-m r evelar novos problem as e/ ou necessidades que não t enham sido ident ifi cadas no diagnóst ico inicial; os obj ect ivos podem incor porar est e novo conhecim ent o desencadeando a r efor-m ulação das t arefas. A avaliação pode ainda dar origem a um a reform ulação aprofundada da int er venção. O enquadram ent o- base da d in âm ica, ev en t u alm en t e, n ão en con t r a correspondência na qualidade da int ervenção aos diversos níveis: o diagnóst ico poderá ser subst ancialm ent e alt erado; os obj ect iv os específi cos poder ão sur gir com o pouco cla-r os ou m esm o icla-r cla-r ealist as; pacla-r t e das t acla-r efas encont rar- se- ão dispersas e/ ou j ust apost as; no início do segundo m ovim ent o ret roact ivo, a pr ópr ia concepção da avaliação poder á, event ualm ent e, ser suj eit a a um a r efor m u-lação subst ancial.

Assim , por princípio, para um a avaliação part i-lhada do proj ect o é necessário um t rabalho conj unt o dos par ceir os, pelo m enos, a cinco níveis:

Negociação e defi nição do m odelo de avaliação m ais adequado por form a a, prim eiro, “ m edir”

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Sociológico a efi ciência e efi cácia de cada act ividade ou

do pr oj ect o e, segundo, com par á- las ( no caso de se cr uzar em vár ios pr oj ect os) ; Aceitação do princípio que a efi ciência e a efi cá-cia não são apenas de caráct er económ ico; Aceit ação do pr incípio das avaliações fr e-quent es e em conj unt o;

Aplicação do pr incípio da par t ilha de infor-m ações ao longo de t odo o pr ocesso; Aut onom ia para r eagir a event uais insufi ci-ências apont adas pela dinâm ica avaliat iva, podendo m esm o im plicar, para além da refor-m ulação de t arefas e obj ect ivos do proj ect o, alt erações nas or ganizações de or igem dos par ceir os.

Lim it ações da par cer ia

Nest e pont o adopt am os um esquem a sem e-lhant e ao do pont o ant er ior. Analisam os assim as condições subj acent es a t odo o pr ocesso ( quadr o 3) e o funcionam ent o da par cer ia para a ut ilização dos r ecur sos ( quadr o 4) .

Definição do género

Rodrigues e St oer ( 1998) salient am um a “ osci-lação dinâm ica” ent r e duas for m as de par cer ia, ou sej a, ent r e um m odelo for m al “ de cim a para baixo” e um m odelo essencialm ent e inform al de art iculação horizont al. No m odelo “ de cim a para baixo”, a inicia-t iva e coordenação são habiinicia-t ualm eninicia-t e desencadeadas por um Minist ér io à escala nacional, ou sej a, são pr ogram as com um car iz essencialm ent e sect or ial com t radução t er r it or ial. Exem plifi cando as r edes e planos r egionais de em pr ego foram em anados do Minist ér io do Trabalho e Solidar iedade Social. O m odelo hor izont al é de base t er r it or ial, com inicia-t iva de vár ios acinicia-t or es colecinicia-t ivos locais, inicia-t endo com o pont o de par t ida as necessidades e pot encialidades do t er r it ór io em causa.

A t ít ulo exem plifi cat iv o, r efer im os algum as quest ões subj acent es à defi nição do géner o da par cer ia:

A coordenação é realizada por represent ant es de um a inst it uição ou de vár ias? E quais as razões para um a ou out ra opção?

A coor denação é r ot at iva? Em que m oldes? Mant ém - se a r epr esent at iv idade de cada p ar ceir o colect iv o ou v ar ia con f or m e a evolução do pr ocesso ( ex: t ipo de t ar efas desencadeadas) ?

As r egras são em anadas dir ect am ent e da inst it uição que t om a a iniciat iva? Ou, pelo cont r ár io, num cont ext o em que a iniciat iva é t om ada em conj unt o por vár ios act or es colect ivos, são, logo de início, discut idas e negociadas as r egras de funcionam ent o da par cer ia?

De um a fraca clarifi cação dest e t ipo de quest ões r esult a a defi cient e defi nição do géner o e, dest a for m a, alcança- se um consenso ar t ifi cial em t or no de obj ect ivos supost am ent e com uns. Por um lado, a perda de int eresse ou a falt a de envolvim ent o dos par ceir os ( e m esm o a neut ralização do pr ocesso) podem ser explicados pelo pr ot agonism o por par t e do prom ot or do proj ect o ou do com it é direct or ( Est i-vil et al., 1994: 21) . Concr et am ent e, os pr oblem as podem surgir quando a est rat égia est á defi nida logo de início: “ o desenho do pr oj ect o funcionou com o um pont o de chegada, quando dever ia t er sido um pont o de par t ida ( foi im post o aos par ceir os locais) ” ( ent r evist ado cit . por Rodr igues e St oer, 1998: 44) . Por out r o lado, as difi culdades da par cer ia podem t am bém ser associadas aos riscos de um a rede difusa ou disper sa: “ [ …] if excessive t ension is applied by

t he par t ner s as each r uns aft er his ow n obj ect ives, a com m on denom inat or cannot be found” ( Est ivil et al., 1994: 21) .

Cultura organizacional e segmentação das intervenções na parceria

Podem os considerar, ent r e out r os, dois ele-m ent os que infl uenciaele-m a cult ura organizacional de cada par ceir o: falt a de cult ura de par cer ia e for m as de t rabalho m uit o enraizadas.

Qu a dr o 3  Lim it ações da par cer ia em t er m os das condições subj acent es a t odo o pr ocesso

Lim it ações I deias- chave

Defi nição do géner o

Falt a de clar ifi cação sobr e as quest ões pr át icas da liderança do pr oj ect o;

O excesso de pr ot agonism o da ent idade pr om ot ora pode explicar o fraco envolvim ent o dos par-ceir os;

A disper são da r ede pode signifi car a ausência de obj ect ivos com uns ent r e os par ceir os. Cult ura or ganizacional e

segm en t ação das in t er -venções na par cer ia

A falt a de cult ura de par cer ia e as for m as de t rabalho m uit o enraizadas na inst it uição de or igem ( cent ralização hier ár quica e num a lógica de fragm ent ação das int er venções) t êm com o pr incipal consequência a segm ent ação das int er venções na par cer ia.

Pr essão do am bient e ex-t er ior à par cer ia

Confl it os ext er ior es ( ao pr oj ect o) ent r e par ceir os;

Lim it ações das nor m as legais e inst it ucionais das inst it uições de or igem ; Difi culdades post as pela fl exibilidade em pr esar ial da gest ão da m ão- de- obra.

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Sociológico

ext eriores ao «am bient e» habit ual e para reconhecer defi ciências or ganizat ivas da inst it uição de or igem . Por pr incípio, os out r os act or es são considerados concorrent es, dos quais, quando m uit o, só se conhe-cem as caract er íst icas m enos posit ivas.

As for m as de t rabalho m uit o enraizadas na inst it uição de or igem concr et izam - se num a cent ra-lização hier ár quica e num a lógica de fragm ent ação das int er venções.

São vár ios os exem plos da pr im eira for m a de t rabalho: at r ibuição lim it ada de funções aos chefes de depar t am ent o; ao nível de cada depar t am ent o podem os t er um liderança cent ralizadora ( com fraca aut onom ia dos t écnicos) ou, pelo cont r ár io, um a liderança fraca ( com pouco incent ivo para a m elhoria do desem penho por par t e dos t écnicos) .

A lógica de fragm ent ação é visível de vár ias form as: foco no diagnóst ico e resolução de problem as com os quais os par ceir os habit ualm ent e lidam ; as m esm as funções são desem penhadas durant e um per íodo elevado de t em po ( especialização est r eit a de cada depar t am ent o) ; pr ot agonism o de det er-m inado depar t aer-m ent o; ou fraca ier-m por t ância dos gr upos de “ int er face”.

A cult ura organizacional que decorre dest es dois elem ent os t em com o principal consequência a segm ent ação das int ervenções na parceria, ist o é, os parceiros act uam ao longo do processo de form a sem elhant e à que adopt am no âm bit o das suas ins-t iins-t uições de origem . Daqui pode decorrer um a fraca negociação dos obj ect ivos e m ot ivações de cada parceiro conduzindo à indefi nição de funções e à difi -culdade em t irar part ido da avaliação part ilhada.

Pressão do ambiente exterior à parceria

A infl uência negat iva do am bient e ex t er no faz- se sent ir, pelo m enos, de t rês form as. Refi ra- se, pr im eir o, o am bient e j á exist ent e ant es do início do pr ocesso. Podem exist ir confl it os ext er ior es ent r e par ceir os, ou sej a, o pr oj ect o concr et o no qual se t rabalha pode ver r eper cut ido sobr e si um confl it o ent re dois agent es int egrados na parceria m as t am -bém envolvidos num pr oj ect o ext er ior. Rodr igues e St oer referem , igualm ent e, as m ot ivações “ habit uais”

de ser viços est at ais ( Rodr igues e St oer, 1998: 48) , quer a nível da r elação com t écnicos per t encent es a pr oj ect os fi nanciados pela União Eur opeia: “ [ …] face ao poder desem penhado pela equipa t écnica … [ algum as associações locais adopt aram ] um a at it ude de com pet ição a que subj azia algum a con-fl it ualidade, r eceando a per da da sua capacidade int er vent iva” ( idem : 47) .

Ex ist em nor m as legais e inst it ucionais com m aior ou m enor grau de var iabilidade ao longo do pr ocesso. As alt erações nas alt as chefi as das inst it uições par ceiras podem induzir m aior r igidez n a aplicação das r egr as ex ist en t es ou apr ovar r egras m ais r est r it as r elat ivas, por exem plo, ao co- fi nanciam ent o ou à disponibilidade para part ilhar inform ações sobre a organização de origem de cada par ceir o. Est at ut os e códigos de condut a or iundos de inst it uições pr ofi ssionais ( sindicat os, or dens) infl uenciam o desem penho de det erm inados t écnicos, por exem plo, nas ár eas de educação ou saúde. A alt eração governam ent al do enquadram ent o norm a-t ivo na a-t ransição ena-t r e pr ogram as pode inviabilizar ou difi cult ar a sust ent abilidade dos pr oj ect os que não adquir iram aut onom ia fi nanceira durant e a vigência do pr ogram a.

Refer ência ainda para os fact or es m ais gerais ligados à evolução da econom ia m undial. Est a evolu-ção põe um acent o fort e na fl exibilidade em presarial da gest ão da m ão de obra face às exigências com -pet it ivas nos m er cados nacionais e int er nacionais. Um a for t e m ot ivação das em pr esas para r eduzir os cust os com pessoal e aum ent ar a pr ecar idade do em prego t orna exigent e a negociação, via parceria, com os sindicat os e associações de desenvolvim ent o local com im pact o no em pr ego – t endencialm ent e os act or es para os quais a pr ot ecção social e do em pr ego const it ui um a das pr incipais m ot ivações para int egrar a par cer ia.

Grau de formalidade/informalidade da parceria

Com base no t ipo de r igidez na defi nição e aplicação de regras- base, podem - se considerar duas sit uações lim it e e o com pr om isso ent r e am bas.

Lim it ações I deias/ quest ões- chave

Grau de for m alidade/ infor m ali-dade da par cer ia

Lim it ações das par cer ias excessivam ent e for m ais ou essencialm ent e infor m ais;

O com pr om isso ent r e o «for m al» e o «infor m al» depende da dinâm ica de par cer ia na im ple-m ent ação do pr oj ect o.

Form as de part ilha de recursos

Há r ot ação na disponibilização e ut ilização dos r ecur sos logíst icos?

Há pr ot agonism o excessivo das inst it uições que m ais disponibilizam r ecur sos fi nanceir os? Há «gest ão» defi cient e da dist r ibuição de r ecur sos fi nanceir os obt idos via candidat ura a pr o-gram as públicos?

(8)

Sociológico Por um lado, podem os t er processos

excessiva-m ent e for excessiva-m ais eexcessiva-m que uexcessiva-m a nor excessiva-m a é iexcessiva-m post a pelas escalas supra- locais ( União Eur opeia ou gover no cent ral) , ist o é, pelos agent es que decidem sobr e o fi nanciam ent o público.

Habit ualm ent e est es processos baseiam - se no est abelecim ent o de pr ot ocolos ou cont rat os, apr o-vação de r egulam ent os int er nos ( dir eit os, dever es, sanções) ou r euniões com defi nição pr évia do seu t ipo ( ex: com det erm inados parceiros ou respect ivos r epr esent ant es) e r espect ivo cont eúdo ( cent radas nos obj ect ivos, nas t ar efas ou na avaliação) . Daqui result a um a defi nição prelim inar relat ivam ent e rígida das diver sas fases da dinâm ica.

No ent ant o, o pr ocesso difi cilm ent e enr iquece os elem ent os de par t ida. Por exem plo, um r egula-m ent o int er no por egula-m enor izado e r ígido difi cult a a fl exibilidade na art iculação e dispersa os esforços de negociação e aproxim ação dos act ores em quest ões essencialm ent e for m ais, desviando a at enção das t ar efas concr et as.

Podem os obser var a sit uação cont r ár ia com pr ocessos essencialm ent e infor m ais: a est r ut ura organizat iva é incipient e concret izando- se em norm as e obj ect ivos t ácit os, t arefas execut adas com excesso de im pr ov isação e pr ogram ação de act iv idades confor m e o em penham ent o cir cunst ancial. Com o consequência, os pr ocessos são infor m ais “ [ …] ao pont o de os par ceir os difi cilm ent e se dist inguir em dos « colegas» e « am igos» , r epr oduzindo assim um efeit o de hom ogeneização” ( Rodr igues e St oer, 1998: 37) .

A um nível int er m édio, a acção conj unt a pode adopt ar um com pr om isso ent r e o “ for m al” e o “ infor m al”. Est e com pr om isso depende de inúm e-r os fact oe-r es ( núm ee-r o e t ipo de pae-r ceie-r os, nat ue-r eza dos obj ect ivos com uns e das t ar efas concr et as, capacidade de negociação) e das diversas sit uações com que o pr ocesso se vai deparando. Na fase pr elim inar apr ovam - se as r egras- base de or gani-zação em par cer ia deixando, no ent ant o, aber t ura para a r efor m ulação de algum as fases. A defi ni-ção do pr ocesso avaliat ivo pode, event ualm ent e, ser suj eit a a apr ovação na fase pr elim inar, m as exige um m ínim o de fl exibilidade na sua aplicação

( fr equência das r euniões, facilidade na r eacção às defi ciências det ect adas, for m as de “ m edição” dos r esult ados ou r edobrados esfor ços de negociação ent r e act or es) .

Formas de partilha de recursos

Na partilha de recursos logísticos e fi nanceiros distinguim os duas situações: prim eiro, a partilha de recursos existentes ou disponibilizados e, segundo, a part ilha de recursos est at ais disponibilizados via candidat ura conj unt a. Relat ivam ent e aos recursos fi nanceiros salienta- se um a questão com um às duas situações: a transparência do processo, se acontece, apoia- se num a organização contabilística adequada?

Relat ivam ent e à prim eira sit uação sobressaem algum as quest ões: quais as inst it uições que m ais disponibilizam r ecur sos logíst icos para o pr ocesso? Há r ot ação na disponibilização e ut ilização dest es r ecur sos? A par t ilha de r ecur sos fi nanceir os é feit a com base na cont r ibuição de cada inst it uição ou é equit at iva? Se a base é equit at iva, durant e a negociação, as inst it uições que m ais cont r ibuem com r ecur sos fi nanceir os são, de algum a for m a, com pensadas? O “ preço” exigido corresponde a um pr ot agonism o das m esm as?

No que diz respeit o à segunda sit uação, res-salt am igualm ent e algum as quest ões. Se part e dos fundos recebidos é aplicada na criação de recursos logíst icos de raiz, os parceiros libert am os próprios r ecur sos para as suas act iv idades de or igem . A at ribuição de recursos fi nanceiros est at ais disponi-bilizados via candidat ura conj unt a const it ui um a fase crít ica no início e no desenvolvim ent o da parceria, pois corresponde, cert am ent e, a um a das principais m ot ivações de qualquer parceiro quando int egra a parceria. Um a “ gest ão” defi cient e dest a com ponent e em t erm os de t ransparência e equidade pode, por si só, neut ralizar o processo. A dist ribuição dos recursos é part icularm ent e delicada quando a ent idade prom o-t ora pode o-t ender a privilegiar, à paro-t ida, um núcleo de parceiros m ais “ próxim os” reduzindo a quant idade de recursos a afect ar à dinâm ica. Em consequência, os parceiros prej udicados podem ret rair- se e/ ou, a curt o prazo, abandonar a parceria.

Result ados I deias- chave

Efi cácia dos pr oj ect os A efi cácia dos pr oj ect os depende da qualidade da dinâm ica de par cer ia. Sust ent abilidade dos pr oj ect os

A sust ent abilidade dos pr oj ect os depende da cont inuidade fi nanceira na t ransição ent r e pr ogram as, e da const r ução da par cer ia para assegurar obj ect ivos com uns e um “ núcleo dur o” de par ceir os m ais act ivos. Possibilidade de ar t icular acções de inser ção e

inclusão

A int er venção económ ico- social visa ar t icular acções de inser ção ( foco no indivíduo) e de inclusão ( foco na sociedade) para apr ofundar e enr iquecer um a per spect iva de int egração social.

Abor dagem da cidadania

Visa- se não apenas a for m ação t écnica m as t am bém o desenvolvim ent o pessoal do indivíduo enquant o cidadão, ou sej a, valor izando um pr ocesso de em pow er m ent .

(9)

Sociológico

Eficácia dos projectos

Um pr oj ect o é m ais efi caz se os obj ect ivos cor r espondent es são m elhor cum pr idos.

Considerem os o seguint e obj ect ivo: a int egração de m ão- de- obra, à par t ida, desqualifi cada at ravés de for m ação per sonalizada e visando a cont rat ação dos form andos por em presas. A t arefa de um a asso-ciação de desenvolvim ent o local poderá ser inefi caz se apost a quase exclusivam ent e na com ponent e t écnica, em det r im ent o da for m ação pessoal e da for m ação pr át ica em em pr esas. Em cont rapar t ida, a acção é, event ualm ent e, m ais efi caz se o esfor ço da associação de desenvolvim ent o local for cent rado na qualifi cação form al ( de base t écnico- profi ssional) e pessoal em est r eit a ligação com o est ágio em det er m inada em pr esa. O obj ect ivo da int egração social é m elhor cum prido se for conseguido um m aior equilíbr io ent r e exper iência pr ofi ssional, for m ação t écnica e for m ação pessoal.

A efi cácia do pr oj ect o depende, em par t e, do desenvolvim ent o da par cer ia. Est a pode per m it ir a defi nição e ar t iculação de t ar efas e defi nição de obj ect ivos de for m a pr ecisa. Nest a base, é possível clar ifi car o pr ocesso de avaliação com o int uit o de alt erar alguns aspect os da dinâm ica, no caso de se det ect ar em t ar efas m enos efi cazes ou m esm o inefi cazes.

Sustentabilidade dos projectos

Dado o car áct er com plexo dos pr oblem as a solucionar, o pr ocesso de acção conj unt a pr ocura sust ent ar um a int er venção a m édio- longo prazo. Podem os dist inguir dois t ipos de sust ent abilidade dest e t ipo de int er venções, apoiadas com o enqua-dram ent o em par cer ia:

Duração dos apoios fi nanceir os, m at er iais e hum anos t endo em cont a a cont inuidade na t ransição ent r e pr ogram as;

Duração dos pr oj ect os a par t ir do m om ent o em que deixam de ser apoiados fi nanceira-m ent e ( grau de aut osust ent abilidade) . Os proj ect os apoiados dependem parcialm ent e do pr ópr io pr ocesso de par cer ia, ou sej a, o per íodo de t em po durant e o qual os act or es- par ceir os dina-m izadina-m as t arefas conj unt as. A sust ent abilidade dos pr oj ect os depende, em par t e, da fase pr elim inar no que t oca, designadam ent e, à escolha cor r ect a da inst it uição coor denadora ( Cost a, 1998: ix) e à duração do período inicial: “ … t he longer t he st ar- up

per iod, t he bet t er t he long- t er m pr ospect s of t he pr oj ect .” ( Est ivil et al., 1994: 15) Por pr incípio, ao

longo de t odo o pr ocesso exige- se um m ínim o de est abilidade em t er m os, nom eadam ent e

da disponibilização e part ilha de recursos; de uma defi nição clara dos objectivos comuns.

Possibilidade de articular acções de inserção e inclusão

Os p r ocessos d e in t er v en ção econ óm ico-- social focam a at enção nos fact ores que incidem ao nível individual e ao nível da sociedade. I nfl uenciando dir ect a ou indir ect am ent e a ver t ent e económ ica da vida dos indivíduos, as acções pr ocuram valor izar as com pet ências pessoais, sociais, pr ofi ssionais, em presariais, aquisit ivas e educat ivas- inform at ivas ( Am ar o, 2001: 17; Am ar o, 2003: 179) . Por out r o lado, os pr ocessos visam igualm ent e o

“ …aum ent o das opor t unidades disponibi-lizadas pela sociedade ( e pelas suas diver sas est r ut uras e or ganizações) , o que depende sobr et udo das polít icas ( ent r e as quais as de nat ur eza económ ica) e das est rat égias adopt adas pelas inst it uições e or ganizações da sociedade e das infra- est r ut uras e m eios cr iados.” ( Am ar o, 2001: 18)

A inser ção cor r esponde ao conj unt o de acções que possibilit am a ident ifi cação das necessidades e pot enciação de com pet ências e capacidades inerent es a agent es individuais e colect ivos. A inclusão diz respeit o ao conj unt o de int ervenções que perm it em a indivíduos e grupos benefi ciar de form a equit at iva das opor t unidades ofer ecidas pela sociedade. Fala-m os de int egração quando os pr ocessos se coFala-m bi-nam ( Am ar o, 2001: 18; Am ar o, 2003: 179- 180) . A pot enciação das capacidades individuais e colect ivas é insufi cient e se não houv er r econhecim ent o e valor ização das m esm as pela sociedade. Por out r o lado, o benefício das opor t unidades sociais exige o desenvolvim ent o de capacidades com base em necessidades individuais e colect ivas.

Ainda segundo Est ivil, nas dinâm icas de parceria o alargam ent o e aprofundam ent o das relações ent re act ores podem acont ecer se a inserção dos excluídos for bem sucedida nas prim eiras acções, result ando, dest a for m a, um a m elhor ia das per spect ivas de int egração ( Est ivil et al., 1994: 12) .

Abordagem da cidadania

O t rabalho das par cer ias de pr om oção local do em pr ego não visa apenas a for m ação t écnica. Os pr ocessos de acção conj unt a r evelam , igualm ent e, preocupação com o desenvolvim ent o pessoal do indi-víduo enquant o cidadão, com vist a a m elhorar a

capacidade de apr endizagem ao longo da vida, com adapt ação a novas sit uações;

(10)

Sociológico capacidade de r elacionam ent o hum ano aos

níveis fam iliar e da unidade em pr egadora; pr edisposição para o t rabalho associat ivo, r eveladora de um a par t icipação m ais act iva e aut ónom a dos cidadãos, conscient es da defesa de direit os e cum prim ent o de deveres, não r eduzindo a sua vida cívica ao consum o de bens e ser viços ( Geor is, 1992: 31- 32) ; aut onom ia na t om ada de decisões pessoais e pr ofi ssionais.

Est a abordagem corresponde igualm ent e a um processo de «em pow erm ent », ou sej a, o reforço de com pet ências e capacidades individuais concret iza- se por m eio de um a m elhor ia na ut ilização dos r ecur-sos t écnicos, fi nanceir os e infor m at ivos disponíveis ( “ poder social” ) , na par t icipação dos indiv íduos na t om ada de decisões- chave que infl uenciam o seu fut ur o ( “ poder polít ico” ) e na m anifest ação de aut oconfi ança ( “ poder psicológico” ) que facilit a o aum ent o dos poder es social e polít ico ( Fr iedm ann, 1996: 34- 35) .

Conclusão

O t rabalho em par cer ia pr essupõe condições que induzem a pr ox im idade de act or es: cult ura de par cer ia, visão sist ém ica da r ealidade e visão t er r it or ial das acções. Obser vam - se igualm ent e lim it ações iner ent es à concepção da par cer ia, à cult ura or ganizacional e ao am bient e ex t er no a est e t ipo de pr ocessos. Face a est as condições, o funcionam ent o siner gét ico da acção conj unt a pode gerar efeit os posit ivos em t erm os, prim eiro, de um a m aior efi ciência na ut ilização dos recursos fi nanceiros, m at er iais e hum anos disponibilizados e, segundo, de um acr éscim o de efi cácia na int er venção sobr e um a det er m inada r ealidade concr et a.

As condições essenciais ao funcionam ent o de t odo o processo incorporam um a fi losofi a de percep-ção da r ealidade que é sim ult aneam ent e int er inst i-t ucional ( per cepção da r elação eni-t r e insi-t ii-t uições) ,

sist ém ica ( est udo com plexo e m ult idim ensional da realidade) e t errit orial ( form a específi ca de int erven-ção sobr e esse m esm o r eal) . Est as condições, com car áct er per m anent e, induzem um a det er m inada com binação de r ecur sos e r espect iva pr odução de r esult ados em t er m os de sust ent abilidade dos proj ect os, abordagem de cidadania e art iculação de acções de inser ção e inclusão.

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Referências

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