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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO AMÉRICO GUELERE FILHO

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Academic year: 2021

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ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

AMÉRICO GUELERE FILHO

INTEGRAÇÃO DO ECODESIGN AO MODELO UNIFICADO PARA A GESTÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS: ESTUDO DE CASO EM

UMA GRANDE EMPRESA DE LINHA BRANCA

São Carlos 2009

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AMÉRICO GUELERE FILHO

INTEGRAÇÃO DO ECODESIGN AO MODELO UNIFICADO PARA A GESTÃO DO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS: ESTUDO DE CASO EM

UMA GRANDE EMPRESA DE LINHA BRANCA

Tese apresentada à Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Engenharia de Produção

Área de concentração: Processos e Gestão de Operações Orientador: Prof. Tit. Henrique Rozenfeld

São Carlos 2009

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE

Catalogação na Publicação Serviço...

Faculdade...

Guelere Filho, Américo.

Integração do ecodesign ao modelo unificado para a gestão do processo de desenvolvimento de produtos: estudo de caso em uma grande empresa de linha branca / Américo Guelere Filho; orientador Henrique Rozenfeld. -- São Carlos, 2009.

Xxx f. : fig

Tese (Doutorado – Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção. Área de Concentração: Processos e Gestão de Operações ) – Escola de Engenharia de São Carlos

1. xxx. 2. xxxxx. 3. xxxx. 4. xxxxxxxxxxx. I. Título

(7)

FOLHA DE APROVAÇÃO

Américo Guelere Filho

Integração do ecodesign ao modelo unificado para a gestão do processo de desenvolvimento de produtos: estudo de caso em uma grande empresa de linha

branca

Tese apresentada à Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Engenharia de Produção

Área de concentração: Processos e Gestão de Operações

Aprovado em:

Banca Examinadora

Prof. Dr. Henrique Rozenfeld___________________________________ Instituição:__________________ Assinatura:______________________

Prof. Dr. Aldo Roberto Ometto___________________________________ Instituição:__________________ Assinatura:______________________

Prof. Dr. Sergio Luiz da Silva___________________________________ Instituição:__________________ Assinatura:______________________

Prof. Dr. Alexandra Augusta Pereira Klen

Instituição:__________________ Assinatura:______________________

Prof. Dr. Aguinaldo dos Santos _________________________________ Instituição:__________________ Assinatura:______________________

(8)
(9)

DEDICATÓRIA

(10)
(11)

AGRADECIMENTOS

A tudo e a todos, muito obrigado! Muito obrigado!

(12)
(13)

EPÍGRAFE

“A palavra ‘corpo’, em tibetado, é ‘lu’, que significa ‘algo que se deve deixar para trás’, como uma bagagem. Isso nos recorda que somos apenas viajantes que nos refugiamos temporariamente nesta vida e nesse corpo.”

(14)

RESUMO

GUELERE FILHO, A. Integração do ecodesign ao modelo unificado para a

gestão do processo de desenvolvimento de produtos: estudo de caso em uma grande empresa de linha branca. 2009. xx f. Tese (Doutorado) – Escola de

Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2009.

O ecodesign visa desenvolver produtos que causem menos impactos ambientais e implica na introdução sistemática de requisitos ambientais ao Processo de Desenvolvimento de Produtos, sendo que o que se observa atualmente é que essa conceito não está integrado ao processo padrão de desenvolvimento de produtos da maioria das empresas. O objetivo desse trabalho é integrar o ecodesign ao Modelo Unificado para a gestão do PDP proposta por ROZENFELD et al, 2006, contribuindo, assim, com a criação de um modelo genérico para a gestão do processo de desenvolvimento de produtos que contemple requisitos ambientais de forma sistemática. O modelo assim resultante poderá, por hipótese, servir tanto para benchmark de processos já existentes como também na construção de um modelo padrão de desenvolvimento de produtos. Para falseamento da hipótese da pesquisa, um estudo de caso em uma grande empresa de linha branca foi conduzido. Os resultados mostram que o modelo proposto pode ser utilizado como benchmark para a integração de práticas de ecodesign ao processo padrão de desenvolvimento de produtos da empresa estudada. No entanto, a hipótese de que pode (modelo) ser utilizado como referência na construção de um modelo padrão de desenvolvimento de produtos que contemple práticas de ecodesign não foi testada, consistindo na maior limitação do trabalho. Além da contribuição referente ao uso do modelo como benchmark, espera-se poder contribuir com a sistematização de práticas de

(15)

ecodesign existentes, o que poderia contribuir também com a integração desse conceito ao PDP das empresas.

(16)
(17)

ABSTRACT

GUELERE FILHO, A. Integração do ecodesign ao modelo unificado para a gestão do processo de desenvolvimento de produtos: estudo de caso em uma grande empresa de linha branca. 2009. xx f. Tese (Doutorado) – Escola de Engenharia de

São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2009.

Ecodesign aims to develop products that cause less environmental impacts and involves the systematic introduction of environmental conditions on the Product Development Process. What is observed nowadays is that this concept is not integrated into the standard process of product development at most companies. The aim of this work is to integrate ecodesign into the Unified Model for the management of the PDP proposal by ROZENFELD et al, 2006, thus contributing to the creation of a generic model for managing the process of product development that addresses environmental requirements in systematically. The resulting model can thus, by hypothesis, serve both to benchmark existing processes but also in the construction of a standard model of product development. To verify the hypothesis of the research, a case study in a large household appliances company was conducted. The results show that the proposed model can be used as a benchmark for the integration of ecodesign practices into the standard process of product development of the studied company.

(18)
(19)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Concepção desse trabalho ... 32 

Figura 2: Método hipotético-dedutivo (MARCONI; LACATOS, 2004). ... 37 

Figura 3: Etapas da pesquisa. ... 40 

Figura 4: Atividades do C2C. WHIRLPOOL, 2009. ... 45 

Figura 5: Fases do FFE. WHIRLPOOL, 2009 ... 46 

Figura 6: Relação entre o FFE e o C2C. WHIRLPOOL, 2009. ... 47 

Figura 7: Reutilização, reciclagem, recuperação (BISHOP, 2000) ... 54 

Figura 8: Desenvolvimento sustentável. ... 60 

Figura 9: PDP, Ecodesign, SPD e DS (TISCHNER; CHARTER, 2001 pg.120) ... 61 

Figura 10: Modelo Unificado (ROZENFELD et al, 2006) ... 99 

Figura 11: Dimensões do PDP segundo o Modelo Unificado (SILVA, 2007) ... 101 

Figura 12: Modelos genéricos e específicos (ROZENFELD et al, 2006) ... 105 

Figura 13: Versões do modelo de referência específico (ROZENFELD et al, 2006). ... 106 

Figura 14: Propostas de integração de ecodesign baseada em ACV (NIELSEN; WENZEL, 2002 ... 122 

Figura 15: Processo de ecodesign (TISCHNER, 2001 p. 267) ... 124 

Figura 16: Atividades genéricas do Modelo Unificado (ROZENFELD et al, 2006) . 136  Figura 17: Ciclo de vida de um produto segundo o fluxo de materiais (GUELERE FILHO et al., 2009) ... 158 

Figura 18: Informações principais e dependências entre as atividades da fase de Projeto Conceitual (ROZENFELD et al, 2006) ... 163 

(20)

Figura 19: Relação entre o projeto conceitual e o detalhado. Rozenfeld et al, 2006.

... 171 

Figura 20: Ciclos do projeto detalhado (ROZENFELD et al, 2006). ... 172 

Figura 21: relação entre as seções e as atividades do estudo de caso ... 179 

Figura 22: variação em função da pergunta e do respondente ... 186 

Figura 23: Nível de conhecimento das ferramentas de ecodesign mais citadas ... 190 

Figura 24: Nível realização das tarefas de gestão ambiental e/ou ecodesign presentes no C2C. ... 191 

(21)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Classificação da pesquisa ... 39 

Tabela 2: Estratégias ambientais (GIUDICE; LA ROSA; RISITANO, 2006 pg.193) . 77  Tabela 3: Anexos nos quais as treze ferramentas estão descritas ... 85 

Tabela 4: Classificações de práticas encontradas na literatura ... 87 

Tabela 5: Fatores de sucesso para integração do ecodesign ao desenvolvimento de produtos (JOHANSSON, 2002). ... 109 

Tabela 6: Critérios utilizados na seleção do Modelo Unificado ... 130 

Tabela 7: Tarefas de gestão ambiental e/ou ecodesign presentes no C2C ... 185 

Tabela 8: Cargos dos respondentes e relação com a legenda da Figura 22 ... 186 

(22)
(23)

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

AFF Alternative Function Fulfillment

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ACV Avaliação do Ciclo de Vida

APQP Advanced Product Quality Planning model ARPI Analyse, Report, Prioritize, Improve

BOM Bill of Material

C2C Consumer to Consumer CAD Computer-Aided design CAE Computer-Aided Engineering CAM Computer- Aided Manufacturing CAPP Computer-Aided Process Planning

CEBDS Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável CED Cumulative Energy Demand

CMM Capability Maturity Model

CMMI Capability Maturity Model Integration DfE Design for the Environment

DFMA Design For Manufacturing and Assembly DS Desenvolvimeno Sustentável

ECM Ecodesign Checklist Method ECD Ecodesign Checklist Method

EDIT Environmental Design Industrial Template EDSM Environmental Design Strategy Matrix

(24)

EDST Environmental Design Support Tool EEA Environmental Effect Analysis

EESC Escola de Engenharia de São Carlos EHS Environment, Health and Safety

EIME Environmental Information and Management Explorer ELDA End-of-Life Design Advisor

EPD Environmental Product Development EPP Environmentally Preferred Product

EQFD Environmental quality function deployment

ERPA Environmentally Responsible Product Assessment Matrix EVCA Environmental Value Chain Analysis

FFE Fuzzy Front End

FMEA Failure Mode and Effect Analysis GDA Green Design Advisor

GDP Gestão do Desenvolvimento de Produtos GPA General Product Analysis

IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers LCA Life Cycle Assessment

LCC Life Cycle Check

LCP Product Life Cycle Planning LiDS Lifetime Design Strategies

MAAP Method to Assess the Adaptability of Products MADM Multi-Attribute Decision-Making

MECO Materials, Energy, Chemicals and Others MET Materials, Energy, and Toxicity

(25)

MIPS Material Input Per Service Unit

MSPD Method for Sustainable Product Development

PDMA Product Development and Management Association PDP Processo de Desenvolvimento de Produtos

PEP Planejamento Estratégico de Produtos PIQET Packaging Impact Quick Evaluation Tool POS Product Object Summary

QFD Quality Function Deployment

QFDE Quality Function Deployment for Environment SAW Simple Additive Weighting

SGA Sistema de Gestão Ambiental SGI Sistema de Gestão Integrada

SPSD Sustainable Product and Service Development SSCs Sistemas, Sub-sistemas e Componentes

WCED World Commission on Environment and Development WEEE Waste Electrical and Electronic Equipment Directive

(26)

##SUMÁRIO FOLHA DE APROVAÇÃO ... 4  DEDICATÓRIA ... 6  AGRADECIMENTOS ... 8  EPÍGRAFE ... 10  RESUMO ... 11  ABSTRACT ... 14  LISTA DE ILUSTRAÇÕES ... 16  LISTA DE TABELAS ... 18 

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS ... 20 

1  INTRODUÇÃO ... 27 

1.1  Contextualização do trabalho ... 27 

1.2  Objetivo do trabalho e perguntas da pesquisa ... 31 

1.3  Justificativas para a realização do trabalho ... 33 

1.4  Estrutura do trabalho ... 33 

2  Metodo de pesquisa ... 35 

2.1  Escolha do método científico ... 35 

2.2  Classificação da pesquisa e instrumentos de coleta de dados ... 37 

2.3  Etapas da pesquisa ... 40 

2.3.1  Etapa 1: revisão bibliográfica ... 40 

2.3.2  Etapa 2: integração de práticas de ecodesign ao modelo unificado

40 

2.3.3  Etapa 3: estudo de caso ... 41 

(27)

3  REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 52 

3.1  Ecodesign ... 52 

3.1.1  Contexto histórico e definições ... 52 

3.1.2  Motivadores para adoção ... 57 

3.1.3  Ecodesign e desenvolvimento de produtos sustentáveis ... 59 

3.1.4  Classificação das pesquisas em ecodesign ... 62 

3.1.5  Práticas de ecodesign ... 63 

3.2  O Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP) ... 92 

3.2.1  Evolução das abordagens do PDP ... 92 

3.2.2  Modelos de gestão para o PDP ... 94 

3.2.3  O Modelo Unificado ... 97 

3.3  Integração do ecodesign ao PDP ... 108 

3.3.1  Fatores de sucesso e barreiras ... 108 

3.3.2  Propostas para integração do ecodesign ao PDP ... 117 

3.3.3  Concluões sobre a integração do ecodesign ao PDP ... 125 

4  Integrando o ecodesign ao modelo unificado ... 128 

4.1  Considerações iniciais ... 128 

4.1.1  Justificativas para a escolha do Modelo Unificado ... 128 

4.1.2  Escopo da integração ... 131 

4.1.3  Dimensões do Modelo Unificado consideradas na integração ... 132 

4.1.4  A integração na dimensão das atividades... 133 

4.2  Integração às atividades genéricas ... 136 

4.3  Integração à macrofase de pré-desenvolvimento ... 137 

4.3.1  Integração ao Planejamento Estratégico de Produtos (PEP) ... 138 

(28)

4.4  Integração à macrofase de desenvolvimento ... 155 

4.4.1  Integração ao Projeto Informacional ... 156 

4.4.2  Integração ao Projeto Conceitual ... 161 

4.4.3  Integração ao Projeto Detalhado ... 170 

5  Estudo de caso: execução, avaliação dos resultados e conclusões ... 179 

5.1  Execução do estudo de caso ... 180 

5.1.1  Análise documental ... 180 

5.1.2  Realização de entrevistas com uso de roteiros ... 181 

5.1.3  Apresentação dos resultados e aplicação de questionário ... 182 

5.2  Avaliação dos resultados do estudo de caso ... 183 

5.2.1  Resultados das análises documentais ... 183 

5.2.2  Resultados das entrevistas... 185 

5.2.3  Resultados da aplicação do questionário ... 192 

5.3  Conclusões sobre o estudo de caso... 193 

6  Conclusões finais e sugestões para trabalhos futuros ... 195 

7  Referências bibliográficas ... 198 

8  Apêndices ... 204 

(29)
(30)

1 INTRODUÇÃO

Este capítulo se inicia abordando o contexto no qual esta pesquisa está inserida (abordando a relação entre produtos, impactos ambientais e ecodesign) e descrevendo a lacuna encontrada nas pesquisas em ecodesign.

A segunda parte desse capítulo os objetivos do trabalho (e seu desdobramento nas perguntas da pequisa) são definidos.

As justificativas para a realização do trabalho são apresentadas na terceira parte desse capítulo.

Por fim, apresenta-se a forma como esse documento foi organizado, ou seja, a estrutura do trabalho.

1.1 Contextualização do trabalho

Tido como um dos principais elementos propulsores da competitividade industrial, a inovação relaciona-se à inovação em produtos, processos (produtivos ou não), marketing e na organização, sendo a inovação em produtos associada à criação de valor por meio do Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP).

Embora os produtos (e serviços) resultantes do processo de inovação guardem estreita relação com a qualidade de vida que usufruímos, as crescentes taxas com que são produzidos e consumidos causam a maior parte da poluição e esgotamento dos recursos naturais causados pela humanidade (COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPÉIAS, 2001), o que coloca em risco não somente o sistema econômico (que é um dos subsistemas de nosso planeta, relacionado às atividades antrópicas), mas também inúmeras formas de vida conhecidas na Terra.

Nesse contexto, e em linha com o conceito do desenvolvimento sustentável, a criação de valor por meio do PDP deve considerar o desenvolvimento de produtos

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ecoeficientes, que são produtos competitivos, com alto valor agregado e que causam menos impactos ambientais quando comparados com produtos tradicionais em uso.

Como o impacto ambiental1 de um produto é determinado pela soma dos impactos ambientais observados ao longo das fases de seu ciclo de vida (NIELSEN; WENZEL, 2001; BAUMANN; BOONS; BRAGD, 2002) e é determinado em sua maioria nas fases iniciais de seu processo de desenvolvimento (GRAEDEL; ALLENBY, 1995), a redução dos impactos ambientais causados pelos produtos passa necessariamente pela consideração dos impactos por eles causados ainda durante as fases iniciais de seu processo de desenvolvimento.

O ecodesign visa desenvolver produtos ecoeficientes e implica na introdução sistemática de requisitos ambientais às fases iniciais do PDP sem comprometer, no entanto, critérios clássicos tido como fatores de sucesso comercial dos produtos como preço, tempo de desenvolvimento, qualidade, custo, segurança e estética. O ecodesign pode ser encarado tanto como uma abordagem de PDP que se alinha ao conceito do desenvolvimento sustentável como uma estratégia pró-ativa de gestão ambiental de empresas que integra as funções gestão ambiental e desenvolvimento de produtos em uma visão holística sobre os impactos ambientais causados ao longo das fases do ciclo de vida de um produto (MAXWELL; VAN DER VORST, 2003, BYGGETH; HOCHSCHORNER, 2006; LUTTROPP; LAGERSTEDT, 2006; GIUDICE; LA ROSA; RISITANO, 2006, pg.18, GUELERE FILHO; PIGOSSO, 2008, pg.160 ).

1

Segundo a ABNT NBR ISO 14001:2004, impacto ambiental é “qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, dos aspectos ambientais da organização”. É importante destacar a relação de causa-efeito existente entre aspectos e impactos ambientais.

(32)

Segundo BAKSHI; FIKSEL, 2003, a prática de ecodesign é mais comum entre empresas que já reconheceram a responsabilidade ambiental como elemento vital de sucesso no longo prazo, pois promove vantagens como melhoria da reputação, menor geração de resíduos, redução dos custos diretos (matérias-primas e insumos) e indiretos (custo de tratamento e disposição de resíduos), diminuição dos riscos, geração de inovações em produtos e atração de novos consumidores. No entanto, são poucas ainda as empresas que percebem esse diferencial de competitividade e os benefícios comerciais da introdução do ecodesign ao PDP, sendo que a maioria dos executivos enxerga ainda os desafios derivados do conceito de desenvolvimento sustentável (dentre os quais, a redução do impacto ambiental causados pelos produtos) como um mal necessário que envolve regulações, custos e responsabilidades onerosas (AUSEN, 2002; HART; MILSTEIN, 2004).

Deve-se ressaltar que, uma vez que reduções de impactos ambientais relacionados aos produtos somente serão alcançadas se produtos que causem menos impactos ambientais forem bem sucedidos comercialmente, substituindo assim produtos atualmente disponíveis no mercado (HAUSCHILD; JESWIET; ALTING; 2004), é importante que a adoção do ecodesign seja feita sem comprometer critérios essenciais ao sucesso comercial dos produtos, tais como desempenho, funcionalidades, segurança, estética, qualidade, tempo de desenvolvimento (time to market) e custo.

A maior parte das pesquisas em ecodesign concentra-se no desenvolvimento de novos métodos e ferramentas em detrimento à avaliação e aperfeiçoamento daqueles existentes e sua inserção no contexto do desenvolvimento de produtos (BAUMANN; BOONS; BRAGD, 2002). Dessa forma, os profissionais diretamente envolvidos com ecodesign tendem a ver o sucesso de suas atividades como função

(33)

única do uso de métodos e ferramentas de ecodesign, desconsiderando o PDP como um processo de negócio crucial para a competitividade da empresa (MAGNUSSON, 2000 p.132; AUSEN, 2002; JOHANSSON, 2006). Como conseqüência, a visão de PDP inerente às pesquisas em ecodesign é limitada, pois usualmente aborda exclusivamente os impactos ambientais enquanto outros aspectos do desenvolvimento do produto são omitidos ou apenas brevemente discutidos (MAGNUSSON, 2000, p.132).

Essa visão limitada sobre o que venha a ser o PDP faz com que esse conceito não esteja integrado de forma sistemática a esse processo de negócio na maioria das empresas, não permeando, assim, as práticas, atividades e tarefas empreendidas regularmente pelas equipes de desenvolvimento de produtos (JOHANSSON, 2006, FITZGERALD, et al 2006, pg. 2). Assim, para que o ecodesign seja adotado por um número maior de empresas, é preciso que as pesquisas nessa área sejam orientadas a uma visão do PDP como processo de negócio, o que aproximaria esse conceito das pesquisas realizadas na área do desenvolvimento do produto facilitando sua integração no PDP das empresas. Ainda, como os fatores de sucesso para a integração do ecodesign ao PDP são, em sua grande maioria, os mesmos fatores de sucesso do PDP como um todo, empresas que gerenciam bem o seu processo de desenvolvimeno de produtos têm maiores chances de serem bem sucedidas na integração do ecodesign (JOHANSSON, 2002).

Pelo lado da gestão do PDP, a visão de processo de negócio é predominante, sendo que dentre as melhores práticas empreendidas pelas empresas está a adoção de modelos de referência para a estruturação e gestão desse processo de negócio (ROZENFELD et al, 2006; GIUDICE; LA ROSA; RISITANO, 2006, pg. 163).

(34)

Ao fazer uso de um modelo de referência, uma empresa define o processo padrão que guiará os projetos de desenvolvimentos de produtos construindo, assim, uma linguagem comum e a garantia de que certas práticas, métodos e ferramentas, serão aplicados em todos os projetos de desenvolvimento (ROZENFELD et al, 2006).

O que se observa atualmente é que o ecodesign não está integrado ao processo padrão de desenvolvimento de produtos da maioria das empresas, caracterizando uma lacuna nessa área de pesquisa.

Essa lacuna define o problema da pesquisa de que trata esse trabalho, qual seja, a não integração do ecodesign ao processo padrão de desenvolvimento de produtos da maioria das empresas.

1.2 Objetivo do trabalho e perguntas da pesquisa

O objetivo geral desse trabalho (definido em função do problema da pesquisa de que trata esse trabalho) é propor um modelo genérico para a gestão do processo de desenvolvimento de produtos que contemple o ecodesign.

Esse modelo foi construído por meio da integração de práticas de ecodesign ao Modelo Unificado para a gestão do PDP proposta por ROZENFELD et al, 2006.

Quanto à sua utilidade, pode ser útil a empresas interessadas:

• Na construção de processo padrão de desenvolvimento de produtos que contemple ecodesign;

• Na realização de benchmark de sua referência para desenvolvimento de produtos (processo padrão) em relação a práticas de ecodesign.

Dessa forma, para a consecução desse objetivo, as seguintes perguntas de pesquisa foram definidas:

(35)

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(36)

1.3 Justificativas para a realização do trabalho

Ao se inserir práticas de ecodesign ao processo padrão de desenvolvimento de produtos de uma empresa, pode-se garantir que os projetos de desenvolvimento contemplem de forma sistemática a redução dos impactos ambientais, ao mesmo tempo que apresentem boas chances de sucesso comercial.

E uma vez que um modelo padrão pode ser construído tendo-se como referência um modelo genérico adaptado para a realidade particular da empresa, o desenvolvimento de um modelo genérico que contemple práticas de ecodesign pode auxiliar empresas no desenvolvimento de um processo padrão de desenvolvimento de produtos que comtemple ecodesign.

Ainda, para o caso de empresas que já possuem processo padrão definido, o modelo aqui proposto pode auxiliar na realização de benchmarking de práticas de ecodesign.

1.4 Estrutura do trabalho

Para a consecução de forma consistente e estruturada do objetivo acima descrito, este trabalho foi dividido da seguinte forma:

• Capítulo 1: apresenta o contexo em que esta pesquisa foi desenvolvida, o problema da pesquisa, o objetivo e as perguntas da pesquisa, as justificativas para sua execução e a forma como foi estruturado;

• Capítulo 2: aborda a fundamentação científica da pesquisa, apresentando as soluções e instrumentos metodológicos adotados;

• Capítulo 3: traz a revisão bibliográfica, onde são apresentados e discutidos os conceitos-chaves utilizados na pesquisa: ecodesign, PDP e integração entre ecodesign e PDP;

(37)

• Capítulo 4: descreve o procedimento de integração de práticas de ecodesign ao Modelo Unificado para a gestão do PDP proposta por ROZENFELD et al, 2006;

• Capítulo 5: dedica-se ao estudo de caso;

• Capítulo 6: traz as conclusões finais do trabalho bem como sugetões para trabalhos futuros

• Capítulo 7: trata das referências bibliográficas utilizadas nesta pesquisa;

• Capiítulo 8: dedica-se a apresentar os apêndices do trabalho; • Capítulo 9: traz os anexos do trabalho

(38)

2 Metodo de pesquisa

Esse capítulo apresenta o embasamento metodológico utilizado neste trabalho. Dessa forma, inicialmente apresenta-se e justifica-se a escolha do método hipotético-dedutivo, ao que se segue a apresentação da classificação da pesquisa e os instrumentos de coleta de dados utilizados.

Por fim, são apresentadas as etapas segundo as quais a pesquisa foi desenvolvida (revisão bibliográfica, integração de práticas de ecodesign ao modelo unificado e estudo de caso).

Ao se apresentar a etapa do estudo de caso, mostra-se também o embasamento teórico adotado, dividido em: elaboração do protocolo do estudo de caso, definição da empresa e da unidade de análise e planejamento do estudo de caso.

2.1 Escolha do método científico

Método científico é o conjunto de processos ou operações mentais que fornecem as bases lógicas por meio das quais os objetivos de uma pesquisa são atingidos (GIL, 1999; MARCONI; LAKATOS, 2004; SILVA; MENEZES, 2005). Dessa forma, após a identificação do objetivo do trabalho, deve-se definir qual o método científico guiará sua execução.

Segundo SILVA; MENEZES, 2005, os métodos científicos existentes são:

• Método dedutivo: baseado na construção lógica conhecida como silogismo, esse método parte de duas premissas e, por intermédio de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente (do geral para o particular) chega a uma terceira premissa logicamente decorrente das duas primeiras e denominada conclusão.

(39)

• Método indutivo: o raciocino implícito a esse método segue o caminho inverso ao dedutivo, pois, partindo-se de constatações particulares advindas da observação de casos da realidade concreta (específico) elaboram-se generalizações;

• Método hipotético-dedutivo: hipóteses para a resolução do problema da pesquisa são propostas e busca-se refutá-las como forma de chegar à solução;

• Método dialético: o raciocínio empregado nesse método é o da negação da negação, sendo que parte dos fatos para interpretar a realidade na busca por soluções;

• Método fenomenológico: não é dedutivo nem indutivo, preocupando-se com a descrição direta da experiência tal como ela é apregoando que existem tantas realidades quantas forem as suas interpretações e comunicações.

Nesse trabalho, práticas de ecodesign foram integradas ao Modelo Unificado, sendo o modelo resultante dessa integração apresentado como a solução do problema de pesquisa. Essa solução é claramente uma hipótese (hipótese da pesquisa) e deverá ser testada quanto a sua validade.

Dessa forma, o método hipotético-dedutivo é o mais apropriado para se atingir o objetivo da pesquisa, uma vez que o modelo de referência proposto é, na verdade, uma hipótese deduzida a qual deverá ser testada (tentativa de refutar).

A Figura 2 ilustra as etapas do método hipotético-dedutivo (MARCONI; LAKATOS, 2004).

(40)

2.2 quan utiliz class novo verd para verd com com cara pesq se q infor Fig Classific Segundo nto à sua zados. Quanto à sificada co os úteis pa dades e inte a aplicaçã dades e inte Como es o objetivo o busca re acterizada c Quanto à quisas em que tudo p rmações p ura 2: Mét cação da p SILVA; M natureza, à natureza omo básica ara o ava eresses un ão prática eresses lo stá pesquis a geração esolver um como pesq à forma de qualitativa ode ser qu para classi todo hipoté pesquisa e MENEZES forma de , segundo a ou aplica nço da ciê niversais, e dirigida cais. sa está ins o de conhe m problema quisa aplic e abordage as e quant uantificáve ficá-las e ético-dedut e instrume S, 2005, a e abordage SILVA; M ada. A pe ência sem enquanto q a solução serida na ecimento p a encontrad cada. em do prob titativas. E el, o que s analisá-la tivo (MARC entos de c as pesqui em, objetiv ENEZES, squisa bás m aplicação que a aplic o de pro área de g ara as áre do no mun blema, SIL m uma pe significa tra s, requere CONI; LAC coleta de d sas podem vos e proc 2005, uma sica visa g o prática p cada visa g oblemas e estão de o eas acadêm ndo real (KA

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(41)

técnicas estatísticas. Já a pesquisa qualitativa adota a interpretação subjetiva dos fenômenos e a atribuição dos significados como estratégia de análise dos resultados obtidos em detrimento ao emprego de técnicas estatísticas. Quanto a esse critério, esta pesquisa é qualitativa devido ao caráter subjetivo associado à atribuição de significados empreendida pelo autor quando da análise dos resultados obtidos.

O terceiro critério proposto por SILVA; MENEZES, 2005, classifica as pesquisas segundo seus objetivos.

A natureza do objetivo de uma pesquisa varia de acordo com a maturidade da área em estudo, sendo a fase inicial de desenvolvimento de uma área de conhecimento caracterizada por pesquisas exploratórias que vão resultar em conceitos, classificações e definições. Surgem então descrições do fenômeno com visões gerais de padrões e estruturas, caracterizando a fase descritiva da evolução da área de conhecimento. Os modelos analíticos que relacionam os componentes entre si serão então desenvolvidos, possibilitando também o desenvolvimento de modelos para a gestão do processo estudado, sendo esse nível de maturidade da área de conhecimento denominado prescritivo, à medida que prescreve novos modelos para a explicação do fenômeno. O próximo passo está relacionado à realização de estudos normativos para entender as relações causais, tornando possível a previsão dos efeitos de diferentes ações/medidas e podendo ter como resultados manuais com listas de verificação e outros tipos de ferramentas para a implementação na prática (KARLSSON, 2009).

Nesse contexto o objetivo desse trabalho é prescritivo, à medida que propõe um modelo de referência genérico com prescrições de práticas de ecodesign integradas a práticas de gestão do PDP. Dessa forma, essa pesquisa é classificada como prescritiva quanto ao seu objetivo.

(42)

Por fim, o último critério definido por SILVA; MENEZES, 2005 classifica as pesquisas quanto aos procedimentos técnicos utilizados, que nesse caso foram: revisão bibliográfica e estudo de caso.

A Tabela 1 resume a classificação desta pesquisa. Tabela 1: Classificação da pesquisa

Critério utilizado Classificação

Quanto à natureza da pesquisa Aplicada

Quanto à abordagem empregada Qualitativa Quanto ao objetivo pretendido Prescritiva Quanto aos procedimentos técnicos utilizados Revisão bibliográfica

Estudo de caso

O último passo na definição da metodologia de pesquisa é a definição dos instrumentos de coleta de dados, que são as ferramentas utilizadas pelo pesquisador na elaboração de seu trabalho.

Entre os instrumentos usualmente empregados em função do método e das classificações adotadas neste trabalho estão: diário de bordo, entrevistas, questionários, observações e análise documental.

Dentre esses, os pertinentes à consecução do objetivo deste trabalho são: análise documental, entrevistas, questionários e diário de bordo.

(43)

2.3 Etap A pa quais o tr método c mostradas A se 2.3.1 Eta Ness sobre os t e PDP. Os r 2.3.2 Eta A 2 unificado processo Esse pas da pes artir da esc rabalho ser científico s na Figura eguir essas apa 1: rev sa etapa temas-cha resultados apa 2: inte ª etapa c gerando, de desenv e modelo s squisa colha do m ria executa adotado. a 3. s etapas sã visão biblio foi levanta aves da pes dessa eta egração de consistiu n assim, um volvimento se constitu método cie ado, etapa Foram d Figura 3: ão detalha ográfica ado o con squisa: ec pa são apr e práticas na integra m modelo de produt i na hipóte entifico, de as essas q definidas q Etapas da das. nhecimento odesign, P resentados s de ecode ção de p o de referê tos ecoefic ese da pes efiniram-se ue guarda quatro eta pesquisa. o existente PDP e a int s no capítu esign ao m práticas de ência gen cientes. quisa, a qu as etapas am estreita apas para e (conhec tegração e ulo x. modelo un e ecodesig érico para ual deverá s por meio a ligação co a a pesq cimento pr entre ecode nificado gn ao Mo a a gestã ser testad o das om o quisa, révio) esign odelo o do da.

(44)

Os resultados dessa etapa são apresentados no capítulo x.

2.3.3 Etapa 3: estudo de caso

Nessa etapa, a tentativa de falsear a hipótese da pesquisa será conduzida por meio da realização de um estudo de caso.

O embasamento teórico adotado para a realização do estudo de caso é aquele proposto por VOSS et al, 2002 e por YIN, 2005. Com base nessas referências, foram definidas as seguintes atividades a serem realizadas durante essa etapa.

• Atividade 1: elaboração do protocolo do estudo de caso

o São definidos requisitos para a escolha da empresa onde o estudo de caso será realizado bem como a participação do pesquisador é planejada;

• Atividade 2: definição da empresa e da unidade de análise

o Com base nos requisitos definidos anteriormente, escolhe-se a empresa objeto do estudo de caso e defini-se qual a unidade de análise, pois assim é possível controlar as variáveis que afetam os resultados;

• Atividade 3: Planejamento do estudo de caso

o Define-se como será a participação dos colaboradores da empresa envolvidos bem como é planejada a execução do estudo de caso, definindo a duração das fases empreendidas durante a execução;

• Atividade 4: execução do estudo de caso

o A execução do estudo de caso segue o planejamento feito e é feita em função da participação do pesquisador e deve estar alinhada com o uso dos instrumentos de coleta de dados a serem

(45)

utilizados no estudo de caso. Nessa atividade os resultados são documentados e os acontecimentos considerados relevantes pelo pesquisador são anotados em um diário de bordo;

• Atividade 5: avaliação dos resultados do estudo de caso

o É feita em função dos resultados gerados pelos instrumentos de coleta de dados utilizados no estudo de caso. Dessa forma, são avaliados resultados advindos da análise documental e dos questionários bem como dos registros feitos no diário. De posse desses resultados, o pesquisador conclui sobre a hipótese da pesquisa.

• Atividade 6: conclusões sobre o estudo de caso

o De posse das avaliações feitas anteriormente, o pesquisador conclui sobre a hipótese da pesquisa.

A seguir as atividades de 1 a 3 são detalhadas.

As atividades 4 (Execução do estudo de caso), 5 (Avaliação dos resultados do estudo de caso) e 6 (Conclusões sobre o estudo de caso) são detalhadas no capítulo x

2.3.3.1 Atividade 1: elaboração do protocolo do estudo de caso

É preciso definir, antes do início das atividades do estudo de caso, quais são os requisitos para escolha da empresa bem como planejar a forma como o pesquisador participará. Essas definições constituem o protocolo do estudo de caso, o qual é apresentado a seguir.

Definição dos requisitos para escolha da empresa

Para a escolha da empresa para a realização do estudo de caso, os seguintes critérios foram definidos em consonância com os objetivos do trabalho:

(46)

• A empresa deve ter um processo de desenvolvimento de produtos estruturado, ou seja, um processo padrão;

• O processo padrão da empresa deve considerar aspectos ambientais; • A empresa deve ter profissionais dedicados ao tema do ecodesign; • A empresa deve estar interessada no estabelecimento de uma parceria

do tipo universidade-empresa e aceitar a divulgação pública dos resultados obtidos mediante assinatura de acordo de confidencialidade entre a empresa e o pesquisador2;

• A empresa deve estar situada na Região de São Carlos.

Participação do pesquisador no estudo de caso

A participação do pesquisador foi definida de forma a garantir confiabilidade na elaboração da conclusão sobre a hipótese da pesquisa.

Dessa forma, o pesquisador atuou ativamente na geração dos resultados aplicando os instrumentos de coleta de dados definidos para o estudo de caso.

Por fim, a participação do pesquisador se deu como foi planejada a execução do estudo de caso, tendo sido definida de forma interativa em relação às fases de execução do estudo de caso.

2.3.3.2 Atividade 2: definição da empresa e da unidade de análise

Em função dos requisitos acima descritos, a empresa escolhida foi a Whirlpool SA – Unidade de Eletrodomésticos de Rio Claro.

Essa unidade é responsável pela produção de lavadoras de roupas e de louças das marcas Brastemp e Consul (assim como outras marcas da empresa comercializadas fora do Brasil) e abriga desde 2008 o Centro de Tecnologia de

2

(47)

Lavanderia (CTL), que é o centro de competência da Whirlpool Corporation para projetos de lavadoras de roupas para o Brasil, México, China e Índia.

Esse centro é o responsável pelo desenvolvimento de produtos dessa unidade. A Unidade de Eletrodomésticos de Rio Claro é certificada pelo Sistema de Gestão Integrada (SGI), que a credencia com a ISO 9001, ISO 14001 e OHSAS 18001, normas que tratam, respectivamente, da gestão da Qualidade, do Meio Ambiente e da Saúde e Segurança.

Quanto à unidade de análise, foi definido, inicialmente, o processo padrão de desenvolvimento de produtos da empresa, conhecido como Consumer to Consumer (C2C), esse processo é dividido em três fases, a saber 3:

• Concepção do produto: visa alinhar os benefícios ao consumidor às oportunidades de negócio, avaliar as opções de conceitos de produto e refinar o conceito escolhido e congelar os requisitos do produto (estéticos e funcionais);

• Conversão do produto: essa fase visa desenvolver e projetar produto e processos usando ferramentas adequadas, obter alinhamento sobre a estratégia de lançamento mercadológico e fechar o “business case”; • Execução do produto: objetiva confirmar a prontidão para o lançamento

comercial, executar a produção piloto (e pré-piloto, quando houver) em preparação para a produção no seu volume total, produzir, Lançar e acompanhar o desempenho do produto no mercado e internamente.

3

As descrições das fases aqui apresentadas foram extraídas da documentação fornecida pela Whirlpool a qual, por razoes de sigilo industrial, e em consonância com o contrato de confidencialidade assinado pelo pesquisador, não foram mostradas neste documento

(48)

C2C A Figura C. Essas trê responsá processo A Figura 4 mostra Figu ês fases s ável pela e o de inovaç 5 mostra a as ativida ura 4: Ativid são prece estratégia ção da Wh as fases do des (enum dades do C didas pelo de negóci irlpool. o FFE meradas de C2C. WHIR o Fuzzy F o e do po e 1 a 25) c RLPOOL, 2 Front End ortfólio de compreend 2009. (FFE) da produtos e didas pelo empresa, e parte do o , o

(49)

Figura 5: Fases do FFE. WHIRLPOOL, 2009

Como se pode inferir pela Figura 4, o FFE é composto de 3 fases, a saber: • Fase 1: as informações sobre concorrentes e consumidores são

reunidas, a partir do que são geradas idéias de novos produtos baseadas em s necessidades identificadas e também em benefícios que esse produtos possam vir a proporcionar para o consumidor. Essas idéias são então descritas de maneira bastante superficial.

• Fase 2: nessa fase as idéias anteriormente geradas são detalhadas, onde se inclui os primeiros desenhos dos produtos (preliminary

rendering) feitos pelos designers industriais. As idéias assim detalhadas

são avaliadas sucessivamente até gerarem uma lista de idéias selecionadas e o portfólio preliminar de produtos. Nas avaliações feitas nessa fase, destaca-se a participação das áreas de tecnologia da empresa, as quais fazem uma descrição preliminar de como as tecnologias a serem utilizadas seriam desenvolvidas ou empregadas; • Fase 3: as idéias preliminarmente avaliadas tem sua avaliação

completada nessa fase. As idéias escolhidas são transformadas em projetos de desenvolvimento para os quais estimativas de custo e tempo

(50)

de desenvolvimento são feitas. Os resultados dessa fase são a POS dos projetos e o portfólio de produtos.

A Figura 6 mostra a relação entre o FFE e o C2C bem como as fases e os

gates do C2C.

Figura 6: Relação entre o FFE e o C2C. WHIRLPOOL, 2009.

Devido à importância das atividades de pré-desenvolvimento para o sucesso do ecodesign, o FFE foi também incluso na unidade de análise.

De forma complementar, foi feita também análise documental de parte de um projeto de uma lavadora de roupa que “...foi lançada ano passado e que ganhou vários prêmios de apelo ambiental4”.

Essa lavadora de roupa foi um dos produtos resultantes do que internamente a empresa denominou de Projeto Goya.

4

Passagem extraída de comunicação via mensagem eletrônica com o responsável por ecodesign da empresa objeto do estudo de caso

CONCEPÇÃO DO PRODUTO CONVERSÃO DO PRODUTO EXECUÇÃO DO PRODUTO Avaliação das

Idéias Avaliação daConcepção

Avaliação da Conversão Liberação para Produção Decisões FUZZY FRONT END Concepts / Solutions Market & Consumers Consumer Needs & Benefits

Phase 1 Phase 2 Migration Path of Solutions Product Portfolio Phase 3 Processo de inovação  9Estratégia de negócios 9Portfólio de produtos Processo de desenvolvimento de produtos 

(51)

A parte analisada do Projeto Goya foi a Product Object Summary (POS). Esse documento é a principal saída do FFE e consiste na minuta do projeto. O desenvolvimento de produto em si inicia-se com a “entrada” da POS no C2C.

Deve-se ressaltar que, devido às limitações impostas pelo contrato de confidencialidade, tanto o FFE como o C2C não serão apresentados em detalhes. 2.3.3.3 Atividade 3: Planejamento do estudo de caso

Foram realizadas duas visitas à empresa para apresentar a proposta do estudo de caso. Na primeira delas, além do pesquisador, participou o responsável por ecodesign da empresa. Nessa oportunidade, o pesquisador esclareceu o objetivo de sua atuação junto à empresa e apresentou o planejamento inicial para o estudo de caso. Esse planejamento foi então consolidado com responsável pelo ecodesign da empresa.

Na segunda visita, o planejamento consolidado previamente foi apresentado ao gerente do Centro de Tecnologia de Lavanderia (CTL), o qual questionou quais benefícios para a empresa seriam gerados pelo estudo de caso. Dessa forma, e em linha com o objetivo deste trabalho, definiu-se que o benefício para a empresa seria conhecer qual a situação do C2C perante as práticas de ecodesign propostas nesse trabalho, ou seja, fazer um benchmarking de seu processo padrão em relação à práticas de ecodesign.

Ainda, como resultado desse benchmark, o pesquisador apresentaria uma proposta para a inserção do ecodesign ao C2C, tendo como base o modelo aqui proposto.

Ficou ainda decidido que os resultados desse benchmarking seriam apresentados por meio de um workshop, o qual marcaria o término do estudo de

(52)

caso. Após alguns esclarecimentos de natureza operacional, o gerente do CTL concordou em receber o pesquisador para a realização do estudo de caso.

Quanto aos colaboradores da Whirlpool, além do gerente do CTL e do responsável por ecodesign da empresa, foram envolvidos os seguintes colaboradores:

• Líder do Projeto Goya5

;

• Líder técnico do Projeto Goya;

• Representante de EHS (Environmental, Health and Safety) da Planta de Rio Claro;

• Responsável pelo C2C no Brasil (C2C Champion); • Responsável pelo FFE (Fuzzy Front End) no Brasil.

A definição desses participantes foi feita em conjunto com o representante de ecodesign da empresa.

Nesse contexto, e visando a estruturação da geração dos resultados que embasariam as conclusões sobre a hipótese da pesquisa, o estudo de caso foi planejado para acontecer segundo as seguintes fases:

• Fase 1: análise documental

o Tanto o C2C como o FFE foram analisados em detalhes visando inferir sobre a presença de tarefas de ecodesign e, em caso positivo, avaliar a semelhança das tarefas existentes com aquelas propostas nesse trabalho. Com relação à POS da lavadora de roupas escolhida como objeto de estudo, o objetivo foi avaliar se continha instruções específicas sobre o desempenho ambiental

5

Esse projeto gerou uma linha de produtos que, segundo a empresa, leva em consideração aspectos ambientais

(53)

esperado para o produto que seria desenvolvido a partir das informações nela contidas.

• Fase 2: realização de entrevistas com uso de roteiros

o De forma a complementar as análise feitas na Fase 1, os participantes foram entrevistados com vistas a aferir quanto à execução das tarefas de ecodesign (tanto aquelas encontradas no C2C e/ou FFE como as aqui propostas), seus conhecimentos sobre as treze ferramentas de ecodesign mais citadas na revisão bibliográfica e também como o ecodesign é tratado no âmbito na inovação da empresa;

• Fase 3: apresentação dos resultados da análise documental e aplicação de questionário para avaliar a percepção dos participantes no tocante ao modelo proposto

o Realizado após o término das fases 1 e 2, nessa fase os resultados anteriormente gerados foram apresentados. Ainda, o modelo aqui proposto foi apresentado em detalhes e foi solicitado que os participantes preenchessem um questionário cujo objetivo era inferir sobre a validade do modelo enquanto referência para a realização de benchmark de práticas de ecodesign.

A Fase 1 e 2 foi denominada de diagnóstico, sendo os resultados apresentados na Fase 3.

Definidos todos esses elementos, foi realizado um workshop para apresentar os objetivos do estudo de caso, as fases que o comporiam, os instrumentos a serem utilizados as pessoas envolvidas e o cronograma de execução do estudo de caso.

(54)

O último passo antes do inicio das atividades marcou a assinatura do contrato de confidencialidade, o qual é mostrado no ANEXO X

2.3.4 Etapa 4: conclusões e sugestões para trabalhos futuros

Trata da finalização do conteúdo do trabalho, apresentando as conclusões a que se pôde chegar, sugestões para trabalhos futuros (elaboradas a partir de limitações deste trabalho), avaliação crítica do uso do método científico adotado e também de insights sobre possíveis temas de pesquisa na área de ecodesign e PDP.

(55)

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Nesse capítulo são apresentados e discutidos os conceitos-chaves utilizados na pesquisa: ecodesign, PDP e integração entre ecodesign e PDP.

3.1 Ecodesign

3.1.1 Contexto histórico e definições

Antes do surgimento das leis ambientais, o meio físico (ar, água e solo) era encarado como sendo livre e disponível para receber os resíduos advindos das atividades humanas (antrópicas). Nessa época, as abordagens de gestão ambiental inexistiam, sendo a postura adotada pelas empresas caracterizadas pela omissão, uma vez que se limitava a diluir e dispersar os poluentes gerados (BULCHHOLZ, 1998).

As primeiras leis que visavam enfrentar a temática da poluição surgiram em países industrializados a partir de meados do século vinte e focavam primordialmente o controle de emissões de poluentes, sendo, dessa forma, de caráter notadamente corretivo (SÁNCHEZ, 2001). Em reação aos padrões de emissão estabelecidos pelas leis ambientais, as empresas passaram a tratar e dispor seus resíduos em concordância com esses padrões, caracterizando a abordagem conhecida como fim-de-tubo.

Amplamente difundida entre as décadas de 70 e 80, essa abordagem implica na instalação de caros e sofisticados filtros em chaminés e a construção de volumosas estações de tratamento de resíduos líquidos, agregando, dessa forma, novos custos ao processo produtivo, o que redunda em aumento do custo final do produto (LEMOS, 2000). Sob o ponto de vista dos impactos ambientais, esse tipo de abordagem reativa não apresenta resultados satisfatórios, pois o que se verifica é a troca de um tipo de poluição por outra como (BARBIERI, 1997).

(56)

A década de 80, marco no aumento em escala planetária da consciência ambiental marca também substancial mudança no comportamento das empresas no tocante ao gerenciamento dos impactos ambientais causados pelas suas atividades. Como fruto do aumento da consciência ambiental dos cidadãos, as leis ambientais tornam-se mais rigorosas, tornando as tecnologias que suportavam a abordagem de “fim-de-tubo”6 até então utilizadas insuficientes para atender aos padrões de emissão mais rigorosos, elevando ainda mais os custos associados ao tratamento dos resíduos. A essa altura, a visão que predominava entre as empresas era que conduzir seus negócios de forma ambientalmente consciente afetava negativamente o desempenho econômico, pois demandava maiores investimentos em produtos e processos.

No entanto, a partir de meados dessa década, os gastos com proteção ambiental começaram a ser vistos pelas empresas líderes não primordialmente como custos, mas sim como investimentos no futuro e, paradoxalmente, como vantagem competitiva (CALLENBACH et al, 1993). Além dos aspectos legais, essa mudança de atitude deve-se, também, à constatação dos reais custos associados à tradicional abordagem de fim-de-tubo. Por de trás dos custos usualmente contabilizados com tratamento e disposição, há custos relacionados (e não usualmente contabilizados) com, por exemplo, perda de matéria prima, água, energia, não conformidades legais e normativas e aqueles relacionados à imagem da empresa (BIERMA, 1998).

6

Abordagem de gestão ambiental de empresas orientada à conformidade legal e cujas ações típicas envolvem tratamento e disposição dos dejetos industriais (resíduos sólidos, emissões gasosas e efluentes líquidos)

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Sobre esse viés econômico, segundo dados do Programa das Nações Unidas Para o Meio Ambiente (UNEP), tipicamente, para cada dólar contabilizado com tratamento ou disposição de resíduos, há de dois a três outros dólares “escondidos” ou simplesmente ignorado, sendo essa constatação válida inclusive para grandes e bens gerenciadas empresas (UNEP, 2004).

É nesse contexto que algumas indústrias passaram a adotar, no final da década de 80, abordagens de gestão ambiental que visavam reduzir a quantidade de resíduos gerados por meio de técnicas de reutilização, reciclagem (interna ou externa ao processo) e recuperação de materiais, como ilustrado na Figura 7.

Figura 7: Reutilização, reciclagem, recuperação (BISHOP, 2000)

Ainda assim, tanto a reutilização quanto a reciclagem e a recuperação, embora contribuam para a minimização da geração de resíduos, constituem-se em soluções paliativas, pois partem do pressuposto de que o resíduo existe e também porque geram subprodutos e envolvem gastos de energia e outros custos operacionais. Dessa forma, as empresas passam a adotar, a partir do final da década de 80 e início da de 90, abordagens de gestão ambiental visando a minimização dos resíduos gerados em seus processos produtivos e, conseqüentemente, conciliação entre ganhos econômicos e ambientais.

(58)

Exemplo dessa postura é o programa denominado Pollution Prevention Pays (3P) empreendido pela americana Minnesota Mining and Manufacturing (3M) o qual, em seus primeiros anos de existência, envolveu mais de 2.500 mudanças de processos, levou a uma economia de mais de US$ 500 milhões além de outros US$650 milhões resultantes da economia de energia (LEIGHTON, 1992).

WEENEN, 1995 afirma que as abordagens de gestão ambiental voltadas aos processos produtivos têm preferência sobre aquelas de caráter reativo (fim-de-tubo), destacando que, gradualmente, tem sido aceito que as abordagens orientadas ao ciclo de vida dos produtos são ainda mais atrativas do que aquelas orientadas ao processo.

Estima-se que entre 60% a 80% de todos os impactos causados ao longo de todas as fases da vida de um produto são determinados nas fases iniciais de seu projeto (GRAEDEL; ALLENBY, 1995). Além dos aspectos ambientais7, também os financeiros são amplamente definidos durante as fases iniciais do processo de desenvolvimento de produto, onde se estima que 85% do custo final do produto é determinado (FABRYCKY, 1987 apud SROUFE ET AL, 2000). A partir dessas constatações, inúmeras abordagens para auxiliar empresas na adoção de abordagens de gestão ambiental segundo a perspectiva da integração dos aspectos ambientais no processo de desenvolvimento de produto têm sido desenvolvidas, principalmente através da abordagem denominada ecodesign (MAXWELL; VAN DER VORST, 2003).

7

Segundo a ABNT NBR ISO 14001:2004, aspecto ambiental é “um elemento das atividades ou produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente”. É importante destacar a relação de causa-efeito existente entre aspectos e impactos ambientais.

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O ecodesign apregoa que os impactos ambientais observados ao longo do ciclo de vida dos produtos sejam considerados de forma sistemática durante as fases iniciais do Processo de Desenvolvimento de Produtos. Com o objetivo final de reduzir os impactos ambientais causados pelos produtos, o ecodesign implica na introdução de requisitos de desempenho ambiental ao PDP, o que não deve comprometer critérios essenciais ao sucesso comercial do produto, tais como desempenho, funcionalidade, segurança, estética, qualidade, tempo de desenvolvimento (time to market) e custo. Dessa forma, o ecodesign visa conclicar ganhos econômicos com ambientais (ecoeficiência), podendo ser encarado tanto como uma abordagem de PDP que se alinha ao conceito do desenvolvimento sustentável como uma estratégia de gestão ambiental de empresas pró-ativa (a qual voltada suas ações às causas da geração dos impactos ambientais em detrimento à mitigação de suas conseqüências) que integra as funções gestão ambiental e desenvolvimento de produtos. (FIKSEL, 1993, VAN WEENEN, 1995; BREZET; VAN HEMEL, 1997; MAXWELL; VAN DER VORST, 2003, HAUSCHILD; JESWIET; ALTING; 2004; BYGGETH; HOCHSCHORNER, 2006; GIUDICE; LA ROSA; RISITANO, 2006, pg.18; LUTTROPP; LAGERSTEDT, 2006; GUELERE FILHO; PIGOSSO, 2008 pg 160).

O ecodesign Integra as questões ambientais no design industrial relacionando o que é tecnicamente possível com o que é ecologicamente necessário e socialmente aceitável, face à percepção crescente das necessidades de salvaguardar o ambiente num contexto de desenvolvimento sustentável (VAN WEENEN, 1995; JOHANSSON, 2002;).

A terminologia para o conceito mudou durante as últimas décadas. O termo original, green design, foi substituído por design ecológico, design ambientalmente

(60)

sensitivo ou ecodesign (BREZET; VAN HEMEL, 1997), design para o ambiente (design for (the) environment) (EHRENFELD; HOFFMAN, 1993) e design ambientalmente responsável (DERMODY; HANMER-LLOYD, 1995). É interessante notar que o uso das terminologias varia de continente para continente. Enquanto o termo “design para o ambiente” é mais utilizado nos Estados Unidos da América, o termo ecodesign é mais adotado no continente Europeu (BAUMANN; BOONS; BRAGD, 2002).

São sinônimos de Ecodesign (LAGERSTEDT, 2003 apud JESWIET; HAUSCHILD, 2005, HAUSCHILD et al, 2005): Design for environment;

Environmental product design, Green design; Sustainable design; Environmental conscious design; Life cycle design; Clean design.

Deve-se ressaltar, no entanto, que embore o ecodesign vise reduzir o impacto ambiental dos produtos, esse conceito não questiona os padrões de consumo.

De certa forma, o ecodesign acaba por justificar a manutenção do insustentavel padrão de consumo mundial, o qual poderia ser mantido intacto desde que os produtos em si causem menos impacto ambiental.

3.1.2 Motivadores para adoção

Os motivadores para a adoção do ecodesign freqüentemente apontados na literatura são (DOWIE, 1994, BREZET; VAN HEMEL, 1997; BAKSHI; FIKSEL, 2003; HAUSCHILD, 2005; BYGGETH; HOCHSCHORNER, 2006):

• Crescente consciência dos consumidores quanto ao impacto ambiental associados aos produtos e serviços que consomem;

• Entrada em vigor de legislações ambientais mais rigorosas e que contemplam o ciclo de vida dos produtos (exemplo: Diretiva 2002/96/EC sobre Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos);

(61)

• Melhoria da imagem corporativa; • Oportunidades de novos negócios;

• Crescente percepção do desempenho ambiental de produtos como diferencial de competitividade (inovação em produtos através da redução do impacto ambiental associado ao seu ciclo de vida);

• Redução de custos derivada do melhor uso dos recursos e da redução da geração de resíduos industriais

Os benefícios potenciais da incorporação dos aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento do produto são (ABNT ISO/TR 14062, 2004):

• Redução de custos, pela otimização do uso de materiais e energia, processos mais eficientes, redução da disposição de resíduos;

• Estímulo à inovação e à criatividade;

• Identificação de novos produtos, por exemplo, a partir de materiais descartados;

• Atingir ou superar as expectativas dos clientes; • Melhoria da imagem da organização e/ou marca; • Incremento da fidelidade do cliente;

• Atração de financiamento e investimento, particularmente de investidores ambientais conscientes;

• Aumento da motivação dos empregados; • Incremento do conhecimento sobre o produto;

• Redução de infrações legais por meio da redução de impactos ambientais;

• Redução de riscos;

(62)

• Melhoria das comunicações internas e externas.

Na evolução das abordagens de gestão ambiental em empresas, supera-se a visão focada no processo produtivo e no tratamento e disposição final de seus dejetos (resíduos sólidos, emissões gasosas e efluentes líquidos) e passa-se a adotar uma visão holística de todos os impactos ambientais causados ao longo das fases do ciclo de vida de um produto (GUELERE FILHO,PIGOSSO, 2008 p.160).

3.1.3 Ecodesign e desenvolvimento de produtos sustentáveis

O conceito de Desenvolvimeno Sustentável (DS) foi apresentado pela primeira vez em 1987 pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento por meio do relatório conhecido como “Nosso fututo comum” (VEZZOLI; MANZINI, 2008). Nesse relatório encontra-se que o desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que satizfaz as nececidades das gerações atuais sem comprometer a habilidade das gerações futuras em satisfazer suas próprias necessidades (WCED, 1987).

ELKINGTON, 1998, em uma leitura do mundo dos negócios sobre o DS, introduziu o conceito conhecido como Triple Bottom Line (TBL) segundo o qual as empresas deveriam considerar, simultaneamente, os impactos sociais, ambientais e econômicos de suas atividades.

A partir do conceito do TBL, o DS passou a ser representado por ilustrações como a da Figura 8, sendo apresentado como estando na interface entre os domínios ambientais, sociais e econômicos.

(63)

Figura 8: Desenvolvimento sustentável.

O desenvolvimento de produtos sustentáveis (Sustainable Product

Development – SPD) é definido como a inserção simultãnea dos aspectos

ambientais, sociais e econômicos ao desenvolvimento de produtos, sendo sinômimo de Design for Sustainability (VEZZOLI; MANZINI, 2008; KURK; EAGAN, 2008).

A concilição entre aspectos econômicos e ambientais recebe o nome de ecoeficiência (HAUSCHILD; JESWIET; ALTING, 2004; WENZEL; ALTING, 2006) e segundo CEBDS, 2009 “...ecoeficiência é o uso mais eficiente de materiais e energia, a fim de reduzir os custos econômicos e os impactos ambientais”.

Figura 9 mostra a relação entre conceitos-chaves para esta pesquisa: o Processo de Desenvolvimento de Produtos, ecodesign, Desenvolvimento de Produtos Dustentáveis e Desenvolvimento Sustentável.

Sociedade Meio ambiente Economia Socioeconômicos Socioambientais Econômicos e ambientais DS

(64)

Figura 9: PDP, Ecodesign, SPD e DS (TISCHNER; CHARTER, 2001 pg.120) Como pode-se inferir da figura acima, o ecodesign é formado a partir da adição de aspectos ambientais ao PDP.

Quanto ao desenvolvimento de produtos sustentáveis, forma-se acrescentando aspectos sociais ao ecodesign.

Por fim, quando se considera o desenvolvimento de produtos sustanáveis no ambito do sistema de produção e consumo, fala-se em desenvolvimento sustantável8.

Deve-se ressaltar que inúmeras abordagens que supostamente orientam a suas ações ao desenvolvimento de produtos sustentáveis são, em verdade, abordagens de ecodesign, uma vez que consideram os aspectos ambientais em adição àqueles usualmente considerados no PDP (desempenho, funcionalidade, segurança, custo...).

8

Para conhecer a política da Comunidade Européia de produção e consumo sustentáveis, acesso: http://ec.europa.eu/environment/eussd/escp_en.htm PDP Desempenho, funcionalidade,  segurança, estética, qualidade, time  to market, custo... Ecodesign Aspectos ambientais Aspectos sociais Desenvolvimento de produtos sustentáveis Desenvolvimento sustentável

(65)

Considerando-se que o ecodesign visa conciliar ganhos econômico com ambiental (redução de impacto ambiental), os produtos desenvolvidos segundo esse conceito podem ser definidos como produtos ecoeficiêntes. São elementos da ecoeficiência (CEBDS, 2009):

• Reduzir o consumo de materiais com bens e serviços; • Reduzir o consumo de energia com bens e serviços; • Reduzir a dispersão de substâncias tóxicas;

• Intensificar a reciclagem de materiais;

• Maximizar o uso sustentável de recursos renováveis; • Prolongar a durabilidade dos produtos;

• Agregar valor aos bens e serviços;

Para NIMSE et al, 2007, produtos “verdes” são produtos menos prejudiciais aos seres humanos e seu ambiente quando comparados com produtos tradicionais em uso e são também mais viáveis a longo prazo do ponto de vista social, econômico e ambiental.

Para a consecução do objetivo deste trabalho, define-se produtos ecoeficiêntes como produtos competitivos no mercado, com alto valor agregado e que causam menos impactos ambientais quando comparados com produtos tradicionais em uso.

3.1.4 Classificação das pesquisas em ecodesign

De acordo com HANDFIELD et al, 2001 as pesquisas em ecodesign podem ser divididas em três categorias:

• A primeira delas aborda estudos de casos, descrevendo histórias de sucesso de empresas que desenvolveram produtos “amigos do meio ambiente” e foram reconhecidas por isso pela impressa;

(66)

• A segunda oferece orientações para a integração de preocupações ambientais no proceso de desenvolvimento de produto, ou seja, para a integração do ecodesign ao PDP. Mais especificamente, essa categoria da pesquisa em ecodesign foca nos fatores de sucesso e barreiras à implementação do ecodesign bem como propõe abordagens (estágios, passos, processo...) para implementação do ecodesign;

• A terceira categoria desenvolve e avalia ferramentas para auxiliar na integração de questões ambientais ao processo de desenvolvimento de produto, ou seja, ferramentas de ecodesign.

Esse trabalho abordará a segunda e a terceira categoria proposta por HANDFIELD et al, 2001, não abordando casos de sucesso em ecodesign.

3.1.5 Práticas de ecodesign

Essa seção é dividida em três partes.

Na primeira dela apresenta-se considerações iniciais sobre o tema bem como a definição de prática de ecodesign adotada nesse trabalho.

Na segunda, mostra-se o levantamento de práticas existentes feito por meio da revisão bibliográfica.

A terceira e última seção mostra tanto o levantamento de classificações para práticas existentes feito na revisão bibliográfica como a proposta feita nesse trabalho.

3.1.5.1 Considerações iniciais e definição

Logo de início, é importante destacar que não foi encontrada, na revisão da literatura feita nesse trabalho, uma definição para práticas de ecodesign.

Ainda, pôde-se observar que se quer existe consenso sobre o que venha a ser um método, uma ferramenta, um checklist, um guideline, regras, técnicas,

Referências

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