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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1.5 Práticas de ecodesign

3.1.5.3 Classificação das práticas de ecodesign

Para BYGGETH; HOCHSCHORNER, 2006, existem ferramentas destinadas a: • Analisar de impactos ambientais;

• Selecionar potenciais melhorias ambientais;

• Fornecer assistência para a concepção e brainstorming, e;

• Avaliar os aspectos ambientais frente a outros critérios importantes. GIUDICE; LA ROSA; RISITANO, 2006 pg.21, afirmam que a implementação do ecodesign é feita utilizando-se de duas tipologias de instrumentos:

1. Ferramentas que auxiliam a análise do ciclo de vida do produto, viabilizando a aquisição, elaboração e interpretação de datos ambientais;

2. Ferramentas que auxiliam no projeto ou re-projeto do produto.

HAUSCHILD; JESWIET; ALTING; 2004, baseando-se nos trabalhos de vários autores, afirmam que a variedade de métodos e ferramentas de ecodesign vai do geral ao específico, focando em fases específicas do ciclo de vida dos produtos (tipicamente as fases de uso e disposição final), ou em certos tipos de produtos ou serviços, sendo que alguns métodos são direcionados ao uso no início do processo de desenvolvimento de produtos e outros à fase de detalhamento do projeto.

Dessa forma, pôde-se notar que não também existe consenso sobre como essas práticas podem ser classificadas.

Tabela 4: Classificações de práticas encontradas na literatura

Referência Classificação proposta

GIUDICE; LA ROSA; RISITANO, 2006 pg.71,

Ferramentas que permitem uma completa análise ambiental de todo o ciclo de vida dos produtos

Ferramentas que permitem uma ampla avaliação ambiental do produto tendo como base informações

limitadas de naturezas qualitativas e quantitativas Ferramentas que avaliam o desempenho ambiental do produto em relação à aspectos específicos, para os quais métricas e indicadores são

definidos de forma conveniente

TISCHNER, 2001, p.269- 270

Ferramentas de análises de pontos fortes e fracos ambiental

Ferramentas para definição de prioridades e seleção dos potenciais de melhorias mais importantes

Ferramentas para o provimento de auxílio à geração de idéias, design e especificações preliminares

Ferramentas para coordenação com outros critérios importantes

BYGGETH; HOCHSCHORNER, 2006

Ferramentas para analisar impactos ambientais Ferramentas para selecionar potenciais melhorias

ambientais (seleção de alternativas) Fornecer assistência para a concepção e

brainstorming

Avaliar os aspectos ambientais frente a outros critérios importantes

GIUDICE; LA ROSA; RISITANO, 2006 pg.21

Ferramentas que auxiliam a análise do ciclo de vida do produto, viabilizando a aquisição, elaboração e

interpretação de datos ambientais

Ferramentas que auxiliam no projeto ou re-projeto do produto

BHAMRA; LOFTHOUSE, 2007, p.

65,

Ferramentas de avaliação ambiental (Environmental Assessment Tools)

Ferramentas estratégicas (Strategic Design Tools) Ferramentas para a geração de idéias (Idea

Generation Tools)

Ferramentas de User centered design Ferramentas para fornecer informações BAUMANN; BOONS;

BRAGD, 2002

Frameworks

Checklists and guidelines Rating and ranking tools

Analytical tools

Software and expert systems Organising tools

É possível observar uma clara diferenciação entre práticas voltadas ao levantamento dos impactos ambientais causados pelos produtos e aquelas orientadas à sua redução.

Em outras palavras, existe um grupo de práticas que definem os problemas a serem atacados (impactos ambientais) e outras propõem como resolvê-los.

As práticas que visam levantar os impactos ambientais podem ser utilizadas em termos absolutos, para levantar o impacto ambiental de um produto em termos absolutos, ou ainda para avaliar o impacto de um produto em relação a outro, ou seja, em termos comparativos (práticas comparativas).

Quanto a essas últimas, ao invés de aplicadas à produtos, podem ser utilizadas também para comparar o impacto ambiental de diferentes soluções de projeto e/ou conceitos.

Ainda, o levantamento dos impactos ambientais de um produto pode ser feito de uma forma bastante completa, por meio de uma metodologia de avaliação de impacto cientificamente embasada como a ACV, ou por meio de simplificações como as matrizes MECO, MET e DfE, Eco-Indicator 99, Eco-Function Matrix23.

Quando se pretende comparar os impactos ambientais de produtos ou de diferentes soluções de projeto e/ou conceitos, pode-se também utilizar essas práticas, as quais seriam aplicadas, por exemplo, para cada conceito sob avaliação. Ou então, pode-se lancar mão de práticas como a LiDS, Philips Fast Five, já concebidas para avaliação comparativa.

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Essas simplificações usualmente são construídas tendo como base estudos completos de ACV

Dessa forma, dependendo do uso pretendido, As práticas que orientadas aos os impactos ambientais podem ser bastante completas e complexas, como a ACV ou mais simplificadas e da fácil uso como as Eco-Function Matrix, MECO, etc.

A utilização desses práticas no PDP varia em função, por exemplo, no estágio de desenvolvimento do produto e o uso pretendido. Por exemplo, no início de um desenvolvimento, quando uma empresa precisa decidir elementos estratégicos relacionados ao ecodesign, é prática comum analisar segmentação e posicionamento de mercado. Nesse sentido, a empresa pode se interessar por conhecer os impactos ambientais de seus produtos em comparação com concorrentes que atuam em um determinado segmento de mercado, podendo, para isso, lançar mão de práticas comparativas.

Em uma outra situação, a empresa precisa definir claramente metas de redução de impactos ambientais para um determinado produto, necessitando, para isso, conhecer os reais impactos causados por seu ciclo de vida, o que pode ser feito de forma completa por meio da ACV ou de forma simplificada por meio da matriz MECO.

Já as práticas que se dedicam a propor soluções, ou seja, que se dedicam a orientar o projeto do produto de forma a reduzir o impacto ambiental, são de natureza qualitativa, e compreendem as inúmeras estratégias de ecodesign e regras de ouro (rules of thumb) existentes. Essas práticas foram construídas tendo como base os impactos ambientais recorrentes aos tecnológicos.

Dentre os critérios utilizados por PIGOSSO, 2008 na classificação dos métodos e ferramentas encontrados está a “Natureza do objetivo principal do método/ferramenta” (PIGOSSO, 2008). Segundo esse critériio, os métodos e ferramentas foram classificados como (PIGOSSO, 2008):

• Prescritiva: métodos/ferramentas que apresentam sugestões genéricas (oriundas de um conjunto pré-estabelecido de melhores práticas de redução de impactos ambientais) para a melhoria do desempenho ambiental de produtos considerando impactos ambientais recorrentes a produtos industriais;

• Comparativa: métodos/ferramentas que visam comparar o desempenho ambiental de diferentes produtos, de diferentes conceitos ou de diferentes alternativas de projetos para um mesmo produto;

• Analítica: métodos/ferramentas que visam identificar potencias de melhorias no desempenho ambiental de produtos através da determinação de seus impactos ambientais. As categorias de impactos são pré- estabelecidas de acordo com o método/ferramenta.

Com base no critério “Natureza do objetivo principal do método/ferramenta” utilizado por PIGOSSO, 2008 e na análise das classificações encontradas na literatura (Tabela 4), esse trabalho propõe que as práticas de de ecodesign podem ser classificadas segundo as seguintes categorias:

• Práticas prescritivas: são práticas de ecodesign que auxiliam a equipe desenvolvedora de produtos a encontrar soluções de projeto que reduzam o impacto ambiental do produto em desenvolvimento. São exemplos dessas práticas as estratégias de ecodesign, regras de ouro, axiomas e rules of thumb;

• Práticas de avaliação de impacto ambiental: são utilizadas para se avaliar os impacto ambiental de diferentes produtos, soluções de projeto e conceitos. Podem ser completas (ACV) ou simplificadas (MECO, MET, DfE Matrix, MIPS, CED, Ecoindicator 99...) dependendo da profundidade da avaliação desejada;

• Práticas comparativas: são práticas de ecodesign utilizadas para comparar diferentes produtos, soluções de projeto e conceitos tanto em termos de impactos ambientais como de outros critérios. São exemplos desse tipo de prática: Philips Fast Five Awareness, Funktionkosten, Dominance Matrix or Paired Comparison, Econcept Spiderweb, Deployment, LiDS-wheel

Deve-se observar que uma prática pode pertencer a mais de uma categoria. Por exemplo, a DfE Matrix ao mesmo tempo que pode avaliar o impacto ambiental de um produto (de forma simplificada) pode tembém ser utilizada para comparar o impacto ambiental de dois produtos distintos.

O intuito da proposição dessas categorias, além de contribuir para a sistematização do conhecimento na área, é estruturar o processo de integração do ecodesign ao Modelo Unificado.

As práticas assim definidas serão citadas durante a integração do ecodesign ao PDP.