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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4 Integrando o ecodesign ao modelo unificado

4.4 Integração à macrofase de desenvolvimento

4.4.2 Integração ao Projeto Conceitual

Nessa fase são realizados desdobramentos sucessivos dos sistemas em subsistemas e em componentes (processo top down: do produto final para os componentes, a partir da análise dos requisitos previamente definidos pelas especificações-metas advindas da fase do projeto informacional). É também nessa

fase que se inicia o detalhamento das concepções desenvolvidas por meio da escolha dos materiais, processos de fabricação e montagem dos Sistemas, Sub- sistemas e Componentes (SSCs), dentro dos conceitos de engenharia simultânea. Ao término dessa fase, defini-se a concepção do produto, composta de:

• Alternativas de solução (princípios de soluções individuais e totais); • Lista dos principais SSCs;

• Arquitetura do produto (layout do produto e BOM inicial); • Desenhos iniciais;

• Especificações iniciais dos SSCs; • Plano macro do processo.

Como apontado por BAUMANN; BOONS; BRAGD, 2002, a fase de projeto conceitual é a que mais influencia o produto em matéria de desempenho ambiental.

Dessa forma, especial atenção foi dada a integração do ecodesign a essa fase. A Figura 18 mostra as Informações principais e dependências entre as atividades da fase de Projeto Conceitual (ROZENFELD et al, 2006).

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• As “Dez regras de ouro do ecodesign (ANEXO 2);

• Estratégias de life cycle design propostas por VEZZOLI; MANZINI, 2008, pg.64 (página 55 deste documento).

Quer os princípios de soluções individuais sejam desenvolvidos, quer sejam escolhidos entre soluções prontas (catálogo de soluções, por exemplo), poder-se-ia utilizar práticas de ecodesign comparativas para guiar a escolha na direção do menor impacto ambiental. São exemplos de práticas de ecodesign comparativas:

• Philips Fast Five (ANEXO 4) • Funktionkosten (ANEXO 1); • Eco-Function Matrix50

(ANEXO 2);

• Dominance Matrix or Paired Comparison (ANEXO 4); • Econcept Spiderweb (ANEXO 1);

• LiDS-wheel (ANEXO 3)

Alternativamente, práticas de avaliação de impacto ambiental poderiam também ser utilizadas para esse propósito de comparar o impacto ambiental associado ao diferentes princípios de soluções individuais.

Dessa forma, o impacto ambiental das alternativas de solução seria definido como o somatório dos impactos ambientais dos princípios de soluções individuais escolhidos. Análises como essas poderiam ser feitas a partir da matriz morfológica e conduzidas como um processo de trade off entre o que é funcionalmente necessário ao produto com o que é ambientalmente desejado.

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Segundo HAUSCHILD; JESWIET; ALTING; 2004, a ferramenta The Eco-Function foi desenvolvida especificamente para esse fim e foi utilizada com sucesso por várias empresas

Ainda, é importante observar que, procedendo dessa maneira, a equipe de desenvolvimento de produto construiría uma visão estruturada e clara sobre o impacto de suas decisões sobre o desempenho ambiental do produto em desenvolvimento.

Escolhidas as alternativas de solução para o produto, define-se a arquitetura do produto, a partir da qual as alternativas de solução são desdobradas em SSCs que deverão atender às funções do produto.

A arquitetura do produto define como os componentes físicos que o compõem se relacionam e como o produto pode ser modificado, sendo que a arquitetura modular permite a minimização das modificações físicas necessárias para obter uma determinada mudança funcional (ROZENFELD et. al, 2006).

Nessa altura, deve-se observar a coerência entre a estratégia de fim de vida definida anteriormente e o tipo de modularidade que eventualmente venha a ser adotada no projeto do produto.

Por exemplo, a modularidade pode facilitar a desmontagem de um produto em partes independente ou módulos. E, uma vez que a desmontagem é um fator crítico para a remanufatura, caso essa tenha sido essa a estratégia de fim de vida escolhida, deve-se avaliar os tipos de modularidade existentes de forma a viabilizar a remanufatura como estratégia de fim de vida útil.

Os SSCs são então analisados, gerando a primeira versão da Bill of Material (BOM) para cada concepção. É durante essa atividade (“Analisar sistemas, subsistemas e componentes”) do modelo unificado que está previsto o uso de métodos e ferramentas de DFX, sendo que no Modelo Unificado, o projeto para o meio ambiente (Design for Environment - DFE) é apresentado como um dos DFXs existentes.

HAUSCHILD; JESWIET; ALTING; 2004 argumentam que existem DFXs para o DfE, destancando o DFD (Design for Disassembly) e o DFR (Design for Recycling) e afirmando que o DfE a ser utilizado é função do cenário de fim de vida projetado para o produto. Assim, em consonância com a nomenclatura aqui proposta, o tipo de DFE a ser adotado deve ser escolhido em função da estratégia de fim de vida útil escolhida pelo produto.

Faz-se necessário ressaltar que, embora nesse trabalho o termo DFE seja utilizado como sinônimo de ecodesign, a perspectiva aqui adotada vai além da implícita ao Modelo Unificado, uma vez que se ambiciona que os aspectos ambientais sejam considerados desde o planejamento estratégico dos produtos, e não somente como um parâmetro a ser otimizado no projeto do produto (embora isso seja também necessário).

De posse da BOM inicial, seria possível se ter uma visão inicial sobre o impacto ambiental causado pelo produto em desenvolvimento, o qual poderia ser comparado com as metas ambientais previamente estabelecidas para avaliar a adequação das soluções de projeto adotadas.

Essa avaliação ambiental inicial poderia ser feito por meio das práticas de avaliação de impacto ambiental.

A partir desse momento (análise dos SSCs) poder-se-ia iniciar o uso da ACV. Assim, caso seja decidido pelo uso dessa prática, devem ser previstas atividades relacionadas à execução do ACV. No entanto, para o caso do desenvolvimento de novos produtos, a ACV aqui desenvolvida será bastante limitada, pois poucas seriam as informações disponíveis, sendo que a ACV aqui iniciada deverá ser finalizada no detalhamento do projeto, quando se obtém as especificações finais dos SSCs.

A definição da ergonomia e da estética do produto podem estar também compromissada com a redução do impacto ambiental. Em termos práticos, isso significa que não é necessário o desenvolvimento e/ou aplicação de novas abordagens, métodos ou ferramentas de design industrial e/ou de definição de ergonomia, mas sim, que os existentes corroborem a busca pelos objetivos e metas ambientais. Ou seja, as tarefas associadas a essa atividade não sofreram alterações, mas apenas deverão considerar os objetivos e metas ambientais.

Em linha com o que foi descrito durante a integração do ecodesign ao planejamento do projeto, a definição de fornecedores e parcerias de co- desenvolvimento poderia contemplar os objetivos e metas ambientais da empresa, podendo os fornecedores e parceiros potenciais serem questionados ou mesmo auditados quanto às suas práticas ambientais.

A atividade da seleção da concepção do produto marca a síntese da Fase de Projeto Conceitual e, assim como proposto para as alternativas de soluções. Também as concepções existentes poderiam ser escolhidas levando-se em consideração o impacto ambiental associado.

Logo, assim como o impacto ambiental das alternativas de solução seria definido como o somatório dos impactos ambientais dos princípios de soluções individuais escolhidos, o impacto ambiental das diferentes concepções geradas seria definido como o somatório dos impactos ambientais das diferentes alternativas de solução adotadas.

Dessa forma, fica claro que caso a geração de soluções individuais e de alternativas de solução não tenham sido orientadas à redução de impactos ambientais, não haverá, dentre os conceitos de produto gerados, opções ecologicamente favoráveis.

Assumindo que tais opções existam, a avaliação das alternativas de concepção empreendidas ao término dessa atividade deve ser empreendida normalmente pela empresa, devido ao imperativo de que o ecodesign não deve comprometer outros critérios essencias ao sucesso mercadológico do produto.

Nesse sentido, pode-se atentar, por exemplo, para que critérios ambientais (definidos em função das especificações-meta ambientais) sejam considerados no caso do uso de uma matriz de decisão.

No planejamento macro do processo de manufatura, poder-se-ia prever a adoção de tecnologias limpas e técnicas de produção mais limpa no planejamento do processo de manufatura, sendo que inúmeras estratégias de ecodesign (mostradas na revisão da literatura) englobam também a fase de produção.

No entanto, deve-se observar que a partir desse momento o foco da melhoria do desempenho ambiental começa a se deslocar do produto em si para o processo que o fabricará, marcando a transição entre o ecodesign e as abordagens de gestão ambiental orientadas aos processos produtivos (como, por exemplo, a Prevenção à Poluição e a Produção mais Limpa).

A integração do ecodesign à fase do projeto conceitual deve garantir que a concepção do produto escolhida seja aquela que cause o menos impacto possível e que, ao mesmo tempo, não comprometa as chances de sucesso do produto no mercado. Assim, desde o desenvolvimento de soluções para as funções até a seleção de concepções alternativas, passando pelo desenvolvimento de alternativas de soluções, devem ser orientados à redução do impacto ambiental.

As escolhas feitas até a seleção do conceito do produto devem considerar os impactos ambientais. Dessa forma, quer seja por meio de práticas de avaliação de

impacto ambiental quer seja valendo-se de práticas comparativas de ecodesign, métodos e ferramentas devem auxiliar essas escolhas.

Dessa forma a seguintes tarefas de ecodesign foram criadas: • T7: Avaliar impacto ambiental das alternativas de soluções; • T8: Avaliar impacto ambiental dos SSCs;

• T9: Avaliar o impacto ambiental das concepções alternativas e; • T10: Avaliar o impacto ambiental da concepção do produto.

A T7 foi adicionada à atividade “Desenvolver as alternativas de solução para o produto”.

A T8 foi adicionada à atividade “Analisar Sistemas, Subsistemas e Componentes (SSC)”.

Tanto a T9 como a T10 foram acrescidas à atividade “Selecionar a concepção do produto”.

No caso da T10, essa tarefa inicia a avaliação do impacto ambiental total a ser causado pelo produto, a qual será finalizada durante a fase de projeto detalhado.

Segundo FITZGERALD, et al 2006, pg. 2, designers vêem o ecodesign como simplesmente o cálculo do impacto ambiental de alguma medida tomada (análogo ao cálculo de custos) e que dessa forma, ao gerar um resultado de natureza ambiental consideram que o ecodesign foi feito.

À luz dessa afirmação, deve-se reforçar que as avaliações de impactos ambientais proposta nas tarefas de ecodesign de 5 a 7 devem embasar a escolha de soluções para o projeto do produto que causem menos impacto ambiental, e não serem simplesmente realizadas sem que o resultado seja utilizado com o propósito deliberado de redução de impacto ambiental.

Dessa forma, a seguinte diretriz foi criada visando orientar atividades e tarefas já previstas no Modelo Unificado:

• D16: As práticas prescritivas de ecodesign devem ser utilizadas para guiar as atividades da equipe de desenvolvimento na proposição das soluções de projeto do produto que causem menos impacto ambiental. Essas práticas devem ser utilizadas no âmbito das técnicas de criatividade e em consonância com o conceito de engenharia simultânea.