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Transculturação: Fernando Ortiz, o negro e a identidade nacional cubana (1906-1940)

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EM ER SON DIV INO RIB E IRO DE OL IV E IRA

TRANSCULTURAÇÃO: FERNANDO ORTIZ, O

NEGRO E A IDENTIDADE NACIONAL CUBANA

1906-1940

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EM ER SON DIV INO RIB E IRO DE OL IV E IRA

TRANSCULTURAÇÃO: FERNANDO ORTIZ, O

NEGRO E A IDENTIDADE NACIONAL CUBANA

1906-1940

Dis s er taç ão apr es en ta da ao Progr a ma de Mes trado e m His tór ia das Soc ieda des Agr ária s da Uni v er s idade Feder al de G oiás , s ob or ientaç ão da pro fe ss ora doutor a Olga Ro s a Cabr era Gar c ía,c omo r equis ito par c ial par a a o btenç ão do título de mes tr e em his tór ia.

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FOLH A DE AV ALIAÇ ÃO

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AG RADECI ME NT O S

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DEDICAT ÓRIA

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RESUMO

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ABST RACT

The pr es ent diss e rtation hav e the obj ec tiv e of analys e the wor k of the c uban thin ker Fer nando O r ti z (1 8 81-1 969) c onnec ting the s ame wih t the c uban politic al and s oc ial c ontex t at the begin ner of the XX c entur y. Sear c hing to unders tand yo ur theor yc ev olution, the dialogues who your wo r k hav e es tabl is hed and the di mens io ns of inter pr etation, a bout the nig ros and of the “ c ubanidade ” in the per iod

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ÍNDICE

AG RAD EC IME NTOS . . . .. . . 4

DED ICATÓ RIA . . . .. . . 6

RESUMO . . . .. . . 7

ABST RAC T . . . .. . . 8

ÍND IC E . . . .. . . 9

INT RO DU ÇÃO . . . .. . . 10

CAP ÍTULO 1 - FERNAN DO ORT IZ E O CONTEXTO CUBANO DO IN ÍCIO DO S ÉCULO XX. . . .. . . 18

1 .1 - A F O R M AÇ ÃO IN I CI A L . . . .. . . 19

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CAP ÍTULO 2 - BIO LOG ISMO E C RI MIN ALÍST ICA . . . 30

NE SS E M O M E N TO, P AR A OR TIZ, A C U LTU R A AFR O C U B AN A É M AR C A D A PE LA IN F E R IO R ID AD E P S IQ U Í C A D O S N E G R O S, E PO R UM A V I SÃ O D E SU PE R IO R ID AD E C U LT U R A L D A C IV I LI Z AÇ Ã O D E M ATR I Z EU RO P É IA. AS M AN IFE S T AÇ Õ ES C U LT U R A I S D O S N EG R O S S ÃO V IST AS C O M O E X PR ES SÃ O D E SU A IN FER IO R ID AD E C IV I LI Z A C IO N A L. A M AG IA, A B R UX AR I A, SEN D O TR AT AD AS C OM O F EN Ô M ENO AN T IS O C I A L C O N F O RM E SCARR AM AL ( 19 99) ES SA. . . 36

C AR AC T ER IZ AÇ Ã O D A C U LTU R A N E G R A C O M O IN FE R IO R É C AR AC TE R Í ST IC A N A O B R A D E OR T IZ N O P ER Í O D O CO MO PO D EM OS O B SE RV AR N O T R EC H O Q U E SE SE G U E ( ORT I Z, 190 6, P. 397) . . . .. . . 37

CAP ÍTULO 3 - ENTRE CUB ANOS. . . AMUDAN ÇA DE O RIE NTA ÇÃO TEÓ RICA . . . .. . . 38

3 .1 - IDENTIDAD E NACIONA L E IMIG RAÇAO . . . 42

CAP ÍTULO 4 - TRÂNSITOS CU LTU RA IS . . . 62

4 .1 - O MOVIMEN TO DO S “ INDEPE ND IEN TES DE CO LOR” . . . 63

4 .2 - IMAG EM E PO DER . . . .. . . 68

4 .2 .1 - O RELANCE 71 4 .2 .2 - O OLH AR CALCULADO 73 4 .2 .3 - O OLH AR PERSCRU TADO R 75 CAP ÍTULO 5 - O CONTRA PUN TEO . .. . . 79

5 .1 .1 - AÇÚCAR E IMIG RAÇÃO . . . .. . . 90

5 .1 .2 - TABACO E IMIG RA ÇÃO . . . .. . . 93

CO NSID ERA ÇÕ ES FI NAIS . . . .. . . 1 03

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INT ROD UÇÃO

A pr es ente dis s er taç ão de mes tr ado, intitulad a Tra ns c ultur aç ão: Fer nand o Or tiz, o negr o e a i dentidade nac i onal c ubana – 1906 a 1940, te m c o mo e ix o c entr al a ana lis e da obr a do pens ador c ub ano Fern ando Or tiz e s ua s rel aç ões c o m os dis c urs os , e pr átic as c ultur ais que c ris talizar a m a idéia de id entidade nac i onal c ubana, bus ca ndo a v is ã o de Or tiz r e lativ a a o papel dos negr os na s oc ie dade de Cu ba no per ío do do iníc io do s éc ulo XX, r elac i onando a obr a des s e impor tante c ien ti s ta s oc ial a o c ontex to his tór ic o de s ua pr oduç ão intelec tual.

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tentativ a de anal is ar a c ultur a afr oc ubana. Ness a obr a O r ti z es tav a for te mente influenc iado pelos c onc eitos do bi ologis mo e da c r imina lís tic a de Cés ar Lombr os o. Para ess e c r iminal i s ta italian o a c r imina li dade er a r es ultado das c arac ter ís tic as étnic as , algu mas r aç as s end o v is tas c omo mais pr opens as ao c r ime. Nes s e s e ntido, os negr os er am v is tos por O rtiz, nes s e per íodo, c omo ele mentos mar ginais d a s oc iedade c ubana.

Pa ra entender mos o alc anc e da obr a de O r ti z é nec es s ár io que obs erv emos c omo e la fo i e labo r ada. Par a s e entend er es s e pr oc ess o é qu e d iv idi mo s s ua obr a em duas fas es : a p rime ir a que v ai de 1906 até 1913 tend o c o mo ponto c en tr al a obr a Los n egro s bru jos ,

ness a ob ra O rtiz analis a a br ux ar ia e as p rátic as r eligios as d os negr os c ub anos c omo ex pr ess ão da pr i mit iv idade ps íqui c a dess es indiv íduos . Ess a pr imitiv id ade é que e x plic ar ia, na v i s ão de Or tiz a c r imina li dade e u ma s upos ta infer ior idade c ultur al dos neg ros . Ess as idéias de O r tiz er a m s inteti zadas no conc eito de “ mala v ida ”.

A s egunda fas e de s ua pr oduç ã o intelec tua l, que v ai de 1913 até 194 0, tem c o mo mar c o inic ial a public aç ão de Entr e

Cub anos . Es túdios de Ps ic o log ia Tr opic al, nes s e liv ro Or tiz

apr es entav a u ma v is ão dos negr os e de s eu pape l na s oc i edade c ubana dis tinta da que apre s entav a anter ior mente. Ago ra a integr aç ão do ne gro é que dav a a tônic a ao s eu dis c urs o, entende mo s q ue es s a mudanç a c orr es pon de aos ac ontec imentos v er ific ados em 1912. U m ano a ntes da public aç ão de Entr e

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Independie ntes De Color , quando c er c a d e 4.000 negr os for am mor tos . Ne s s e s entido , a mudanç a teó r ic a par ec e r elac iona da a u ma mudanç a no tr atamento que a elite c ubana dar á as ques tões r ac i ais . Bus c av a –s e in te grar o negr o c omo el e me nto s ubor dinado da c ultur a c ubana.

Es s a div is ão que adotamos l ev ou em c onta, por outr o lado, as abor dagens pr edomina ntes na obr a de O rti z e m c ad a u m des s es per íodos , (d o in ic io do s éculo XX a té o final da déc ada de 30) tendo c omo c r itér io, as ênfas es que O r tiz dar á e m s ua obr a às ques tões r elativ as a iden ti dade e as c ultur as d as difer entes etnias e m Cub a.

Os primeir os tr abalhos de O r ti z c ol oc am e m dis c uss ão no pr i meir o mo mento u ma aná lis e da c ultur a d os neg ros c uba nos pautada na c ri minalís tic a e n o b io log is mo, c o mo tínha mos dito anter ior mente. No s egund o mo mento s ua obra s er á mar c ada por u m dis c urs o que tenta integr ar o s ne gros c ubanos à identidade nac i onal influenc i ado s obr etudo pela es c ola so c iológic a es tadunid ens e e os i mper ativ os de unidade nac ional no país .

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Nes s e s entido é que e nten de mos os c onc eitos d e Or ti z c omo pr odutos his tór ic os , r elac ionados aos mo me ntos tempor ais e m que for am p rodu zidos . A meta - his tór ia é uma alter nativ a p ara s e enfr entar os des afio s de uma c iên c ia h er menêutic a c omo a h is tór ia, que es tá s ubmetida, c ons tanteme nte , às nov as in te rpr etaç õ es de s eus fenômenos .

(16)

hege mon ia. Nes s e s entido as ideolo gias que dão forma as div e rs as v is ões de mund o s ão r es pos tas , em mai or ou menor gr au, às tentativ as de s ubor dinaç ão e de i mpos iç ão da c lass e dominante ; utili za mos ta mbé m, de for ma a c o mple me ntar es s a analis e d a rela ç ão entr e poder po lític o e ideologias o c onc eito de ev id ênc ia v is ual de STARN ( 1992) s e gundo o qual todo reg i me de poder c orr es ponde a u ma iden ti dade v is ual qu e i mpõe u ma maneir a de v er e de entender o mundo, e m ou tr os ter mos todo pode r é ex pr es s o por uma e s tétic a, por um c onjunto de i magen s q ue dão s entido e jus tific am es s e mes mo p oder ; por fim, o c onc eito de es téti c a da r ec epç ão de J AUS S ( 2000) , no qual ele demons tr a o papel do leitor na li te ratur a e na c ons tr uç ão d o hori zonte de ex pec tativ a que dá s entido à s obr as liter ár ias em c ada époc a, o qu e c ontr ibuiu par a des v endar mos as r azões pr es entes na c ons tr uç ão teó ric a de Or tiz.

Pa ra r ec o ns tr uirmos as nar rativ as dos gr upos s u balter nos e m Cuba, nar rativ as que for am enc ober tas pelo dis c urs o hege môn ic o, rec or remos ao c onc eito de s ub altern idade de GRAM SC I ( 1995) e a noç ão de par â metr o de d is tor ç ão d e GHURA ( 2000 ), es s es c onc ei tos no s s erv iram de r efer enc ial par a entend ermos a c ultur a e as identidades dos gr upos s ubal te rnos em Cuba e nos per mi ti ra m ir alé m da id é ia de s ubor dinaç ã o, q ue entende a c ultur a dos grupos não hege môn ic os c omo mer o r eflex o da c ultur a dos g rupos domina ntes .

(17)

pois , tr az u ma definiç ão des s a identidade que te m s ido us ada ou dis c utid a pelos v ár ios es tudos feitos s obr e o te ma.

A obr a de Or tiz apre s enta u m dis c urs o s o bre a ide ntidade c ubana que r es po nde aos inter ess es das elites , no s e ntido de que apr es enta uma v is ão c r is taliza da d a id entidade nac iona l c ubana, onde as div er s as etnias e gru pos s oc iais s e har moni za m e m u ma s íntes e c u ltural q ue Or tiz deno mina de tr ansc ultur aç ão .

Es s a leitur a da s oc ie dade c ubana, feita por Or tiz, e m nos s a opinião tende a n egar o s c onflit os s oc iais e r ac iais em c ur s o no ini c io do s éc ul o XX e m Cuba.

Bus c ando entender a r elaç ã o entr e a obr a de Or tiz e as i magen s r elativ as à naç ão c u bana, produ zidas no iníc io do s éc ulo é que pr oc ur ei r elac ionar os co nc eitos de tr ans c ultur ação e os c onc ei tos d e r aç a, etnia e c ubanida de n a obr a de Or ti z. Veri fic ando, por outr o lado , a r elaç ão entr e a idéia de identida de em Or ti z e o c ontex to s oc ial c uba no no per íodo.

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gr upos s ubalter nos s ofreram n o p r oc ess o his tór ic o c ubano e v is ual iza m u ma integr aç ão dos neg ros à s oc iedade que não c or r es ponde à r ealidade s oc ial c ubana, onde o lugar r es erv ado ao negr o te m s ido o das fr onteir as soc i ais . Nes s e s entid o é que utili za mos o c onc eito de entr e l ugar de B HABH A ( 2001) par a entender mos a for maç ão das iden ti dades c u lturais dos gru pos s ubalter nos c ubanos .

A metodo logia que util i za mos foi anal is ar a obra de Or ti z e os d isc urs os pr es entes na mes ma, p ar ti ndo da re laç ão e ntre tex to, c ontex to e inter tex to. O u s eja, v er ifica ndo c omo Or ti z c ons tr ói s ua v is ão da r ealida de c ubana, qual o c ontex to s oc ial e m que a me s ma é c ons tr uída e os diálogos que ela es tabele c e, em do is s entidos : as influênc i as que O r tiz s ofr eu e as lei turas que for am feitas de s ua obr a.

A pr inc ipa l fonte utilizada foi a própr ia obr a de O r tiz; alé m das obr as qu e es ta belec em diálog o c o m ela e de outr as fontes que nos per mitir a m e ntender o c ontex to c uba no do per íodo.

Pa ra atender a es s es objetiv os é q ue es tr utur amos a pr es ente dis s er taç ão em tr ês c apítu los or ganiza dos da s e guinte for ma:

O pri meir o c ap ítul o, intitu lado Fer nando O r tiz e o c ontext o

c ubano do iníc io do s éc ulo , on de r el ac io namos a ob ra do p ens ador

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O s egundo c apítulo, i ntitulado b io log is mo e c r imina lís t ic a , onde analis amos a pr imeir a fas e da obr a de Or tiz ma rc a da s obr etudo por u ma v is ão da c ultur a dos negr os c ubanos s intetizada na idéia de “ mala v ida” .

O ter c eir o c apítulo, intitul ado Entr e c ubanos ... a mud anç a

de o rie ntaç ão teó r ic a onde analis amo s a s egunda fas e de s ua obr a

onde o autor busc a integr ar a c ultura afr o à c u ltura c ubana e por c ons eq üênc ia integr ar o negr o à soc iedade, integr aç ão que dev e s e r entendida c o mo inc or por aç ão s ubalterna, dado que os neg ros v ão s er inc or por ados c omo ex tr ato infer ior da s oc ie dade c ubana.

O quar to c apítulo, intitulado tr âns ito s c ultur ais em que

analis a mos a r elaç ão entr e a imigr aç ão c omo for mador a da identidade c ubana, o mov imento dos indepen dientes de c olor e a mudanç a teóri c a de Or tiz.

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CAPÍT ULO 1 - FER NANDO ORT IZ E O CO NT EXT O CUBANO D O

INÍ CIO DO SÉCULO X X.

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1.1- A f ormaçã o inicial

Fer nando Or tiz, inic ia s eus es tudos na ár ea do dir eito, e m 1895 na c idade de Hav ana. Entr e 1899 e 1900 pr oss egue s u a for maç ão na univ e rs idade de Barc elona lic enc iando -s e em dir eito por ess a univ er s idade.

A p artir d e 1901, na univ ers idade d e Mad rid, dedic a - s e ao es tudo de div er s as disc ipli nas : filos ofia do dir eito jur ídico, legis laç ão c omp arada , his tór ia da li te ratur a j ur ídic a e his tór ia d o dir eito inter nac ional . Ness e mes mo an o obtê m o título de doutor ado c om a tes e “ Bas e par a un es tudio s obre l a llamada r epar ac ión c iv il” .

E m 1902 v olta par a Hav an a, s e ndo no meado par a o s erv iç o c ons ul ar e m 1903. O rt i z ex er c eu ess a funç ã o nas c idades de La Cor uña, Gên ov a e Mars elha, até s er no me ado s ecr etár io da legaç ão c ubana em Pa ris .

Na Itá lia es tudou c rimino logia c o m Cé s ar L ombr os o1

E m 1906 publ ic a e m Madr id L os Negr os Bru jos s ua pr imeir a obr a r elativ a à c ultura afr oc ubana. Es s e liv r o é mar c ado pelo biologis mo e pela c r i minal ís tic a, infl uenc ia dos por Lombr os o. E m

1

A doutrina de Lombroso com referência aos delinqüentes, suas características e a gênese do delito, influenciou Ortiz na construção da idéia de “mala vida” presente em seus primeiros estudos. Para o

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1913 public a em Paris Entr e Cubanos , ps ic olog ia tr op ic al nes s e liv r o s uas pos iç ões s er ão totalmente difer enc i adas , c aminhando ru mo a u m r elativ is mo antr opoló gic o que s erá a t ônica d e s eus tr abal hos pos ter ior es .

Confor me des tac ou J AUSS ( 2000) toda obr a pr oduz le itor es e leitur as . Por tanto, as ques tões pr ese ntes em s ua obr a r elac ionam-s e c om aionam-s que mov i menta m a ionam-s o c iedade c ub ana no per íodo.

O al c anc e da obr a de Or tiz pode s er me did o pel a influê nc ia que a mes ma ter á s obr e s eus div ers os leitor es .

(23)

1.2- Vida e obra

Fer nando O rtiz nasc eu em 16 de julho de 1881, na c i dade de Hav ana, fil ho de pai es panhol e mãe c ubana, cr es c eu entr e Cuba e Es panha, v iv eu o mo mento hi s tór ic o do fi m de s éc ulo e m dois lugar es c om c r is es par alelas : Cuba , em proc ess o de ind ependênc ia e, pos ter ior mente jov em re públic a e a Es pan ha, em pr oc ess o de dec línio do poder io c oloni al. A guer r a de liber taç ã o nac ional no final do s éc ulo XIX ger ou u m s onho: a c r iaç ão da n aç ã o c ubana. Es s e s onho, do qua l a ger aç ão de Or tiz era pa rtic ipe, logo s e fr us tr a diante do do mínio es tadu nidens e s obre s eu país , c ujo maior s í mbo lo é a e men da Pl att que dav a aos E.U.A o “d irei to” de interv ir n os pr oble mas c ubanos ( VIÑAL S,1998) .

(24)

Sua for maç ão, tanto na Eur opa q uant o e m Cuba, fav orec eu u ma mente inqu irid ora que, e mbora te nha c o meç ado pelo es tudo das leis , foi lev ada aos ma is div ers os ca mpos d o s aber nos quais s e des tac ou , deix ando pro fu ndas marc as . Depois da c ar re ira jur íd ic a, dedic ou-s e à s oc iologia, a s egu ir à ar queologi a, à his tória , à filologia, à antro pologia, à mus ic olog ia, à lingüís ti c a, ao folc l ore e à etnologia.

Ver dadeir o des br av ad or, Or tiz ter á que defr ontar-s e c om v ár ios pr oblemas ao c ons trui r s ua obra, pois , não ex is tiam e m Cuba es tudos qu e s erv iss em de refer enc ia p ara s eu traba lho c omo des tac a OTE RO ( 1982, p 54) .

Um dos pr ime ir os pr oble mas de O r ti z, n o

des empenho de s uas inv es tigaç ões , foi a fa lta de

in s trumentos adequa dos à s ua nov a tar efa: não

ex is t ia m pr ec eden te s , n em v oc abulário c ientíf ic o

ade quados à des cr iç ã o dos fe nômenos que

in v es tigav a

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as s obr ev iv ênc ias do s is tema c olonial e m Cuba, ger ando por s ua v ez o inter es s e pela c ultur a nac ional. Es s a temát ic a s e man ifes tou e m ORTIZ (1942 ) no es tudo dos temas afroc ubanos :

Er a pr ec is o es tudiar es e fac tor integ rante de Cuba;

per o nadie lo había es tud iado y has ta par ec ía

c o mo s e n adie lo qu is ier a e s tudiar . P ar a unos ello

no mer ec ía la pena; muy pr opens o a c onflic tos y

dis gus tos ; para otr os er a evoc ar c ulpas

in c onfes adas y cas tigar la c onc ienc ia; c uando

menos , e l es tudio de l negr o er a tare a har to

tr abajos a, p ropic ia a las bur las y no daba diner o.

O rtiz bus c av a c onhec er Cuba, c onhec e r o s eu p ov o, tentando apr ofundar -s e nos es tudos da c ultur a negr a; pes q uis a n os bair r os de Hav ana a v ida des s es ho mens e mulhe res e d e uma pos tur a inic i al mente pautada na c r iminolog ia ter mina por pr oduzir u ma obr a de pura etnologia do negr o c ubano c omo des tac a BAR NE T( 1995) :

Fer nando O r ti z de s c ubr ió a Cuba desde Menor c a

(26)

Ultr amar, c uando, c omo é l b ien r e lat a en una de

s us entr ev is tas , v io los diab litos ñañ ig os en aque l

mus eo y le llamar on la atenc ión, pu es er a c as i

una fiebr e o una ano ma lía en Or t iz des c ubr ir ,

indagar en lo desc onoc ido. Cre o qu e Migu e l de

Car r ión – hay que r ec onoc erlo, po r que p ie ns o que

a v ec es las c ien c ias s oc iales , c omo dijo a quí

ahor ita, u la liter atura v a n h ermanada s , per o otr as

v ec es v a la liter atura un poc o más ad elante - le

hizo muc h o b ie n a Or t i z, c uando en 1902 s e

c onoc iero n e n Cuba y Migu e l de Car r ión lo l lev ó a

c onoc e r los bar r ios de La Habana : Pu eblo Nuev o,

Los Sit ios , Atar és , J es ús Mar ía: en ellos Or tiz,

c on s u c r iter io c ri mino lóg ic o, c on s u filos of ia

pos it iv is ta, en tr ó en un s e gmento de la pobla c ión

que n i J os é Antonio Ra mo s , n i Ar amb uru, n i

ninguno de los gr andes pensa dores, ni muc ho

menos Enr ique J os é Var ona, habían indagado en

es te país.

(27)

Antonio Ra mos h av iam bus c ado a id entidade nac ional nos li mites da c ultur a c r iolla. Ne m mes mo os integr antes do Par tido Ob rer o Cubano , que no iníc io do s éc ulo XX r epr es entar a m a s forç as pr ogr es s is tas em Cub a, fugia m des s a idéia de nac ionalidade c alc a da nos v alor es do gr upo étnic o dominante s egund o CA B RERA ( 1985, P. 33) .

Nes s e s entido, Or tiz b usc ar á es tudar os e lemen tos da c ultur a dos ne gros a par tir da v ida e do o c otidiano dos negr os c ubanos , por que ess es elementos pe r mitiri a m entender a ide ntidade c ubana, c o mo nos mos tra BAR NE T( 19 95 . 220) .

Cr eo que e l tr abaj o que h i zo s obr e los ñañ igos ,

s o bre los negr os c ur r os , s obr e los negr os bru jos y

más tar de s o bre los neg ros esc lav os d ic e mu c ho

de lo que es es e c onc epto, tan c acar eado y tan

us ado y tan manipu lado por tod os nos o tr os aquí,

de la ident idad. S in es e s igno, s in e s a pr es enc ia,

la ident idad c ubana s er ía c u alqu ie r otr a c os a,

qu i zás s er íamos un país par ec ido a Cos ta Ric a.

(28)

s oc ie dade. Co mo po de mos obs erv a r no tr ec ho que s e s eg ue (O RTIZ , 1913, p. 87) .

debe s er el a ná lis is pr ec is o, objet iv o, s in

apas ion amento n i p reju ic ios , m inuc ios o y

doc umentado de los mú l tip les e leme ntos que a

nues tr as c os tumbr es y nues tro c ar ácter nac iona l

há tr aído c ada r a za y de la ev aluac ión de c ada

ele men to e m part ic u lar , re la c ionad o c om los

demás . So la mente des pu és de obtenid o es te

anális is podr á intentar s e c om pr obabilidade s de

êxito la s íntes is ps ic ológ ic a de la s oc iedad

c ubana.

Após a independê nc ia, a s itu aç ão dos n egros em Cub a s ofr e ex pr ess iv a modif ic aç ão. Se par a Mar ti a idé ia de naç ão a utorizav a a integr aç ão dos negr os e mu latos , e m u ma noç ão de pátr ia c o mo es paç o d e n egoc iaç ã o, c omo hav ia m pens ado os l ider es do mov imento de l iber taç ão nac ional, c o m a d o minaç ão dos Es ta dos Uni dos s obr e o país , os an ti gos pr ec onc eitos e di s c r iminaç ões r ess ur gem.

(29)

s ubs tituído pel o modelo dos E.U. A., mar c ado pela s eg regaç ão e pelo r ac is mo. A idé ia de naç ão ter á qu e s e adequar ao c ontex to de do mina ç ão neoc olon ial.

Segundo IB AR RA ( 1998, p 167) nos pr imeir os 20 a nos do s éc ul o XX os negros em Cuba ainda não d etinham u ma autoc ons c iênc ia de s ua c ondiç ã o r ac ial. Sua s lutas tinham c o mo únic o fi m me lhor ar s ua s c ondiç ões de v ida. Ess a afir maç ã o de Ibar r a nos par ec e ins ufic iente par a entender mos o c ontex to c ubano do per íodo, poi s c omo entender es sa supos ta falta de autoc onsc iê nc ia, s e rela c ionar mos a ess e c ontex to o s urgi mento de u m par tido for mado ex c lus iv a mente por ho mens de c or .2 Poré m s e a obr a d e Ibar ra ap res enta ess a li mitaç ão, s ua contr ibuiç ão par a q ue poss amos entender c omo o negr o era v is to p ela s oc iedad e c ubana do iníc io do s éc ul o XX é i mpres c indív el. Pa ra a s oc iedade c ubana d o iníc io do s éc ul o o negr o er a v is to c omo u m e l e mento ex ógeno, c o mo nos di z IBAR RA ( 1998, p 168) :

En la s oc iedad r epub lic ana, s in e mbar go, e l

c ubano de piel os c ur a v ino a s er c ons ider ado por

la bur gues ia depend iente u n c ubano neg r o, nu nc a

un c ubano en igua ldad de c ond ic io nes que e l

2

(30)

blanc o. As í, de negr o c r io llo , o neg ro de nac ión en

la c olon ia, pa s ó a s er c ons ider ado cu bano en el

c ampo independe ntis ta, par a f ina l mente

desc en der al s ta tu s de c ubano - negr o en la

r epublic a neo c olon ia l.

A polític a de i migra ç ão, i mpos ta pe los Es tados Unidos em 1902 e r eferen dada pela Lei d e Imig r aç ão e Colonizaç ão de 1906, ta mbé m é u m s ina l dess a pos tur a dis cr iminatór ia e m r elaç ão aos negr os . Ex emplo dis s o é a o rgan izaç ão es pac ia l dos c entra is aç uc ar eir os , c on forme de mons tr ou CABR ER A ( 2002 , p. 156) que tinha c omo objetiv o se parar as e lites dos gr upos de indes eja dos s oc ia is , pr inc ipal mente os negr os ha i tianos , c u ja r eligios i dade, er a v is ta c omo pri mit iv a e per igos a. De um lado es s a po lític a in c entiv av a a i migr aç ão e uropé ia, ao mes mo tempo e m que de s es timu l av a a migr aç ão de n egro s . Confor me no s diz HELG ( 1990, p 54) :

Mor eov er , the immigr at ion law impos ed on Cuba

by the Un ited States in 1902, wh ic h pro hib ited

Ch ines e im migr at ion and res tr ic ted that of

nonwhites , wa s s tr engthened by the Law of

Immigr at ion an d Co lon i zat ion of 190 6. The new

(31)

fro m Eur ope and the Canar y Is land s , as well as

the i mmigr at ion of day labo rer s fr om S weden,

Nor way , Denmar k , and nor ther n Italy .3

Es s a med ida faz parte de u ma s er ie de polític as , qu e tin ha m c omo meta d i minuir a par ti c ipaç ão dos ne gros n a v ida s oc ial c ubana. O dis c urs o nac iona lis ta das elites c ub anas , ne ss e p eríodo er a mar c ado por uma pos tur a de marg i nali zaç ã o dos negr os . Es s e dis c urs o tinha c omo objetiv o i ntegra r o negr o, mas c o mo el e mento s ubor dinado da s oc iedade .

Es s e d isc urs o es tá pr es ente na obr a de autores c o mo Enriq ue J os é Var ona e Franc isc o Figueras que v iam nos n egro s e e m s ua s upos ta infer ior idade c ul tural e c iv ilizac i onal u ma das razões da s ituaç ão d e atras o que Cu ba v iv ia.

3

(32)

C AP Í T UL O 2 - B IO L O G I S MO E C RI MI N AL Í S T I C A

Es s as noç ões v ão es tar c ontidas nas pr imeir as o bras de Or tiz, s inteti zadas no c onc eito de “ mala v ida” . s egund o Or tiz a infer ior idade c ultur al d o negr o er a r es ultado da mar ginali za ç ão, a falta de es tr utura famil iar c oes iv a, sua r eligi ão pr i mitiv a eiv ada de s uper tiç ões . A c r i minalidade c o mo r e s ultado de s ua ps iqu e c ole tiv a pr i mitiv a.

Se us pr ime iro s tr abalhos s ão de matr iz pos itiv is ta ; pos iç ão teór ic a que nã o aban donar á ao longo de s ua v ida. Em 190 6 publ ic a e m Madr i Los ne gros bruj os pr ime ir a par te de s ua Hampa Afr oc ubana , obr a p ens ada c omo u ma te ntativ a de fazer , pe la pr i meir a v ez e m Cub a u ma leitur a s obr e a c ultur a do s negr os c ubanos . Los negr os

br ujos é um v er dadeir o div is or de águ as na etnologia c ubana . Pela

(33)

funda mental par a as c iênc ias humanas em Cub a, s erv indo par a ex plic ar as es pec ific idades c u lturai s dos negr os ness e país .

Su a aná lis e da c ultur a dos negr os ness e per íodo terá c omo ponto de par tida a c r iminal ís tic a; Nes s e as pec to é pe rc eptív el a influenc i a do pens a mento do c r i mina lis ta italiano Cés ar Lo mbr os o, Or tiz c on hec eu o c r imin a lis ta em 1905 quan do fo i à Itá lia e mpr eender es tudos r elac i onados a ess a ár ea, Ness a oc as i ão c hegou inc lus iv e a c olabor ar c om Lo mb ros o em u ma rev is ta dedic ada ao tema “ Arqui v io di Antrop ologia Cri mina le, Ps ic hiatr ia e Med ic ina Legal e.

Em O rti z, nes s e pr imeir o mo mento, o inter es s e es tav a des per to apenas pel a mar ginalidade o u pelo pitor es c o da c ultur a dos negr os c ubanos , o objetiv o do autor er a ta mbé m o de es tuda - la c omo ite m fund a mental pa ra s e entende r o c onjun to da c u lt ura do s eu país. U ma c ultur a tão pouc o v is ta e até des pr ezada pe los c ientis tas s oc iais c ubanos c omo o pr ópri o Or tiz ( OR TIZ, apud. GARCÍ A- CA RRA NZA, 1970. p 16- 17) s alienta:

Hac e c uar enta a ños , que mov ido por mi te mpr ana

c ur ios ida d por los hec hos humanos y

par tic ular mente po r los temas s oc iológic os , que

entonc es e ran gr an nov edad en el amb iente donde

y o es tudiaba, me fui en tr ando s in pr emed itar lo n i

s entir lo en la obs er v ac ió n de los pr oblemas

(34)

univ er s ita r ios en e l e xtr anjer o, me pus e a

esc udr iña r la v ida c ubana y en s eguida me s a lió a l

pas o el neg ro.

Es s a pr eoc upação c om a c ultur a dos ne gros c uba nos , manifes ta da po r ele, s ur ge de duas fontes , de u m l ado a bus c a pelo c onhec imento dos as pec tos pitor esc os e pr i miti v os de s eus c os tumes , por outr o lado a mar gi nalidade , a s ens ualidade e a r eligios ida de do s n egros eram v is tos c omo do enç as s oc i ais que pr ec is av am s er c omba ti das . Os teór ic os d o p os itiv is mo c r i minal c o mo Lo mbr os o, en te ndia m os negr os co mo inc ap a zes de v id a e m s oc ie dade na medida e m que s eu c ará te r pr i mitiv o, i mpe diri a que eles c omungas s em da c ultur a anglo - s ax ônic a, que era v is to c o mo modelo s uper ior d e c ultur a.

Nes s e s entido é que o c onc eito de “ mala v ida” é c entr al em

Los Negros Br ujos , p ara O RTIZ ( 1906, p.3) e ra pr ec is o fix ar os

c ar ac ter es des s a c ama da infer ior da s oc iedade:

Entre los fac tor es qu e han c ontr ibu id o a f ijar los

c ar ac ter es de la ma la v ida en Cuba, hay algu nos

que s e enc uentra n en las c iuda des c omu mente

es tudiada s , fac tor es que ha n c on tr ibu ido de un

(35)

has ta en las mas infer ior es c apas de nues tr a

s oc ie dad, por e s ta ra zón e l es tudio del h amp a

c ubana en gener al, ha de dar lu z a ob s erv ac io nes

or ig ina les y de s ac ar a la lu z t ipos no c onoc idos

fuer a de Cuba

As s im, o tipo c ubano negr o ap res enta c ar ac ter ís tic as que o dis tingue m e s ão ex p res s as na mar gi nalidade, o que in te res s a a Or tiz nes s e mo mento é bus c ar as c ar ac ter ís tic as des s a mar ginalid ade. Pos ter ior mente Or ti z di rá que s eu inter es s e er a motiv ado pela impor tâ nc ia que a c ultur a dos negros c uban os r epre s entav a no c onjunto da c ultur a cubana ( ORTIZ, ap ud. G ARCÍA-CARRANZA, 1 970. P 17) “ Er a na tu ral que as í fu era. Sin e l negr o

Cub a n o s ería Cuba. No po día, pues , s er ignor ado.” Deix a is so c lar o.

(36)

Pero la infer ior idad De l negr o, la que le s ujetaba

al ma l v iv ir, er a debida a fa lta d e c iv iliza c ión

integr a l, pue s tan prim it iv a era s u mor a lidad,

c omo s u inte lec tua lida d, c omo s us v olic iones ,

etec éter a. Es te c arác ter es lo qu e mas lo

difer enc ia de los in d iv íduos de la ma la v ida de las

s oc ie dades for madas exc lus iv amente por blanc os

Es s a er a a tônic a d o tr abalho de Or tiz no per íodo, c o mo nos mo s tra Le Riv er end. ( 1978, p 26)

En es se c ampo, a des pec ho de s us nobles

móv iles , Or t iz, s igu ie ndo a s us mode lo s , abor daba

los pr ob le mas c omo s i c or es pondieran a outr o

mundo humano ap arte, s in r epar ar que er an

c ons us tanc ial c ons ec uenc ia de una s oc iedad

dada, s u es tr uc tur a y dinámic a, c ar ac te rizadas por

la des igua l dad y la marg inac ión ir re v er s ible , a las

que, por en de, lejos de s er a jenos , es taban

(37)

pec ado fuer a c os a del t ie mpo , no hay duda, per o,

por otr o lado, e l pr ópio eje mp lo d e Lombr os o

for zaba a una inv es tigac ión de as pectos s oc ia les

en inter r e lac iona da man ifes tac ión, que c ond uc ía

por gr av edad a es tablec er un v ínculo entr e la

c onduc ta c r imina l y la s oc iedad “ norma l” en que

ella s e pr oduc ía .

No entanto, não era m ap enas ess as as influênc ias de Or tiz no per íodo, també m ex er c er am influ 6en c ia s obr e s eu tr abalh o as inv es tig aç ões de Edwar d B. Tylo r r elativ as ao animis mo, as c onc epc ões de Mar c el Mauss ac erc a d a teor ia ger al da magia, a lé m dos es tudos c ultur ais de Ratze l e de Fr azer . Or ti z d ialogav a c om o pens amento antr opológic o de s ua époc a . Os c onc eitos dess es autor es for ma m boa par te do c or po teór ic o de Los negr os bruj os s endo c itados ao longo do liv ro de Or tiz. Co mo por ex e mplo Rat ze l que Or tiz ( 1906, p. 46) uti li za para an a lis ar os bailes afric anos .

E l s eg undo pa rec e una der iv ac ión de l que Ratze l

desc r ibe de la s egu iente mane ra : “ Cons is te

s imp le mente en una s er ie de luc has entr e d os

(38)

c antos , pero par ec e tener c ierta s ign if ic ac ión

r elig ios a”

O liv r o Los Negr os Brujos , ness e s entido, re pres entou uma tentativ a de es tabe lec ime nto d as c ar ac ter ís tic as s oc iops i c ológic as do afr oc ubano e de r elac i oná - las a delinqüê nc ia ORTIZ (1 906, p. 17)

S in e mbar go, en la ac tualidad, c uando y a algu nas

gener ac ione s d e ind iv iduos de c o lor han v iv ido en

el med io c iv ili zado, c uen tans e tamb ién hamp ones

negr os que mue s tran es e des equ i libr io en s u

ev oluc ión ps ic ológ ic a, y r elat iv a ment e c iv ili za dos

inte lec tual mente, c ons er v an todav ia r as gos de s u

mor a l afr ic ana que los pr ec ip it an en la

c r imina li dad

(39)

c ar ac ter izaç ão da c ultur a negr a c omo i nferio r é c ar ac te rís tic a na obr a de Or tiz no períod o c omo po de mos obs erv ar n o tr ec ho que s e s egue ( ORTIZ, 1906, p. 397)

E l br ujo nato no lo es por atav is mo en el s ent ido

r igur os o de es ta pala bra; es dec ir , c omo un s alto

atr ás del ind iv iduo c on r e lac ión a l es tado de

pr ogr ess o de la es pec ie que for ma e l med io s oc ia l

al c ual aqu é l debe adaptar s e; mas b ien puede

dec ir s e que al s er tr ans p ortado de Áfric a a Cuba,

fue e l me d io s oc ial e l que p ar aél s a ltó

impr ov is adamente h ac ia ade lante, de jandolo c on

s us c ompatr iotas en las profun d id ades de la

ev oluc ión de s u ps i qu is . Por es to, c on may or

pr opiedad que por el atav is mo, pueden defin ir s e

los c ar ac ter es del br ujo por la pr imit iv ida d

ps íquic a

A idéia de pr i mi tiv ida de ps íquic a, que O rtiz bus c ou em Lo mbr os o, é que definia s ua leitu r a r elativ a às manifes taç ões

(40)

CAPÍT ULO 3- E NTRE CUB ANO S... A MUD ANÇ A DE ORI ENT AÇ ÃO

T EÓ RICA

A par tir de 19 13 a obra de O r ti z, ap r es enta duas de s uas pr inc ipais c ar ac te rís tic as : de um la do a rup tu ra c om as v is ões r ac is tas anter ior es , o que r epres entou u ma v er dadeir a r ev oluç ão n as c ênc i as humanas c ubanas ; De outr o lado u ma v is ão que tendia a negar os c onflitos r ac ia is e q ue pro duzir á u ma leitur a par c ial e li mitada do s pr oble mas s oc iais em Cu ba.

(41)

r es ultado em u ma tr ans mi graç ão c ultur al, c o mo s alien to u O RTIZ ( 1913, p. 29)

No c re emos que hay a habid o fac tores huma nos

más tr as c eden te s pa ra la c ubanidad que es as

c ontinuas , r adic ales y co ntras ta ntes

tra ns migr ac iones geogr áf ic as , ec onómic as y

s oc ia les de los poblador es , de es a per enne

tra ns itor iedad de los pr opós itos , y qu e es a v ida

s iempre en des ar r aigo de la t ier ra habitada ,

s iempre en des ajus te c on la s oc iedad

s us tentado ra. Hombres , ec onomías , c ultur as y

anhelos , todo a quí s e s int ió forá neo, pr ov is iona l,

c ambiado [.. .]. Ya en es tos elementos hay

fac tor es de c ubanid ad. Todo es pañol, por s ó lo

llegar a Cuba y a er a dis tinto de lo que h abía s ido.

Ya no er a es paño l de Es paña, s ino un es p añol

ind iano. Es ta in qu ietud c ons ta nte, es a

impu ls iv idad tor nad iza, es a pr ov is ionalidad d e

aptitudes fuer on las ins p ir ac iones pri mar ias de

nues tr o c ar ác ter c olec tiv o , amigo d e l impu ls o y la

av entur a, del embu llo y de la s uer te, del juego,

(42)

Se c ompar ar mos e ss e tr ec ho de Entr e Cubanos ... c o m a definiç ão de tr ans c ultur aç ão que O rtiz a pres entar á e m 1940, poder emos notar c omo as pr inc ipais idé ias do c onc eito de tra nsc ultur aç ão j á es tão pr es entes ( ORTIZ, 1940, p. 89)

No hubo fac tor es humanos más trasc end entes

par a la c ubanidad que es a s c ontinuas , r ad ic ales y

c ontr as tantes tr ans migr ac iones geo gráfic as ,

ec onómic as y s oc ia les de los poblador es ; que es a

per enne tra ns itor iedad de los pr opós itos y que

es a v ida s ie mpr e en des arr aigo d e la t ier r a

habitada, s iempr e en des ajus te c on la s oc iedad

s us tentado ra. Homb res , ec onomias , c ultur as y

anhelos todo a quí s e s intió for áneo, pr ov is iona l,

c ambiad i zo, “ av es de pas o”s obr e e l país , a s u

c os ta, a s u c ontra y a s u malg rado

(43)

r elaç ões de identific aç ão e difer enc i aç ão que os c uban os es tabelec em entr e s i e os outr os pov os .

O inic io do s éc ul o em Cuba é mar c ado por c onflitos s oc i ais que res ultara m da inter fer ênc ia dos E.U.A. . a par tir do gov er no de J os é Mig uel Go mes ( 1909) ess es c onflitos s e intens ific am; es tour a m gr ev es e mani fes taç ões em todo o terr itór io c ubano c omo r efle x o da ins atis faç ão c om a i mplantaç ão do s is tema neoc olonial, que s ubs titui u a do minaç ão es panhola ( MARTIN EZ, 1 998) . O áp ic e dess es c onfl itos foi o ano de 19 12, quando es tour ou a r ev olta dos “ Independientes de Colo r” motiv ada s obr etudo pela s ituação de dis cr iminaç ão q ue os n egros c uban os v iv iam. No s egundo c a pitulo dess a diss e rtaç ão tr atare mos des s a rev olta e d e s ua influenc ia na mudanç a de pos tur a de Or tiz c o m r ela ç ão aos ne gros c ubanos .

(44)

3.1- IDE NT IDADE NACIO NAL E I MIG RAÇ AO

Es s a busc a pela c ultur a nac io nal, pela identidad e, pe los tra ç os c omuns que difer enc ia ria m o c ubano dos outr os pov os não é u m es for ç o is olado de Or tiz, es s a b usc a pelos c ar ac ter es nac iona is na A mér ic a Latina é r es ul tado do c ontex to s oc ial do período , que enc ontr av a ec o no mod erni s mo br as ile iro e na obr a do s oc i ólogo per na mbuc ano Giber to Fr eyr e.

Es s e autor, as s im c omo Or ti z, hav ia se r elac iona do c om os pens ador es da e sc ola s oc ioló gic a dos Es tados Unidos e s obr e s ua influênc i a e mpr eende u ma tentativ a de defini r a c ultur a bra s ileir a c omo r es ultan te da s íntes e entre a c ultur a do c olon izador por tu guês , do esc r av o a fr ic ano e do autóc tone indíg ena.

(45)

c ons i s tia bas ic amente nu m pr ojeto d e in te graç ão dos negr os na c hamada c ultur a nac iona l, ness e s entido as obr as de O r ti z e d e Fre yr e s ão s imilar es pois a pontam n a mes ma dir eç ão; qual s ej a a c ons tr uç ão de um dis c urs o s obr e as or igens c ultur ais que v ão dar for ma as identidades n ac ionais , c omo be m s ali entou o p rópr io Fr eyr e ( 1942) :

A idé ia d o pr ópr io Congr es s o d e Port - au- Pr inc e,

que es tev e antes p ara s e reu nir em Cub a – país

que c onta en tr e os s eus afr ic anologis tas u ma

figur a da s ign if ic aç ão amer ic an a e me s mo mu nd ia l

de Fer nando Or tiz – não fo i s enã o a r epetiç ão, e m

ponto gr ande, d a idéia do Cong r ess o afr

o-br as ile ir o qu e s e r euniu em 1935 n o Re c ife por

in ic ia tiv a d e um gr upo de pes quis ador es

pr eoc upados c om as pec tos div er s os da h is tór ia

s oc ia l do negr o no Br as i l e da s ua s ituaç ã o na

noss a ec onomia, na nos s a ar te, n a noss a c ultur a,

na c omp os iç ão do nos s o pov o.

4

(46)

O ponto foc al d e s eus empenhos c ien tífic o -po lític os er a, s egundo L e Riv eren d (19 91, p 24) , a for maç ão étnic o -c ultur al de Cub a; s eus cos tumes , s ua tr adiç ão, sua c ultur a v is ta c om a dev ida i mpor tânc ia , tentando s e mpre c on s trui r uma r uptur a c o m as tra dic ionais c ons i deraç ões rac is tas e disc riminatór ias , s ubs tituindo -as por uma inv es ti gaç ão rigo ros a, pautada nos c r itér ios pos itiv is t-as de c iênc ia. Es s a pos tura lev ará Or tiz a des env olv er uma v isão que r o mpe c o m as idé ias anter ior es , s o bretud o no c ampo da e tn ologi a por u m c abedal teóri c o r ac is ta. Cad a v ez mais Or ti z b us c ar á entender a c ubanidade, os c ar ac ter es nac ion ais , o s e r c uban o. Par a is s o não utilizará o ter mo i dent idade; Or tiz us ar á o ter mo “ c ubanía” , que e m s ua definiç ão ex pr ess a a es pec ific idad e do c ubano, que é únic o po r s er res ultado de um pr oc ess o que não s e v er ific ou em nenhu ma outr a p arte do mundo. O s tr aç os da c uba nidade v ão mos tr ar , ain da que de for ma e mbrio n ária os pr i meir os c ontor nos da idéia de tr ans c u lturaç ão.

Es s e disc urs o tem c omo ponto c entr al a idéia de h armon ia s oc ia l q ue s er ia c ar ac ter ís tic a da his tor ia das r elaç ões entr e os div ers os gr upos é tn ic os em Cuba. Em ou tr os ter mos o c onv ív io entr e a el ite c r iolla , os negr os , os imigr ant es c anár ios e ou tr os gr upos , é apr es entado por Ortiz (1940 , p 90 ) c o mo u ma r elaç ão d e troc as c ultur ais , em q ue todos s e benefic iar am.

(47)

u ma bar r eira ec onômic o - s óc io-c ultur al que is olass e es s es elementos do c onv ív io s oc ial . A elite bus c av a s e i s olar dos indes ejáv eis .

Po r u m lado, os inter es s es da elite aç uc ar eir a c ubana e do c apital es tr angei ro no aç úc ar, lev av am ao inc en tiv o da imigr aç ão de negr os de outr os país es d o Car ibe, por é m es s es negr os er am v itimas de per s egui ção e d e v iolênc ia, c omo pode mo s obs erv ar no tre c ho que s e s eg ue, onde o r epr es entan te da c or oa br itânic a em Ha v ana r ec lama de maus tr atos aos s úd itos antilhanos de s ua maje s tade.

mi gob ierno ha c ons ider ado a ns ios amente e l

pos ib le efec to de una p aral is ación de la

in migr ac ión a ntillana s obr e los inter es es de Cuba,

c om c uy a re public a es s u princ ipal c u idad o

mantener s us r elac iones s ob re una ba s e de la

may or c or dialidad; y s e tie ne la es per an za de que

la med ida pr oy ec tad a no s ea mal r ec i bida, pues to

que s abe n que e l pr inc ip io de des a le ntar a los

obr er os de c olor de dir ig ir s e a es ta Is lã, há

enc ontr ado y a un lu gar en la le g is lac ió n de

in migr ac ión c ubana ; al pas o que r ec ientes

(48)

que una polí t ic a s emejante podr ía contar c on el

apoy o loc al.5

Nes s e s entido é que incentiv av a-s e a imigr aç ão de ja maic anos , c omo for ç a de tr abalho c omp le mentar , nos c entra is aç uc ar eir os . Por é m es s e gr upo de i mi gr antes , por ter em u m n ív el de ins tr uç ão ma ior q ue os negr os c uba nos , não v ão ac eitar as c ondiç õ es de op res s ão i mpos tas pela elite c ubana e v ão muitas v ezes bu sc ar ass egu rar s eus di reitos r ec orr endo a s ua c ondiç ão de c ida dania br itânic a. A i migr aç ão de haitian os també m er a v is ta c o mo indes ej áv el pela image m n egat iv a de s ua r eligião e c os tumes ( IBAR RA e SCARAM AL, 199 8 ).

O pr ópri o Fer nando Or t iz que v alor iza o ele me nto negr o n a c ultur a c ubana, faz is s o por uma s u pos ta s uper ior idade c ultur al dos negr os c ub anos , o autor atr ibuiu u ma es pec ific idade a ess es , em outr as palav r as , os negr os que for am lev ad os par a Cuba s er iam “ difere ntes ” dos que for a m lev ados par a outras r egiões da A mér ic a, daí s ua s uper ior idade c ul tural , em r el aç ão aos negr os do r es tante do Nov o Mundo ( ORTIZ, 1906, P. 83 )

5

Cópia de la correspondência cambiada entre la legación de su majestad Britânica em la Haban y la Secretaria de Estado de La Republica relativa al trato de los inmigrantes jamaiquinos, in revista brasileira do caribe, número 5, vol. III, Goiânia, ed. CECAB, 2002, p.143.

(49)

...No puede dec ir s e, afor tunadadmen te , que la

antr opofagia fet ic his ta s ea llev ada ta n has ta es s e

gr ado ni hay a s ido y s ea c arac ter ís tic a pr inc ipa l

de la br ujer ia afr oc ubana, c omo par ece que lo ha

s ido em Ha i ti (do nde s egún Texier , más de um

blanc o ha s ido des enter r ado, roto s u c rá neo y

c omida s u mas a enc efálic a par a ad qu ir ir as í e l

negr o v iv o la inte lig enc ia De l b la nc o muer to) y em

lãs Ant illas fr anc es as , por análogas s uper tic iones

Nes s e s entido é que a imigr aç ão dos ne gros c ar ibenhos er a v is ta des de os pr ime ir os a nos do s éc ulo XX c omo u ma a meaç a à identidade nac ional , mes mo entr e s etor es prog res s is tas , c omo é o c as o do Par tido Obr er o Soc ialis ta , c o nforme des tac ou CABR ERA ( 1985, p. 34) :

s u c onc epto de nac ión es muy s emej ante al de los

c ubanos d el s ig lo XIX s ob re todo al d e Sac o, per o

c on una impor tante difer enc ia: v alor izaba ao

negr o c omo impor tante fa c tor nac iona l. E l pe ligr o

de des nac ionaliza c ión lo v en en la entr ada de

(50)

A pr ópr ia orga ni zaç ão do es paç o, nos c e ntrais aç uc ar eir os , nos demon s tra es s e s entido disc r imin atór io. Nos c entr ais as fa mílias dos dir etor es e dos ger entes da produç ão fic av am is olad as das fa mílias dos traba lhador es neg ros , em u m lo c al den o minado bate y. No batey o ac es s o dos n egros era r es tr ingido, c omo for ma de gar antir que s ua pr es enç a não c aus ass e inc ômodos .

Os negr os fic av am is olados , s eu es paç o er a onde não pudess e repr es entar ameaç a par a a elite.

No entanto é jus ta me nte ne s s e es paç o, nes s e “e ntre lugar ” ( BHA BHA, 200 I) , que es s es indiv íd uos c ri am s uas identidade s , s u as c ultur as , par tindo de c ond iç ões de dominaç ão r u mo a u ma autono mia que ex pr ess a-s e na opos iç ão aos v alores c ultur ais e polític os da elite c ubana, s endo ao mes mo te mpo ex pr ess ão das difer enç as e multip li c idades dess as c ul tu ras de orige m de s s es gr upos c omo nos mos tr a ( CABRE RA DENÍZ, 1996. p 10 - 11) quando desc rev e o que ac ontec e u c om a i mi graç ão es panhol a:

a lo lar go d e es os añ os la is la a ntillana s e

c o nv ir t ió en la f in a lidad de mi lles de c anar ios ,

qu e de for ma tempor a l o def in i tiv a b usc ar on una

alte rnat iv a a la fa lta de opor tun ida des en el

ar c hipié lago. Es te é xodo les h izo c om pañer os de

(51)

div er s a pr oc edenc ia y c on el c omún anhe lo d e

per petuar la ley enda del ind iano enr iquec ido.(...)

La nuev a tierr a de pr omis ión e n que s e c onv ier te

Cuba dar á c ump limiento a es te d es eo en u nos

poc os ele g idos y mantendr á en e l a nonimato a

una may oría s ilenc ios a, en poc os de la c ual hoy

nos enc ontr amos .” el in mig rante p retend e la

in te grac ión per o no puede o lv ida r s us orígen es , y

de es ta dualid ad v ita l s urgirá todo un mode lo d e

v ida, que t iene s u máxima e xpr es ión en los

ór ganos ins tituc ion a les de c ar ác ter r egiona l. A

tr av és de e llos , gallegos , as turianos ,

ar agone s es , c as tellano s , c atalanes , an daluc es o

c a narios intentar án man te ner e l v ínc ulo c on la

tier r a de la c ua l par t ier on, per o tamb ién

as egur ars e mutua prot ec c ión e inc lus o inf lue nc ia

en el país de ac ogida .

(52)

palav r as as tr oc as c o mer c iais , os c as amen to s , as rel aç ões no a mbien te de tr abalh o prod u zir a m u m pr oc es s o de identific aç ão e difer enc iaç ã o parti lhado por todos .

Po ré m, es s a iden ti fi c aç ão não produziu a ne gaç ão das c ultur as de or igem. Os c anár ios , ainda que tenham mo dif ic ado s ua c ultur a or igina l, per manec e m c om u ma c ultur a difer enc i ada da dos negr os e d a elite “c r iolla” . Ass im o q ue tra z uma identif ic aç ã o a ess es gr upos , em nos s o entendi me nto , é s ua c ondiç ão c omu m de s ubalter nidade , não apenas s uas s emelhanç as c ultur ais , mas s obr etudo s eu des ti no c omu m de ex plor aç ão pelas el ites , s ituaç ão que o pr ópr io ORTIZ ( 1990. p 228 ) não ne ga.

Tamb ien fac ilitar on e l pas o del ta bac o d e los

ind ios a los negr os las c ir c un s tanc ias his tór ic as y

ec onómic as que los apr oxima ban un o s a otr os no

s ólo en s u s c u ltura s , s in o en s u pos ic ión s oc ia l

c on r elac ión a los blanc os , a los c uales ambos

gr upos étnic os tuv ier on que s ometer s e c o mo

domina dores c omunes . No pued e dec ir s e que

entr e negr os e indios no hay a habido ac titu des

dis c r im inator ias por s us div ers as expr es iones

r ac iales . Las his toria s oc ial de A mér ic a ofr ec e

s obr ados eje mplos de lo c ontra rio ; pe ro s i c on

(53)

c aus a del div ers o y c ontr adic tor io emp leo s oc ia l

que e l b lanc o les d io en c ier tas oc as iones , no

s iempre pudo logr ars e es ta s epar ac ión func ional,

engendr ador a de p erju ic ios entr e ind ios y negr os ,

y no fue r ar o que uno s y otr os s e juntar an c ontr a

una mis ma s uped itac ión. Por es to, s i par a los

negr os el tabac o de lo s indios no fue "c os a de los

demon ios ", ta mpoc o fue "c os a de lo s s alv ajes".

En c amb io, entr e los blanc os , donde abun daban

los c onqu is tador es , enc omend eros y c lérigos

es for zados en humilhar a los indios a una

c ategor ía infrah umana, era lóg ic o que lo más

típic o de a qué llos y de s us c os tumbr es fu es e

c alif ic ado des pec tiv ame nte de "cos a s alv aje", de

c os a de br utos "s in ra zón, polic ía ni c iv ilidad",

s ólo ins pir ados ma ligna mente por los demon ios .

(54)

Os i migr antes , er a m v is tos por Or tiz c omo ele men tos que s ome nte poder ia m integr ar a s oc iedade d e for ma s ubor dinada, mes mo a integr aç ão, que o c onc eito de tr ansc u lturaç ão pr ess upõe, er a pens ada c omo integr aç ão s ubordi nada. No entanto, ess es gr upos , já poss u íam u ma tr adiç ão c ultur al que s e ex press a em nos s a opinião na idéi a d e s ubalter nidade, no sentid o de qu e s ua elabor aç ões c ultur ais er am dotadas de autonomia e de s enti dos pr ópr ios . Es s es gr upos tinham e m c o mu m es s a c ondiç ão s ubalter na, os Canár ios , por ex emplo, já era m s ubalter nos na Es panha a ntes mes mo de v ir em par a Cuba.

(55)

indes ej ados , e de outr o c r iar es paç os pa ra c ultiv o do tab ac o pel os pequenos p rodu to res .

Nos s a leitur a da identid ade c ubana a prox ima - s e mais d a maneir a c omo define Vi c tor ia Nov e lo a c ultur a Car ibenha: “

E xis tiendo c o mo una, no niega la exis tênc ia de las par tes

difer enc iada s de s u todo” ( NO VEL O, 1999 p 20) , quer emos as s im,

entender as i dentidades dess es grupos , s em negar s uas di fe renç as , obs erv ando as c ons tr uç ões de p roc ess os identitár ios c omun s entr e os s ubalter nos , de uma ident idade que de fi ne -s e a partir dos pr oc ess os de su balter nidade, ex peri mentados tanto por negr os quanto pel os br anc os c anár ios e outr os grupos étnic o s , nac ion ais , c ultur ais e s oc iais que for ma ra m a ide ntidade nac i onal c ubana.

Po rtanto o que n os par ec e c lar o é que ess a s identida des que v ão dar forma a i dent idade c ubana s ão r es ul tado das ex per iênc i as v iv idas em c o mu m p or ess es gru pos e não de um c ar áter es pec ífic o des s as c ultur as , em outr os ter mos os s ofrimentos , as desv e nturas o di alétic o pr oc ess o de c onv iv ênc ia e que per mit ir a m a e ss es grupos c r iar em u ma identida de c omu m par tilhad a por todos onde as identid ade s es pec ífic as dos gr upos for am r es pe itadas e mantidas , ainda q ue r eelabor adas , na dinâ mic a dos pr oc ess os s oc ia is , c onfor me des ta c ou HALL ( 2001, p. 13)

A ident idade p lena mente un if ic ada, c o mpleta ,

(56)

na med ida em qu e os s is temas d e s ig nif ic aç ão e

r epre s entaç ão c ultur al s e mu ltip lic am, s omos

c onfr ontados por uma mult ip lic idade

desc onc er tante e c amb iante de ident ida des

poss ív eis , c om c ada uma das quais pod eríamos

nos ident if ic ar – ao menos tempora r iam ente.

As identidades c ons tru íd as pe los c ubanos tr aze m a mar c a de s ua mult iplic id ade étnic a e c ultur al; não ex is te o c u bano puro, o que ex is te s ão v ár ias for mas de s er c uban o q ue s e integr am e c omp le menta m.

Nes s e s en ti do as obr as de Or tiz e de Fr eyre s ão s imi lar es pois apontam n a mes ma dir eç ão : a c ons truç ão da nac ional idade c omo p ode mos notar nes te tr ec ho qu e s e s egue ( ORTIZ, 1990, p. 87)

Em Cuba dec ir c iboney , taíno, es pañol, jud io,

ing lés , fr anc és , angloamer ic ano, negro , y uc atec o,

c hino y c rio llo, no s ign ific a in d ic ar s ola mente los

div er s os ele mentos format iv os de la na c ión

c ubana expr es ad os po r s us eleme nto s for mativ os

gentilic ios

(57)

Ou c onfor me o s alienta B ARN ET ( 1995 . p 215 - 216) :

Se v ind ic ó la tr ad ic ión ét ic a de nue s tra his tor ia,

for jado al c alor de guer r as de independ enc ia y de

mov im ientos d e liber ac ión . Lo nac iona l

r eenc ontr aba, c omo un es pejo, s u r ostr o más fie l

y pers onal. Cu ba s ería de nuev o una idea de r aí z

pur a y v ieja, de ra íz ma mb is a y popular .”L a

c ubanía – v ue lv o a c itar a Or tiz- , que es

c onc ienc ia, v oluntad y r aíz de patr ia – fíje ns e que

dic e v olun ta d-, s ur gió pr imer o entre la gente aquí

nac ida y c rec ida, s in r etor no n i ret ir o, c om e l a lma

ar raigada en la t ier ra ”. Es a idea de qu e la

v oluntad s urgió pr imer o e ntre la gente aquí na c ida

y c rec ida, r omp e c on e l c r iter io de los manua les

mar xis tas que plantean que la ident id ad nac iona l

s ur ge c on el c r is ol de la Gu err a de los Die z Años ,

y le da la ra zón a muc hos de los que ha n ha blado

aquí, c omo los c as os de Pedr o Pablo Rodr ígue z,

de la Dr a. Mar ía Tere za L inar es , que s itúan la

ident idad en los c o mien zos de la na c ión c ubana,

del país , de la c ultur a c ubana , de s de que

(58)

Po rtanto o que podemos pe rc e ber é u m en fo que que tenta inc luir os negr os na c hamada c ultur a n ac ional, a identidade nac ional c ubana pas s a a s er v is ta po r Ortiz c omo s íntes e d as c ontr ibuiç õ es de afr ic anos e es p anhóis . Ess a pers pec tiv a dar á mar ge m a u ma s ér ie de leitur as , que poder íamos de no minar de ofic ialis tas , n a medida e m que s ão formu ladas por intelec tuais ligados a ins tituiç ões gov er name ntais . Por ex emp l o intel ec tuais c omo Miguel Bar net , dir etor do ins tituto Fe rnan do O rtiz. E ss a leitur a o fi c ialis ta s e trad uz e m u ma v is ão de nac io nalidade e de c uba nidade c oes as e es tr utur adas a partir da territor iali dade e que s ão imper meáv eis à c ontr ibuiç ão i dentitár ia dos imig rantes .

Es s a p os tur a em O r ti z é motiv ada por uma leitur a da identidade c ubana, c omo s alientou Le Riv er end ( 1991, p 20) , que te m u ma te ndênc ia a c ons i dera r os fatores his tór ic os que o c oloc a e m opos iç ão ao func ionalis mo d e Mali nows ki. As rela ç ões entre o pens ador c uba no e o antrop ólogo polac o lev ar ão ess e último a inc luir Or tiz entr e os adeptos do func ionalis mo . Por é m, enquanto Malino ws ki tinha c o mo s e u foc o de es tudo os pov os não oc ide ntais , as c ultur as que tinham s e c ons tituído por outros pa drões , O r tiz tinha c omo c entr o d e sua s atenç ões a c ultur a c ubana, a ide ntidade nac ional , que noss o autor define a par tir da idéi a de c uban idade c omo n os mos tr a BARNET ( 1995, p 21 4) :

(59)

En obr a de Fer nando Or tiz, c omo lo h emos hec ho

c as i todos los que es tamos aquí, v er emos que e l

tér mino ident idad c as i n o s e emplea. Or tiz hab la

de la c ubanidad , que la man ipu ló burd amente;

habla, r ep ito, de la c ubanía, de lo cub ano, per o

r aramente s urge el te ma de l la ident idad . Par ec e

que a O rt iz le pas ó c omo a muc hos de nos otr os ,

que te nía una gr an nec es idad de s entir s e

ident if ic ad o c on es as es enc ias y más bien las

busc ó don de otras p ers onas no las bus c ar on; es te

es el ac ier to de Or t iz, haber bus c ado las es enc ias

de nues tr a ident id ad donde otr as per s onas c on

muc ho s es fuer zo s , c on muc hos tr abajos s ólidos ,

ac adémic os , c ientífic os , ens ay ís ticos , no la

enc ontr ar on.

Es s e es forç o de ORTIZ ( 1942) por i ntegr ar o negr o fic a patente e m tr ec hos c omo o que s e s egue:

Hab ía literatur a abund ante ac er c a de la es c la v itud

y de s u abolic ió n y muc ha po lé mic a en to rno de

ess e tr ágic o tema , per o embebid a de od ios ,

(60)

tamb ién a lgunos es c r itos de enc omio ac erc a de

Aponte, de Man zano, de Plác ido, d e Mac eo y

otr os hombres de c olor que habían lo grad o gr an

r eliev e nac iona l en las letr as o en la s luc has por

la liber tad; per o d el negr o h u mano, de s u es pír itu,

de s u h is tor ia, de s us antepas a dos , de s us

lenguaje s , de s us ar tes , de s us v a lor es pos it iv o s y

de s us pos ib ilidades s oc ia les ... nada. Has ta

hablar en púb lic o de l negr o era c osa pe ligr os a,

que s ólo pod ía h ac ers e a hur tadillas y c on reb ozo,

c omo tra ta r de la s ífilis o de un n efando pec ado

de familia

A par tir de 1913 oc orr e, c omo h av íamos des c ri to an te s , u ma mudanç a de or ientaç ão na obr a de Or ti z. Es s a mudan ç a r eflete e m noss a opi nião os ac ontec i mentos r egis tr ados em 1 912 na rev olta dos Independie ntes de Color , es s a r ev olta, ainda que os negr os ten ha m s ido derr otados , ger ou uma mudan ç a nas re laç ões inter étnic as em Cub a.

(61)

mos tr ou inc apaz d e c onc r etizar o id eal d e naç ão fo rmulado por J osé Mar ti.

A obr a d e juv entude de Or tiz pode s er ente nd ida c omo a r es ultante de ss e pe ríodo de tr ans iç ão, da de s ilus ão da jov em intelec tual idade c ubana do iníc io do séc ulo quanto aos r umos que a r epublic a r apidamente to mará e m d ir eç ão a um nov o alin hamento d o s is tema i mper ialis ta, que te m s ido c hamado de Neo -c olonialis mo.

Até 1913 Or tiz terá c o mo pi lare s de s uas r eflex ões as c ategor ias da c r imina lís tic a e da c r imino lo gia; as obr as des s e per íodo s er ão impre gnadas de b iologis mo, e de u m marc ado inter ess e por gr upos c om c ompor ta mento antis oc ial, a mar ginali zaç ão e a delinqüênc ia c omo pod e mos notar nes te tr ec ho, ORTIZ (1995 , p. 5- 6) :

Todo es fuer zo inte lec tua l en pr o Del conoc im ient o

c ientíf ic o de l Ha mpa afr oc ubana no s er á s ino una

c olabor ac ión, c ons c iente o no, a la h ig ien i za c ió n

de s us antr os ( ...) al p rogr es o mor a l de nues tr a

s oc ie dad ( ...) la ev oluc ión s uper or gánic a s iga s u

c urs o deter min ado.

Referências

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