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Fractais e Percolação na Recuperação de Petróleo

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Academic year: 2017

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIˆ

ENCIAS EXATAS E DA TERRA

PROGRAMA DE P ´

OS-GRADUA ¸

C ˜

AO EM F´ISICA

Fractais e Percola¸

ao na Recupera¸c˜

ao de Petr´

oleo

Tese apresentada como requisito parcial para a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Doutor em F´ısica.

Autor: Roosewelt Fonseca Soares Orientador: Liacir dos Santos Lucena

(2)

Cataloga¸c˜ao da Publica¸c˜ao na Fonte. UFRN / SISBI / Biblioteca Setorial Especializada do Centro de Ciˆencias Exatas e da Terra - CCET.

Soares, Roosewelt Fonseca.

Fractais e percola¸c˜ao na recupera¸c˜ao de petr´oleo / Roosewelt Fonseca Soares. -Natal, RN, 2007.

148 f. : il.

Orientador : Prof. Dr. Liacir dos Santos Lucena.

Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciˆencias Exatas e da Terra. Programa de P´os-Gradua¸c˜ao em F´ısica.

1. Fractais - Tese. 2. Percola¸c˜ao - Tese. 3. Recupera¸c˜ao de petr´oleo - Tese. 4. Formas geom´etricas - Tese. I. Lucena, Liacir dos Santos. II. T´ıtulo.

(3)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIˆ

ENCIAS EXATAS E DA TERRA

PROGRAMA DE P ´

OS-GRADUA ¸

C ˜

AO EM F´ISICA

BANCA EXAMINADORA

Orientador:

Liacir dos Santos Lucena

Examinadores externos:

Joaquim Elias de Freitas

Murilo Pereira de Almeida

Examinadores internos:

Gilberto Corso (Co-orientador)

(4)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

Natal, 17 de dezembro de 2007

Autor: Roosewelt Fonseca Soares

T´ıtulo: Fractais e Percola¸c˜ao na Recupera¸c˜ao de Petr´oleo Departamento: Departamento de F´ısica Te´orica e Experimental

Grau: Dr.

Data da defesa: 17 de dezembro de 2007

Roosewelt F onseca Soares

(5)

Agradecimentos

Gostaria de expressar meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que me aju-daram, de uma forma ou de outra, a desenvolver e realizar este trabalho.

Em particular, e de modo especial, agrade¸co ao colega e grande amigo Joaquim Elias de Freitas pela id´eia e iniciativa de trabalharmos juntos. Isto foi o come¸co de tudo.

Ao professor Liacir dos Santos Lucena pela orienta¸c˜ao segura, incentivo e entusiasmo constantes e, principalmente, pelas condi¸c˜oes que criou para que eu pudesse conhecer e interagir com pessoas e centros do mais alto n´ıvel na atualidade.

Ao professor Gilberto Corso pela co-orienta¸c˜ao e pela participa¸c˜ao sempre descon-tra´ıda e de fundamental importˆancia nos estudos que desenvolvemos.

Ao colega De´ılson Tavares cujas palavras de apoio e incentivo muito me ajudaram em momentos dif´ıceis.

`

A FINEP, PETROBRAS e FUNPEC, que atrav´es do projeto Estudo da Inje¸c˜ao Alter-nada de ´Agua e G´as para Recupera¸c˜ao de Petr´oleo, Projeto WAG, possibilitaram conhecer e estudar alguns modelos novos de distribui¸c˜ao de po¸cos de produ¸c˜ao no Center for Poly-mer Studies na Boston University, com os professores Gerry Paul e H. E. Stanley.

Ao professor Luciano Rodrigues da Silva que foi pe¸ca decisiva para nossa ida ao CPS-BU e essencial para o nosso entendimento com todo o grupo liderado pelo professor Stanley.

Ao professor Carlos Chesman e seu orientando Charlie Salvador que fizeram v´arias e v´arias tentativas de reproduzir a propaga¸c˜ao de um fluido em um meio poroso usando min´usculas esferas de vidro com o objetivo de digitalizar as imagens. Nada foi em v˜ao, nada.

Ao Departamento de Matem´atica pelo apoio recebido.

Por fim agrade¸co `a minha fam´ılia pela paciˆencia e confian¸ca que todos sempre de-monstraram.

(6)

Dedico este trabalho aos meus pais Rui Soares Filgueira e Ana

Nan´u Fonseca Soares, ao meu irm˜ao Rudson, `a minha mulher

Isis, aos meus filhos Mar´ılia, L´ıvia e M´arcio, meu genro Marinho

(7)

Sum´

ario

Abstract xv

Resumo xviii

Apresenta¸c˜ao xx

1 Fractais 1

1.1 Introdu¸c˜ao . . . 1

1.2 Fractais Auto-similares e Auto-afins . . . 2

1.3 Dimensionalidade de Conjuntos . . . 23

1.4 Dimens˜ao Topol´ogica . . . 30

1.5 Dimens˜oes Fractais . . . 31

1.6 Dimens˜ao de Hausdorff . . . 32

1.7 Dimens˜ao de Contagem de Caixas . . . 36

1.8 Dimens˜ao de Escala . . . 39

1.9 Fractais Aleat´orios . . . 42

1.10 Um Conjunto de Cantor Aleat´orio . . . 43

1.11 Medidas Multifractais . . . 45

2 Percola¸c˜ao 51 2.1 Introdu¸c˜ao . . . 51

(8)

2.3 Percola¸c˜ao por Liga¸c˜oes e Percola¸c˜ao Cont´ınua . . . 57

2.4 Parˆametro de Ordem . . . 60

2.5 Dimens˜ao Fractal do Aglomerado Infinito . . . 64

3 Percola¸c˜ao em um Multifractal 69 3.1 Introdu¸c˜ao . . . 69

3.2 O Objeto Multifractal Qmf . . . 71

3.3 O Algoritmo de Percola¸c˜ao e o Espectro Multifractal . . . 74

3.4 Simula¸c˜oes Num´ericas . . . 78

3.5 Anisotropia e Limiar de Percola¸c˜ao no Suporte Multifractal Qmf . . . 84

3.6 Conclus˜oes . . . 91

4 F´ısica Estat´ıstica e Caminhos M´ınimos na Recupera¸c˜ao de Petr´oleo 93 4.1 Introdu¸c˜ao . . . 93

4.2 Caminhos M´ınimos . . . 97

4.3 Fun¸c˜oes de Distribui¸c˜ao . . . 100

4.4 O Ansatz de Escala para Caminhos M´ınimos . . . 101

5 Distribui¸c˜ao de Caminhos M´ınimos em M´ultiplos Po¸cos 103 5.1 Introdu¸c˜ao . . . 103

5.2 O Caso Sim´etrico . . . 106

5.3 Os Casos Assim´etricos . . . 110

5.3.1 Assimetria Interna . . . 110

5.3.2 Assimetria Externa . . . 113

5.4 Observa¸c˜oes Finais . . . 115

Conclus˜oes e Perspectivas 120

(9)

A Fundamenta¸c˜ao Matem´atica para o Espa¸co M´etrico dos Fractais 123

A.1 Introdu¸c˜ao . . . 123

A.2 Espa¸cos M´etricos . . . 128

A.3 Espa¸cos Topol´ogicos . . . 132

A.4 O Espa¸co M´etrico (H (X), h) . . . 134

B Medida e Dimens˜ao de Hausdorff 136 B.1 Medida de Hausdorff . . . 136

B.2 Dimens˜ao de Hausdorff . . . 138

C Teoria das Probabilidades 140 C.1 Introdu¸c˜ao . . . 140

C.2 Probabilidade Condicional . . . 142

(10)

Lista de Figuras

1.1 Constru¸c˜ao de 1883 do Conjunto de Cantor C desde C0, chamado de ini-ciador e C1 chamado de gerador. Observamos que CE e CD, as partes da esquerda e da direita, s˜ao r´eplicas de C escaladas pelo fator 13. . . 3

1.2 Constru¸c˜ao da Curva de Koch F, desde F0, chamado de iniciador, e F1, chamado de gerador. Em cada est´agio, o ter¸co do meio de cada intervalo ´e substitu´ıdo pelos outros dois lados de um triˆangulo eq¨uil´atero. . . 7

1.3 Curva de Koch conhecida como Fractal Floco de Neve. F0, um triˆangulo eq¨uil´atero, ´e o est´agio zero, F1 com uma itera¸c˜ao, ´e o est´agio um, F2, com duas itera¸c˜oes, ´e o est´agiodois,F3, com trˆes itera¸c˜oes, ´e o est´agiotrˆes,F4, com quatro itera¸c˜oes ´e o est´agio quatro eF ´e a curva Floco de Neve. . . 8

1.4 Constru¸c˜ao do Triˆangulo de Sierpinski E, desdeE0, chamado deiniciador, eE1, chamado degerador. Este conjunto apresenta duas das caracter´ısticas comuns aos fractais: simetria e auto-similaridade. . . 10

1.5 Tapete de Sierpinski. . . 11

1.6 A Esponja de Menger ´e obtida a partir do iniciador, M0 = [0,1]×[0,1]× [0,1], e do geradorM1. No limite, obtemos M. . . 14

1.7 Constru¸c˜ao de uma ‘Poeira de Cantor’ P. . . 15

1.8 Constru¸c˜ao de uma ‘Poeira de Cantor’. . . 16

(11)

1.10 Constru¸c˜ao de um conjunto fractal auto-afim. Um quadrado s´olido, A0, chamado iniciador, ´e dividido em 3×4 = 12 partes retangulares iguais e as duas partes centrais s˜ao descartadas, formando A1, o gerador. Repete-se o processo em cada um dos 10 retˆangulos s´olidos de A1, para obter A2, e

assim por diante. . . 20

1.11 Constru¸c˜ao de um conjunto fractal auto-afim. Um quadrado s´olido, A0, chamado iniciador, ´e dividido em 4×3 = 12 partes retangulares iguais. A metade dos retˆangulos se mant´em e a outra metade ´e descartada, de modo que n˜ao haja dois retˆangulos com lados comuns em A1, o gerador. Repete-se o processo em cada um dos 6 retˆangulos s´olidos de A1, para obter A2, e assim por diante. . . 21

1.12 Constru¸c˜ao de um conjunto fractal auto-afim. Um quadrado s´olido, A0, chamado iniciador, ´e dividido em 6×3 = 18 partes retangulares iguais. Oito desses retˆangulos se mantˆem enquanto os outros dez s˜ao descartados do modo como mostrado na figura, para formar A1, o gerador. Repete-se o processo em cada um dos oito retˆangulos s´olidos de A1, para obter A2, e assim por diante. . . 22

1.13 Est´agio um da Curva de Peano chamado de iniciador. . . 24

1.14 Est´agio dois da Curva de Peano chamado de gerador. . . 25

1.15 Terceiro est´agio da Curva de Peano. . . 26

1.16 Quarto est´agio da Curva de Peano. . . 27

1.17 Quinto est´agio da Curva de Peano. . . 28

1.18 Sexto est´agio da Curva de Peano. . . 29

1.19 Gr´afico da Medida s-dimensional de Hausdorff do Conjunto de Cantor C, Hs(C), versus s. A Dimens˜ao de Hausdorff de C, dimHC, ´e o valor de s = ln 2/ln 3 = 0,6309 no qual Hs(C), ‘salta’ de infinito para zero. . . 34

(12)

1.21 Trˆes maneiras distintas de encontrar a Dimens˜ao de Caixa de um subcon-junto Ω do Rn. (a) o menor n´umero de bolas fechadas de raio δ que cobre Ω; (b) o menor n´umero de cubos de lado δ que cobre Ω; e (c) o n´umero de cubos da δ-malha que intercepta Ω. . . 37

1.22 Em (a) um segmento de reta unit´ario com duas r´eplicas,N = 2, em (b) um quadrado unit´ario com quatro r´eplicas, N = 4, e em (c) um cubo unit´ario com oito r´eplicas, N = 8, todas com fator de escala de amplia¸c˜ao b= 2. . . 40

1.23 Constru¸c˜ao de umConjunto de Cantor Aleat´orio C. As raz˜oes dos

compri-mentos Ii1,...,ik,1

/

Ii1,...,ik

tˆem a mesma distribui¸c˜ao estat´ıstica para cada

i1,...,ik, e similarmente para

Ii1,...,ik,2

/

Ii1,...,ik

. . . 44

1.24 Constru¸c˜ao da Medida Auto-similar do Conjunto de Cantor C. A massa

em cada intervalo de Ck na constru¸c˜ao do Conjunto de Cantor, indicada

pela ´area do retˆangulo, ´e dividida na propor¸c˜ao p1 : p2. Neste exemplo tomamos p1 = 13 e p2 = 23, ou seja, usamos a propor¸c˜ao 13 : 23, entre os dois subintervalos de Ck+1. Continuando, este processo produzimos uma

Medida Auto-similar no Conjunto de Cantor. . . 47

1.25 Os primeiros passos da constru¸c˜ao de um fractal dependente de uma pro-babilidade p. Neste exemplo,p= 0,6. . . 49

2.1 Rede quadrada 10×10. Em (a),p= 0, todos os s´ıtios est˜ao vazios. Em (b) e (c), os s´ıtios roxos s˜ao ocupados com, p= 0,2 ep= 0,4, respectivamente, e est˜ao isolados ou formam pequenos aglomerados. Em (d), p = 0,6, os s´ıtios amarelos formam um aglomerado percolante. . . 55

2.2 Aglomerados finitos de percola¸c˜ao por liga¸c˜oes em uma rede quadrada 10×10. 58 2.3 Percola¸c˜ao Cont´ınua, modelo Queijo Sui¸co. . . 59

2.4 A magnetiza¸c˜ao espontˆanea, m, ´e o parˆametro de ordem em um sistema magn´etico. Abaixo de Tc o sistema encontra-se em uma fase ordenada,

m = 0. Acima deTc o sistema encontra-se em uma fase desordenada,m = 0. 61 2.5 P ´e a probabilidade de um s´ıtio pertencer ao aglomerado infinito. ´E o

parˆametro de ordem em sistemas de percola¸c˜ao. Para p < pc, P = 0 e

para p > pc, 0<P

(13)

2.6 S ´e o n´umero m´edio de s´ıtios de um aglomerado finito. . . 63

2.7 χ ´e a susceptibilidade magn´etica. . . 63

2.8 Os s´ıtios pretos formam um aglomerado percolante em uma rede quadrada 400 ×400. Os s´ıtios coloridos formam aglomerados finitos. Mesmo con-siderando os efeitos de tamanho finito o aglomerado percolante apresenta uma auto-similaridade estat´ıstica. . . 65

2.9 Esta figura ´e uma amplia¸c˜ao de uma parte da figura anterior. Podemos observar uma auto-similaridade estat´ıstica. . . 66

3.1 Esta figura mostra os quatro primeiros passos na forma¸c˜ao do multifractal

Qmf. (a) Um segmento de reta vertical secciona o quadrado em duas partes,

r = 2 e s = 3, cuja raz˜ao entre suas ´areas ´e ρ = r/s = 2/3. (b) Dois

segmentos de retas horizontais dividem os retˆangulos na mesma raz˜ao ρ. (c) Indica o terceiro passo. (d) Indica o quarto passo. Em cada passo s˜ao mostradas as ´areas dos blocos correspondentes. . . 73

3.2 Esta figura mostra o multifractal, Qmf, com um quadrado assinalado no

centro. Tomamos n= 12 e (s,r) = (3,2). . . 75

3.3 Uma amplia¸c˜ao do quadrado assinalado na figura anterior. . . 76

3.4 Espectro das dimens˜oes fractais Dk de Qmf para n= 400 e (s,r) = (3,2). . 77

3.5 Histograma das redes percolantes versus a probabilidade de ocupa¸c˜ao p

para os casos (s,r) = (1,1), (s,r) = (2,1), (s,r) = (4,1) e (s,r) = (6,1). As

´areas sob as curvas est˜ao normalizadas com a unidade. . . 78

3.6 Esta figura mostra, para os mesmos valores de (s,r) da Figura 3.5, um

gr´afico da fra¸c˜ao das redes percolantes RL versus p. Foram usadas 40.000 redes para se tomar a m´edia. . . 80

3.7 Histograma das redes percolantes versus a probabilidade de ocupa¸c˜ao p

para diferentes tamanhos da rede. O gr´afico mostra os picos em corcova que se aproximam quando n cresce. Nesta figura (s, r) = (6,1) e 8 < n < 18. Foram usadas 40.000 redes para se tomar a m´edia. . . 82

(14)

3.9 Apresentamos pc versus 1/L para ρ = 2/3 (linha s´olida) e ρ = 1/4 (linha tracejada). Os valores acima correspondem apb

c e os valores abaixo

corres-pondem a pe

c. Usamos 4≤n ≤10. . . 87

3.10 Apresentamos pc versus 1/L para ρ = 2/3 (linha s´olida) e ρ = 1/4 (linha tracejada). Os valores acima correspondem apb

c e os valores abaixo

corres-pondem a pe

c. Usamos 4 ≤ n ≤ 10. Gr´afico de pcmed versus 1/L para os mesmos dados. . . 88

3.11 Gr´afico de pcmed versus ρ. Os valores escolhidos de ρ est˜ao indicados na figura. A linha reta corresponde ao melhor ajuste linear. . . 89

4.1 Dimens˜oes t´ıpicas de reservat´orios de petr´oleo e de amostras. . . 95

4.2 Reservat´orio Girassol em Angola. Fonte: World Oil . . . 96

4.3 Os s´ıtios pretos formam um aglomerado percolante em uma rede quadrada 50× 50. Os s´ıtios coloridos formam aglomerados finitos. A linha mar-ron horizontal ´e a distˆancia euclidiana, r, entre dois s´ıtios do aglomerado percolante e a linha vermelha ´e um caminho m´ınimo, l, entre eles. . . 98

4.4 O quadrado preto vazio representa um po¸co injetor, o quadrado preto cheio representa um po¸co produtor, considerado comocaso padr˜ao. A linha mar-ron horizontal ´e a distˆancia euclidiana,r, e a linha vermelha ´e um caminho m´ınimo de comprimento, l, entre eles. . . 99

5.1 Gr´afico log-log da distribui¸c˜ao de caminhos m´ınimos, P(l|r), no limiar de

percola¸c˜ao para o caso padr˜ao de um po¸co injetor e um po¸co produtor. . . 104

5.2 Em (a) a distribui¸c˜ao conhecida como “five-spot” e em (b) a distribui¸c˜ao conhecida como “nine-spot”. . . 105

(15)

5.4 Um po¸co injetor no centro de uma distribui¸c˜ao sim´etrica de po¸cos de pro-du¸c˜ao. Os po¸cos produtores est˜ao em um c´ırculo de raioR. Dois caminhos t´ıpicos est˜ao indicados: Ω1 ´e um caminho curto que n˜ao sai do c´ırculo e Ω2 ´e um caminho muito longo que sai do c´ırculo onde se encontram os po¸cos produtores. . . 108

5.5 Gr´afico log-log da distribui¸c˜ao de caminhos m´ınimos,P(l|A),versusl/Rdmin,

no limiar de percola¸c˜ao para os arranjos da Figura 5.3. Nas simula¸c˜oes

L = 500 e R = 64. Cinco casos correspondentes a 1, 2, 4, 8 e 16 po¸cos produtores est˜ao indicados na figura. . . 109

5.6 Assimetria interna. Um po¸co injetor, c´ırculo vazio, deslocado do centro, c´ırculo sombreado, e uma distribui¸c˜ao sim´etrica de po¸cos produtores, c´ır-culos cheios. (a) Dois po¸cos produtores; (b) Quatro po¸cos produtores; (c) Oito po¸cos produtores; (d) Dezesseis po¸cos produtores. . . 112

5.7 Assimetria interna. O centro da distribui¸c˜ao est´a representado pelo c´ırculo sombreado, o injetor est´a deslocado do centro e quatro produtores distribu´ı-dos simetricamente sobre um c´ırculo de raio R. As distˆancias euclidianas

ri, 1 ≤i≤4 est˜ao indicadas por setas. . . 113 5.8 Gr´afico log-log da distribui¸c˜ao de caminhos m´ınimos,P(l|A),versusl/Rdmin,

no limiar de percola¸c˜ao para os arranjos da Figura 5.6. Nas simula¸c˜oes

L = 500, R = 64 e R1 = 32. Cinco casos correspondentes a 1, 2, 4, 8 e 16 po¸cos produtores est˜ao indicados na figura. . . 114

5.9 Assimetria externa. Um po¸co injetor,c´ırculo vazio, ´e exterior `a distribui¸c˜ao sim´etrica de po¸cos produtores, c´ırculos cheios. O c´ırculo sombreado repre-senta o centro da distribui¸c˜ao. (a) Dois po¸cos produtores; (b) Quatro po¸cos produtores; (c) Oito po¸cos produtores; (d) Dezesseis po¸cos produtores. . . 116

(16)

5.11 Gr´afico log-log da distribui¸c˜ao de caminhos m´ınimos,P(l|A),versusl/Rdmin,

no limiar de percola¸c˜ao para os arranjos da Figura 5.9. Nas simula¸c˜oes

L = 500, R = 16 e R1 = 16. Cinco casos correspondentes a 1, 2, 4, 8 e 16 po¸cos produtores est˜ao indicados na figura. . . 117

A.1 Um conjunto A e sua δ-vizinhan¸ca Aδ. . . 124

A.2 (a) Um conjunto aberto - existe uma bola contida no conjunto centrada em cada ponto do conjunto. (b) Um conjunto fechado - o limite de qual-quer seq¨uˆencia convergente de pontos do conjunto est´a no conjunto. (c) A fronteira do conjunto em (a) ou (b). . . 126

A.3 Um caminho f0 que conecta os pontos x e y ´e deformado continuamente, enquanto permanece fixado em x e y, para tornar-se um segundo caminho

f1. . . 132

A.4 Em um espa¸co multiplamente conexo n˜ao existem caminhos que possam ser continuamente deformados a partir do caminho f0 at´e coincidir com o caminho f1. Existe uma esp´ecie de “buraco” entref0 e f1. . . 133

B.1 Conjuntos reescalados por um fator λ, o comprimento cresce pelo fator

λ, (comprimento ×λ); a ´area por um fator λ2, (´area×λ2); e a medida

s-dimensional de Hausdorff por um fatorλs, (Hs×λs). . . 137

B.2 Gr´afico de Hs(F) versus s para um conjuntoF. A dimens˜ao de Hausdorff

(17)

Lista de Tabelas

2.1 Limiares de percola¸c˜ao para v´arios tipos de redes selecionados. Em todos os casos, somente primeiros vizinhos formam aglomerados. . . 59

2.2 Valores exatosa e melhores estimativas num´ericasb para os expoentes

cr´ıti-cos em modelos de percola¸c˜ao e magnetismo. . . 64

3.1 Valores de pc, df, e β para v´arios multifractais caracterizados pelos dife-rentes pares (s,r). . . 79

3.2 Estimativa de ∆pmax e [s/(s+r)]n para v´arios passos n. . . 84

(18)

Abstract

The complex behavior of a wide variety of phenomena that are of interest to physicists, chemists, and engineers has been quantitatively characterized by using the ideas of fractal and multifractal distributions, which correspond in a unique way to the geometrical shape and dynamical properties of the systems under study.

In this thesis we present theSpace of Fractals and the methods ofHausdorff-Besicovitch, box-counting and Scaling to calculate the fractal dimension of a set.

In this Thesis we investigate also percolation phenomena in multifractal objects that are built in a simple way.

The central object of our analysis is a multifractal object that we callQmf. In these objects the multifractality comes directly from the geometric tiling.

We identify some differences between percolation in the proposed multifractals and in a regular lattice. There are basically two sources of these differences.

The first is related to the coordination number,c, which changes along the multifrac-tal. The second comes from the way the weight of each cell in the multifractal affects the percolation cluster.

We use many samples of finite size lattices and draw the histogram of percolating lattices against site occupation probabilityp.

Depending on a parameter, ρ, characterizing the multifractal and the lattice size, L, the histogram can have two peaks.

We observe that the probability of occupation at the percolation threshold,pc, for the multifractal is lower than that for the square lattice. We compute the fractal dimension of the percolating cluster and the critical exponentβ.

Despite the topological differences, we find that the percolation in a multifractal sup-port is in the same universality class as standard percolation.

The area and the number of neighbors of the blocks of Qmf show a non-trivial beha-vior. A general view of the object Qmf shows an anisotropy.

The value of pc is a function of ρ which is related to its anisotropy. We investigate the relation between pc and the average number of neighbors of the blocks as well as the

anisotropy ofQmf.

(19)

In oil recovery terminology, the given single point can be mapped to an injection well (injector) and the multiple other points to production wells (producers).

In the previously standard case of one injection well and one production well separated by Euclidean distance r, the distribution of shortest paths l, P(l|r), shows a power-law

behavior with exponentgl = 2.14 in 2D. Here we analyze the situation of one injector and an array A of producers.

Symmetric arrays of producers lead to one peak in the distributionP(l|A), the

proba-bility that the shortest path between the injector and any of the producers isl, while the asymmetric configurations lead to several peaks in the distribution.

We analyze configurations in which the injector is outside and inside the set of pro-ducers. The peak in P(l|A) for the symmetric arrays decays faster than for the standard

(20)

Resumo

O comportamento complexo de uma ampla variedade de fenˆomenos que s˜ao de inte-resse de matem´aticos, f´ısicos, qu´ımicos e engenheiros ´e caracterizado quantitativamente por meio de id´eias de distribui¸c˜oes de fractais e multifractais, que correspondem de modo ´

unico `a forma geom´etrica e a propriedades dinˆamicas dos sistemas em estudo.

Nesta tese apresentamos oEspa¸co dos Fractais e os m´etodos deHausdorff-Besicovitch, deContagem de Caixas e de Escala, para calcular aDimens˜ao Fractal de um Conjunto.

Estudamos tamb´em fenˆomenos de percola¸c˜ao em objetos multifractais constru´ıdos de maneira simples. O objeto central de nossas an´alises ´e um objeto multifractal que chamamos de Qmf. Nestes objetos a multifractalidade surge diretamente da sua forma geom´etrica. Identificamos algumas diferen¸cas entre percola¸c˜ao nos multifractais que pro-pusemos e percola¸c˜ao em uma rede quadrada. Existem basicamente duas fontes destas diferen¸cas. A primeira est´a relacionada com o n´umero de coordena¸c˜ao, c, que muda ao longo do multifractal. A segunda vem da maneira como o peso de cada c´elula no mul-tifractal afeta o aglomerado percolante. Usamos muitas amostras de redes de tamanho finito e fizemos o histograma de redes percolantesversus a probabilidade de ocupa¸c˜aop. Dependendo de um parˆametro,ρ, que caracteriza o multifractal e o tamanho da rede, L, o histograma pode ter dois picos.

Observamos que a probabilidade de ocupa¸c˜ao no limiar de percola¸c˜ao,pc, para o

mul-tifractal, em suported= 2, ´e menor do que para a rede quadrada. Calculamos a dimens˜ao fractal do aglomerado percolante e o expoente cr´ıticoβ. A despeito das diferen¸cas topol´og-icas, encontramos que a percola¸c˜ao em um suporte multifractal est´a na mesma classe de universalidade da percola¸c˜ao padr˜ao.

A ´area e o n´umero de vizinhos dos blocos de Qmf apresentam um comportamento

n˜ao-trivial. Uma vis˜ao geral do objetoQmf mostra uma anisotropia. O valor depc ´e uma fun¸c˜ao de ρ que est´a relacionada com esta anisotropia. Analisamos a rela¸c˜ao entre pc e o n´umero m´edio de vizinhos dos blocos, assim como, a anisotropia de Qmf.

Nesta tese estudamos tamb´em a distribui¸c˜ao de caminhos m´ınimos em sistemas per-colativos no limiar de percola¸c˜ao em duas dimens˜oes (2D). Estudamos caminhos que come¸cam em um determinado ponto e terminam em v´arios outros pontos.

Na terminologia da ind´ustria do petr´oleo, ao ponto inicial dado associamos um po¸co de inje¸c˜ao (injetor) e aos outros pontos associamos po¸cos de produ¸c˜ao (produtores).

(21)

pro-du¸c˜ao, separados por uma distˆancia euclidiana r, a distribui¸c˜ao de caminhos m´ınimos l,

P(l|r), apresenta um comportamento de lei-de-potˆencia com expoente gl = 2,14 em 2D.

Analisamos a situa¸c˜ao de um injetor e uma matrizA de produtores.

Configura¸c˜oes sim´etricas de produtores levam a uma distribui¸c˜ao, P(l|A), com um

´

unico pico, que ´e a probabilidade que o caminho m´ınimo entre o injetor e a matriz de produtores seja l, enquanto que as configura¸c˜oes assim´etricas levam a v´arios picos na dis-tribui¸c˜ao P(l|A). Analisamos situa¸c˜oes em que o injetor est´a fora e situa¸c˜oes em que o

injetor est´a no interior do conjunto de po¸cos produtores. O pico em P(l|A) nas

(22)

Apresenta¸c˜

ao

Quando se trata do assunto fractais, ´e comum ouvirmos perguntas do tipo “O que s˜ao fractais?”, “O que ´e dimens˜ao fractal?”, “Como podemos encontrar a dimens˜ao de um fractal e o que isto significa?”, ou, “Como podemos aplicar matem´atica aos fractais?”.

Esta tese est´a dividida em cinco cap´ıtulos e trˆes apˆendices. O primeiro cap´ıtulo tenta responder alguns destes questionamentos sobre fractais e d´a uma pequena no¸c˜ao sobre a constru¸c˜ao de fractais matem´aticos conhecidos, trata da dimensionalidade de conjuntos, assim como, da dimens˜ao topol´ogica e dos m´etodos deHausdorff-Besicovitch,de contagem de caixas e de escala para encontrar a dimens˜ao fractal de um conjunto. Mostramos tamb´em algumas propriedades geom´etricas dos fractais e estudamos conjuntos fractais auto-similares e auto-afins, exemplos da teoria dos n´umeros, da matem´atica pura e alguns fractais aleat´orios.

Apresentamos no Apˆendice A uma fundamenta¸c˜ao matem´atica para oEspa¸co M´etrico dos Fractais e no Apˆendice B damos uma breve introdu¸c˜ao sobreMedida de Hausdorff e Dimens˜ao de Hausdorff.

No Cap´ıtulo 2 fazemos uma introdu¸c˜ao `a Teoria da Percola¸c˜ao, onde definimos per-cola¸c˜ao por s´ıtios em uma rede quadrada, perper-cola¸c˜ao por liga¸c˜oes e perper-cola¸c˜ao cont´ınua. Tratamos tamb´em do parˆametro de ordem em sistemas magn´eticos e em sistemas per-colativos, docomprimento de correla¸c˜ao,ξ, dosexpoentes cr´ıticos β, ν eγ e da dimens˜ao fractal do aglomerado infinito.

No Cap´ıtulo 3 estudamos fenˆomenos de percola¸c˜ao em objetos multifractais constru´ı-dos de maneira simples e recursiva. O objeto central deste cap´ıtulo ´e um multifractal que chamamos deQmf.

No Cap´ıtulo 4 damos uma no¸c˜ao de algumas aplica¸c˜oes da F´ısica Estat´ıstica `a ind´ustria do petr´oleo atrav´es da utiliza¸c˜ao das leis de escala da teoria da percola¸c˜ao e apresentamos a probabilidade condicional,P(l|r), que dois s´ıtios em um aglomerado percolante,

separa-dos por uma distˆancia euclidianar, estejam a uma distˆancia qu´ımica l.

No Apˆendice C falamos um pouco sobre Teoria das Probabilidades e Probabilidade Condicional.

(23)

Cap´ıtulo 1

Fractais

Uma geometria capaz de incluir montanhas e nuvens existe agora. Como tudo em ciˆencia, esta nova geometria tem ra´ızes muito ex-tensas e profundas.

Benoˆıt Mandelbrot

1.1

Introdu¸

ao

No passado a matem´atica era, quase que exclusivamente, associada a conjuntos e fun¸c˜oes cujos m´etodos cl´assicos do c´alculo podiam ser aplicados. Conjuntos ou fun¸c˜oes que n˜ao fossem suficientemente regulares tendiam a ser ignorados como “patologias” e n˜ao eram dignos de estudo. Certamente eram considerados como curiosidades individuais e, apenas raramente pensados como pertencentes a uma classe `a qual se pudesse aplicar uma teoria geral.

Esta atitude mudou nas ´ultimas quatro d´ecadas, houve a compreens˜ao que vale a pena estudar a matem´atica dos objetos n˜ao regulares e muito progresso se obteve nesta ´area durante este tempo. Al´em disso, os conjuntos irregulares se mostraram muito mais adequados do que as figuras da geometria euclidiana cl´assica na representa¸c˜ao de v´arios fenˆomenos naturais.

Ageometria fractal [1], tem uma estrutura muito mais abrangente para o estudo destes conjuntos irregulares chamados fractais.

(24)

tratando com alguns exemplos determin´ısticos.

Nas pr´oximas se¸c˜oes damos uma vis˜ao superficial sobre alguns exemplos mais simples e mostramos como construir um conjunto fractal apresentando algumas de suas caracte-r´ısticas principais e damos tamb´em uma no¸c˜ao sobre algumas defini¸c˜oes de dimens˜ao de um fractal [2, 3, 4].

1.2

Fractais Auto-similares e Auto-afins

O primeiro exemplo de fractal que apresentamos, ´e o Conjunto de Cantor, (Georg Cantor, 1845-1918), que denotamos por C [5].

O conjunto C ´e um dos fractais mais conhecidos, um dos mais f´aceis de serem cons-tru´ıdos e foi obtido pela primeira vez em 1883 [6].

Para construir o conjunto C, come¸camos com um intervalo unit´ario fechado,

C0 = [0, 1], (1.1)

ver Figura 1.1.

Em seguida, retiramos de C0 o intervalo

1

3, 2 3

, que ´e o ter¸co aberto do meio, e denotamos o conjunto fechado restante por C1. Consideremos os intervalos fechados,

C00=

0, 1

3

, C01=

1 3, 2 3

, C02=

2 3, 1

.

Temos que,

C1 =C00∪C02. (1.2)

Depois, retiramos de C1 os intervalos

1

9, 2 9

e 7

9, 8 9

, que s˜ao os ter¸cos abertos do meio de cada intervalo fechado de C1, e denotamos o conjunto fechado resultante por C2. Consideremos agora, os intervalos fechados,

C000 =

0, 1

9

, C001 =

1 9, 2 9

, C002 =

2 9, 1 3 ,

C020 =

2 3, 7 9

, C021=

7 9, 8 9

, C022=

8 9, 1

.

Ent˜ao,

(25)

0 1/3 2/3 1C 0 C 1 C 2 C 3 C 4 C 5 C C D C E

0 1/3 2/3 1C

0 C 1 C 2 C 3 C 4 C 5 C C D C E

Figura 1.1: Constru¸c˜ao de 1883 do Conjunto de Cantor C desde C0, chamado deiniciador e C1 chamado de gerador. Observamos que CE e

CD, as partes da esquerda e da direita, s˜aor´eplicas deC escaladas pelo fator 1

3.

Continuando este processo de retirada dos ter¸cos abertos do meio de cada intervalo fechado do est´agio anterior, obtemos umaseq¨uˆencia de conjuntos fechadosCk, onde cada um cont´em os seus sucessores, e Ck+1 ´e obtido retirando-se os ter¸cos abertos do meio de cada intervalo fechado deCk, ou seja,

C0 ⊃C1 ⊃C2 ⊃· · · ⊃Ck⊃ · · · .

Ent˜ao, Ck consiste de 2k intervalos de comprimentos 3−k. Logo, o comprimento de, Ck, ´e dado por,

L(Ck) =

2 3

k

, (1.4)

onde, k= 0,1,2,3, . . ..

Assim, o Conjunto de Cantor ´e definido por,

C =

k=0

Ck. (1.5)

Deste modo, C pode ser considerado como o limite de uma seq¨uˆencia de conjuntos

Ck, quandok tende a infinito, isto ´e,

(26)

onde, Ck ⊃Ck+1.

O conjunto C consiste, precisamente, de todos os n´umeros no intervalo, [0, 1], cuja expans˜ao na base, 3, n˜ao cont´em o d´ıgito 1, o que significa dizer que s˜ao todos os n´umeros da forma,

a13−1+a23−2+a33−3+· · · ,

com ai = 0 ou ai = 2, para cada i.

Observamos que, para obtermosC1 a partir de C0, removemos todos os n´umeros com

a1 = 1, ver (1.2). Para obtermos C2 a partir de C1, removemos todos os n´umeros com

a2 = 1, ver (1.3), e assim por diante. `

A primeira vista, pode parecer que removemos quase tudo do intervalo inicial C0 durante a constru¸c˜ao de C, e que quase nada sobrou do mesmo.

Al´em disso, para refor¸car mais ainda esta impress˜ao, observamos que, o conjunto de Cantor ´e o conjunto de todos os pontos n˜ao exclu´ıdos do intervalo inicial, C0.

A propor¸c˜ao do intervalo C0 que n˜ao ´e removida, pode ser encontrada atrav´es do comprimento total removido, que pode ser determinado pela s´erie geom´etrica cujo primeiro termo ´e, a1 = 13, e cuja raz˜ao ´e, r= 23. Ou seja,

1 3 ∞ k=1 2 3

k−1 = 1

3

1 + 2 3+

4 9+

8 27+· · ·

= 1 3

1 1 2

3

= 1. (1.7)

Portanto, ficamos com 11 = 0.

Na realidade, o conjunto C ´e infinito e, certamente n˜ao enumer´avel, uma vez que cont´em infinitos n´umeros em cadavizinhan¸ca, de cada um de seus pontos.

Para ilustrar melhor esta afirma¸c˜ao, consideremos os conjuntos cujos elementos s˜ao os extremos dos est´agios C0,C1, C2, ..., Ck. Denotemos estes conjuntos por,

E(C0) = {0,1},

E(C1) =

0,1

3, 2 3,1

,

E(C2) =

0,1

9, 2 9, 1 3, 2 3, 7 9, 8 9,1

,

...

E(Ck) =

0,1

3k,. . . ,

3k1

3k ,1

(27)

Observamos que o n´umero de elementos dos conjuntos E(Ck), ´e dado por,

n(E(Ck)) = 2k+1,

onde, k= 0,1,2,3, . . .. Temos que,

lim

k→∞n(E(Ck)) = limk→∞2

k+1 =

∞. (1.8)

Portanto, observamos que se considerarmos apenas os extremos dos intervalos que comp˜oem o conjuntoC, j´a temos um conjunto com infinitos pontos.

Al´em dos extremos dos intervalos, que tˆem sempre potˆencias de trˆes no denominador, existem infinitos n´umeros que n˜ao s˜ao extremos de nenhum intervalo, mas que pertencem aC.

Exemplos s˜ao 14 e 121 cujas representa¸c˜oes tern´arias s˜ao respectivamente, 0,020202. . .

e 0,00202020. . . e seus respectivos sim´etricos com rela¸c˜ao a 12, que s˜ao 34 e 1112 cujas representa¸c˜oes tern´arias s˜ao 0,202020. . .e 0,2202020. . .respectivamente. Fazemos ainda a observa¸c˜ao que 13 = 0,1 = 0,022222. . .na nota¸c˜ao tern´aria.

No Apˆendice A, Se¸c˜ao A.1, damos uma fundamenta¸c˜ao matem´atica sobre Teoria dos Conjuntos e Topologia.

Apesar do conjunto de Cantor ser formado por infinitos pontos, o seu comprimento,

L(C), ´e nulo.

Das equa¸c˜oes (1.4) e (1.6) obtemos,

L(C) =Llim

k→∞Ck

=L lim k→∞ 2 3 k

= 0, (1.9)

onde k= 0,1,2,3, . . ..

Deste modo, das equa¸c˜oes (1.8) e (1.9), conclu´ımos que o conjunto C tem infinitos pontos e comprimento nulo.

Todas as caracter´ısticas encontradas no conjunto de Cantor s˜ao tamb´em encontradas em outros fractais, mostrando que s˜ao t´ıpicas destes objetos.

Algumas destas caracter´ısticas que podemos destacar s˜ao as seguintes: (i)Simetria: Todos os pontos do conjuntoC s˜ao sim´etricos ao ponto 1

2.

(ii) Auto-similaridade: O conjunto C ´e estritamente auto-similar, isto ´e, as partes de

C denotadas por CE e CD, nos 2k intervalos de Ck s˜ao geometricamente similares a C,

apenas reescaladas por fatores rk = 3−k, com k = 1,2, . . .. Em resumo, o conjunto de

(28)

(iii) O conjunto,C, tem uma “estrutura fina”, isto ´e, cont´em detalhes em escalas arbitra-riamente pequenas, o que significa dizer que, quanto mais ampliarmos a sua figura mais intervalos vazios se tornar˜ao vis´ıveis.

(iv) A defini¸c˜ao de C ´e bastante simples.

(v)Recursividade: O conjunto C ´e obtido atrav´es de um procedimentorecursivo. (vi) A geometria de C n˜ao ´e facilmente descrita em termos cl´assicos.

(vii) N˜ao ´e conveniente descrever a geometria local de C, porque pr´oximo a cada um de seus pontos se encontra um grande n´umero de outros pontos, separados por intervalos de variados comprimentos.

(viii) EmboraC seja um conjunto infinito n˜ao enumer´avel, seu tamanho n˜ao ´e quantifi-cado por medidas usuais, como o comprimento, por exemplo.

O segundo exemplo de fractal que apresentamos, conhecido como Curva de Koch, (Niels Fabian Helge von Koch, 1870-1924), que denotamos porF, tem as mesmas carac-ter´ısticas do conjunto de Cantor.

Para obtermos este conjunto fractal consideramos novamente o intervalo unit´ario fechado,

F0 = [0, 1],

ver Figura 1.2.

O conjunto F1 consiste de quatro segmentos de comprimento, 1/3, obtidos quando removemos o ter¸co aberto do meio deF0 e o substitu´ımos pelos outros dois lados do triˆan-gulo eq¨uil´atero com base no segmento retirado, de modo que, F1 tem comprimento 4/3.

Constru´ımosF2 pela aplica¸c˜ao deste mesmo procedimento a cada um dos quatro seg-mentos de F1, e assim por diante.

Deste modo, Fk ´e obtido quando substitu´ımos os ter¸cos abertos do meio de cada seg-mento deFk−1 pelos outros dois lados dos triˆangulos eq¨uil´ateros com bases nos segmentos retirados.

Quando k tende a infinito, a seq¨uˆencia de curvas polinomiais Fk se aproxima de uma curva limite,F, chamada Curva de Koch.

A curva de Koch ´e muito irregular, por exemplo, ela ´e cont´ınua e n˜ao deriv´avel em todos os seus pontos.

O comprimento de Fk ´e dado por,

L(Fk) =

4 3

k

(29)

0

1

F

0

F

1

F

2

F

3

F

F

4

0

1

F

0

F

1

F

2

F

3

F

F

4

(30)

F2 F1 F0 F F4 F3 F2 F1 F0 F F4 F3 F2 F1 F0 F F4 F3

Figura 1.3: Curva de Koch conhecida como Fractal Floco de Neve. F0, um triˆangulo eq¨uil´atero, ´e o est´agiozero,F1com uma itera¸c˜ao, ´e o est´agio um, F2, com duas itera¸c˜oes, ´e o est´agio dois, F3, com trˆes itera¸c˜oes, ´e o est´agio trˆes, F4, com quatro itera¸c˜oes ´e o est´agio quatro e F ´e a curva Floco de Neve.

Considerando que a curva F ´e o resultado do limite,

F = lim

k→∞Fk, (1.11)

ent˜ao o comprimentoL(F), ´e dado por

L(F) =Llim

k→∞Fk

=L lim k→∞ 4 3 k

=, (1.12)

onde k= 0,1,2,3, . . ..

Isto significa que, a curvaF tem comprimentoinfinito, mas, ocupa ´areazero no plano, de modo que nem o comprimento nem a ´area d˜ao uma descri¸c˜ao adequada e ´util de sua dimens˜ao.

A Figura 1.3 mostra a curva conhecida como Floco de Neve obtida quando juntamos trˆes curvas de Koch da maneira como apresentada.

(31)

Para calcular a ´area, A, limitada pela curva F, consideremos as ´areas,

A0 =A(F0), A1 =A(F1), . . . , Ak =A(Fk).

Temos que,

A0 =

3 4 , e, de modo geral,

AK =A0+

3 12

1 + 4 9 + 4 9 2 +· · ·+ 4 9

K−1

,

ou seja,

AK =

√ 3 4 + √ 3 12 k n=1 4 9

n−1

.

Fazendo, A=A(F), obtemos,

A= lim

k→∞Ak.

Logo,

A(F) = 2 5

3. (1.13)

Mais um exemplo de fractal constru´ıdo atrav´es da aplica¸c˜ao de procedimentos recur-sivos ´e o Triˆangulo de Sierpinski, (Waclaw Sierpi´nski, 1882-1969), que denotamos porE. Para construir este fractal consideramosE0 o triˆangulo eq¨uil´atero de lado unit´ario, em seguida removemos deE0 o triˆangulo eq¨uil´atero invertido cujos lados s˜ao obtidos unindo-se os pontos m´edios dos lados deE0, e o resultado denotamos por E1, ver Figura 1.4.

Depois, repetimos o procedimento unindo os pontos m´edios dos lados dos trˆes triˆan-gulos de E1 e removemos os triˆangulos eq¨uil´ateros invertidos para obter E2.

Repetindo este procedimento seguidas vezes para obter Ek e fazendo k tender a in-finito, obtemos o fractalE conhecido como triˆangulo de Sierpinski.

Considerando os per´ımetros dos contornos de E0, E1, ..., Ek, como

p0 =p(E0), p1 =p(E1), ..., pk=p(Ek),

com k = 0,1,2, . . .. Ent˜ao,

pk = 3

3 2

k

(32)

E

0

E

1

E

2

E

3

E

4

E

•••

E

0

E

1

E

2

E

3

E

4

E

•••

Figura 1.4: Constru¸c˜ao do Triˆangulo de SierpinskiE, desdeE0, chamado de iniciador, e E1, chamado de gerador. Este conjunto apresenta duas das caracter´ısticas comuns aos fractais: simetria e auto-similaridade.

Fazendo,

p= lim

k→∞pk, (1.14)

obtemos o per´ımetro p=p(E), como sendo,

p= 3 lim

k→∞

3 2

k

=∞. (1.15)

Por outro lado, se considerarmos as ´areas,

A0 =A(E0), A1 =A(E1), ..., Ak =A(Ek),

com k = 0,1,2, . . ., temos,

A0 =

3 4 , e, de um modo geral,

Ak =A0−

3 16

1 + 3 4+

9 16+

27

64 +· · ·+

3 4

k−1

.

Assim, obtemos a ´area,A =A(E), como,

A = lim

k→∞Ak=A0− √

3 16 klim→∞

k

3

4

n−1

(33)

T

3

T

0

T

1

T

2

T

4

T

•••

T

3

T

0

T

1

T

2

T

4

T

T

3

T

0

T

1

T

2

T

4

T

•••

Figura 1.5: Tapete de Sierpinski.

ou,

A(E) =

√ 3 4 − √ 3 16 ∞ k=1 3 4

k−1

= 0. (1.17)

Portanto, conclu´ımos que o Triˆangulo de Sierpinski tem per´ımetro infinito e ´area zero. No in´ıcio deste cap´ıtulo nos referimos ao conjunto de Cantor como sendo o exemplo mais simples de conjunto fractal auto-similar.

Outro exemplo tamb´em simples, chamadoTapete de Sierpinski, que denotamos porT, ´e considerado como uma extens˜ao do conjunto de Cantor, apenas passando do intervalo unit´ario para o quadrado unit´ario,

T0 = [0,1]×[0,1], como mostrado na Figura 1.5.

Come¸camos com o quadrado s´olido,T0, que subdividimos em nove quadrados iguais. O quadrado aberto central ´e retirado e obtemosT1.

Aplicamos o mesmo procedimento a cada um dos oito quadrados de T1 para obter

T2. Continuando o processo ad infinitum, no limite, obtemos o fractal auto-similar, T, chamado Tapete de Sierpinski.

Considerando os per´ımetros dos contornos,

(34)

com k = 0,1,2, . . ., ent˜ao,

p0 = 4,

e, de modo geral,

pk =p0+ 1 2 k n=1 8 3 n . (1.18) Fazendo,

T = lim

k→∞Tk, (1.19)

obtemos o per´ımetro p=p(T), como,

p= lim

k→∞pk. (1.20)

Assim, de (1.18) e (1.20), obtemos

p=p0+ 1 2 ∞ n=1 8 3 n

=∞. (1.21)

Por outro lado, considerando as ´areas,

A0 =A(T0), A1 =A(T1), ..., Ak =A(Tk),

com k = 0,1,2, . . ., obtemos,

A0 = 1,

e, de maneira geral,

Ak=A0− 1 8 k n=1 8 9 n .

Assim, obtemos a ´area,A =A(T), como sendo,

A= lim

k→∞Ak. (1.22)

Ou seja,

A(T) = 1 1 8 ∞ k=1 8 9 n

= 0. (1.23)

(35)

aEsponja de Menger, M, (Karl Menger, 1902-1985), mostrada na Figura 1.6.

A esponja de Menger ´e uma extens˜ao tridimensional do conjunto de Cantor, C, e do Tapete de Sierpinski,T. Foi descrita pela primeira vez em 1926 e sua constru¸c˜ao consiste em tomar um cubo unit´ario,

M0 = [0,1]×[0,1]×[0,1],

e dividir cada uma de suas faces em nove quadrados. Isto subdivide M0 em vinte e sete cubos.

Removemos o cubo aberto do meio de cada uma das faces e tamb´em o cubo aberto central de M0.

Deste modo obtemos, M1, com vinte cubos. Repetimos este procedimento em cada cubo de M1, e ent˜ao obtemos,M2, com quatrocentos cubos menores. Continuando recur-sivamente este processo ad infinitum, obtemos, no limite, o fractalM.

Este processo de retirada dos cubos abertos do meio de cada face e o cubo aberto central, do est´agio anterior, gera uma seq¨uˆencia de conjuntos fechados Mk, em que cada um deles cont´em os seus sucessores, ou seja,

M0 ⊃M1 ⊃M2 ⊃· · · ⊃Mk⊃ · · · .

Ent˜ao, Mk consiste de 20k cubos, cada um deles com aresta de comprimento 3−k.

Assim, a Esponja de Menger, ´e definida formalmente, da seguinte maneira,

M =

k=0

Mk. (1.24)

Deste modo, M pode ser considerado como o limite de uma seq¨uˆencia de conjuntos

Mk, quando k tende a infinito, onde MkMk+1, possibilitando reescrever da seguinte forma,

M = lim

k→∞Mk. (1.25)

Se considerarmos, Sk =S(Mk), como a ´area da superf´ıcie de,Mk, e S =S(M) como

a ´area da superf´ıcie deM, observamos que, S, ´e uma ´area infinita, pois M tem infinitas faces. Por outro lado, considerando, Vk =V(Mk), como o volume de, Mk, e V =V(M) como o volume de M, obtemos

(36)

M

0

M

1

M

2

M

M

0

M

1

M

2

M

M

0

M

1

M

2

M

Figura 1.6: A Esponja de Menger ´e obtida a partir do iniciador,

(37)

P

0

P

1

P

2

P

3

P

4

P

P

0

P

1

P

2

P

3

P

4

P

Figura 1.7: Constru¸c˜ao de uma ‘Poeira de Cantor’P.

Fazemos a observa¸c˜ao que,Vk=20

27

k

, de onde resulta que,

V = lim

k→∞

20 27

k

= 0, (1.27)

onde k= 0,1,2,3, . . ..

Portanto, a esponja de Menger tem a ´area de sua superf´ıcie infinita, S(M) = , e tem volume zero, V(M) = 0.

Voltando aos fractais no plano, apresentamos mais alguns exemplos, dentre eles, dois an´alogos ao conjunto de Cantor, chamados de ‘Poeira de Cantor’, que denotamos porP, e est˜ao ilustrados nas figuras 1.7 e 1.8.

No primeiro caso, Figura 1.7, tomamos o quadrado unit´ario, P0, que ´e chamado de iniciador, e o dividimos em nove quadrados iguais. Em seguida descartamos os quadrados do meio de cada linha e de cada coluna, ficando apenas com os quatro quadrados dos cantos, e assim obtemos,P1, chamado degerador.

No segundo passo, repetimos o mesmo procedimento em cada um dos quadrados deP1 e, obtemos P2. No passo seguinte, com a repeti¸c˜ao do processo, obtemos P3, em seguida obtemos P4, etc.

(38)

P

0

P

1

P

2

P

3

P

0

P

1

P

2

P

3

Figura 1.8: Constru¸c˜ao de uma ‘Poeira de Cantor’.

de Cantor. Considerando,pk=p(Pk), como o per´ımetro dePk, obtemos

pk = 4

4 3

k

,

onde k= 0,1,2,3, . . .. Fazendo,

p= lim

k→∞pk,

obtemos,

p= lim

k→∞4

4 3

k

=. (1.28)

Por outro lado, fazendo a ´areaAk =A(Pk), obtemos,

Ak =

4 9

k

,

onde k= 0,1,2,3, . . ..

Tomando, A=A(P), temos,

(39)

de onde obtemos,

A(P) = lim

k→∞

4 9

k

= 0. (1.29)

A constru¸c˜ao do exemplo da Figura 1.8 consiste em dividir o quadrado unit´ario P0 em dezesseis quadrados iguais, dos quais doze s˜ao descartados e quatro permanecem no conjunto, do modo como mostrado na figura, assim obtemosP1.

Nos est´agios seguintes de sua constru¸c˜ao, cada quadrado que permanece no conjunto ´e dividido em dezesseis quadrados menores, em que quatro s˜ao mantidos, e os doze restantes s˜ao descartados obedecendo sempre `a mesma regra de descarte.

O conjunto resultante deste processo de recorrˆencia, quando repetido infinitas vezes, ´e outro exemplo de poeira de Cantor.

Considerando novamente, pk =p(Pk), como o per´ımetro dePk, obtemos

pk = 4,

onde, k= 0,1,2,3, . . .. Fazendo,

p= lim

k→∞pk,

obtemos,

p= lim

k→∞4 = 4. (1.30)

Entretanto, a ´area Ak =A(Pk), ´e dada por,

Ak = 1 4 k ,

onde, k= 0,1,2,3, . . .. Tomando, A=A(P), temos,

A= lim

k→∞Ak,

de onde obtemos,

A(P) = lim

k→∞

1 4

k

= 0. (1.31)

(40)

B

0 B1

B

2 B3

B

0 B1

B

2 B3

(41)

e a ´area tamb´em ´e zero.

Outras maneiras de dividir os quadrados e o modo de descart´a-los geram novos exemplos de poeiras de Cantor. Obviamente, tais exemplos tˆem propriedades similares `aquelas mencionadas em rela¸c˜ao ao conjunto de Cantor, C, da Figura 1.1 e `a curva de Koch,F, da Figura 1.2.

Atrav´es de procedimentos recursivos podemos construir conjuntos fractais com dois fatores de similaridades diferentes.

Por exemplo, se dividirmos o quadrado unit´ario, B0, em dezesseis quadrados iguais e descartarmos os oito quadrados que tˆem lados comuns com os quatro quadrados dos cantos deB0, obtemos B1, como mostra a Figura 1.9.

Repetindo o mesmo procedimento com o quadrado central maior e os quatro quadrados menores de B1, obtemos B2. Continuando este processo indefinidamente obtemos um fractal auto-similar,B, com dois fatores de similaridade diferentes.

Como vimos at´e aqui, a auto-similaridade de um sistema fractal implica que sua estrutura ´e invariante sob uma reescala isotr´opica de comprimentos, ou seja, todos os comprimentos em todas as dire¸c˜oes s˜ao reescalados pelo mesmo fator de escala. No caso do exemplo da Figura 1.9, podemos ter fatores de escalas diferentes, mas, a diferen¸ca n˜ao se deve `a mudan¸ca de dire¸c˜ao.

Entretanto, existem fractais que preservam sua invariˆancia de escala somente se os comprimentos nas diferentes dire¸c˜oes forem reescalados por fatores que dependem das dire¸c˜oes.

Ou seja, a invariˆancia de escala ´e preservada, somente se, nas dire¸c˜oes x, y e z, os fatores de escala forem,bx, by e bz, respectivamente, onde, em geral, estes fatores n˜ao s˜ao iguais.

Esta invariˆancia de escala sob uma reescala dependente das dire¸c˜oes implica que o fractal ´eanisotr´opico e chamado de auto-afim.

Deste modo, os fractais auto-similares podem ser considerados casos particulares dos fractais auto-afins [7].

Trˆes exemplos de conjuntos fractais auto-afins, est˜ao mostrados nas Figuras 1.10, 1.11 e 1.12, gerados atrav´es de procedimentos recursivos.

No primeiro caso, Figura 1.10, tomamos um quadrado s´olido unit´ario,A0, e o dividimos em, 3×4 = 12, retˆangulos idˆenticos.

(42)

A

0 A1

A

2 A3

A

0 A1

A

2 A3

(43)

A0 A

1

A

2 A3

A0 A

1

A

2 A3

(44)

A

0

A

2

A

1

A

3

A

0

A

2

A

1

A

3

(45)

centrais. Continuando este processo ad infinitum obtemos, no limite, um fractal auto-afim.

No segundo caso, Figura 1.11, tomamos um quadrado s´olido unit´arioA0, e o dividimos em, 4×3 = 12, retˆangulos idˆenticos. Para obter A1, exclu´ımos a metade dos retˆangulos de tal maneira que, a outra metade que permanece n˜ao tem retˆangulos com lados comuns. Repetimos o processo com os retˆangulos de A1, para obter A2, e assim por diante.

Na Figura 1.12, temos um fractal obtido a partir do quadrado s´olido unit´ario, A0, que dividimos em uma matriz, 6×3, de retˆangulos de lados, 1/3, na dire¸c˜aoxe, 1/6, na dire¸c˜ao

y. Selecionamos uma subcole¸c˜ao com 8 destes retˆangulos para formar A1. Iterando esta constru¸c˜ao infinitas vezes, mantendo o mesmo modo de sele¸c˜ao dos retˆangulos, obtemos o fractalA.

Nas pr´oximas se¸c˜oes damos algumas no¸c˜oes sobre a dimensionalidade de conjuntos de pontos e de alguns fractais vistos at´e aqui.

1.3

Dimensionalidade de Conjuntos

A no¸c˜ao de dimens˜ao ´e central para a geometria fractal. A grosso modo, a dimens˜ao indica quanto espa¸co um conjunto ocupa pr´oximo a cada um de seus pontos.

Todos n´os temos uma no¸c˜ao intuitiva de dimensionalidade que adquirimos nos primeiros ensinamentos. Muito cedo aprendemos que uma linha reta ´e um objeto unidimensional, o interior de um triˆangulo ´e bidimensional e um cubo s´olido ´e tridimensional.

Devemos observar, no entanto, que as dimens˜oes um e dois s˜ao abstra¸c˜oes. Sabemos que uma linha reta tra¸cada com um l´apis em uma folha de papel ´e idealizada como sendo unidimensional, mesmo que saibamos que o grafite que constitui a reta tenha uma certa espessura finita.

Uma folha de papel pode representar a id´eia que temos de um objeto bidimensional, embora saibamos que tenha tamb´em uma espessura finita.

No que diz respeito `a F´ısica Cl´assica, todos os objetos reais tˆem trˆes dimens˜oes espaci-ais, por´em, normalmente, quando fica claro que a espessura de um objeto ´e muito pequena comparada com as outras escalas de comprimento, podemos aceitar que a mesma seja zero. Do ponto de vista da Matem´atica, anteriormente `a F´ısica, o problema sobre o que sig-nifica a dimensionalidade ´e mais sutil.

(46)

Figura 1.13: Est´agioum da Curva de Peano chamado de iniciador.

reais. Para nos fixar, vamos considerar o espa¸co R3, como sendo o espa¸co no qual os pontos s˜ao especificados por trˆes coordenadas reais (x, y, z).

Este espa¸co pode ser chamado de tridimensional pela simples raz˜ao quetrˆes´e o n´umero de coordenadas reais independentes usadas para especificar a localiza¸c˜ao de um ponto. A quest˜ao ´e, como podemos definir a dimens˜ao de um subconjunto Ω do espa¸co R3?

Se Ω for um segmento de reta, um plano ou um cubo s´olido, ent˜ao n˜ao h´a d´uvida sobre a sua dimensionalidade. Mas, se tomarmos subconjuntos de Ω, tais como os exemplos vistos na Se¸c˜ao 1.2, o que dizer de suas dimensionalidades?

´

E muito tentador recorrer `a id´eia do n´umero de coordenadas independentes necess´arias para especificar a localiza¸c˜ao de todos os pontos de Ω ou de seus subconjuntos.

Consideremos no espa¸co R3 a coordenada z = 0, isto ´e, o plano xy. Neste caso, podemos obter, por exemplo, todos os pontos sobre a circunferˆencia de raioa centrada na origem, atrav´es da equa¸c˜ao cartesianax2+y2 =a2.

Por´em, fazendo a mudan¸ca para coordenadas polares, x =acosθ e y =asenθ, temos uma ´unica coordenada, θ, variando no intervalo 0 ≤ θ < 2π. Ent˜ao, podemos classificar a circunferˆencia como unidimensional.

(47)
(48)
(49)
(50)
(51)
(52)

e y = rsenθ, com as duas coordenadas polares r e θ variando nos intervalos 0 ≤ r < a

e 0 θ < 2π. Ent˜ao, o interior do c´ırculo ´e, deste modo, apropriadamente chamado de bidimensional.

No entanto, o matem´atico italiano Peano, (Giuseppi Peano, 1858-1932), construiu uma curva que preenche espa¸cos. Por exemplo, ele encontrou uma maneira de aplicar o intervalo unit´ario [0,1] sobre o quadrado unit´ario [0,1]×[0,1].

As figuras 1.13 a 1.18 mostram os seis primeiros est´agios da constru¸c˜ao de um exemplo de uma curva de Peano.

Deste modo, para posicionar um ponto qualquer no quadrado, necessitamos apenas de uma coordenada. Assim, uma defini¸c˜ao de dimens˜ao baseada apenas no n´umero de coordenadas independentes necess´arias para especificar a posi¸c˜ao de um ponto passou a ser n˜ao convincente.

A partir da´ı, tornou-se inconceb´ıvel a defini¸c˜ao de dimens˜aoa priori, sendo necess´aria a cria¸c˜ao de novas defini¸c˜oes e, desde ent˜ao, muitas defini¸c˜oes de dimens˜ao foram feitas.

Estas diferentes defini¸c˜oes geralmente associam o mesmo valor para a dimens˜ao de conjuntos simples e este valor comum ´e sempre um inteiro.

Entretanto, para conjuntos mais complexos, duas defini¸c˜oes diferentes de dimens˜ao podem gerar diferentes valores e, um ou ambos, podem n˜ao ser inteiros. Este fenˆomeno se constituiu em um dos pontos de partida para a teoria dos fractais encontrada por Mandelbrot.

1.4

Dimens˜

ao Topol´

ogica

Uma maneira satisfat´oria de sair do dilema apresentado pelos exemplos anteriores, especialmente a curva de Peano, foi encontrada independentemente por Brouwer em 1913, (Luitzen Egbertus Jan Brouwer, 1881-1966), e por Menger e Urysohn (Pavel Samuilovich Urysohn, 1898-1924), em 1922.

(53)

cortado. Esta caracteriza¸c˜ao de dimens˜ao parte de objetos n-dimensionais para objetos (n1)-dimensionais e termina com os conjuntos dispersos chamados, naturalmente, de 0-dimensionais.

A implementa¸c˜ao deste esquema define um n´umero chamado dimens˜ao topol´ogica do conjunto Ω, que denotamos por dimTΩ. O conjunto vazio, , ´e definido como tendo dimens˜ao topol´ogica −1, isto ´e, dimT∅=−1.

A dimens˜ao topol´ogica de Ω, dimTΩ, ´e o menor inteiro, para o qual, todos os pontos de Ω tˆem vizinhan¸cas arbitrariamente pequenas e cujas fronteiras tˆem dimens˜ao menor do que dimTΩ.

O n´umero, dimTΩ, ´e sempre um inteiro, e para todo conjunto n˜ao vazio, Ω, satisfaz a desigualdade,

0dimTΩ≤dimE, (1.32)

onde dimE ´e a dimens˜ao de qualquer espa¸co euclidiano do qual Ω seja um subconjunto. A id´eia b´asica de definir dimens˜ao atrav´es do corte de um conjunto para criar objetos de dimens˜oes menores foi sugerida por Poincar´e, (Jules Henri Poincar´e, 1854-1912), em 1912.

A dimens˜ao topol´ogica, mesmo sendo uma defini¸c˜ao bastante satisfat´oria de dimens˜ao, falha no sentido que n˜ao distingue certos conjuntos que tˆem caracter´ısticas muito diferentes entre si.

1.5

Dimens˜

oes Fractais

Na literatura existem muitas defini¸c˜oes de uma grandeza te´orica chamada dimens˜ao fractal de um subconjunto Ω Rn. As dimens˜oes fractais s˜ao tentativas de quantificar um sentimento subjetivo que se tem sobre qu˜ao densamente um fractal ocupa o espa¸co m´etrico no qual est´a imerso e d˜ao um significado objetivo para compara¸c˜oes entre fractais. As dimens˜oes fractais s˜ao importantes porque s˜ao definidas em conex˜ao com dados do mundo real e podem ser medidas aproximadamente por meio de experiˆencias. Por exemplo, pode-se medir a dimens˜ao fractal do litoral de um pa´ıs. As dimens˜oes fractais est˜ao associadas a nuvens, ´arvores, penas, redes de neurˆonios no corpo, distribui¸c˜ao de freq¨uˆencias de luz refletida, cores emitidas pelos raios solares, e muitos outros objetos e fenˆomenos.

(54)

mundo real com modelos fractais produzidos recursivamente [8]. Nas pr´oximas se¸c˜oes apresentamos algumas destas defini¸c˜oes.

1.6

Dimens˜

ao de Hausdorff

Uma defini¸c˜ao matematicamente conveniente ´e a dimens˜ao de Hausdorff, (Felix Haus-dorff, 1868 - 1942). Seu valor num´erico geralmente coincide com outros valores fornecidos por outras defini¸c˜oes, mas, nem sempre isto ocorre [9].

Dado um subconjunto qualquer, Ω, de um espa¸co euclidiano, podemos definir um n´umero que denotamos por, dimHΩ, chamado a dimens˜ao de Hausdorff do conjunto Ω.

Pode-se mostrar que, para todos os subconjuntos Ω de um espa¸co euclidiano de di-mens˜ao dimE, tem-se a desigualdade,

dimTΩ≤dimHΩ≤dimE. (1.33)

A dimens˜ao de Hausdorff ou dimens˜ao de Hausdorff-Besicovitch, (Abram Samoilovitch Besicovitch, 1891 - 1970), apresentada em 1919, ´e baseada em uma constru¸c˜ao que usa medidas de coberturas de conjuntos introduzidas em 1914 por Carath´eodory, (Constantin Carath´eodory, 1873 - 1950). Esta defini¸c˜ao ´e a mais antiga, provavelmente a mais im-portante e tem a vantagem de ser aplicada a qualquer conjunto. Uma das principais desvantagens ´e que, geralmente, ´e dif´ıcil de ser calculada ou estimada atrav´es de m´etodos computacionais.

A dimens˜ao de Hausdorff faz distin¸c˜ao entre conjuntos que a dimens˜ao topol´ogica n˜ao faz e, na realidade, este foi um dos pontos de partida para a teoria matem´atica dos fractais.

Como exemplos, vamos calcular a dimens˜ao de Hausdorff do conjunto de Cantor, C, da Figura 1.1 e da curva de Koch, F, da Figura 1.2.

Aplicando a equa¸c˜ao (B.4) (ver Apˆendice B),

Hs(F) = lim

δ→0H

s δ(F),

ao conjuntoC, obtemos

Hs(C) = lim δ→0H

s

δ(C). (1.34)

(55)

Tomando os intervalos deCkcomo umaδ-cobertura deC, verApˆendice B,Defini¸c˜ao B.2, ondeδ = 3−k, temos uma 3−k-cobertura de C. Resulta que,

H3s−k(C) = 2k×3−ks. (1.35) Observamos que na Equa¸c˜ao (1.34), o limite quando δ 0 pode ser substitu´ıdo por

k → ∞, e substituindo (1.35) em (1.34), obtemos,

Hs(C) = lim k→∞

2k×3−ks

= lim

k→∞

2×3−sk

. (1.36)

Assim, pela Equa¸c˜ao (B.10), temos

Hs(C) =

∞, se 0s <dimHC,

1, se 0s= dimHC,

0, ses >dimHC.

Fazemos a observa¸c˜ao que,

Hs(C) =

∞, se s <ln 2/ln 3,

1, se s= ln 2/ln 3,

0, se s >ln 2/ln 3.

(1.37)

Portanto, podemos concluir que a dimens˜ao de Hausdorff do conjunto de Cantor C, ver Figura 1.19, ´e

dimHC = ln 2

ln 3 = 0,6309. . . . (1.38)

Para o exemplo da curva de Koch, F, da Figura 1.2, temos

Hs(F) = lim

δ→0H

s

δ(F). (1.39)

Cada est´agio,Fk, da constru¸c˜ao da curva de Koch, F, tem 4k intervalosk-n´ıvel, cada um

de comprimento 3−k.

Tomando novamente os intervalos de Fk, como uma δ-cobertura deF, onde δ = 3−k,

temos uma 3−k-cobertura deF, de onde obtemos,

Hs

3−k(F) = 4k×3−ks. (1.40) Aplicando o limite quandok → ∞na Equa¸c˜ao (1.39) e, substituindo (1.40) em (1.39), obtemos,

Hs(F) = lim

4k×3−ks

= lim

4×3−sk

(56)

1

zero

0

s

=dim

H

C

=0,6309

1

H

s

(

C

)

infinito

s

.

1

zero

0

s

=dim

H

C

=0,6309

1

H

s

(

C

)

infinito

s

.

Figura 1.19: Gr´afico da Medidas-dimensional de Hausdorff do Conjunto de Cantor C, Hs(C), versus s. A Dimens˜ao de Hausdorff de C, dimHC,

´e o valor de s = ln 2/ln 3 = 0,6309 no qual Hs(C), ‘salta’ de infinito

(57)

1

zero

0

s

=dim

H

F

=1,2618

2

H

s

(

F

)

infinito

s

.

1

zero

0

s

=dim

H

F

=1,2618

2

H

s

(

F

)

infinito

s

.

Figura 1.20: Gr´afico da Medidas-dimensional de Hausdorff da Curva de Koch F, Hs(F), versus s. A Dimens˜ao de Hausdorff de F, dimHF, ´e o

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