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Proposta de modelo de interação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e empresas do setor de petróleo

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CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E

ENGENHARIA DE PETRÓLEO

TESE DE DOUTORADO

PROPOSTA DE MODELO DE INTERAÇÃO DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE E EMPRESAS DO SETOR

DE PETRÓLEO

Wattson José Saenz Perales

Orientador: Prof. Dr. Djalma Ribeiro da Silva Coorientadora: Profª Dra. Tereza Neuma de Castro Dantas

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PROPOSTA DE MODELO DE INTERAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE E EMPRESAS DO SETOR DE PETRÓLEO

WATTSON JOSÉ SAENZ PERALES

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UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede. Catalogação da Publicação na Fonte.

Perales, Wattson.

Modelo de relacionamento universidade-empresa: proposta para a universidade pública brasileira e empresas do setor de petróleo. / Wattson José Saenz Perales. – Natal, RN, 2013.

254 f.: il.

Orientador: Prof. Dr. Djalma Ribeiro da Silva.

Coorientadora: Profa. Dra. Tereza Neuma de Castro Dantas.

Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Pós-Graduação em Ciência e Engenharia do Petróleo.

1. Universidade – Empresas - Interação - Tese. 2. Modelos de interação - Tese. 3. Petróleo e gás - Tese. I. Silva, Djalma Ribeiro da. II. Dantas, Tereza Neuma de Castro. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.

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DEDICATÓRIA

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pela vida e pelo amor incondicional com que ama a raça humana.

A meu pai, por encarnar os valores da honestidade e da dedicação ao trabalho que norteiam minha trajetória.

A minha mãe, por mostrar-me o caminho da fé e confiança em Deus.

Ao meu orientador, Professor Djalma Ribeiro, por ter acolhido ao grupo de colegas do Departamento de Engenharia de Produção e ser um exemplo vívido de empreendedorismo na UFRN.

À minha coorientadora, Professora Tereza Neuma de Castro Dantas, por ter aceitado o desafio proposto pelo tema escolhido e pelo apoio em todas as etapas do trabalho.

À Professora Karen Mattos, pelo papel fundamental que assumiu no início do doutorado.

Aos Professores Mariana Rodrigues de Almeida e Mario Orestes Aguirre do Departamento de Engenharia de Produção, pelo apoio e as valiosas sugestões para o trabalho.

Aos colegas de doutorado Cláudia, Dayse e Jesús, por ter compartilhado os bons e maus momentos desta etapa das nossas vidas.

A Caroline, Dory Edson e Zânia da Pró-reitoria de Planejamento (Proplan), pela receptividade e apoio na coleta de dados.

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PERALES, Wattson – Proposta de Modelo de Interação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Empresas do Setor de Petróleo. Tese de Doutorado, UFRN, Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Petróleo. Área de Concentração: Pesquisa e Desenvolvimento em Ciência e Engenharia de Petróleo. Linha de Pesquisa: Meio Ambiente na Indústria de Petróleo e Gás Natural (MAP), Natal – RN, Brasil.

Orientador: Prof. Dr. Djalma Ribeiro da Silva

Coorientadora: Profª Dra Tereza Neuma de Castro Dantas

RESUMO

Os procedimentos operacionais interferem negativamente na negociação e execução das interações universidade-empresa, em alguns casos inviabilizam a interação. Com o propósito de superar essa e outras barreiras foi estruturado um modelo de interação universidade-empresa que potencializa a apropriação de soluções tecnológicas por parte das universidade-empresas, assim como a melhoria na qualidade do ensino e da pesquisa na universidade. A partir de uma amostragem teórica foi escolhida a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e o setor de petróleo do Rio Grande do Norte para conduzir um estudo de caso. Foram usados múltiplos métodos de coleta de dados: questionários, observação presencial, análise documental, entrevistas semiestruturadas. O estudo descreve as empresas do setor e a organização interna da UFRN como o contexto no qual acontecem as interações. O diagnóstico das interações que já aconteceram, assim como as expectativas das empresas e dos atores internos sobre a relação universidade-empresa foi elaborado aplicando questionários específicos para os três grupos de atores: pesquisadores, gestores e empresas. A maioria das barreiras identificadas pelos atores da interação está relacionada a questões de gestão interna da universidade. Frente a essas barreiras foram identificados como fatores críticos àqueles que contribuiriam para a superação das mesmas. Dentre os nove fatores críticos para superar as barreiras encontradas somente um pertence ao macroambiente, enquanto os restantes são fatores organizacionais da universidade. Com foco nos resultados do estudo de caso e a contribuição de um framework teórico desenvolvido na pesquisa bibliográfica, foram formulados os pressupostos do modelo de interação universidade-empresa: considerar todos os mecanismos de colaboração com as empresas, foco em um determinado setor produtivo estratégico, visão de coevolução ao longo do tempo de acordo com a estratégia de desenvolvimento do setor e necessidade de institucionalização do relacionamento com as empresas. O modelo proposto abrange todos os fatores críticos encontrados, busca o relacionamento de longo prazo com as empresas e integra as ações de ensino, pesquisa e extensão. Também foi discutido o processo de implantação do modelo, que deverá ser feito em três fases, definidas em função do nível de maturidade da universidade no relacionamento com as empresas. Para tanto, foi desenvolvido um quadro de referência para avaliar o nível de institucionalização que a universidade atingiu na interação com empresas. Na estruturação do modelo houve uma preocupação com a replicação, de forma que o mesmo não sirva somente à situação específica do estudo de caso realizado. Assim, o resultado final é um modelo de relacionamento universidade-empresa adequado à UFRN com o potencial de ser aplicado a qualquer universidade brasileira.

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PERALES, Wattson – Proposal of Interaction Model for Federal University of Rio Grande do Norte and Oil Industry. PhD Thesis, UFRN, Post- Graduation Program in Oil Science and Engineering. Concentration Area: Research and Development in Science and Petroleum Engineering. Research Area: Environment in the Petroleum and natural gas, Natal - RN, Brazil.

Advisor: Prof. PhD. Djalma Ribeiro da Silva

Co-Advisor: Prof. PhD. Teresa Neuma de Castro Dantas

ABSTRACT

Operational procedures may negatively interfere in negotiation and execution regarding universities and business companies. In some cases it may even derail business interaction. Thus, aiming to overcome this and other barriers a university-industry interaction model was structured. The model enhances the appropriation of technological solutions on behalf of enterprises, as well as aim to improve the quality of teaching and research done at the university. In order to conduct a case study, sampling considering the Federal University of Rio Grande do Norte (UFRN) was made as well as the Oil and Gas sector. For data collection questionnaires, classroom observation, document analysis, semi-structured interviews were used. The study describes the companies as well as the internal organization of UFRN in their interaction context. The diagnosis related to past interactions as well as the expectations of the

companies and the university’s internal subjects regarding the university-industry relationship were also studied. Thus, specific questionnaires were applied for the three types of groups: researchers, managers and business companies. These subjects pointed out that the great deal of barriers they identified were related to issues regarding the university internal management. Given these barriers, the critical factors were then identified in order to overcome this reality. Among the nine critical factors only one belongs to the macro environment, while the remaining factors are related to organizational issues present in the university context. It was possible to formulate a university-business interaction model one the researched focused on the case study results and contribution from a theoretical framework that was enabled trough literature review. The model considers all business collaboration mechanisms; it focuses on a particular strategic productive sector and provides a co-evolution vision over time, according to the sector´s development strategy. The need for institutionalizing the relationship with the companies involved is pointed out. The proposed model considers all the critical factors identified by the research; it aims long-term relationship with the company and integrates teaching, research and extension actions. The model implementation was also considered. It was seen that it must be done in three phases. The phases will be defined by the level of maturity in the relationship between the university and the companies. Thus, a framework was developed in order to assess the interaction level regarding company institutionalization. Whilst structuring the model was a concern with replication came up. It was pointed out that this model should not only serve to this specific case study situation. So the final result is a model of university-industry relationship appropriate in the first instance, for UFRN, but has applicability, in general, to any Brazilian university.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 Papéis da universidade nas vias alternativas de crescimento regional 34 Figura 2.2 Framework conceitual da transferência de conhecimento 49 Figura 2.3 Evolução das fases das interações Universidade-Empresa 57 Figura 2.4 Marco teórico da evolução das interações universidade-empresa 58 Figura 2.5 Finalização, definição de agenda e seus efeitos sobre a publicação

acadêmica 61

Figura 2.6 Artigos publicados por ano sobre engajamento acadêmico 63 Figura 2.7 Artigos publicados por ano sobre empreendedorismo universitário 63 Figura 2.8 Marco analítico do engajamento dos pesquisadores 65 Figura 2.9 Modelo linear de transferência de tecnologia 66 Figura 2.10 Aspectos organizacionais no modelo linear de transferência de

tecnologia 66

Figura 2.11 Modelo da Eficácia Contingencial da transferência de tecnologia 67 Figura 2.12 Outputs da universidade e os impactos econômicos esperados 69 Figura 2.13 Interação dos produtos da universidade e os elementos da economia

baseada em tecnologia 69

Figura 2.14 Modelo conceitual do empreendedorismo universitário 70

Figura 2.15 Modelo da Hélice Tríplice 71

Figura 2.16 CMI reúne stakeholders das comunidades de pesquisa, educação e

indústria 73

Figura 2.17 Modelo KIC 73

Figura 2.18 Os seis componentes do modelo KIC 74

Figura 2.19 Estrutura organizacional para as KICs existentes 75 Figura 2.20 Esquema evolucionário do relacionamento universidade-empresa 76 Figura 2.21 Marco teórico proposto por Segatto-Mendes e Sbragia 78 Figura 2.22 Framework teórico interação U-E: resultados e fatores que influenciam 79

Figura 3.1 Detalhamento do método da pesquisa 88

Figura 3.2 Interações da UFRN com empresas de petróleo via FUNPEC 93 Figura 4.1 Fluxo de recursos e objetivos da Petrobras e UFRN no primeiro edital

CT-Petro 103

Figura 4.2 Modelo de Gestão Compartilhada 105

Figura 4.3 Fluxograma do processo de tramitação de projetos com a participação da

FUNPEC 110

Figura 4.4 Fluxograma do processo de tramitação de projetos sem a participação da

FUNPEC 111

Figura 4.5 Tempo de tramitação dos projetos na Proplan 112

Figura 4.6 Organograma da FUNPEC 117

Figura 5.1 Nível de ensino em que o pesquisador participa 130

Figura 5.2 Tipo de pesquisa realizada 130

Figura 5.3 Tempo de serviço dos gestores 131

Figura 5.4 Tempo de constituição das empresas 132

Figura 5.5 Avaliação geral da interação considerando a solução do problema da

empresa 143

Figura 6.1 Posicionamento do modelo Programas de Relacionamento Integrado 160 Figura 6.2 Modelo de Relacionamento Integrado Universidade-Empresa 161 Figura 6.3 Aspectos organizacionais que dão suporte ao Modelo de

(10)

Figura 7.1 Processo de implantação e validação do Modelo de Relacionamento

Integrado 169

Figura 7.2 Detalhamento do processo de implantação do programa de

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LISTA DE QUADROS

Quadro 2.1 Modelos de política tecnológica que competem entre si 36 Quadro 2.2 Mecanismos de estimulo à interação universidade-empresa 38 Quadro 2.3 Mecanismos de interação Universidade-Empresa 41 Quadro 2.4 Modalidades de Relacionamento entre Universidade e Empresa 43 Quadro 2.5 Atividades de interação pelo grau de envolvimento 44

Quadro 2.6 Canais de interação universidade-empresa 44

Quadro 2.7 Drivers da interação universidade-empresa. 45

Quadro 2.8 Fatores que influenciam a interação universidade-empresa

encontrados na literatura 46

Quadro 2.9 Motivações dos pesquisadores para participar de interações U-E 48 Quadro 2.10 Motivações para participar de interação universidade-empresa

relatadas na literatura 50

Quadro 2.11 Benefícios percebidos da interação Universidade-Empresa 51 Quadro 2.12 Tipos de barreiras à interação com a universidade para PMEs e

grandes empresas 54

Quadro 2.13 Barreiras citadas na literatura brasileira e internacional 55 Quadro 3.1 Processo de construção de teoria a partir de estudos de caso 84

Quadro 3.2 Estrutura dos questionários elaborados 91

Quadro 3.3 Distribuição da aplicação de questionários nos órgãos e setores

administrativos 95

Quadro 4.1 Marcos da história do setor de petróleo no Brasil e no RN 101

Quadro 4.2 Gasodutos no Rio Grande do Norte 102

Quadro 4.3 Infraestrutura resultante da parceria em P&D da Petrobras com a

UFRN 104

Quadro 4.4 Atividades dos setores da Coordenadoria de Convênios e Contratos 111 Quadro 4.5 Normas internas da UFRN que tem relação com o tema de interação

universidade-empresa 120

Quadro 4.6 Legislação e normas externas à UFRN que afetam diversos aspectos

da interação universidade-empresa 122

Quadro 5.1 Titulação dos gestores por nível hierárquico 131

Quadro 5.2 Tamanho das empresas 133

Quadro 5.3 Pontos positivos relatados pelas empresas 135

Quadro 5.4 Mecanismos de interação mais citados por grupo de respondentes 135 Quadro 5.5 Procedimentos operacionais: rotinas nos setores 139 Quadro 5.6 Barreiras percebidas pelos atores das interações estudadas 144 Quadro 5.7 Benefícios acadêmicos percebidos pelos pesquisadores 146 Quadro 5.8 Características de uma interação universidade-empresa satisfatória 147 Quadro 5.9 Percepção dos fatores organizacionais das empresas 149 Quadro 5.10 Percepção dos fatores organizacionais da universidade e impacto

sobre o ensino 150

Quadro 5.11 Percepção das barreiras à interação U-E 153

Quadro 5.12 Fatores relevantes para superação das barreiras encontradas 156 Quadro 7.1 Eixos de avaliação da maturidade da universidade no relacionamento

com empresas

(12)

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 Percepção das barreiras à transferência de tecnologia 53 Tabela 3.1 Projetos ativos por coordenador (período 2010-2012) 94 Tabela 3.2 Projetos novos por coordenador (período 2010-2012) 94 Tabela 3.3 Desempenho dos coordenadores mais produtivos 95 Tabela 4.1 Crescimento do ensino de nível superior na UFRN 106 Tabela 4.2 Projetos por unidade registrados na Proplan (período 2008 a 2012) 113 Tabela 4.3 Origens dos recursos dos projetos registrados na Proplan (período 2008

a 2012) 114

Tabela 5.1 Tempo de serviço dos professores 129

Tabela 5.2 Capacitação dos gestores por nível hierárquico 132 Tabela 5.3 Origem da demanda das interações universidade-empresa 134 Tabela 5.4 Comunicação: Entrega de relatório final à empresa 136 Tabela 5.5 Procedimentos operacionais: registro de benefícios 137 Tabela 5.6 Procedimentos operacionais: qualificação da negociação 138 Tabela 5.7 Procedimentos operacionais: qualificação geral 139 Tabela 5.8 Capital humano científico e técnico: capacitação e recursos 141

Tabela 5.9 Capacidade de gestão de projetos: prazos 142

Tabela 5.10 Capacidade de gestão de projetos: metas e resultados 142

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AGU Advocacia Geral da União

ANDIFES Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior

ANP Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis ANPEI Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas

Industriais

APL Arranjo Produtivo Local

CE Ceará

CEFET Centro Federal de Educação Tecnológica CEGEQ Centro de Excelência de Geoquímica CONSAD Conselho de Administração

CONSUNI Conselho Universitário

CENPES Centro de Pesquisa da Petrobras

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico COMINT Comissão de Interação

COPPE Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia

CMI Cambridge-MIT Institute CTGas Centro de Tecnologia do Gás

CT-Petro Fundo Setorial de Petróleo e Gás Natural DCF Departamento de Contabilidade e Finanças DOU Diário Oficial da União

EUA Estados Unidos de América

ETT Escritório de Transferência de Tecnologia

FUNPEC Fundação Norte-Rio-Grandense de Pesquisa e Cultura GLP Gás Liquefeito de Petróleo

KE Knowledge Exchange

KIC Knowledge Integration Community

MAP Meio Ambiente na Indústria de Petróleo e Gás MCT Ministério de Ciência e Tecnologia

MIT Massachusetts Institute of Technology MPEs micro e pequenas empresas

NIT Núcleo de Inovação Tecnológica

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NUPPRAR Núcleo de Processamento Primário e Reúso de Água Produzida e Resíduos OECD Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

PAT Polo de Alta Tecnologia

PB Paraíba

PCT Política de Ciência e Tecnologia

PE Pernambuco

Petrobras Petróleo Brasileiro S.A. PI Principal Investigator PIB Produto Interno Bruto

PMEs Pequenas e Médias Empresas

PDI Plano de Desenvolvimento Institucional PPA Plano Plurianual

PPGCEP Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia do Petróleo P&D Pesquisa e Desenvolvimento

PROAD Pró-Reitoria de Administração PROEx Pró-Reitoria de Extensão PROPESQ Pró-Reitoria de Pesquisa

PROPLAN Pró-Reitoria de Planejamento e Coordenação Geral PUC-Rio Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro QAV Querosene de Aviação

REUNI Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais

RN Rio Grande do Norte

RPCC Refinaria Potiguar Clara Camarão

SEBRAE Sistema Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SIBRATEC Sistema Brasileiro de Tecnologia

SIGAA Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas SIGRH Sistema Integrado de Gestão de Recursos Humanos

SIGPP Sistema Integrado de Gestão de Planejamento e de Projetos SINAES Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

SIPAC Sistema Integrado de Patrimônio, Administração e Contratos SIKE Study of Innovation in Knowledge Exchange

(15)

U-E Universidade-Empresa

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFSCar Universidade Federal De São Carlos

Unicamp Universidade de Campinas

Unifesp Universidade Federal de São Paulo Unesp Universidade Estadual de São Paulo

UN-RNCE Unidade de Negócios de Exploração e Produção do RN/CE USP Universidade de São Paulo

(16)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 17

1.1 Contextualização da pesquisa 18

1.2 Objetivos da pesquisa 19

1.3 Justificativa e relevância do trabalho 20

1.4 Estrutura da tese 22

2 ESTADO DA ARTE 23

2.1 Desenvolvimento econômico 24

2.1.1 Tecnologia, Conhecimento e Inovação 27

2.1.2 Papel das universidades no desenvolvimento regional 32

2.1.3 Política tecnológica 35

2.2 Caracterização da interação Universidade-Empresa 39

2.2.1 Mecanismos ou atividades de interação 41

2.2.2 Drivers ou fatores determinantes 44

2.2.3 Motivação para a interação 48

2.2.4 Benefícios percebidos com a interação 51

2.2.5 Barreiras à interação 52

2.2.6 Fases da interação 56

2.2.7 Efeito do setor econômico e do tamanho da empresa 58

2.2.8 Resultados e Impactos da interação 60

2.3 Transferência de Tecnologia versus Colaboração 62

2.4 Modelos relacionados à interação universidade-empresa 65

2.4.1 Modelo linear de transferência de tecnologia 65

2.4.2 Modelo da eficácia contingencial da transferência de tecnologia 67

2.4.3 Modelos que consideram o desenvolvimento regional 68

2.4.4 Modelo conceitual do empreendedorismo universitário 70

2.4.5 Modelo da Hélice Tríplice 71

2.4.6 Modelo Knowledge Integration Community 72

2.4.7 Modelo evolucionário do relacionamento universidade-empresa 75

2.5 Implicações do Estado da Arte 77

3 MÉTODO DA PESQUISA 82

3.1 Construção de teoria a partir de estudos de casos 83

3.2 Desenho metodológico da pesquisa 87

3.2.1 Etapa inicial 88

3.2.2 Seleção do caso 89

3.2.3 Escolha e elaboração de instrumentos 90

3.2.4 Compreendendo o contexto 92

3.2.5 Formulação dos pressupostos do modelo 96

3.2.6 Elaboração do modelo 97

4 CONTEXTO DO ESTUDO 98

4.1 As empresas da Redepetro RN 99

4.2 A Petrobras no RN 100

4.3 Aspectos organizacionais da UFRN 105

4.4 Papel e estrutura da FUNPEC 116

4.5 Aspectos legais e normativos 119

(17)

5 DIAGNÓSTICO DAS INTERAÇÕES 128

5.1 Perfil dos respondentes 129

5.2 Experiência em interações anteriores 133

5.2.1 Origem da demanda para a interação 133

5.2.2 Satisfação com a interação 134

5.2.3 Mecanismos de interação 135

5.2.4 Fator – Comunicação 136

5.2.5 Fator – Procedimentos operacionais 136

5.2.6 Fator – Capital humano 140

5.2.7 Barreiras à interação 141

5.2.8 Benefícios acadêmicos das interações 146

5.2.9 Características de uma interação U-E satisfatória 147

5.3 Percepção dos participantes das interações 148

5.4 Identificação dos fatores críticos 155

6 MODELO DE RELACIONAMENTO PROPOSTO 157

6.1 Pressupostos e conceitos que serviram de base para a concepção do modelo 158

6.2 Descrição do modelo 160

6.3 Comparativo com modelos relatados na literatura 164

7 DISCUSSÃO SOBRE A APLICAÇÃO DO MODELO 167

7.1 Processo de implantação 168

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS 176

REFERÊNCIAS 180

Apêndice A – Mecanismos de interação universidade-empresa 191 Apêndice B – Fatores que influenciam a interação U-E (por autor) 196 Apêndice C – Agrupamento dos fatores que influenciam a interação 199 Apêndice D – Motivações para a interação universidade-empresa 213 Apêndice E – Barreiras à interação universidade-empresa 218 Apêndice F – Resultados da interação universidade-empresa 225 Apêndice G – Impactos da interação universidade-empresa 227

Apêndice H – Questionário para pesquisadores 229

Apêndice I – Questionário para gestores 234

Apêndice J – Questionário para empresas 239

Apêndice K – Roteiros das entrevistas 244

(18)

CAPÍTULO 1

(19)

1

Introdução

Este capítulo apresenta a contextualização da pesquisa e a formulação do problema de pesquisa. Também são expostos os objetivos, a justificativa e a relevância do estudo. Finalmente, é apresentada a estrutura do trabalho, mostrando de maneira sintética o conteúdo e a sequência dos capítulos, assim como seu encadeamento lógico.

1.1 Contextualização da pesquisa

As fontes convencionais de energia (óleo, gás natural e carvão) provaram ser importantes recursos para o progresso econômico; todavia, se mostraram também fontes poluidoras do meio-ambiente e de problemas à saúde humana. A indústria mundial de petróleo tem anunciado que existem suficientes reservas para satisfazer a demanda global por várias décadas considerando as taxas de crescimento dos últimos anos. O desafio no futuro imediato consiste na exploração e produção destes recursos com menores níveis de agressão ao meio-ambiente. Aparece, então, um dilema: atender a demanda global para o desenvolvimento econômico e, ao mesmo tempo, reduzir os efeitos nocivos da atividade para o meio-ambiente.

Nas últimas décadas o conceito de desenvolvimento econômico sustentável passou a ser aceito e visto como possível pelas empresas e governos. Tenta-se eliminar o confronto entre desenvolvimento e sustentabilidade, incorporando a questão ambiental na construção de novos paradigmas econômicos que sustentam as políticas de desenvolvimento dos países.

Nesse contexto, o conceito de sustentabilidade baseado no triplo objetivo (viabilidade econômica, performance social positiva e performance ambiental positiva) passou a ser discutido amplamente nas empresas e na academia. Atualmente, é quase uma unanimidade considerar a sustentabilidade como um objetivo estratégico a ser atingido pelas empresas. Para tanto, é necessário o desenvolvimento de novas tecnologias e novas formas de gerenciar os recursos e processos produtivos. Destaca-se então a participação da universidade como locus privilegiado da criação e disseminação do conhecimento indispensável para inovação tecnológica.

(20)

última década. Os pesquisadores buscam entender o fenômeno, seus mecanismos e avaliar os resultados das políticas até aqui implementadas com o intuito de subsidiar os gestores públicos quanto à eficácia dos modelos ou paradigmas vigentes, além de levantar novos questionamentos sobre o papel da universidade na sociedade do conhecimento.

No caso brasileiro, a política de ciência e tecnologia tem privilegiado as empresas chamadas de alta tecnologia e não tem apresentado resultados significativos na promoção do desenvolvimento. Nos últimos anos o governo tem introduzido mudanças no marco regulatório da interação entre as instituições de pesquisa e as empresas com o objetivo de fomentar a inovação tecnológica. Por um lado, criou os Fundos Setoriais, a partir de 1999, como instrumento privilegiado de financiamento de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação. Por outro lado, o governo promoveu mudanças na própria estrutura das universidades públicas, através do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI). Assim, este é um momento propício para repensar e reposicionar a universidade frente às necessidades de inovação tecnológica da indústria.

Em nível local, é evidente que a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a partir de recursos públicos captados através de diversos editais de subvenção à pesquisa, conseguiu construir uma relação duradoura e bem planejada que permitiu a implantação de uma infraestrutura de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) voltada para atender às necessidades da Petróleo Brasileiro S. A. (Petrobras). Porém, apesar do avanço que significou o desenvolvimento de um modelo de Gestão Compartilhada, existem pontos a serem melhorados quanto à burocracia no gerenciamento dos projetos e aos mecanismos para o envolvimento de outros atores locais em prol da inovação tecnológica.

Nesse contexto, este trabalho de pesquisa pretende responder ao seguinte questionamento: como melhorar a interação entre a UFRN e as empresas de petróleo, de

modo que favoreça a geração e implantação de soluções tecnológicas e de gestão que contribuam para o desenvolvimento desse setor?

1.2 Objetivos da pesquisa

(21)

Com a finalidade de organizar melhor o trabalho e poder avaliar com maior objetividade a consecução desse objetivo, o mesmo foi desmembrado nos seguintes objetivos específicos:

 Conhecer o estado da arte da interação universidade-empresa;

 Descrever o contexto em que acontece a interação entre as empresas de petróleo do Rio Grande do Norte (RN) e a UFRN, em particular, a organização interna desta para atender às demandas das empresas;

 Conhecer o histórico da interação da UFRN com empresas do setor de petróleo;

 Conhecer a realidade atual das expectativas das empresas do setor de petróleo sobre a relação Universidade-Empresa (U-E);

 Conhecer a realidade atual das expectativas da UFRN sobre a relação U-E;

 Identificar as barreiras e fatores críticos para a efetiva interação entre a UFRN e as empresas do setor;

 Estruturar um modelo de interação universidade-empresa visando a superar os obstáculos identificados, que abranja o nível operacional e com foco na gestão de processos.

1.3 Justificativa e relevância do trabalho

O papel da UFRN como a maior instituição de ensino pública do estado é crucial para o desenvolvimento local e regional. A UFRN tem sido reconhecida pela sua qualidade na formação de mão de obra. As pesquisas realizadas também tem recebido o reconhecimento da comunidade cientifica nacional e, em alguns casos, internacional. Porém, percebe-se um descompasso entre o papel que a UFRN pretende cumprir quanto ao desenvolvimento tecnológico das empresas da região e as práticas de interação com os setores econômicos.

A presente pesquisa se insere adequadamente neste cenário e faz parte de um esforço do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia do Petróleo (PPGCEP), de fortalecer a interação com o setor de petróleo, com o qual já existe um elevado histórico de relacionamento. Os estudos realizados dentro do escopo desse relacionamento abrangem diversas áreas de interesse para a indústria do petróleo, com foco nos aspectos tecnológicos das atividades de prospecção, exploração e produção. O presente trabalho amplia o foco, abordando o tema da interação da universidade com as empresas do setor de petróleo.

(22)

as empresas do setor de petróleo, como forma de aprimorar o modelo de Gestão Compartilhada desenvolvida pela parceria Petrobras/UFRN, visando a incluir outros atores locais (POLETTO, 2011).

Do ponto de vista teórico, além de contribuir com a discussão acadêmica do gerenciamento das interações universidade-empresa dentro de uma perspectiva gerencial, ainda pouco explorada, a pesquisa considera as variáveis presentes no ambiente da universidade pública brasileira. Em uma perspectiva teórica mais específica, este trabalho aborda a temática carente de pesquisa sobre “organização e gerenciamento dos

relacionamentos”, proposta por Perkmann e Walsh (2007). Contribui especificamente através de um modelo de gestão dos relacionamentos universidade-empresa como uma forma de reconfigurar organizacionalmente a universidade para torna-la mais ágil em suas respostas às necessidades das empresas, sem causar prejuízo à missão de desenvolver conhecimento

científico como bem público “cientific commons”.

Trata-se, portanto, de contribuir objetivamente com um modelo que:

i) Potencialize os resultados da interação da UFRN com as empresas do setor de petróleo no RN em busca do crescimento destas;

ii) Abranja todas as variáveis relevantes, de forma que possa ser extrapolado ou adaptado à realidade das universidades e empresas de outras regiões;

iii) Gere um novo marco teórico que incentive a discussão acadêmica em relação à necessidade de uma adequação dos processos internos das universidades para responder às demandas de conhecimento e tecnologia das empresas.

O trabalho também é relevante para a região, pois o setor de petróleo é uma atividade econômica importante para o Rio Grande do Norte. O principal ramo de atividade da indústria no RN é a produção e refino de petróleo. Em torno de 40% do Valor Bruto da Produção Industrial (VBPI) local, que em 2012 atingiu os R$ 9,1 bilhões, provem dessas atividades. As indústrias de produção e refino de petróleo do RN respondem por 17,6% do VBPI região Nordeste. Em termos regionais o estado responde por 8,7% do VBPI do refino, 50,2% da extração de petróleo e 69,5% das atividades de apoio à extração mineral. No total, cerca de 17,6% do VBPI da indústria do petróleo da região Nordeste vem do Rio Grande do Norte (FREIRE, 2013).

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em terra, cujo total foi de 66 milhões de barris em 2012. O estado responde por aproximadamente 29% da produção terrestre brasileira. Bahia, Amazonas e Sergipe são os outros estados com maior produção de petróleo em terra (FREIRE, 2013).

Considerando o cenário nacional, o Brasil tem mostrado, a partir das últimas descobertas de reservas de petróleo, ter potencial de transformar-se em um importante produtor destes recursos. Assim, qualquer esforço de melhorar o desempenho das empresas que fazem parte do setor de petróleo pode trazer benefícios como melhoria de desempenho e eficiência, redução de riscos e custos ambientais na exploração do petróleo, dentre outros. Para tanto, existe a necessidade de aprimorar os modelos de interação entre as universidades e as empresas do setor, pois se trata de uma atividade econômica complexa que requer capacidade de gerar conhecimentos e tecnologia.

1.4 Estrutura da tese

O presente trabalho se estrutura em oito capítulos. O capítulo 1 apresenta a contextualização da pesquisa, os objetivos da pesquisa, assim como a justificativa da relevância do tema. O capítulo 2 expõe o estado da arte começando por conceitos mais amplos como desenvolvimento econômico, tecnologia, conhecimento e inovação, para depois discutir o papel das universidades e a política tecnológica nesse contexto. O capítulo finaliza com a caracterização do fenômeno da interação Universidade-Empresa.

A descrição dos métodos escolhidos para chegar a uma resposta para a questão de pesquisa proposta é apresentada no capítulo 3, assim como a elaboração dos instrumentos de coleta de dados. O contexto organizacional no qual foi realizado o estudo, particularmente os aspectos organizacionais das empresas do setor de petróleo do RN a da UFRN é descrito no capítulo 4 junto com os aspectos legais e normativos que afetam as interações.

No capítulo 5 se encontram os resultados do diagnóstico das interações existentes, realizado pelos participantes do processo de interação (empresas, pesquisadores e gestores) no qual foi avaliada também a percepção sobre as barreiras e fatores críticos para uma interação satisfatória para as partes.

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CAPÍTULO 2

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Wattson Perales, janeiro/2014

2

Estado da Arte

Neste capítulo é apresentada a literatura científica sobre o relacionamento Universidade-Empresa, seu desenvolvimento ao longo dos anos e suas principais tendências ou correntes, com o intuito de entender o contexto teórico no qual está inserido este trabalho de tese.

A partir de artigos baseados na técnica de revisão sistemática de literatura, foram encontrados outros artigos que cobrem com suficiente amplitude a literatura existente sobre o tema, totalizando 106 artigos consultados. Através das referências dos artigos e realizando buscas específicas em bases de teses e dissertações, foram recuperadas 14 dissertações e 18 teses sobre o tema. Em alguns casos foi necessário realizar buscas complementares para entender melhor conceitos relacionados ao contexto e não propriamente ao relacionamento Universidade-Empresa.

Este capítulo está organizado em quatro partes: a primeira descreve os aspectos relevantes do contexto no qual acontece a interação Universidade-Empresa; a segunda, focada em descrever o fenômeno, apresenta uma visão sintética dos conceitos, variáveis e termos mais usados nesta área; a terceira discute a diferença entre transferência de tecnologia e colaboração; a quarta apresenta os principais modelos de interação Universidade-Empresa encontrados na literatura; a quinta sintetiza as implicações do estado da arte.

2.1 Desenvolvimento econômico

Dentre os economistas o pensamento de Joseph Schumpeter (SCHUMPETER, 1927, 1949) é fundamental para entender o processo de desenvolvimento econômico. Os pesquisadores da área de inovação se referem a essas ideias com frequência ao mencionar o papel fundamental do empreendedorismo e da inovação tecnológica como motores do desenvolvimento econômico. No tema interação Universidade-Empresa se faz, com frequência, referencia a tais ideias, seja pelo papel que se atribui à universidade na criação e difusão do conhecimento científico e tecnológico, seja pelo lado da inovação que acontece nas indústrias. Assim, é conveniente iniciar esta revisão bibliográfica compreendendo a visão de Schumpeter sobre desenvolvimento econômico e o ciclo de negócios.

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corrente de estudos no sentido de entender as crises como parte de um movimento cíclico. Estes estudos ajudaram a entender os aspectos peculiares dos ciclos individuais, mas não responderam a pergunta principal: porque existem os ciclos?

Para Schumpeter (1927) existem quatro grupos de problemas sob o termo “flutuações

industriais”: a) flutuações sazonais, b) o ciclo de negócios, c) as ondas longas, e d) a tendência secular. Ao discorrer sobre o segundo problema – o ciclo de negócios – afirma que os períodos recorrentes de prosperidade do movimento cíclico são a forma em que o progresso acontece na sociedade capitalista. A adaptação é um comportamento que se ajusta a uma teoria "estática" e é a única maneira em que a maioria das pessoas é capaz de agir. Mas existe outra forma de reagir, que consiste em fazer coisas novas ou coisas em uma nova maneira. Ambos os tipos de reação são colocados em movimento por qualquer "impulso iniciador", porém somente o primeiro acontece de forma automática depois da perturbação externa, o segundo tipo de reação não pode ser invocada para acontecer, não é a mera ocorrência da perturbação que a produz, mas as atitudes de certas pessoas. Se não houver nenhuma perturbação, o "impulso" seria criado pelo segundo tipo de comportamento.

Como há sempre altos retornos a ser alcançados por aqueles que tenham o segundo tipo de comportamento, a comunidade de negócios não adota novos métodos ao mesmo tempo, pelo contrário, alguns correm na frente e outros ficam atrás; e estes últimos são forçados a avançar ou ficar arruinados pela configuração da competição dada por aqueles que lideram. Este seria o impulso que o comportamento empreendedor traz para o desenvolvimento econômico.

No texto Economic theory and entrepreneurial history publicado em 1949 como parte da coletânea Change and the Entrepreneur: Postulates and Patterns of Entrepreneurial History e reproduzido pela Revista Brasileria de Inovação em 2002, Schumpeter (1949) aprofunda o entendimento sobre a atividade empreendedora e sua relação com o desenvolvimento econômico, afirma que para muitos economistas o problema do desenvolvimento economico é equacionado em termos de medidas políticas e das condições naturais e sociais, o resto seria automático. Mas, como explicar então o progresso tecnológico que acontece em algumas sociedades e em outras não?

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Uma forma de entender a função empreendedora consiste em analisar a natureza e fontes dos ganhos dos empreendedores de sucesso, especificamente da indústria. A atividade industrial, em linhas gerais, quase nunca afere retornos muito maiores do que os necessários para garantir o fornecimento dos fatores de produção. Além disso, a capacidade de ganho de qualquer indústria se esgota em questão de poucos meses a poucas décadas. Ainda, percebe-se que os maiores lucros em geral são das novas indústrias ou daquelas que adotam um novo método, especialmente as empresas que são as primeiras no ramo.

Para Schumpeter (1949) o empreendedorismo consiste em fazer coisas que geralmente não são feitas no curso natural da rotina administrativa, é essencialmente um fenômeno que está sob o aspecto maior da liderança. Porém, a função empreendedora não necessariamente é incorporada em uma pessoa física, pode ser preenchida cooperativamente. Com o advento das grandes corporações isso se torna importante, porque aptidões que nenhum indivíduo detém de forma combinada podem ser desenvolvidas dentro da corporação. Em muitos casos não é possível identificar quem age como “o empreendedor”, diretores ou líderes das corporações podem ser meros coordenadores.

Ao discorrer sobre a relação entre desenvolvimento econômico e a atividade empreendedora Schumepeter (1949) adverte que, tanto a completa negação da importância da qualidade dos lideres das corporações, quanto a afirmação que o indivíduo criativo é tudo, são opiniões baseadas no preconceito ideológico. Assim, enfatiza o empreendedor como o homem que faz as coisas novas acontecerem e não necessariamente aquele que as inventa. Em termos de história, o empreendedor é quase tão frequentemente um inventor como um capitalista, mas parece que nenhuma dessas capacidades são essenciais.

Analisando a “acumulação original” dos fatores fisicos e pessais para começar uma empresa, Schumpeter (1949) descarta a resposta clássica de que os recursos vêm da poupança, porque, o núcleo original de meios raramente tem sido adquirido pela poupança do próprio empreendedor. Na verdade, essa é uma das razões para distinguir o empreendedor do capitalista. Os individuos que em alguma conjuntura em suas vidas exerceram a função empreendedora não formam uma classe social, eles vêm de todos os níveis sociais. Porém, eles têm interesses em comum e, o que é mais importante, assumem a posição de capitalistas em caso de sucesso.

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da satisfação de necessidades sociais e de mercado, que, juntamente com a tecnologia, moldam o centro do desenvolvimento tecnológico. Este, por sua vez, só proporcionará um

desenvolvimento econômico efetivo na medida em que houver “demanda por novos produtos

e métodos produtivos.” (CALLIGARIS; TORKOMIAN, 2003).

Sobre estas bases concentuais, diversos autores estudaram os fenômenos da transferência de tecnologia, transferência de conhecimento e inovação tecnológica ou industrial (seção 2.1.1), assim como o papel da universidade no desenvolvimento regional (seção 2.1.2) e a política tecnológica (seção 2.1.3).

2.1.1 Tecnologia, Conhecimento e Inovação

Bozeman (2000) relata ter encontrado 1.032 artigos indexados nas bases on-line com o termo technology transfer para o período de 1990 a 1999, mas adverte que quando tantas vozes são ouvidas sobre um tema e um grande número de definições fornecidas, o conceito começa a perder sentido. Assim, é salutar rever o conceito de tecnologia antes de continuar a tratar sobre transferência de tecnologia.

Segundo Bozeman (2000), a maioria de trabalhos publicados trata a tecnologia como uma entidade, não como um estudo e muito menos como uma ciência aplicada específica. A visão mais comum é da tecnologia como ferramenta. Sahal (1981) discute o conceito de tecnologia de forma ampla, chegando a identificar três maneiras bem difundidas de definir tecnologia: 1) a visão neoclássica baseada na função produção que representa todos os possíveis modos de produção sob a ótica do conhecimento técnico existente sobre as relações de entradas-saídas, sendo este conjunto de conhecimentos a tecnologia; 2) a visão “pitagórica” da tecnologia sustenta que esta é mais bem concebida em termos de eventos relevantes, únicos e inovadores, que poderiam ser medidos através de estatística de patentes; 3) a visão sistêmica do conceito de tecnologia, desenvolvida simultaneamente pelos economistas que estudavam economias em desenvolvimento (particularmente aqueles interessados nas assim chamadas

“tecnologias apropriadas”) e os analistas de sistemas (em especial aqueles que estudam a

administração de P&D em países industrializados), os quais apontavam para a questão da inovação tecnológica na forma de mudanças de características observáveis de diversos produtos e processos. Generalizando, a tecnologia é mais bem compreendida em termos de certas características funcionais mensuráveis do fenômeno em questão, ou seja, a tecnologia é um conjunto de configurações.

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aplicação (BOZEMAN, 2000). A visão sistêmica do conceito de tecnologia resolve o problema de diferenciar a transferência de tecnologia da transferência de conhecimento, pois considera os dois como inseparáveis.

Porém, alguns trabalhos publicados posteriormente continuam a usar o termo transferência de tecnologia de forma mais restrita, diferenciando-o da transferência de conhecimento. Este é o caso de Landry, Amara e Oiumet (2007) que identificam diferenças entre tecnologia e conhecimento em quatro aspectos: i) propósito – tecnologia se refere a ferramentas para transformar o ambiente, enquanto o conhecimento envolve teorias e princípios que ajudam a entender as relações entre causas e efeitos; ii) grau de codificação – tecnologia refere-se a informação codificada, já o conhecimento possui um componente tácito; iii) tipo de armazenagem – a tecnologia é armazenada em publicações, software e diagramas, enquanto que o conhecimento é armazenado na cabeça das pessoas; iv) grau de observabilidade – a tecnologia é tangível e seu impacto é preciso, em contraste o conhecimento pode ser menos tangível e seu impacto é mais amorfo.

Por outro lado, é importante destacar que outros autores usam o termo transferência de conhecimento para se referir ao mesmo fenômeno que a maioria chama de transferência de tecnologia, mas não fazem referência às diferenças entre os termos. Por tanto, essas múltiplas visões coexistem na literatura. Nesta tese considerou-se mais apropriado trabalhar com a visão sistêmica de tecnologia, de modo que a transferência de conhecimento considera-se inseparável da transferência de tecnologia.

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Segundo Landry, Amara e Ouimet (2007) existem duas abordagens gerais de transferência de tecnologia e de conhecimento: a mais tradicional, conhecida como a abordagem “empurrada” da ciência, assume que os avanços nas pesquisas direcionam a transferência de tecnologia. Por outro lado, a abordagem “puxada” pelo mercado assume que o processo de transferência do conhecimento é puxado pela necessidade de conhecimento gerada quando empreendedores ou tomadores de decisão buscam oportunidades de aplicar as descobertas ao desenvolvimento de novos produtos e serviços ou à melhoria dos existentes.

Dentre as muitas maneiras de apresentar os conceitos e teorias relacionadas à inovação, Karlson (2011) analisa o fenômeno da inovação de forma separada em relação à produção de conhecimento e em relação à distribuição do conhecimento. Identifica assim seis tendências: 1) depois de décadas de ampla aceitação, o modelo linear de inovação (BUSH, 1945) sofreu pesadas críticas (KLINE, 1985) quanto à essência da sua proposta: a inovação como resultado de uma cadeia predeterminada de etapas (pesquisa básica, pesquisa aplicada, desenvolvimento); 2) o reconhecimento que a produção de conhecimento é direcionada pela aplicação e sensível ao contexto, constituindo uma evolução em direção ao Modo-2 de produção de conhecimento (GIBBONS et al., 1994); 3) o entendimento que a produção de conhecimento ocorre através de uma cadeia vertical de atividades a partir da identificação de uma necessidade no mercado, contemplanto ciclos de realimentação, conforme o modelo chain-linked de Kline e Rosenberg (1986); 4) a distribuição do conhecimento está tornando-se mais integrada em sistemas de nacionais de inovação (FREEMAN, 1995; LUNDVALL, 2002, 2010); 5) os sistemas de inovação estão em constante evolução através da transformação institucional das três esferas (governo, universidades e empresas) e surgimento de novas formas organizacionais, porém, o equilíbrio nunca seria atingido, conforme descrito no modelo da Hélice Tríplice (ETZKOWITZ; LEYDESDORF, 2000); 6) a inovação nas organizações está se movendo de uma abordagem fechada para a inovação aberta (CHESBROUGH, 2003), explicando assim o uso crescente de relacionamentos externos verticais e horizontais para comercialização de ideias tanto internas como externas.

Uma explicação didática do surgimento do Modo-2 de produção de conhecimento é apresentada por Nowotny et. al (2003) no livro Re-Thinking Science: Knowledge and the Public in an Age of Uncertainty. A partir da identificação de três elementos dentro do processo de transformação da natureza da pesquisa científica, os autores descrevem o

surgimento de um novo paradigma de fazer ciência. Tais elementos são: a) o “controle” das prioridades da pesquisa; b) a comercialização da pesquisa, que poderia também ser chamado

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paradigma da ciência, denominado de Modo 1, é caracterizado pela hegemonia das ciências teóricas ou, ao menos, experimentais organizadas em uma taxonomia interna de disciplinas, além da autonomia dos cientistas e das universidades. As quais são vistas como o locus onde

ciências “puras” são geradas em ambientes teórico/experimentais, para depois serem

“aplicadas” e gerar nova tecnologia. Esta, por sua vez, é “transferida” às empresas, onde esse conhecimento é “gerenciado” como um ativo. O Modo-1 teria cedido lugar a um novo paradigma, denominado de Modo-2, com as seguintes características: i) o conhecimento é gerado dentro de um contexto de aplicação, em contraste com o modelo linear de geração e aplicação do conhecimento do Modo 1; ii) a transdisciplinaridade, que denota o uso de um conjunto de perspectivas teóricas e metodologias práticas para resolver problemas; iii) o conhecimento é gerado em uma maior diversidade de lugares e de tipos, fenômeno que foi ampliado em sua dinâmica pelos avanços das tecnologias de informação e comunicação; iv) o conhecimento tornou-se mais reflexivo e a pesquisa deixou de ser vista como um processo

“objetivo” para ser considerado um processo “dialógico” e intenso de ‘conversação’ entre os

atores e os sujeitos da pesquisa; v) novas formas de controle de qualidade da pesquisa. Tal mudança de paradigma trouxe novos desafios como: a) a necessidade de reconfigurar as

instituições, e b) o “gerenciamento” do processo de produção de conhecimento com as

características acima descritas.

Em outra perspectiva, a abordagem do sistema de inovação enfatiza a importância das interações entre empresas, instituições públicas de pesquisa e a política tecnológica para o sucesso na inovação (FREEMAN, 1995; LUNDVALL et al., 2002; LUNDVALL, 2010; NELSON, 1993; SCHARTINGER et al., 2002). A empresa toma um lugar central como agente da inovação; mas, a condição necessária para o sucesso do desempenho inovativo do país é o desenvolvimento de um sistema de relacionamentos entre todas as organizações de modo a permitir o intercambio de conhecimento. (ARZA; LÓPEZ, 2011)

(32)

necessidades e oportunidades originadas nos consumidores, nas próprias operações da empresa e outras fontes.

Na mesma perspectiva, Mansfield (1991) realizou um dos poucos estudos para estimar quanto da inovação tecnológica em várias indústrias foi baseado em pesquisa acadêmica recente, assim como o tempo de defasagem entre os investimentos em projetos de pesquisa e a utilização industrial das respectivas descobertas. O estudo usou uma amostra aleatória das 76 maiores empresas dos Estados Unidos da América (EUA) em sete indústrias manufatureiras – processamento da informação, equipamentos elétricos, química, instrumentos, fármacos, metais, e petróleo – que respondiam por algo em torno de 1/3 do faturamento total. Foi calculada a taxa social de retorno sobre o investimento em pesquisa acadêmica, através da comparação do fluxo de benefícios sociais, caso este investimento ocorresse, com o fluxo que teria acontecido sem esse investimento, mantendo constante o valor investido em pesquisa não-acadêmica. Trata-se de uma taxa de retorno incremental. Os resultados apontaram que: i) um décimo dos novos produtos e processos comercializados entre 1975-1985 nesses setores industriais não poderia ter sido desenvolvido (sem atraso substancial) sem a pesquisa acadêmica recente; ii) o tempo médio de defasagem entre a conclusão de pesquisa acadêmica relevante e a primeira introdução comercial da inovação baseada nessa pesquisa foi de cerca de 7 anos (e tende a ser maior para grandes empresas do que para as pequenas); iii) a taxa social de retorno da pesquisa acadêmica durante 1975-1978 foi de 28%. Assim, Mansfield (1991) concluiu que, particularmente em indústrias como a farmacêutica, instrumentos, e processamento da informação, a contribuição da pesquisa acadêmica para a inovação industrial tem sido considerável. Em uma atualização desse estudo, Mansfield (1997) confirmou que 10% dos novos produtos introduzidos entre 1986 a 1994 não poderiam ter sido desenvolvidos (sem uma significativa demora) na ausência da pesquisa acadêmica. Porém, identificou uma diminuição de 7 para 6 anos na média da defasagem entre a conclusão de pesquisa acadêmica relevante e a primeira introdução comercial da inovação baseada nessa pesquisa.

Segundo Lima e Teixeira (2001), os sistemas de inovação podem ser classificados em três tipos: líderes, difusores e fragmentados. O que vai distinguir cada um deles é o nível de pesquisa e desenvolvimento em nível nacional. Para tanto se observa: a) a prioridade nacional

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países líderes Estados Unidos, Japão e Alemanha. Já os países difusores, atendem aos dois primeiros critérios, a exemplo da Suécia, Dinamarca, Coréia do Sul e Taiwan. Por fim, os países considerados fragmentados têm um fraco desempenho nas três condições apresentadas para a formação de um sistema de inovação ideal. São exemplos o Brasil e a Argentina.

No caso específico do Brasil, o desempenho fragmentado no sistema de inovação não se restringe apenas a pesquisa e desenvolvimento. A instabilidade das políticas públicas para a área de inovação e a timidez das empresas nacionais em avançar na formação de redes de pesquisa cooperativa e no desenvolvimento de processos e produtos interfirmas, são fatores que tornam o Sistema Nacional de Inovação (SNI) brasileiro fragmentado. (LIMA; TEIXEIRA, 2001, p.140).

Pelo exposto, é evidente que existe uma relação próxima entre tecnologia e inovação, as quais estariam na base do desenvolvimento econômico dos países e regiões. Ambas são estudadas considerando o fluxo do conhecimento, pois se entende que este se tornou um fator de produção fundamental para dar continuidade à função empreendedora dos indivíduos e empresas.

2.1.2 Papel das universidades no desenvolvimento regional

Segundo Schartinger et al. (2002) as universidades cumprem três papeis fundamentais dentro de um sistema de inovação. Primeiro, a pesquisa científica realizada pelas universidades afeta a fronteira tecnológica da indústria no longo prazo. Segundo, produzem parte do conhecimento diretamente aplicável à produção industrial, como protótipos e novos processos. Terceiro, são provedoras da principal entrada (input) do processo de inovação industrial em termos de capital humano (pesquisadores), tanto através da formação de graduados contratados como através da mobilidade de pessoal das universidades para as empresas.

(34)

aplicá-los aos problemas da sociedade e colocá-los à disposição de outros fora da academia.

Por esse motivo, a retomada dessa ênfase foi rotulada de “neotransferismo” (LEE, 1996), no sentido de retorno à visão original da função das assim chamadas Land Grant Universities.

Para Arza e López (2011) as instituições públicas de pesquisa e suas interações com o setor privado desempenham um papel central na criação e difusão de conhecimento em qualquer sistema de inovação, por diversas razões: i) as universidades formam os graduados que serão empregados pelas empresas e que contribuem para atividades inovadoras – isso acontece mesmo que as universidades não orientem estratégicamente seus programas de pesqusia e ensino para os temas considerados relevantes pela a indústria; ii) as instituições públicas de pesquisa renovam o estoque de conhecimento científico de um país – a produção de conhecimento dessas instituições se torna mais dinâmica quando interagem com as empresas em função dos desafios criados pela resolução de problemas de produção específicos; iii) os problemas específicos da indústria muitas vezes são complexas e requerem a combinação de tecnologias que nenhuma empresa individual pode desenvolve-las individualmente, mas que podem ser geradas pelo conjunto de conhecimentos e recursos criados pelas instituições públicas de pesquisa.

Com base em dados da realidade Argentina, Arza e López (2011) realizaram um estudo exploratório para entender os determinantes da interação Universidade-Empresa e as diferenças de percepção e comportamento entre empresas com e sem ligação. Os autores chegaram às seguintes conclusões: a) o papel que a universidade deveria exercer não varia entre empresas com e sem ligações – todas as empresas consideraram que o ensino é o papel mais importante, seguido da pesquisa; b) empresas com ligações parecem dar mais valor à pesquisa do que aquelas sem ligações com a universidade, mas a diferença não é significativa; c) as empresas consideraram que os papeis sociais e o empreendedorismo das instituições públicas de pesquisa são menos importantes – empresas sem ligações parecem dar mais valor ao papel social do que empresas com ligações, mas, de novo, a diferença não é significativa.

(35)

nova indústria para a região, mas neste caso, o mecanismo é a importação da indústria de outros lugares – Transplantação de Indústrias. Uma terceira opção é a transição de uma indústria em declínio na região redistribuindo suas principais tecnologias para servir de base para outra indústria relacionada – Diversificação para Nova Indústria Relacionada. A quarta opção para o desenvolvimento industrial de uma região consiste na modernização da indústria existente por meio da difusão de novas tecnologias de produção ou melhorias de produtos ou serviços.

Dentro de cada uma dessas alternativas a universidade assume um papel determinado e alinha suas atividades de interação, as quais são agrupadas pelo autor em quatro categorias abrangentes: i) educação e treinamento; ii) acrescentar ao estoque de conhecimento codificado

– isso inclui publicações em literatura técnica, patentes e protótipos de softwares e hardware; iii) aumentar a capacidade local para solucionar problemas científicos e tecnológicos – inclui tanto os mecanismos de comercialização quando os de colaboração; iv) prover espaço para intercambio de ideias – inclui encontros (focados em determinada indústria ou não) sobre o desenvolvimento industrial e novas oportunidades tecnológicas e de mercado, o formato das mesmas pode ser variado: fórum de definição de normas, fóruns para potenciais investidores, concursos de planos de negócios, programas de treinamento industrial, alunos em atividades em rede, comitês de desenvolvimento local, envolvendo profissionais da indústria.

Figura 2.1 – Papéis da universidade nas vias alternativas de crescimento regional Criação de Novas

Indústrias (I)

Transplante de Indústria (II)

Diversificar uma Indústria Velha em

uma Nova Relacionada (III)

Atualizar Indústria Madura (IV)

- Pesquisa cientifica e engenharia de ponta - Política agressiva de

licenciamento

- Promover/dar suporte a empresas

empreendedoras (incubadoras, etc.) - Cultivar laços entre

pesquisa acadêmica e empreendedores locais - Criar uma identidade da

indústria:

* Participar em definição de padrões

* Evangelistas * Organizar oficinas,

conferências, fóruns de empreendedores, etc.

- Desenvolver/formar mão de obra

- Currículo responsivo - Assistência técnica para

fornecedores e subcontratados

- Fazer a ponte entre atores desconectados - Preencher buracos

estruturais

- Criar uma identidade da indústria

- Solucionar problemas da indústria através de pesquisa contratada, consultorias, etc.

- Desenvolver/formar mão de obra

- Mapeamento global de boas práticas

- Organizar exercícios preventivos

- Organizar fóruns usuário-fornecedor

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A principal contribuição de Lester (2007) é identificar qual seria o papel da universidade em cada uma das estratégias de desenvolvimento industrial, apesar de reconhecer que estas vias são ideais e que dificilmente acontecem de forma isolada uma da outra. Mas, servem de guia para direcionar melhor os esforços da universidade.

2.1.3 Política tecnológica

Frente ao contexto descrito até este ponto, no qual a inovação tecnológica está ligada ao desenvolvimento econômico, os governos nacionais têm incluído entre as suas prioridades estabelecer uma política específica para promover a ciência e a tecnologia. Os teóricos também têm estudado a política de ciência e tecnologia em diversos países e seus efeitos sobre os atores principais: empresas, universidades, instituições de pesquisa e organizações de fomento.

Schartinger et al. (2002) defendem que a política tecnológica (ou de pesquisa) deve levar em conta a variedade de padrões e tipos de interação no momento de avaliar as relações universidade-empresa. Afirmam que a transferência de tecnologia tem recebido atenção crescente na avaliação do desempenho das universidades, mas, em muitos casos os indicadores se concentram em poucos tipos de interação. Assim, advogam que deveriam ser considerados outros tipos de interações tanto na avaliação das universidades como na edição dos programas de promoção das relações universidade-empresa. Neste último caso, as barreiras às outras formas de interação que não sejam a pesquisa colaborativa devem ser levadas em conta e equacionadas.

Em uma abordagem tradicional, Bozeman (2000) apresenta três modelos de política tecnológica que estariam presentes na visão dos stakeholders do processo de interação Universidade-Empresa e que influenciariam as ações dos gestores públicos (ver Quadro 2.1).

No modelo “Falha de Mercado”, as universidades são vistas como o principal recurso de pesquisa básica. O paradigma da “Missão” assume que o governo deveria executar P&D com missão bem específica em áreas de interesse nacional que não seriam facilmente servidas pela iniciativa privada. Este paradigma tem sido importante na maioria dos países industrializados.

O modelo de Tecnologia Cooperativa é um termo guarda-chuva que engloba uma série de valores que enfatizam a cooperação entre setores – indústria, governo e universidade – e cooperação entre empresas rivais para desenvolver tecnologias pré-competitivas e

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Wattson Perales, janeiro/2014

Quadro 2.1 – Modelos de política tecnológica que competem entre si

Falha do mercado Missão Tecnologia Cooperativa

Suposições centrais

- os mercados alocam de forma mais eficiente a informação e a tecnologia

- papel do laboratório governamental limitado às falhas do mercado como externalidades claras, alto custo de transação, e distorções de informação. Universidades proveem pesquisa básica, alinhada com o setor privado a ser fornecido em função das falhas do mercado (inabilidade de apropriar-se diretamente dos resultados da pesquisa básica)

- inovação flui de e para o setor privado, papel mínimo da universidade ou governo

- o papel do governo deve estar intimamente ligado à missão programática das agências

- P&D governamental está limitado às agencias, mas não confinado ao setor de defesa. P&D nas universidades sustenta o papel tradicional das land

grant universities de extensão na agricultura ou

engenharia, assistência à manufatura e pesquisa contratada nas áreas de energia e defesa

- O governo não deve competir com o setor privado em inovação e tecnologia. Mas, o papel da P&D governamental ou da universidade é

complementar

- os mercados não são sempre a melhor rota para a inovação e crescimento econômico

- a economia global precisa de um planejamento mais centralizado e suporte mais abrangente para o desenvolvimento de tecnologia civil.

Pico de influencia

Influencia alta durante todos os períodos 1945-1965; 1992 até 2000 1992-1994

Exemplos de política

Desregulamentação; contração do papel do governo; créditos de impostos para P&D; devolução dos impostos sobre ganhos de capital. Pouca ou nenhuma necessidade de laboratórios federais com exceção do setor de defesa.

Criação da política de P&D em energia, laboratórios de agricultura e outros marcos com essa missão ampla.

Expansão do papel dos laboratórios federais e das universidades na transferência de tecnologia e pesquisa cooperativa e outros programas de desenvolvimento econômico baseados em tecnologia

Raízes teóricas

Economia neoclássica Governança tradicional liberal, com ampla definição do papel do governo

Teoria de política industrial, Teoria do desenvolvimento econômico regional

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Wattson Perales, janeiro/2014

No Brasil, Dagnino (2007) traz à reflexão a questão sobre o modelo de política de ciência e tecnologia mais apropriada para a realidade brasileira. Critica os modelos cognitivos subjacentes à Política de Ciência e Tecnologia (PCT) e a baixa eficácia dos Polos e Parques de Alta Tecnologia que têm sido implementados no país. A origem dessa política se remonta a meados da década de 70, em função do fim do projeto dos militares, e seus fundamentos se baseiam na experiência norte-americana de Parques Tecnológicos. O autor destaca a diferença entre Parques Tecnológicos e os Polos de Alta Tecnologia (PATs). Os primeiros são constituídos como espaços próximos às universidades públicas que serviriam como

incubadoras de empresas de “base tecnológica” criadas por membros da comunidade

acadêmica (professores e ex-alunos) a partir de pesquisa com aplicação tecnológica. Já os Polos são vistos como um esforço de transformar cidades ou regiões em um polo de atração de grandes empresas que desenvolvam tecnologia “de ponta”.

Após a análise das características da relação pesquisa-produção nos PATs, Dagnino (2007) conclui que os mesmos não tiveram impacto significativo e questiona a validade da

PCT brasileira ao dar uma excessiva ênfase à “alta tecnologia”. Tais características podem ser

Imagem

Figura 2.1  – Papéis da universidade nas vias alternativas de crescimento regional Criação de Novas Indústrias (I) Transplante de Indústria (II) Diversificar uma Indústria Velha em uma Nova Relacionada (III)  Atualizar Indústria  Madura (IV) - Pesquisa cie
Figura 2.2 Framework conceitual da transferência de conhecimento
Tabela 2.1  – Percepção das barreiras à transferência de tecnologia
Figura 2.3  – Evolução das fases das interações Universidade-Empresa
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Referências

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