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LABORATÓRIOS DO NÚCLEO DE PROCESSAMENTO PRIMÁRIO E REUSO

4.4 Papel e estrutura da FUNPEC

A Fundação Norte-Rio-Grandense de Pesquisa e Cultura foi instituída pela Resolução 96/78 do CONSUNI em outubro de 1978 com personalidade jurídica própria (entidade de direito privado e sem fins lucrativos), vinculada à UFRN (FUNPEC, 2013). Seu surgimento está inserido no movimento nacional das Instituições federais de Ensino Superior em busca de alternativas administrativas visando à agilização do processo burocrático das universidades.

A finalidade inicial da FUNPEC foi a promoção, o fomento, a coordenação e subsídios às atividades de pesquisa, além do apoio ao crescimento dos Programas de Pós-Graduação da UFRN. No ano 2000, a FUNPEC passou por uma alteração de seu Estatuto para tornar-se mais moderna administrativamente, especificando melhor seus objetivos. Assim, a missão da FUNPEC hoje é definida como:

Estimular, apoiar e gerenciar atividades de ensino, pesquisa, extensão e desenvolvimento científico, tecnológico e cultural produzidas pela UFRN, assegurando agilidade na implantação de projetos e programas, promovendo a integração entre a UFRN e a comunidade, através de parcerias com instituições públicas e privadas. (FUNPEC, 2013).

A estrutura organizacional da FUNPEC é apresentada na Figura 4.6. Formalmente trata-se de uma estrutura em dois níveis hierárquicos: 1) Direção Superior, onde se encontram o Conselho Deliberativo e a Superintendência (FUNPEC, 2012a); 2) Nível de Apoio Instrumental e Execução, no qual se encontram as gerências de projetos, financeira e administrativa, os órgãos de staff da Direção como a Assessoria Jurídica, a Controladoria Interna e a Secretaria Geral, assim como os setores Promoção e Desenvolvimento, Administração e Acompanhamento, Finanças, Contabilidade, Recursos Humanos, Compras, Patrimônio e Serviços Gerais, Informática, e Comércio Exterior (FUNPEC, 2012b).

Nos próximos parágrafos serão apresentadas as considerações dos coordenadores de pesquisa com projetos na FUNPEC vertidas na reunião que o Conselho Deliberativo convocou em outubro de 2012 para escutar sobre os problemas e desafios que esta precisa enfrentar. A fim de guardar a fidelidade com a fonte serão apresentadas as opiniões de cada coordenador em um parágrafo, sem tratamento ou consolidação de tópicos.

Wattson Perales, janeiro/2014

Figura 4.6 – Organograma da FUNPEC

Coordenador 1 – É verdade que a legislação pressiona as fundações de apoio, mas a gestão da FUNPEC é refratária a criticas. Muitos problemas são devido à falta esclarecimento do pesquisador que não sabe o que pode se fazer ou não. A fundação deveria dar esse suporte, saber dos limites que as fundações enfrentam e levar essa informação ao pesquisador.

Coordenador 2 – Em função da pressão da legislação e normas, muitas vezes a FUNPEC cria regras que não colaboram com o pesquisador. Por exemplo: a importação fecha 6 meses antes do fim da vigência do projeto, sistema da FUNPEC fechado no mês de janeiro.

Coordenador 3 – A FUNPEC precisa mudar de filosofia de trabalho para realmente ser um "Fundação de apoio", o setor jurídico precisa fazer as justificativas a favor do projeto, o setor de compras precisa melhorar seu relacionamento com os coordenadores de projetos, setor importação precisa ter pessoas que falem inglês fluente.

Coordenador 4 – Compras é um suplício, uma perda de tempo, o setor cota máquinas com configuração inferior, demora a responder, pede para refazer pedido porque o nome do produto estava em inglês, compra 3 vezes mais caro do que o pesquisador pediu. A FUNPEC precisa saber comprar para projetos. Todos os projetos são tratados dentro da regra geral publica, cria-se burocracia com medo do Tribunal de Contas da União (TCU) reclamar, melhor seria ter um bom departamento jurídico que responda ao TCU.

Wattson Perales, janeiro/2014

Coordenador 5 – Precisa-se deixar claro que se trata de um serviço (os funcionários estão para servir e os diretores estão ai porque escolheram). Precisa de um sistema de gestão de verdade (pessoal e projetos). A Assessoria Jurídica só diz não. Compras é um desastre porque não compra o que se precisa, exige licitação mesmo quando existe exclusividade de serviço. Os projetos executados através de convênio direto com a UFRN (sem a participação da FUNPEC) funcionam muito melhor usando os mecanismos de registro de preço e inelegibilidade.

Coordenador 6 – Algumas negativas da FUNPEC assustam. Falta capacidade de ouvir pessoas que pensam diferente. Pela primeira vez fez críticas por escrito pelo caso de um projeto de extensão assinado no início do ano e que até agora não sabem se vão pagar bolsa, mesmo existindo indicadores acadêmicos claros. Foram realizados 3 licitações para calibrar padrões do padrão do Laboratório. A essência da agilidade da FUNPEC não existe.

Coordenador 7 – A FUNPEC está longe de ser uma unidade de negócio, tem um espaço pequeno com um monte de gente ocupada, muitos projetos, essas frases já dizem tudo. O Conselho promete resultados em breve? mas ele fica desesperançoso. Existe tratamento desigual a pesquisadores.

Coordenador 8 – Para que existe a FUNPEC? Os gestores põem a culpa na Lei 8.666 e na Lei 8.100, mas o que existe é um preciosismo e falta de coragem. Tem que levar em conta a origem dos recursos como fazem outros órgãos, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) que põe o cheque na mão do pesquisador. O setor jurídico não comparece, não resolve, nem ajuda. Outros exemplos: apesar de solicitar preço de mercado, a FUNPEC está comprando mais caro e pior; um projeto com 2 anos de duração está na terceira prorrogação de prazo e o financiador começou a questionar.

Coordenador 9 – É preciso diferenciar problemas operacionais de problemas de gestão e do problema político da existência das fundações.

Pelo exposto, percebe-se que a FUNPEC está enfrentando problemas dos 3 tipos elencados no parágrafo acima. Em síntese pode-se afirmar que a FUNPEC, na visão dos coordenadores de projetos que são seus clientes internos, se afastou da sua missão de apoiar e dar agilidade à contratação e execução de projetos. Apresenta também problemas operacionais nas compras e na comunicação com os pesquisadores. Capta-se nas opiniões registradas que a FUNPEC considera que a função do Coordenador de Projeto inclui tarefas administrativas de nível operacional que os pesquisadores entendem como parte do serviço que a Fundação deve prestar. Em outras palavras, estas são evidências que a divisão de tarefas acadêmicas e administrativas não está definida de forma clara.

Wattson Perales, janeiro/2014